COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME TERCEIRO - DE 1203 A 1803

1203. MARCHA CAPITÃO

Marcha capitão

Não manda o soldado, não

Marcha capitão

Bota a arma na mão

Marcha capitão

Bota ordem na cidade

Marcha capitão

Acaba com a crueldade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1204. CORRIDA EM VIA PÚBLICA

Corre, corre desgraçado

Corre, corre sem parar

Via pública é tua casa

Onde é que tu vais parar?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1205. MÁGICO

No tempo de criança

Perdido no meio do nada

Fazia mágica e não era mágico

A minha maior mágica foi

Transformar a minha mesada

Num trocado dado ao povo

Que não tinha o que comer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1206. BANDIDO DO PODER

Tenho poucos anos

Sou adolescente

Na pouca idade que tenho

Encontrei a resposta que falta

Tem bandido do poder

Pior do que ladrão armado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1207. POUCAS PALAVRAS

Dentro deste armário

guada-se entre sete chaves

o nome do assassino

o nome do bandido

que matou-me o coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1208. PARECE QUE É...

De longe, a mesma pessoa

de perto uma outra pessoa,

assim é a vida de Pedro

na roça, no campo, na construção

plantando, roubando, entregando

o irmão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1210. VÍCIO

aparentando

quarenta anos

fumou um cigarro

saiu pela rua

andou cem metros

tombou

caiu

gemeu

morreu

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1211. UM PEQUENO POEMA DE LUTA

Companheiro

se você ainda não se tocou

com a situação caótica em que vivemos

é sinal que você morreu

e alguém se esqueceu de enterrar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1212. PERPLEXO

Perplexo ficou o ladrão

Quando o polícia chegou

Pegou logo a sua mão

E ligeiro ele algemou

a mente do ladrão

ele logo comprou

disse tudo com emoção

e tão depressa se lascou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1213. GATO DA PALHA DA CANA

O gato veio não sei de onde

E de dentro das palhas

De um pulo só correu

E a molecada na brincadeira

Com medo ficou...

O gato maracajá

Era esse o seu nome

Pulou e feriu uma raposa

Na maldade mais cruel

Pra matar sua fome...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1214. CHUVAS REPENTINAS

Chuvas repentinas formaram ondas gigantes

Na rua onde moro. Ninguém saiu de casa

A casa foi abrigo de chuva naquele dia.

Televisão e som foram artifícios

Que os donos usavam... chuvas e chuvas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1215. ESSA HISTÓRIA CONTADA...

Conte-me essa história

De quem não quer contar,

Conte-me, fale-me de Glória

Se ela ainda de mim quer gostar

Sei que sabes dessa história

Me conte, ou queira se calar

Não se cale, me fale de Glória...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1216. TAVA TE ESPERANDO...

Estava aqui na calçada

Esperando tu passar

Queria ver teu andar

Rezava pra não dá mancada

Porque estava a tempo te esperando

E não ia falhar, estou te amando!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1217. TRISTEZA DE HELENA

Os olhos de Helena

Eram tristes iguais a chuva de inverno

Frio e calculista eram seus olhos

Ah, quem não se apaixonava

Pelos olhos tristes de Helena...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1218. TRABALHO É O QUE NÃO FALTA

Se quer trabalhar, tem trabalho aqui

Se quer trabalhar, aqui tem trabalho

Não se ganha pouco, sei disso

Mas o dinheiro pouco com suor

É dinheiro muito, sem ele, tudo pior...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 1980

1219. UM AGIOTA

Um agiota cabisbaixo saiu da calçada

E queria pegar o devedor

O devedor com medo pediu socorro

E caboetou o agiota

Este pra se vingar

Mudou a conta

Cinqüenta por cento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 1984

1220. VEJO GENTE ESCROTA

Vejo gente escrota

Como vejo na minha frente

Gente sem nenhum valor

Gente que vive a azucrinar

Toda vida de gente boa

Gente que não presta

Nem pra si presta

Quando empresta algo

É gente escrota

Escrota gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1221. A PASSARADA DO PÉ DE CAJU

De manhã logo cedinho

Lá vou eu pro meu pé de caju

Levanto os braços

Dou um riso...

A passarada ta chegando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1984

1222. MUNDO DESENGANO

Agora que o mundo se acabou

E nós dois ficamos a ver navios

Entremos no navio da esperança

E lá vamos ver se a gente encontra

Um mundo melhor

Um mundo sem desengano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB-02 de setembro de 1982

1223. NOSSO MUNDO

Nosso mundo é assim

Você e eu, eu e você

Não tem reclamação

Não tem disse-me-disse

Não tem satisfação

Cada um faz o que quer

Eu na condição de homem

Tu na condição de mulher

Nosso mundo é assim

Ainda tem gente

Que acha isso ruim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de maio de 1982

1224. OS OUTROS E A GENTE...

O mundo me pede paz

Quando na verdade

Sou guerra por dentro

Sou um estopim

Bom de sete canhões

A gritar e a implorar

Saiam do meu caminho

Eu quero navegar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979

1225. RAPIDAMENTE

Rapidamente

Como um passar de olho

Ela olhou - viu e gostou

Rapidamente

Me chamou

Pegou - saciou e dormiu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1987

1226. NO ÔNIBUS

Dentro do ônibus

Ela se encontra

Com sua saia justa

Mostrando o que Deus fez

Pra tudo e pra todos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1980

1227. SUBDESENVOLVIMENTO

Um dia

Na rua daquela esquina

Os buracos eram grandes

Os esgotos não se tinham

Os políticos tinham votos

E o povo eram devotos

De Santo José

Esperam a chuva chegar

Que quando chegavam

Inundavam as casas

As poucas que tinham

As outras iam com a chuva

E os políticos politiqueiros

Apertavam as mãos dos moradores

E estes ficavam agradecidos

Com aquela atitude

E numa próxima eleição

Tome votos e votos

E no ano seguinte a chuva invadia

Toda sua casa

E torciam para chover

Em nome de São José.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1984

1228. MISTURA DE IDÉIAS

Misturou as idéias

e foram ao chão

arrancou o sonho das filipéias

morreu a cidade numa canção

cantada pelo poeta

nas noites de lua cheia

ninguém aqui nada empresta

não dão almoço e nem ceia

que pode está farta

mas não tem lugar

seja bom ou peralta

não tem idéia pra se acertar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1986

1229. AVISO PRÉVIO

Um trabalho decente é tudo que se quer

Quando se procura não tem onde encontrar

É a velha história do desemprego

Que fazer para este quadro mudar?

O patrão metido a rico e metido em encrencas

Entrega um papel e diz ser aviso prévio

Onde se vai trabalhar no momento

Se com este papel o desemprego veio pra ficar?

Um aviso prévio o cara recebeu e triste ficou

Pensou na família e como tudo resolver

Saiu cabisbaixo ao mundo e pensou:

É melhor ir dormir e se acordar para lutar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1985

1230. IEMANJÁ

Na praia na meia noite

Na praça de Iemanjá

É festa à noite inteira

Até o nascer do sol.

Iemanjá é rainha

Rainha das águas do mar

Banha os pés dos devotos

Na festa o povo a cantar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980

1231. SEIS HORAS

Às seis horas

Da manhã

Meu café tá bem prontinho

Minha mãe bem cuidadosa

Coloca na mesa e vem me chamar

Eu com uma preguiça da molesta

Faço que estou dormindo

Minha mãe usa o seu carinho

E me faz se acordar mesmo sem querer.

Seis horas da manhã

Um café com a mãe

É lembrança que não sai da minha cabeça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982

1232. É TARDE DEMAIS

Tarde

Muito tarde

Tarde é hoje

Amanhã não é mais

Tarde demais

Pra mudar

Pra resolver

Tarde

Meu coração dispara

Sente que é tarde

Perdi um amor

Porque era tarde demais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1233. CABEÇA

Cabeça, meu bem, cabeça

E isso ainda é pouco

Por que estás com um louco

Se comigo eras segura?

Cabeça deves ter

Mas, colocas para o bem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de fevereiro de 1997

1234. TEMPO DE MENINO

Vejo na plenitude dos meus dias

a lembrança carismática do que passei,

era tão criança, em Solânea, minha vó

a saudade perdura e eu de tudo sei...

Admiro a lembrança guardada

daqueles belos dias de menino,

um menino que nada sabia, e se sabia

não era ele, era um sonho, um desatino.

Ah! Que saudade eu tenho

imitando todos os poetas do repente,

daquelas tardes olhando o verde da floresta

de dentro de casa, meus avós tão contentes.

Hoje mora em minha recordação

O gosto de ter vivido o menino que fui

O gosto de ser amado de coração!

Bento Júnior

Solânea-PB, 10 de fevereiro de 1982

1235. AS MENINAS

Uma menina de branco, lenço azul na mão

Cantou seu canto triste, daí foi sucumbida.

Uma menina de preto, lenço vermelho na mão

Cantou seu canto alegre, daí foi só subida.

