O caminho mais fácil

O verdadeiro poeta, que não sou eu,

há de arrancar poesia

de qualquer dejeto da civilização

de todo ego mais infamante

de todo ridículo mais vergonhoso

da irritação cotidiana mais banal

Há de saber rir-se do mais absurdo

de seguir os rastros dos mais infelizes

sobre a Terra...

há de saber encontrar esperança

nos antros mais sórdidos...

há de saber filtrar águas límpidas

das imundícies arrastadas pelas chuvas...

O verdadeiro, poeta, que não sou eu,

há de lembrar-se sempre do último escalão

da humanidade...e lutar para entender

a razão de todos os crimes, perversões,

há de chorar com os excluídos

sem deixar de incluir nada ou ninguém...

há de encontrar vestígios de poesia

seja lá-onde-for...há de extrair cirurgicamente

tudo que há de humano no desumano...

O verdadeiro poeta,que não sou eu,

há de encontrar a rima perfeita

para a imperfeição do mundo...

Mas, eu, que sempre procuro a beleza

ou a bondade, ou perfeição em todas as coisas,

jamais serei uma poeta verdadeira...eu sei...

porque sempre estarei percorrendo

o caminho mais leve, fácil e colorido

das flores....

Mareluz
Enviado por Mareluz em 23/07/2022
Reeditado em 23/07/2022
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