Mais vinte anos...
Mais vinte anos de alegorias.
Onde estão todos estes dias?
No fundo do poço?
No esboço?
Nas mãos vazias?
Mais vinte anos de açoite,
de garganta seca,
da certeza de que não vale a pena
e a vontade louca de acreditar.
Mais vinte anos de perdão,
onde a cruz é uma espada
que me faz,
quotidianamente sangrar...
Mais vinte anos de dias ignorados,
esperando por Deus, arrancando esta angústia,
às vezes esmerada, outras vezes entoicada,
martelando sentimentos sem razão...
Mais vinte anos de boca pintada,
olhar sombrio, rugas e mágoas,
sem me sentir no direito de sonhar.
Mais vinte anos...
Creio não suportar nem mais um dia!
*
Releitura 1981.
Poema escrito há 41 anos.
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