Uma menina de verde, lenço roxo na mão

Cantou seu canto agoniante, daí logo pereceu.

Uma menina de amarelo, lenço cinza na mão

Cantou seu canto amargo, daí tão de repente desapareceu.

Uma menina de lilás, lenço creme na mão

Cantou seu canto desafinado, daí foi reprovada.

Uma menina de vinho, lenço laranja na mão

Cantou seu canto exigente, daí foi desclassificada.

Uma menina de limão, lenço azul na mão

Cantou seu canto triste, daí aos delírios fora contemplada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1984

1236. MENINAS DE PILÕES

Vejo na beleza dos olhos das meninas

a simplicidade íntima da felicidade

me sinto contente nesse universo de rimas

de alegrias, paixão e humildade.

Admiro as bocas vermelhas das meninas

ideologia perfeita de bem viver

fico pensando no ouro das minas

o que será se alguma menina sofrer?

De pele morena ou branca

receba os meus agraciados afetos

de reais sentimentos concretos

de onde estiver minha pessoa franca

nos teus corações estarei sempre pensando

e perpetuarei plenamente lhes amando.

Bento Júnior

Pilões-PB, 17 de fevereiro de 1983

1237. A MALDIÇÃO DOS ESCOMBROS

A maldição dos escombros da Catedral

São restos mortais dos escravos

Que ajudaram erguer todo o primeiro andar

Hoje o que se ver naquela Catedral

São vozes noturnas amaldiçoando o lugar

Os escombros da Catedral

Hoje são recordações na população do local.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

1238. GLOBO TERRESTRE

Globo terrestre

Pisa fundo na tela

Invade meu computador

Cospe nos navegadores

Me leva em segundos

Às estrelas do tempo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de março de 1999

1239. ÁGUA BENTA

Da água fez-se a espuma

do botão, fez-se a flor

do vento zéfiro, fez-se a bruma

do sofrer latente, fez-se o amor

Da pedra cascalho, fez-se a pluma

do girassol, fez-se pétalas

do mar em fúria, fez-se a coluna

da ilha em chamas, fez-se os amores delas

das mulheres que fazim sexo

com os marinheiros, às vezes sem nexo

mas era assim que fez-se a compreensão

de uma vida melhor em vida

para então assim deixar a dor contida

na mulher, só assim fez-se nascer um coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1985

1240. PARIDEIRA

Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)

Pela beleza dos teus olhos

da tua cor castanha e bela

escrevi este simples soneto

só de amor que sinto por ela

Os cabelos castanhos e encaracolados

eram grandes na mãe que tenho

o branco é causa e efeito de uma pintura

e feliz aqui sempre venho

Minha mãe, por amor e por puro amor

amo a vida da vida que me brotou

e te quero na paz exata desta espera

a espera causa-me profundo silêncio

já usei até poesia em stencil

só para falar do meu amor por esta fera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de novembro de 1995

1241. FOGUETE

à Mônica (Esposa de Miraldo – moradora da Capitão)

No céu já pássando

um foguete brasileiro

não era um foguete

era um avião de passageiro

por cima das nuvens

o avião soltava fumaça

coitado dos passageiros

em silêncio via toda a desgraça

era um foguete

ou era um avião?

Era um foguete, meu irmão

por dentro das nuvens

como pode o homem da terra avistar

um avião de passageiro soltando fumaça passar?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 2003

1242. PUTO DA VIDA

Conto os dedos e me falta um

Um em cada parte da mão

A mão que fica puta da vida

A vida sem sentido da razão.

Esta razão que o poeta fala

É fala dos putos que existem

Existe pela necessidade da espécie

Os putos em mim persistem.

Como os dedos de todas as falas

E balanço o corpo das plenitudes

Sou um pé atrás de todas as atitudes.

A mão, o corpo, os dedos, todos

Estão prontos pela vida dessa vida puta

Ser puto é a emoção dessa conduta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de janeiro de 2006

1243. ACONTECEU O ACONTECIDO

Dedicado para a minha querida e amada Avó Virgínia

Antes todos anunciavam

Antes todos gritavam

Antes todos falavam

Antes todos pronunciavam

Hoje ninguém anuncia

Hoje ninguém grita

Hoje ninguém fala

Hoje ninguém pronuncia

Antes o anúncio foi de tristeza

Antes o grito foi de desespero

Antes a fala foi de agonia

Antes o pronunciamento foi de lamentos

Hoje a tristeza é forte

Hoje o desespero é silêncio

Hoje a agonia é morte

Hoje o lamento aconteceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2006

1244. UM ATAQUE DE PURO SANGUE

Dedicado ao Professor Sebastião (in memorian)

Como um raio que cai do céu desconhecido

E arrebenta as cordas de um homem

Fui pego de surpresa na surpresa de ser

Do tal professor amigo do peito

O que mais nos incomoda na vida

É o ver e nada poder fazer

Quando a vida nos toma de repente

O alicerce maior de nossa existência

Assim diante de muitos passantes

Ele deu sinal de sua última aula

Fez o raio brilhar no espaço da saudade

E cantou seus males na terra que o viu nascer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2005

1245. UM CANTO DERRADEIRO

Dedicado para Maria dos Milagres (In memorian - em seu sepultamento)

Como o cantar de um pássaro

Que canta seu canto derradeiro

Fui cantar na sombra de um ácaro

E tomei a enxada do coveiro

Na sepultura de tantas almas penadas

Se desfez um pranto em dor

Sofre uma mãe das mais amadas

E a filha na terra só ganhou amor

Como um cantar de um passarinho

Que cantou seu canto derradeiro

Vi a morte bem no caminho

Enterrar a alegria de um coveiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de dezembro de 2005

1246. LEITÃO

A tênia come, rói e empesta

As carnes suínas, o comedor contesta

As teses da ciência e gosta de porco

Porque porco vive em chiqueiro

Saboreando as lavagens dadas

E que porcaria esse porco

Fedendo um fedor insuportável

E desse fedor nasce um pernil

A carne em voga no Brasil

É leitão no final do ano

Na mesa farta do ladrão

Que rouba os cofres públicos

E ainda convida amigos e aliados

- Venham comer na minha casa leitão!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2006

1247. O ARGUMENTADOR

Dedicado para o Alexandre (Morador da Capitão)

Todos estavam na reunião

Faltava uma voz para argumentar

Por dentro Maria Bonita, por fora Lampeão

Essa é de Ricardo, todo mundo falava...

Eis que surge Alexandre

Dando uma aula de condomínio

Elias ficou na indecisão

Mas tudo bem, não houve latrocínio.

O grandão abriu o verbo

Falou de toda enroscada

A mesa calada ficou

E as gêmeas estavam bastante encrencadas!

O argumento logo que depressa chegou

Alexandre a todo mundo livrou

Teve gente que não gostou

Mas tudo bem, foi um susto que todo mundo passou!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2004.

1248. QUE TRISTEZA DO PAULINHO

Dedicado para Paulo Medeiros (Morador da Capitão)

Paulinho, Paulinho

Tua mulher te abandonou

Paulinho, Paulinho

Não suporta tanta dor!

A Rejane foi ao Rio

Paulinho não soube o que fazer

Deu insônia todas as noites

Achava ele que a mulher ia perder!

Tudo isso é brincadeira

Paulinho chorava todo santo dia

Paulinho, Paulinho

Sua mulher voltou e foi só alegria!

O que faz um marido

Quando sua mulher vai embora?

Bebe e fica bêbado

Ri e ao mesmo tempo chora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 2004.

1249. O CALÇAMENTO

O calçamento

Da nossa rua

Ficou uma maravilha

Crianças passeiam

De bicicletas

Brincam

O calor

Do calçamento

É um momento

Tudo por aqui

Vale um ouro

Só falta cumprir

O tal sumidouro!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de agosto de 2004.

1250. MEU AMIGO CENOURA

Dedicado para Miraldo (Morador da Capitão)

Meu amigo

Cenoura

Que ignorância

Essa tua!

Ria que a cenoura entra

Até o talo meu irmão!

Lindo, não é?

Deus sabe o que faz

No aniversário de Miraldo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de julho de 2004.

1251. CABELO BONITO

Dedicado para Petryn (Filho de Paulo e Rejane – morador da

Capitão)

Tu tens um cabelo tão lindo

De toda Rua Capitão

Tu causas invejas a outros

Teu cabelo é show de verão.

Teu cabelo tão negro

É vontade do amigo Paulinho

Raimundo diz que o culpado foi o cloro

Que estragou o seu cabelinho.

O cabelo do Petryn é fino

Seu pai diz que tinha um igual

Dez bezetassil tomou

Até hoje é vivo, garante que nunca lhe fez mal.

Só sei que o cabelo do Petryn

Causa inveja a muito morador

Todo mundo em Itapororoca

Quando Paulinho passava, dizia: lá vai o meu amor!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de julho de 2004.

1252. CRIANÇA BRINCA DE FAZER TEATRO

Dedicado para todas as crianças que participaram do primeiro

festival de teatro da Rua Capitão: Carolina, Camila,

Marina, Letícia, Dedê, Paulo Vitor, Petryn e Tiago.

