O amor com sua geografia

Acidentada e chantagista

Verte a paz imaginável.

Solidária a ânsia

Do coração despudorado

Em ser filho da ternura.

Sorve atenta ao coração

Geograficamente inatingível.

Alegorias de um sonho

Atento ao que não alcançamos

Da fresca fonte de nossa elegia.

Mancha ebúrnea da distância

Morre e revive

Ao quebranto amoroso

Que ateou febre ao nosso desejo

De tudo que pretendíamos.

É andrógino lampejo,

Que ateia fogo ao nosso gozo.

Doce ferida sombria,

Que alumiou a fantasia

Madrasta do desejo.

Esquálida geografia

Cicatriz de uma distância

Que joga ao chão

A solidão do Atlântico que nos separa

Da inesquecível fragrância da infância.

Será a farsa de anjos?

Argúcia do versátil coração

Que cria a imagem senil

No improviso em tudo que nós amamos

E que chora dentro de nós...

Hoje escrevo meus versos na areia,

Para que o vento os guie ao teu coração.

Dar-te-ei a procura da brisa

Do pouco que eu sabia

Da infernal perplexidade de nossa geografia.

Fernando A. Troncoso Rocha.