O caminho mais fácil
O verdadeiro poeta, que não sou eu,
há de arrancar poesia
de qualquer dejeto da civilização
de todo ego mais infamante
de todo ridículo mais vergonhoso
da irritação cotidiana mais banal
Há de saber rir-se do mais absurdo
de seguir os rastros dos mais infelizes
sobre a Terra...
há de saber encontrar esperança
nos antros mais sórdidos...
há de saber filtrar águas límpidas
das imundícies arrastadas pelas chuvas...
O verdadeiro, poeta, que não sou eu,
há de lembrar-se sempre do último escalão
da humanidade...e lutar para entender
a razão de todos os crimes, perversões,
há de chorar com os excluídos
sem deixar de incluir nada ou ninguém...
há de encontrar vestígios de poesia
seja lá-onde-for...há de extrair cirurgicamente
tudo que há de humano no desumano...
O verdadeiro poeta,que não sou eu,
há de encontrar a rima perfeita
para a imperfeição do mundo...
Mas, eu, que sempre procuro a beleza
ou a bondade, ou perfeição em todas as coisas,
jamais serei uma poeta verdadeira...eu sei...
porque sempre estarei percorrendo
o caminho mais leve, fácil e colorido
das flores....