Fazer teatro a longo prazo

É coisa de passado

Criança num dia

Programa uma semana

De espetáculos

Contos de fadas

De segunda a sexta-feira

Com direito a bilheteria

Como direito a reapresentação.

Chapeuzinho vermelho

Cinderela

A bela e a fera

As memórias de Emília

Criança é só diversão.

Quanto deu a bilheteria?

Gritava um monte de criança.

Era cinqüenta cada peça

A platéia lotada

Viva o teatro de todas as crianças.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 2004.

1253. A LOMBADA

Todo mundo se mete

O juiz disse onde era

O advogado não disse

O corretor se arretou

Porque queria que ali não fosse

Coitada da lombada

Nem inaugurada foi

E todo mundo querendo ser dono

Três lombadas numa pequena rua

Alta e bem juntinhas

Uma

Duas

Três

Lá estão as lombadas

Sem nada entender

Sobre o calçamento da Capitão

O que se faz

Se Maurício não mais limpar o chão?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2004,

1254. AS VIAGENS DO PAI E A VIADAGEM DO FILHO

Enquanto um pai viaja

Para esfriar o juízo

Um filho usa brinquinho

Para esquentar do velho o juízo.

A rua toda espera

A volta do pai machão

O encontro do velho

Com o filho viadão.

O brinco que o filho usa

Faz inveja a qualquer paizão

É bem provável que o velho

Não se incomode com a situação.

Por que incriminar quem usa brinco

Nesta terra tão brasileira?

Não se incomode, meu grande amigo

Tudo isto é pura brincadeira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de setembro de 2004.

1255. O HOMEM E SUA HISTÓRIA

O homem tem o bem,

O homem tem o mal,

O homem faz o bem e o mal,

Tanto como faz o mal e o bem.

O homem tem amor,

O homem tem ódio,

No homem se encontram

O amor e o ódio.

No homem existe uma mulher

Fina como uma flor,

Se famoso eu fosse

Te teria como meu amor.

O homem faz a história,

O homem risca a história,

O homem nasce e morre,

Às vezes coberto de glória.

O homem tem a paz,

O homem tem a guerra.

Ser poeta é demais,

Minha poesia sincera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1256. A FLOR

Flor

Florzinha

Flor

De

Carinho.

Florzinha

No ninho

Flor de

Amor.

Flor

Florzinha

Mais bela

Que

Esta

Não

Existe

Na

Vida

Do

Autor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1257. PAZ

Sou

de paz

tenho

papel

e lápis

na mão.

Tentarei

escrever

um poema

que saia

de dentro

do coração,

por enquanto

meu dilema

é contornar

esta situação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1258. GOSTO

Um amor lindo

me fez gostar

de relógio.

É bonito

ver um animal

marcar as horas

no grito.

A frase

“Livre Para Amar”

é gostosa

quando na hora marcada

você está lá.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1259. O PASSARINHO VOOU

O passarinho voou,

sem destino

foi embora.

Passou em um galhinho,

caiu e quebrou a asa.

Uma menina

o pegou,

pra sua casa o levou.

O passarinho melhorou,

resultado desse amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1260. NOSSAS SAUDADES

Saudade é um sinal

de tudo que se vive,

nossa amizade é uma lembrança

da qual nunca se esquece.

Não se pode deixar morrer

tudo que é esperança,

pois a saudade quando bate

me traz grande lembrança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de abril de 1982

1261. UNIÃO

Sei que num cantinho do mundo

existe essa tal esperança

que faz um bom coração

até de um certo vagabundo

ajuda um aos outros

lida com bons seres

porque com bons dizeres

não se criam tais loucos

tens ótimas condições

suportando a barra da vida

tendo bons corações

refaça a vida seres humanos

mostrem as armas da despedida

façam um a um bons planos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1978

1262. PACATO

Fui pacato entre tantos

Entre tantos fui pacato

Pacato por todas elas

Por todas elas fui pacato

E quando quis deixar de ser pacato

Fui mais pacato ainda

Andei pelas ruas chorando uma dor

Uma dor de quem acha que não

Mais vai conseguir deixar de ser pacato.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 1981

1263. NOSSA TURMA

uma das minhas virtudes

é fazer boas amizades

quase todas as verdades

se contemplam em minha atitudes

gosto de uma turma legal

como essa que é nossa

onde não há quem possa

nos causar algum mal

devemos fazer o bem

turma com bons corações

vivo boas emoções

e não escondo de ninguém

não devemos ficar de braços cruzados

e sim de mãos bem abertas

porque nessas horas incertas

para o bem iremos apressados

nunca iremos fazer despedida

dessa turma sensacional

o inverso será um grande mal

em toda a nossa vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1976

1264. O AMOR

Vamos juntos se amar

para a vida ser melhor

não adianta brotar suor

só apenas raciocinar

juntos seremos felizes

em épocas elevantes

como fazem os aprendizes

mudanças em todos os instantes

sobre um mundo de paz

nós dois unidos legais

sem buscar tais receios

sobre um mundo sincero

sentado por ti ainda espero

bons tempos, eu creio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1976

1265. AMIGOS

Dou tudo de mim

ao menos que não queira

sou mesmo assim

sou uma agulha certeira

explodo todo caminho

enquanto se procura a paz

em certos, busco o carinho

que no incerto ficou jamais

em bons tempos elevados

eles se acham tranquilos

são apenas dotados

vivendo apenas daquilo

acham-se máximos calados

de tudo sem mais grilos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1976

1266. OS VENCEDORES

Seremos a semente que germinará

em campos artísticos dessa comunidade

pois com nossas armas batalharemos sem cessar

em prol de uma cultura realidade

futuramente brotarão os frutos

que plantaremos sem essa de fantasia

os mesmos jamais serão brutos

apenas o excelso da mais linda melodia

no entanto, resta aos participantes

desse concurso, erguer os braços

e agradecer aos organizadores

que são de pensamentos elevantes

dessa pátria, onde nossos abraços

as concretizarão para os vencedores.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1978

1267. O NÃO QUERER

Eu não queria me envolver contigo

de repente me vi tão ruim

devia apenas ficar como amigo

e tudo seria melhor para mim

eu não queria, jamais pensei

que pudesse ficar tão triste

é por isso que eu errei

em esperar o que não existe

tudo bem, seguirei outros passos

mas na memória estás presente

sempre, sempre estás em mim

caminharei trilhos em outros braços

mas sempre estarás na minha mente

desse jovem desconhecido mesmo assim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de maio de 1976

1268. UM LOUCO

Duas semanas de conhecimento

pouco espaço para uma definição

você fez parte de um momento

de aventuras incertas do coração

talvez abri uma gaiola

e esse pássaro fugiu

deixando marcas, indo embora

para um mundo varonil

uma vez em meus braços

você falava dos meus afagos

infiltrados no teu corpo

no entanto, apenas fracassos

deslizando no sentido amargo

todas as marcas de um louco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 1977

1269. O ENGANO

Eu pensava que tudo daria certo

engano meu, tudo deu incerto

apenas sobrevive no meu pensamento

frases obscuras de um momento

eu pensava que tudo seria lindo

pois sempre te encontrava sorrindo

engano meu, tu eras uma das mais

que gostava de envolver um lado incapaz

quero apenas hoje, lembrar de você

apenas na mente de um menino

que busca melhores explicações

tu fazes o mundo sofrer?

Sinto que és o meu destino

que atormenta outros corações.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 1977

1270. POETA MALDITO

Malditos os sonhos que falam do amor,

mesmo esse amor que tanto procuro;

por enquanto o caminho é de dor,

e a vida pra vencer tem que dar duro

Malditos os caminhos que me levam ao amor,

mesmo esse amor que tanto insisto;

a vida tem coisas e nos causa terror,

a busca é fértil, mas portanto, desisto.

Malditos os insistentes na busca do amor,

mesmo esse amor que tanto vasculho,

no sótão da vida, o sonho é bagulho.

Malditos os procuradores da arte do amor,

mesmo esse amor que tanto lamento,

nessa agonia, traga-o por um momento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de março de 1999

1271. O PARQUE

Dedicado para Virgínia Maria (Minha Avó materna - in memorian)

O corpo uniforme contido no parque

Abriu espaço para mais um,

Todos em volta falavam

E o corpo seguia em compasso.

Tinha um semblante de quem dorme

Aquele corpo ali exposto,

Era a senhora mãe de todos

Dona dos bons e dos parcos fracassos.

O verde da planta do lugar

Guardava os restos de todo um passado

Guardava tudo que era saudade.

O verde de tudo que era verde, hoje está

Mais verde do que café coado.

