TESTAMENTO
Deixo-te o céu.
A eternidade azul do firmamento
Com estrelas a cair
encerrando inúteis esperanças
desse solo não há como sair.
Deixo-te um corpo.
Muitas formas, muitos rostos
E o gosto ruim de apodrecer
tão apegado és a carne que lhe acorrenta
que só faz proteger sua própria prisão.
Fecho-te os olhos, faço-te silêncio
para que durmas e descanse
da sua própria condição
Do que és na realidade
Tão pequeno e frágil
inverso da sua imaginação.
E quando diferente
quiser, desse sonho acordar
Para por todo o sempre ter um novo sonhar
Então nesse exato momento
Tiro-lhe a alma
Faço-te anjo
Dou-lhe asas
Livro-te do limitado pensamento
E na sala da definitiva casa
Ao infinito lhe apresento
Como meu único Testamento.