TESTAMENTO

Deixo-te o céu.

A eternidade azul do firmamento

Com estrelas a cair

encerrando inúteis esperanças

desse solo não há como sair.

Deixo-te um corpo.

Muitas formas, muitos rostos

E o gosto ruim de apodrecer

tão apegado és a carne que lhe acorrenta

que só faz proteger sua própria prisão.

Fecho-te os olhos, faço-te silêncio

para que durmas e descanse

da sua própria condição

Do que és na realidade

Tão pequeno e frágil

inverso da sua imaginação.

E quando diferente

quiser, desse sonho acordar

Para por todo o sempre ter um novo sonhar

Então nesse exato momento

Tiro-lhe a alma

Faço-te anjo

Dou-lhe asas

Livro-te do limitado pensamento

E na sala da definitiva casa

Ao infinito lhe apresento

Como meu único Testamento.

Carlos Edyl
Enviado por Carlos Edyl em 28/11/2007
Código do texto: T757032