Foi-se um corpo na multidão de nossa cara-metade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 2006

1272. SAUDADE BEM, MEU BEM SAUDADE

Dedicado para às Minhas Filhas (Carolina, Camila e Catarina)

E à minha Esposa (Norma Sueli)

Em mim dói uma saudade

Uma saudade que dói demais

Entristece o peito, me tira a paz

Molda toda a minha verdade

A verdade de dormir sozinho

Quando deveria me cobrir

Com os lençóis que conheci

Mas hoje é só cantar de passarinho

Que canta um canto de saudade

Entoando o som dessa tristeza

Saudade é a minha única certeza

A certeza do amor liberdade

Encravado nos olhos nordestinos

Que me ensinam sorrir em desatinos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de janeiro de 2006

1273. POEMA DE RAIVA PARA ALGUÉM QUE SE AMA

diz que

me ama

porra

se não

eu laço

teu cu

com uma

pedra

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 1983

1274. A CONTRA-GOSTO

Pegue um copo

Cheio d’água

E sinta no gole

O trago da vida

Que te espera.

Pegue a espera

Da vida

E sinta o copo

Que te espera

No fundo.

Sendo assim

O copo e a vítima

Morreram de sede

No primeiro abismo.

Coisa de droga

Fantasia irreal

É o paradoxo

Desse que faz opção

A contragosto

Daquilo que faz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1275. LIÇÃO QUOTIDIANA

Entrou

Por debaixo

Da porta

Pegou

A chave

E não fez uso

Cobrou

O que lhe devia

Foi preso

Pagou

O serviço feito

Foi solto

Voltou

À porta que lhe esperou

Atirou

Correu

Sem chave

Sem dinheiro

Sem roupa

Sem mãos

Sem nome

Morreram

Ele era valente

O devedor era frouxo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1276. CADA SÍLABA

Dedicado para uma mulher

Cada sílaba

Desse provérbio

Define-se no verbo

Da tua sensibilidade

De ser Mulher...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1277. POEMA DO MATO

Ela cheira a mato

Quando está

Triste.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1278. MENINA DA RUA

Corre menina

Por todos os lados

Da rua...

Deita teus cabelos

Nas pernas confusas...

Sonha de dia e prega

À noite nos bares

Da vida...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1279. VIVER NO MUNDO SEM SER DO MUNDO

É difícil ou quem sabe fácil

conduzir o homem ao raciocínio

dessa lógica louca

desse mundo vivo

nesse mundo sem ser desse mundo

pergunto ao mundo

qual razão de tudo

perco toda lógica

dou de troco um ser talvez

quem sabe da vida

resta um pergaminho

mesmo contido de pérolas

tomba no caminho

de viver no mundo

e não se pertencer

qual sentido faz

ser desse mundo

se não é desse mundo?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1280. AUSÊNCIA

A ausência do Ser Humano

Resume-se numa só palavra:

Saudade.

Dói na retina

E arrepia a mente...

Essa saudade

Sem alguém por perto

É como água no deserto...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1281. POESIA PLAGIADA

Vou fazer um poema

Não importa se é plágio

Vou fazer um poema

Não importa se é plágio...

Meu poema vai falar

De amor e de perdão

Se algum poeta escreveu

Pode prender que é ladrão.

Meu poema vai falar

De cidade e de lugar

Se algum poeta escreveu

Tenham certeza, ele quis plagiar.

Meu poema vai falar

De família e sociedade

Se algum poeta escreveu

Foi por pura maldade.

Meu poema vai falar

Do céu, do mar e da lua

Se algum poeta escreveu

Sua vida anda mal e crua.

Meu poema vai falar

De sonhos e fantasias

Se algum poeta escreveu

Foi falha de suas manias.

Meu poema vai falar

De cantores e poetas

Se algum poeta escreveu

Bebeu e se perdeu na festa.

Meu poema vai falar

De bebidas e amantes

Se algum poeta escreveu

é coincidência dos errantes.

Meu poema vai falar

De mulheres e traição

Se algum poeta escreveu

Tenham pena do seu coração.

Meu poema vai falar

De sentimentos e falações

Se algum poeta escreveu

Se perdeu entre os trovões.

Meu poema vai falar

De juventude e velhice

Se algum poeta escreveu

Foi por pura burrice.

Meu poema vai falar

De lutas e vencedores

Se algum poeta escreveu

Morreu com balas e dores.

Meu poema vai falar

De amigos e viagens

Se algum poeta escreveu

É culpado de tantas miragens.

Meu poema vai falar

De liberdade e acasos

Se algum poeta escreveu

Não foi à vista, foi a prazo.

Meu poema vai falar

De tudo que se pode imaginar

Se algum poeta me plagiar

É sinal que o tempo precisa parar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1282. PASSARINHO CANTADOR

Canta

Canta

Passarinho

Procura

Um ninho

Nesse caminho

Procura um sonho

Neste lugar

Assume uma postura

De cidadão

E se alimenta de mato

Neste ninho de espera

Do passarinho cantador

Do passarinho sonhador.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1283. DIA DO ÍNDIO

Dezenove de abril

Era dia de índio

Dezenove de abril

Ainda é dia de índio?

Sei não...

O que sei

É que mataram os índios

Galdinos da vida

Pataxós da vida

Incendiaram o índio

Brasília em festa

Um índio morto

Dezenove de abril

Na casa de índio

Não tem festa

Tem medo da vida

Tem medo do mundo

Não se fala em índio

Compraram o índio

Brincaram de ver índio zangado

Mataram o índio

Onde está o índio do nosso Brasil?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1284. O LIXEIRO DA FAZENDA

Ministério da Fazenda

Dar o lixo

Para lixeiro

Que vive de lixaria.

Uma carroça de burro

À frente estacionada

O seu pão

De cada dia.

Cada saco vale nota

Uma vida

Desse lixeiro.

Quanto mais

Ele trabalha

Na conta se atrapalha

Pobre sina de um brasileiro.

Ministério da Fazenda

Dar papel picotado

E o lixeiro

Pobre coitado

Vai enchendo sua carroça.

Ah! que saudade ele tem

Dos tempos em que plantava

Dos tempos em que comia

Dos tempos de lá na roça.

Nesse lixo

Anda rato

Gato esfarela todo saco

E o lixeiro vai botando

Restos do Ministério

É difícil imaginar

Algo que possa se aproveitar

Sua vida vai alimentando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1285. EDUCANDO

ao Educador Paulo Freire

Educando...

Quem de nós se habilita a tal tarefa?

Quem de nós se acha capacitado a desempenhar

Papel de agente de transformação social?

Educando...

Na troca de hábitos e gostos mil

Renasce o ensino mais humano.

Educando...

Chega de rótulos e teorizar o que se deve fazer!

Arregacemos as mangas e partamos todos

Pelo infinito em busca de uma árvore.

Educando...

Chegamos ao ápice dessas expectativas

Ou talvez, quem sabe, semeamos uma idéia

No topo dessa árvore

Que com certeza dará bons frutos.

Educando...

Eles ensinam a eles

E eles aprendem com eles

Eles são os mestres e os mestres

São os aprendizes.

Educando...

Povo que se conhece troca idéia na porta de casa

Dentro da escola e com a família.

O pai

A mãe

A família

Os amigos

São todos de um mesmo ensino.

Que se estabeleça o vínculo da consciência

Mostrando a realidade do mundo: todos passam

Vivem e sabem e morrem...

Tudo em função do nascer de uma nova maneira de agir.

Educando...

Na rua ou em casa

Na escola ou no mundo

Educandos e educadores pela cooperação

Da liberdade de falar o que se tem pra falar!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1286. APESAR DO TEMPO

Apesar do tempo

Não há mais tempo

Para o tempo que se aproxima

Tem tempo para tudo

Enquanto o tempo do outro

É tempo de espera...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1287. MARCHA SARGENTO

Marcha sargento

Quero ver você marchar

Marcha com meganhas e soldados

Quero ver você marchar...

Deixe de onda...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1288. CORRIDA DE SACO

Corre, corre, menino danado

Corre que tu vai ganhar

Eita que ele ganhou

Correndo de saco não

Quis mais parar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1289. NO CIRCO...

No circo do meu bairro

Palhaços e malabaristas

Bailarinas e feras

Nas tardes dominicais

O povo inteiro ia ao circo

Ver as meninas dançarinas

No circo do meu bairro...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1290. BANDIDO VIRA LATA

É de amargar

Um bandido sem personalidade

Feito vira lata

Late com tudo

Bate em mulher indefesa

É este bandido que mora ao lado

Ao lado de cada brasileiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1291. QUANDO TU VENS?

Se podes me dizer

Por que não me falas?

