Queda do tapume

Nem dá mais pra recuar.

Meio de caminho, poeira na calça,

Sol nos olhos, suor...

Nem dá mais pra recuar.

Bagagem nas costas,

Irritabilidade.

Rompeu-se o lacre,

Arre, pra que fui me meter?

Estou contaminado,

Durmo mal, acordo tarde, amanheço nervos,

Trato mal meus parentes.

Gente, não dá pra continuar.

Assim, não dá.

Preciso parar.

Mas não posso.

E lá vem aquele cheiro no nariz,

Som nos ouvidos,

Gosto na boca,

Tato nas mãos,

Mente querendo, querendo,

Sono cedendo.

E é isso.

Sorvo esse estorvo,

Estorvado estou,

Mas, não paro.

Não paro, falo, canto, grito, escrevo, leio e continuo ainda assim.

As bibliotecas esperam por mim.

Ai... como existem bibliotecas. Isso me cansa!

Cada uma delas tem bilhões de livros.

Não posso despender todo meu tempo lendo.

Sequer escrevendo... com essa entrega, voraz.

Ai... porque não acordei do meu sonho há tempo?

Porque... que espécie de névoa se interpunha entre meus olhos

E isso. E só agora é que posso ver? Não... alguém só pode é brincar comigo.

Quando vai acabar esse vício?