LINHAS PARALELAS
 
A tarde me faz poeta e me transforma e me transporta e me acalenta, enlaçada pelos meus rabiscos. Mas quando começa a noite, sou prosa, pés plantados no chão, cabeça em qualquer sonho, olhar vestido de estrelas.

E aí, eu me disperso, e me refaço, e me recomponho em versos... Depois, me detenho na prosa e nas saudades inteiras, nos desejos luzentes de um sol que logo se esconde e que, soturno, mergulha nas rimas do meu poema...

Ele é o poema. Ele que se inscreve nesses rabiscos errantes que pouco a pouco se prendem numa linha. São versos que se cruzam em linhas paralelas, esperando a noite, o ponto de interseção, o arremate final...