Espero-te hoje ou amanhã

Resta-nos chegar pra falar

Sentar e conversar

E aí a pergunta ecoa:

- Quando tu vens?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1292. RIOS DE LÁGRIMAS EM PRANTO

Estou chorando por dentro

Por dentro há um vazio imenso

Quando ouço a Ave Maria Sertaneja

Na voz do Reio do Baião

Cai em mim um rio de lágrimas

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1293. VICIADO EM FAZER O BEM

Vício todo mundo tem

Bondade todo mundo tem

Colocar em órbita, eis a questão

Eis a melhor razão

De cada emoção

E fazer o bem é bem melhor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1294. VIAGEM DE PENSAMENTO

Viajando no pensamento de poeta

É viagem que machuca a alma

É que a alma de poeta é doce

No mais intenso amor de festa

É festa nos lábios de quem ouve

E saindo pelas bocas alheias

A poesia é viagem de pensamento

No pensamento de todas as viagens...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1295. PERPLEXO NO MUNDO

Sozinho no mundo

sem parente e nem aderente

sem escola e sem estudo

mudo e cabisbaixo

perdido nos sonhos

louco para encontrar seu mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1296. GAIATO DO SEVERINO

Severino era um pirralho

gaiato que só vendo

botava apelido em tudo

todo mundo era apelidado

um dia a turma botou

um nome em Severino

Severino queria tudo

menos ser chamado de biu

a turma em peso gritou

lá vem o biu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1297. SERPENTE

Na espera de notícias

de mãos à espera

e receios temerosos,

infiltrei em teu lar

sobrevivendo como fera,

Dei de cara contigo

que vinha de lá.

Me larguei em teu lar

e me sufoquei na tua mente,

era você uma serpente

que não fazia mal e amei.

Estou pensando em ti

que joga amor

em toda uma vida.

Quero voar, não sei

quero sair, parei...

Encontrei em tua face

dessa vida marcada

alguma coisa parada,

que no meio do realce

serpentemente ficou sensata.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1298. EXALTAÇÃO À BOCA

Facialmente fatal

é olhar

e ver

duas pétalas

sangrando

no leito dos teus

lábios.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1299. TEU SORRIR

Dedicado a um alguém que pensa para sorrir

Teu sorrir

Mexe com meu lado

Metodológico

E me ensina

Nas escolas da vida

Todo teu lado

Pedagógico.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1300. CANÇÃO PARA OS OLHOS TRISTES

Teus olhos brilham

à natureza desconhecida

e têm a sutileza de navegar

nas águas profundas

desse oceano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1301. TRABALHAR PRA VENCER

É bom estudar

Paquerar

Trabalhar

Pra vencer

Um grande

O b s t á c u l o

Que se

Vence

Com

Poder!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 1983

1302. UM TAL DE JUDA

Fui a um circo certa vez e encontrei um tal de juda

Dizem que o bicho não apanhava de ninguém...

Eis que vi Chicão, apanhar de montão...

O juda era forte e bateu no chicão

Jogou-lhe o bicho fora, foi grande a confusão

Depois ficamos sabendo, tudo foi armação...

O juda bateu em chicão e quem chegasse perto

O circo lotava todo só por causa do juda

Foi saudade do tempo de criança, pura recordação...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2000

1303. A PASSARADA

Pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pretos,

vermelhos,

amarelos

e marrons...

Alegria leve de voar no tempo!

voam leves e soltos no vento!...

voam no ar, voam no ar...

De ordem do rei dos pássaros

a passarada vai voar.

Pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pretos,

vermelhos,

amarelos

e marrons...

Lá vem o pica-pau em toda velocidade...

e vem com as penas brilhando ao sol.

Apavorou-se,

vai tirar as peninhas.

Pra quem será?

Será para o canarinho?

Será para o sabiá?

Será para o beija-flor

ou será para o joão-de-barro?

Passou cantando

pulando e pulando

mas tirou!!!

Voou bem alto

e voltou!

Cantou ao seu mestre

o que ninguém cantou.

Vamos passarada!

Ganhou o céu

foi o pica-pau.

Pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pássaros e pássaros...

pretos,

vermelhos

amarelos

e marrons...

viva a passarada que voou!!!

De ordem do rei dos pássaros a passarada foi embora...

Bento Júnior

Campina Grande-PB, 06 de junho de 1984

1304. MUNDO DOS ENGANADOS

Sou mundo entre tantos mundos

E nestes tantos mundos

Sou um entre todos

E diante de todos sou gente

No mundo dos enganados...

Bento Júnior

João Pessoa-PB-02 de setembro de 1982

1305. PERDIDO NA MATA

Estou perdido na mata

Me chame cumade fulosinha

Me traga fumo de rolo

Comida de mãe da natureza

Me façam sair da mata

Estou perdido...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1990

1306. AMOR PROFUNDO

Eu tenho um amor tão profundo por ti

Que só ao imaginar em te perder,

Meus ossos se enfraquecem em saber

Que um dia este amor não me deixe permitir

O amor que eu sinto agora, é imenso

Muito maior até do que o som de uma onda,

E eu não sendo uma onda, vivendo numa terra redonda

Sou apenas o amor que imagino e que penso.

Se por acaso este amor se perder em terras alheias

Não queira desafiar meu pranto tão verdadeiro,

É causa de um amor por demais brasileiros.

Se por acaso este amor rejeitar todas as ceias

E nas ceias as frutas sejam desconhecidas,

É sinal que o amor vem de muitas guerras vencidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1984

1307. A ESTRELA SOLITÁRIA

Dedicado ao meu glorioso Botafogo Carioca

Mesmo que o mar não provoque ondas

E o céu não mande mais chuvas cair,

O Botafogo vem de preto e branco

Colorir os estádios de alegria...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1989

1308. O PALHAÇO DE TODOS NÓS

Minhas senhoras e meus senhores

Prestem atenção no que eu vou contar

Venho de muito longe, sou palhaço dos perdidos amores

Queiram por favor, minha história escutar

Não sou nenhum poeta, escrevo apenas louvores

E como tem tudo um começo, vou assim logo começar....

Somos artistas da vida, nós somos atores e atrizes

Escrevemos histórias e de teatro muito gostamos

Brigamos, cantamos e ainda somos felizes

Viver culturalmente é o que nós plantamos

A História de Todos Nós, na vida somos aprendizes

E chega de lero-lero, vamos ao que planejamos.

A História de Todos Nós, se tornou de todo mundo

Conte uma história e tenha mais de um amor

Não importa se a história tem no meio um vagabundo

Se tem gente, se tem bicho, não importa o horror

De tudo teve, inclusive um moribundo

E assim nosso espetáculo já terminou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2003

1309. TEMPO INCERTO

Um certo tempo

De tempo em tempo

Reclama do tempo

Do tempo que dá tempo

Do tempo em cena

Do tempo sem tempo

Do tempo temperado

Somos um tempo

Dentro um tempo

De um tempo esquecido

Distante do tempo

Do tempo corrido

Do tempo de tempos em tempos

Apenas um tempo perdido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de abril de 2007

1310. FENÔMENO

Vinha do céu

Era noite

Teresina explode

Relâmpagos

Anunciam as chuvas

Nas terras do Piauí

O céu se ilumina

É bonito de se ver

A natureza a olho nu

Brilha a cidade de Teresina

As chuvas caíram

Na terra seca de sol

As luzes que vêm do céu

Escrevem os poetas do Piauí.

Bento Júnior

Teresina-PI, 28 de dezembro de 2006

1311. O ENCONTRO DAS ÁGUAS

De tarde

O crepúsculo prenuncia

É encontro de Poty

É encontro de Parnaíba

As águas de Teresina

Vão desaguar em todo Piauí

O Cabeça de Cuia

É lenda

É mito

É folclore

O pôr do sol deste lugar

É fotografia viva...

O encontro das águas

Ponto turístico

Ponto de encontro

O Bar Flutuante

Lugar dos amantes

Viva o Piauí.

Bento Júnior

Teresina-PI, 29 de dezembro de 2006

1312. OS CAMINHOS DE TERESINA

Você chegou de mansinho

E como não querendo, ficou

Me levou pelos braços

Fez cantar todos os pássaros

Num encanto de menina

Tatuou meu gostar por Teresina

É sol

É lua

É terra

Os olhos de quem vem

As bocas dos que ficaram

É sol

É terra

É lua

O Piauí é Nordeste

Sol que queima os caminhos

Terra quente de caba da peste

Lua que vai rasgando os caminhos.

Bento Júnior

Teresina-Piauí, 02 de janeiro de 2007

1313. SÍTIO DE FINAL DE ANO

Dandinha

Beth Moreno

Banda

Em Teresina

No Piauí

Nosso Sítio

Fogos de artifícios

É fim de ano

Família em cena

Brilha o céu

Brilha os olhos

De tantas mulheres

Que aqui estão

Se o Sítio é nosso

Nosso lugar

É um canto de luz

Que fez 2006, lindo

2007, esperança.

Bento Júnior

Teresina-Piauí, 31 de dezembro-2006 – 01 de janeiro de 2007

1314. CAFÉ QUOTIDIANO

De manhã logo cedo, o café

De tarde logo cedo, o café

De noite logo cedo, o café

No outro dia logo cedo, o café.

É café em todos os momentos

É café, um dos tantos alimentos

Que desce garganta adentro

É café que encanta até o Papa Bento.

