Noite

O céu azul e claro, mas aqui precisamos de luz elétrica.

O tempo de temperatura agradável, mas precisamos de ventilador.

A sala está cheia, mas me sinto veemente só. Olho para o céu e para as árvores do lado de fora, pelo pequeno freche da janela. Sonho em estar lá, voando nesse tempo agradável, escutando o som de uma cigarra ou da água batendo na areia, em alguma praia.

Mas os dias me recluem a esta sala, cheia e vazia, artificial. A mim só me restam as noites...

A noite não é hipoctra. Se precisamos de luz, é porque nela não há. Se nos sentimos sós, é porque realmente estamos.

A noite nós nos temos a nós mesmos. E, para isso, enfretamos o cansaço de não nos termos durante o dia. De noite, a diversidade do submundo contrasta com a homogenidade do dia.

O branco só reflete as cores, o negro as absorve, tornando o fardo da vida mais quente e pesado.

A noite negra como saída, daqueles que estão insatisfatoriamente presos ao dia. A noite é o estopim para a libertação total.