Café, planta de tantos prazeres

Café, um gole a mais aos nossos saberes

É café embelezando os que vão

Café, bebe-se na casa do amigo

Café, esquenta quando estou contigo

Quem não bebe café, a gente não conhece, não!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 2007

1315. BATIZADO

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Catarina ao altar, lá se foi

Cantando e sorrindo, depois

Nas mãos dos padrinhos, os dois

A levaram como os aboios

Ecoados pela Igreja da Penha

Nos quadros e nos cantos, e que venha

O riso escaldante de Catarina

No sino da praia, cá em cima

O padre reza e pede justiça

A justiça dos homens, a vida atiça

O batizado em forma de três

Os anos que estampa na menina

Os cabelos que voam de baixo acima

Ela é rainha, o mundo ao seu redor é rei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 2007

1316. SEUS QUATRO ANOS

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Seus quatro anos

Meus quatro anos

Ela tão linda

No banho de mar

Seus cabelos encaracolados

Sua vida tão cheia de vida

A corrida na areia

A liberdade...

Seus quatro anos

Seus planos

Suas manhas

Seu sono

Seus sonhos

Os peitos da vida

A vida nos peitos

Quatro e quatro anos

De esperanças e liberdade...

Seus quatro anos

É Carnaval

Luzes no cabelo, fotografia

Uma menina linda, que tal?

É paz, de pai à filha, sorria!

Bento Júnior

Conde-PB – Praia de Carapibus, Jacumã, 21 de fevereiro de 2007

1317. AO SANTO MENINO JOÃO DE DEUS

Canta sereno entre raios e trovões

Relâmpagos e luzes fracas,

Canta por entre as folhas do mundo,

Por todos os moços,

Por todas as moças...

Canta sereno entre o baile

Das máscaras encantadas.

Canta o sonho de nunca ter sido

O que na verdade

Sempre se cantou!

Arrasta pelas ruas,

Num pavimento de poucas andanças,

Ele que tão pequeno sucumbiu

Ao primeiro raio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2007

1318. TE AMO

Te amo

Por me deixares nascer

Te amo

Por uma família autêntica

Por uma família desajustada

Por tudo que fizeste por mim

Por tudo que me deste

Por tudo que não fizeste

Po um olhar de criança

Por um olhar de velhice

Por ter uma mãe e um pai

Por nunca tê-los visto

Te amo

Por me deixares viver

Te amo

Por uma morada ao sol

Por chegar sempre em casa

Por uma compra digna

Por uma saudade de voltar

Por uma feita feita

Por nunca nos faltar o pão

Por me faltar o pão

Por nunca saber de nada

Por um bom relacionamento

Por um rompimento feliz

Por me dá um beijo

Por me tratares bem

Por me jogares pedra

Por uma livre constituição

Por tudo que a gente observa

Por tudo que a gente não vê

Por tudo que nunca pára

Por uma liberdade de sentir o sol

Por uma liberdade entre aspas

Por uma liberdade plena

Por uma liberdade concreta

Por uma concreta exibição

Por tudo que o homem entende

Por tudo que não tenha nome

Por uma educação praticada

Por uma Pátria amada

Por várias bandeiras rasgadas

Por uma guerra de poderes

Por um governo viciado

Por um cessar fogo

Por uma guerra santa

Por uma paz sangrenta

Por um não salário

Por um remédio barato

Por um aumento de salário

Por tudo que ainda aspiramos

Por ótimos resultados

Por dias melhores

Por um voto bem dado

Por não saber votar

Por seres um artista

Te amo

Por tudo que é sagrado

Por tudo que é blasfêmico

Por andar sempre correndo

Por um emprego decente

Por uma bíblia nos braços

Por uma condenação

Por tudo que o pobre tem

Por uma religião do coração

Te amo

Por amar o amor

Por uma palavra complexa

Por uma compreensão

Por um conforto de amor

Por um compromisso sério

Por tudo que não seja sério

Por tudo que nós praticamos

Por tudo que nos chega à cabeça

Por tudo que quero

Por tudo que não quero

Por um coração aventureiro

Por me amares

Por te amar demais

Por tudo que odeio

Por um sorriso feliz

Por um sorriso forçado

Por um amor livre

Por tudo que não detesto

Por um beijo na boca

Por um ato sexual

Te amo

Por Deus e por Cristo

Por nossos amigos

Te amo

Por tudo que não seja nada

Por andar e saber da volta

Por tudo que não seja farto

Por tudo que falta

Por ter um pedaço de terra

Por tudo censurado

Por tudo liberal

Por um cara dura

Por uma algema nas mãos

Por uma educação de qualidade

Por uma saúde preventiva

Por uma palavra de carinho

Por uma formatura decente

Por ter consciência política

Por todos os teus atos

Te amo

Por me deixares morrer

Te amo

Por um atestado de óbito

Por um ataúde

Por uma cova medida

Por uma cama larga

Por todos os sonhos

Por todas as alegrias dos seres

Por todas as dores dos seres

Por ler esta poesia

Te amo

Em nome do Pai

do Filho e do

Espírito Santo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1987

1319. EMOÇÃO

A emoção

invadiu o quarto

levou o travesseiro

e hoje

eu durmo

no chão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1986

1320. NUMA NOITE DE LUA

Em uma noite de lua

pelas estradas escuras

eu conheci um alguém

que estava a chorar

pois eu devia salvar sua vida

e salvei

sem motivo ela saiu sem destino

dizendo que ia voltar

estava tão tensa

que o seu nome

não soube dizer

em uma noite de lua

pelas estradas escuras

eu conheci um alguém

ela me falou de tantos problemas

mas apenas por alguns minutos

pois sair a procura

ela pra bem longe correu

não consegui lhe encontrar

em uma noite de lua

pelas estradas escuras

eu conheci um alguém

que perdida estava a chorar

sem destino nenhum

dormiu e foi embora

sem destino...

Bento Júnior e José Rodriguês

Santa Rita-PB, 16 de novembro de 1976

1321. MEUS ANSEIOS DE MENINO

Quando eu completar quinze anos

Bem em breve...

Cantarei aos pássaros que serei feliz,

Não pelos quinze anos, e sim

Pelo canário que irão me dar...

Estou ansioso nestes quinze anos...

Sei que o tempo é curto

E a espera é longa...

Cantarei aos pássaros

Como um menino chorão

Que chora um choro sem fim...

Anseio ser o pássaro e cantar

Como um menino...

A bola de gude estou esquecendo

e o pião não jogo mais...

Estou de amor novo...

Por que novo? É o primeiro amor...

Chegou o meu canário... Hoje canta por todo quintal!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de fevereiro de 1976

1322. PARÔNIMAS UM TANTO QUANTO HOMÔNIMAS

Absolve o moço, ele não fez nada

e como nada fez, foi absorvido pela justiça,

quis acender o seu coração, mas não,

preferiu ascender na sua profissão.

Este acento que vem da boca do moço,

retrata um momento, quando este no assento

acostumou-se com toda ladainha,

mesmo quando quis se costumar

amar a mulher que com ela casou.

Aquele moço tem filhos, e ao sair aferiu todos

na certeza que poderia auferir o pão de cada dia.

Ele adentrou mata adentro e não mais quis caçar,

sobrou-lhe umas aves, e destas fez seu alimento,

mas como modelo político, quiseram cassar seu mandato

ganho como presidente do grêmio estudantil.

Foi dormir na cela e teve grandes insônias,

sonhou com vários cavaleiros, e sendo um cavalheiro

pôs a sela no seu transporte e saiu a cavalgar.

O tempo passava e tinha cerração

e se preveniu de tudo e de todos,

pensou consigo um instante

que sua fechadura precisava de uma serração.

Era complicado o momento

vivido por aquele moço

de todos as histórias da noite

esta foi a melhor

um conto com palavras parecidas

estória da madrugada.

Rodou o seu pião e saiu pelo mundo a correr,

perdeu tudo que tinha, só restaram-lhe os filhos,

sua mulher era incipiente e insipiente,

desapareceu - “morreu” - o homem ficou só,

sozinho a caminhar - mesmo que o sonho acabe

seu dinheiro sofreu uma inflação

culpa de suas economias, foi infração para chegar

onde aqui se chegou.

1323. ERA TARDE

era tarde

fazia frio

e o frio que fazia

não era esse

que se passa agora

era um frio triste

desse que congela

o corpo e faz esquecer

o tempo de agora

em que a vida busca

uma resposta

e a resposta fica

a perguntar

se realmente

era tarde...

1324. MINEIRO POETA

Dedicado para Carlos Drumond de Andrade (Grande poeta universal)

Mundo

vasto mundo

ilusão perdida

luz

vasta luz

utópica ilusão

vida

sofrível vida

vida curta

curta vida

se eu fosse um deus

não seria uma resposta

seria uma solução.

1325. SONO

Observa, qual senhor te detesta

se todos os teus seios

são sugados, beijos na testa

de quem não tem receios.

Aclama meu nome, tal qual

é fruto do teu único sexo

que produziu um ser normal

busca, pois, realizas teu universo.

Te expande, desagrega desses braços contrários,

conduz teus olhos nos meus

e reduz meu cérebro ao teu

que no compasso desse salário

comprou teu legítimo dono.

Sim, penso em ti, és meu sono.

1326. LIVRO

Um livro é muito mais

do que palavras soltas

é um abrigo ao leigo

um ensino ao estudado

é um pouco de luz

nos olhos da humanidade

também é um pouco de treva

nos atos impensados

livro a razão da teoria

a prática é a ação dos que lêem

o que se aprende do que se vê.

1327. O CATA LIXO

Cata lixo pra viver

Vive catando lixo

Tem filho pra cuidar

Vive cuidando de filhos

Sua mulher emprenhou

Tem seis filhos pra cuidar

Tem lixo pra catar

Vive catando lixo

Tem ferida pra sarar

Cata lixo todo dia

Vive não sei porque.

1328. POR UMA SAUDADE DE RODAR PIÃO

E

l

e

s

melam meu estômago de luz

a luz que brilha no pomar

florescem o sonho

de quem na vida

espera dias

melhores

nesse

p

i

ã

o

1329. TRÊS ANOS

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Um ano se passou. Dois anos se passaram,

Quando já eram três na nossa frente.

Ela dar gargalhadas e ao mesmo tempo

Se questiona: “Por que tanta gente?”

Três anos chegaram num piscar de olho

De se esconde-esconde de todos nós.

Ela, no seu semblante de criança

Quer Pai, Mãe, tios, tias, primos e avós

No seu tão esperado aniversário.

É de dar gosto vê-la tão feliz,

Fazendo aquilo que sempre quis,

Como por exemplo: ter seus amiguinhos

Na sua tão sonhada brincadeira,

Que dentro de um circo, tem palhaçada de primeira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2000

1330. CORAMOR

Sobre um teto vazio

eu caminho noite a dentro

buscando de um centro

as realidades de uma vida

nas batidas do meu coração

sinto o compasso do teu amor

me dói a saudade da dor

em não ter você comigo

Realizao portanto meus atos

com um coração bastante aflito

cardiologia perfeita dos atritos

dou de cara com a saudade

infiltrada na mente da verdade

nos olhos de quem vos ver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1979

1331. TÍMPANOS MELANCÓLICOS

Darás os teus tímpanos

apenas a quem te quer bem e jamais

a certas pessoas sem nenhum valor

nessa vivência, então vives em paz

libertas essas algemas do teu pensamento

e agregas ao meu pueril lado paterno

serás portanto a essência desse lamento

vivenciando, condicionado nesse tal inferno

em que também faço parte

dessas contradições, dessas maldições

ao apelo de Deus Cristo

sabedoresm dessa minha melancolia

camuflada no peito do meu EU

sofrível e acima de tudo perplexo.

Bento Júnior

João Pessoa,09 de novembro de 1978

1332. SER FELIZ...

Espero que sejas um tanto feliz

antes ou depois de tudo

só não quero ficar surdo

para essas coisas que sempre quis.

Quero que vivas em eterna paz

porque aqui estou amando

em qualquer momento do bem

sofrimentos esperamos, jamais

só assim seremos felizes

nesse mundo de contratempos

até o fim com gratidão

e eu possa ser um dos aprendizes

que gosta de bons passatempos

com um grande coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de janeiro de 1978

1333. PALAVRAS MEDIDAS

Cada palavra, realçada, sentida

nessa pele, desse obscuro sentido

transfigurado, medido

no compasso dessa medida

palavra é, chave de ouro bruto

na proporção, conhecimento certo

escrito, desafiado, feito um reto

transcrito em papel, nosso fruto

palavra, tudo que se expressa

em pedacinhos e folha

malditas, ditas de uma tal bolha

palavra, para mim interessa

para outros, cuidado é frágil

se perdura no verso e é agil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de de 1977

1334. TREZE DE MAIO

Um grito de vitória

paira nos campos do meu Brasil

resta portanto a glória

de conter água no meu cantil

municões e mais munições

nos esperam no outro lado do mundo

camuflados caminharíamos com os corações

entregues a outro tal mundo

resta agora os sonhos

de sermos felizes e tristonhos

vivendo de guerras e samba

solta um grito de liberdade

de 13 de maio da saudade

que ficou na terra bamba.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1978

1335. PLÁCITO

Fui plácito, plácido também

deliciando os teus seios

ou me dei tão bem

apesar de contraditórios receios

uma ponta cor de rosa

infiltrei em meus pensamentos

toquei o sexo, expansão maldosa

dos sábios da matéria, sentimentos

ah! provei, suguei o suco

que continha no lucro

das minhas tímidas mãos

que tocaram teu íntimo

em prol desse tal destino

concretizando, só assim, nada de não.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 1980

1336. TURMA DE RUA

Lá vem a turma da rua

Correndo que só a gota

Cantando e fazendo feliz

O povo do meu país

É turma da rua bacana

Que chama a gente de bem

É por isso que gosto da turma

Amanhã tem também

Brincadeira com a turma do bem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1976

1337. AMOR DE AJUNTAMENTO

Vamos juntos se amar

para a vida ser melhor

não adianta brotar suor

só apenas raciocinar

juntos seremos felizes

em épocas elevantes

como fazem os aprendizes

mudanças em todos os instantes

sobre um mundo de paz

nós dois unidos legais

sem buscar tais receios

sobre um mundo sincero

sentado por ti ainda espero

bons tempos, eu creio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1976

1338. AGULHA CERTEIRA

Dou tudo de mim

ao menos que não queira

sou mesmo assim

sou uma agulha certeira

explodo todo caminho

enquanto se procura a paz

em certos, busco o carinho

que no incerto ficou jamais

em bons tempos elevados

eles se acham tranquilos

são apenas dotados

vivendo apenas daquilo

acham-se máximos calados

de tudo sem mais grilos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de janeiro de 1976

1339. LOUCO VARONIL

Duas semanas de conhecimento

pouco espaço para uma definição

você fez parte de um momento

de aventuras incertas do coração

talvez abri uma gaiola

e esse pássaro fugiu

deixando marcas, indo embora

para um mundo varonil

uma vez em meus braços

você falava dos meus afagos

infiltrados no teu corpo

no entanto, apenas fracassos

deslizando no sentido amargo

todas as marcas de um louco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 1977

1340. ENGANO É ENGANO

Quando ela passou, meus olhos não se enganaram

Era ela quem passava pela minha rua

Olhei, seus olhos brilhavam, ela estava nua

Tão linda como as estrelas no céu...

Dei um riso, um riso de maldade

Mas era uma menina, tão pequena

Tão linda, tal qual um engano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 1973

1341. EU SONHO UM SONHO DE QUEM JÁ

SONHOU UM SONHO DE VIVER

As pedras de mármore

As flores enfileiradas

As casas com um rio passando

As estradas limpas e enfeitadas

Os pássaros falando em vez de cantar

Os lugares verdes e a lua em cima espiando

Os sonhos corridos e a alma pura

Os pensamentos voam e todos cantando

Um canto na voz feminina

Um sentimento que fica e embeleza

Um vício de viver em harmonia

Um sonho que tudo ruim despreza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 2006

1342. OS PASSOS DO CORDEL

Dedicado ao Jailton Paiva (Um reecontro de amizade)

As pedras se encontram

As vidas se encontram

As famílias se encontram

As estradas se encontram

Os pássaros cantam

Os cordéis se lançam

Os sonhos se plantam

Os passados se cansam

Um canto de cordel se emana

Um homem é vida, é chama

Um sonho se encontra

Um sonho nunca se reclama

As músicas são tocadas

As letras são faladas

As cidades são pequenas

As lutas são serenas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 2006

1343. BOLA DE MEIA

Dedicado aos meninos da minha infância

Bola de gude

Bola de meia

Sai daqui cara de grude

Da tua mãe tu leva peia

Vem pra cá pro meu time

Pega o calção e fica no gol

Não deixa a bola passar

Bola de meia quer te pegar

Deixa a bola de meia rolar

Tem gol na frente

Quem venceu foi a gente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de janeiro de 2003

1344. BOCA DE LOBO

Nas estradas que passo

O lobo está sozinho

Roubaram sua boca

É triste o seu caminho

Nas estradas do tempo

O lobo é só saudade

A boca que é sua

Foi roubada, que maldade

As bocas dos lobos

Nas estradas que passo

Foram destruídas pelo povo

O lobo vive de fracasso.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2005

1345. NÃO HÁ DE QUÊ

Não há de quê

Para que ficar

Esperando o tempo

Não há de quê

Se espera, eu sei

Contesto todos os porquês

Acelero o motor da verdade

E sempre, não há de quê

Para que ficar assim

Esperando e pensando

A volta do mundo

E sempre, não há de quê

Somos fumaça do tempo

No contratempo da hora

Na contradança da arte

E sempre, não há de quê.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 2006

1346. CHEIA DE PILÕES

Cheia, cheia

A água descendo

Cheia...

Catacumbas se abrindo

Cheia...

Mulheres parindo

Maridos gemendo

Crianças berrando

O gado chorrando

Cheia...

Pilões, que cheia

Na cheia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 1983

1347. AS PANTERAS DA MINHA VIDA

Perdeu-se entre troncos e barrancos

As panteras da minha alçada,

Fiz versos e cantei à amada

Mas só restaram dores no ventre

E quando se fingia de doente

Era uma pantera que me guiava

Nos pedaços de vida que me restava.

Perdeu-se nos sonhos da minha vida

As panteras sanguíneas que tive

E quando no choro, nunca me contive

Aprendi a ser de tudo um pouco

Gritei alto igual a um louco

E entre paredes só ouvia urros de uma fera

A minha vida foi sacrificada por uma pantera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de janeiro de 2006

1348. ONTEM A LUA

Ontem a lua estava

Linda como sempre é,

Na rede com a filha

No chão o toque do pé.

Ontem a lua estava

De tomar vinho de porre,

As folhas ao vento

Diziam que alguém morre.

Ontem a lua estava

Calma e sombria,

Despertava consciências

E na ausência explodia.

Ontem a lua estava

Olhando cada sonho dos seus,

Discutia o nascer de todos

E duvidava da palavra Deus.

Ontem a lua estava

De dá gosto de espiar,

Sem querer o clarão invadir

Invadiu todo este lugar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de novembro de 2005 - sábado

1349. HOJE É DOMINGO

Hoje é domingo

Dia de bingo

Do vinho no quintal

Da pedida de óleo

Por cima do muro

Porque hoje é domingo

Dia de futebol

O alvinegro no campo

Quer subir na tabela

Gol por todo o mundo

Aqui na Paraíba

O domingo é de expectativa

Na Capital do Estado

Já é noite pra mais de oito

Hoje é domingo

A família reunida

Espera outra família

Falam de Teresina

O Nordeste está seco

A Amazônia pede socorro

Hoje é domingo

Dia de reflexão

Dia de dormir e sonhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2005

1350. A LUA SE DEITA NO MAR

A lua se deita sobre o mar

O sol trás de volta o verão

O Criador faz a terra girar

A lua se deita e começar a rodopiar

Vou te levar comigo pelos sete mares

Enfrento guerras de canhões

Na terra enxugo as minhas lágrimas

Na água os sonhos são só perdões

Esse arco de conflito chamado terra

Mais um dia de lua vem

O mar revoltado se fecha todo

Recebe a lua e não passa ninguém

A guerra é um desafio para o desafiador

No fogo dos mortos e dos vivos

A lua se deita no mar

Os seres da terra são bastante passivos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1985

1351. A LUA DOS BÊBADOS

A lua

Quando desponta

Uma garrafa dos bêbados, dança.

O som de aguardente

Misturam-se os bêbados,

Do pouco do que os bêbados tem

É festa na lua, na rua

O bêbado ilumina a lua.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1352. NESSA LUA

Nessa lua ainda vou lá

Vou com saudade da minha rua

Que não tem idade e não quer me amar

Mas se por acaso algum dia eu voltar

Quero novamente nos braços da lua

Cantar o amor e amar a rua

Na vida da gente fica o que tem de ficar

Brilha lua

Brilha no alto e pousa na terra

Vem com teu canto cantar o amor

Fica que a saudade é maior até

Do que o encontro da lua com o mar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 1982

1353. TEUS MUDARES SÃO LUAS

QUE BRILHAM NOS CABELOS MINGUANTES DO TEMPO

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Teus cabelos

tuas certezas

teus apelos

é bom tê-la

em mim, dentro de nós

enfim, a sós

sozinho no mundo

achado no tempo

quando o sonho apaga

o rosto se afaga

é vida que se tem

é filha que entra

é filha que dorme

é filha que quer seio

ela muda de face

mas face ao sim

é sempre não

no olhar que muda

no verde mar da vida

no azul céu da vida

é lua minguante, menina

é branca na cor da verdade

de ser um apenas um

ou dois no meio

para então ser três

no fim de toda espera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 2005

1354. VEJO A LUA NA NOITE

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Quando eu vejo a lua

lembro-me de você

quando ela está crescente

por você - por você - por você - por você...

por você - por você - por você - por você...

crescendo o meu amor vai por você

vai crescendo o meu amor

o meu amor

vai crescendo

o meu amor

crescendo vai

nesta noite

em todas as noites

em toda fase

a lua tá tua cara

posso até brigar

como a lua tem a sua

importância

você é importante

demais pra mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 1991

1355. PROSPERIDADE

Prosperidade

É o que se espera

Na chuva que cai na terra

Prosperidade

É o que mais se reza

Pra chuva cair nesta terra

Prosperidade

É o que sonha o nordestino

Com chuvas tinindo no sino

Prosperidade

É o que anuncia o sino da matriz

Chovendo forte para o povo ser feliz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

1356. COMUNIDADE

Comum

Idade

Comunidade

Fala o comunitário

Que não é otário

Só que pensa errado

É um tanto complicado

A escola

O posto de saúde

A quadra esportiva

O posto policial

A igreja

A praça

O centro comunitário

O centro de cidadania

A comunidade é dona?

Dona de quê?

Onde está o dono?

Dono de quê?

Esse povo de comunidade

Não sabe o que diz

Mora ali naquele lugar

Acha que é feliz

Somos cidadãos do mundo

Somos filhos de um único Pai

É demais, por isso é comum

Falar de coisas na sua idade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2005

1357. SEGUNDA-FEIRA

Meus ais, meus fins de semana

Depois da primeira vem a segunda-feira

É feira com jeito de trabalho

No trabalho já se reclama

Meus ais, minhas expectativas

Sombras de espera estão no ar

As preces que chegam do além

No trabalho as mãos são cansativas

Meus ais, meus sentimentos

Simples pelo povoado a correr

Um gosto degenerado

É segunda, nada de esquecimentos

Meus ais, meus distúrbios mentais

Que venham todos os dias

Que batam esta porta

É trabalho, nada de questões sexuais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2005

1358. GATO PRETO

Se é um acaso

Duvidem

Se é verdade

Não contem o fato

Se é preto

Escondam a resposta

Duvidem da verdade

Do preto e se escondam

Tem cheiro morto na rua

Um gato por acaso

Duvida da vital integridade

A carnificina é exposta

Um gato preto no muro

As carnes podres ao vento

Fecha o nariz do passante

O corpo gatuno explode

E pede passagem

Porque é mal-cheiro

Em toda paisagem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2005

1359. VAMOS COMEMORAR O SÃO JOÃO

Vamos festejar

o São João a noite inteira,

com muita brincadeira,

assando milho na fogueira

até o dia clarear.

Vamos dançar no São João,

sanfoneiro na sanfona

arrastando os pés,

eita, que tanta animação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1983

1360. CANÇÃO DA NATUREZA

Natureza

é uma canção

que se ouve à distância,

ela é cantada de coração

com bastante importância.

Os pássaros cantam e Deus está Presente:

No verde das matas, nas águas dos rios

que explodem nas montanhas...

A natureza também tem cor,

as cores de nossas vidas:

Amor, paz e alegria,

Nossas voltas, nossas idas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1983

1361. MORTE CARNAL, MORTE ESPIRITUAL

Morte é vida

Vida é morte

Morte espiritual

Morte carnal.

Na morte espiritual a alma vive

Na morte carnal o corpo morre...

Ninguém morre de morte espiritual

Na verdade se morre de morte carnal.

Nascer

Desenvolver

Reproduzir

Viver

Morrer...

Depois da morte

Vem a vida eterna...

Ninguém sabe

Ao certo

Se morte é Céu

Se morte é Inferno...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982

1362. ÁGUA

Água cristalina

corre, bate nas pedras.

Sua beleza encantadora

faz a gente inspirar,

vendo aquelas ondas chegando,

feitas das águas do mar.

Na água navega um barquinho,

de papel ele é feito,

pra levar um bilhetinho

nas águas correntes

do mar do meu amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1984

1363. OS SIGNOS DA ÁGUA

A água possui

três signos:

Peixes

Escorpião

e Câncer.

Peixes, tímido e ciumento,

Escorpião, amoroso,

Câncer, fácil de ser conquistado.

A água é importante

fonte da natureza,

não há vida sem água,

não tem água sem vida.

É importante não poluir a água,

só assim ela continuará

no nosso Planeta, cheia de vida.

A água é paz divina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1364. NADA MUDOU

Se um dia

Caminhares

Pelas estradas

Que caminhei

Onde lágrimas

Derramei,

Notarás

Que tudo mudou.

Só que eu

Nunca mudei.

Continuo te amando,

Como sempre

Te amei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1365. AS COISAS DO SOM

Som

é uma coisa alucinante,

a gente quando escuta

o corpo encurta,

pra prestar atenção,

com emoção nos ruídos

e batidas do meu coração.

A música tá tocando,

todos estão ouvindo.

Cada música tem seu som,

assim como a minha vida

não só é feita de bombom.

Adoro ouvir um som bem baixinho,

com carinho, nas alturas só mesmo

pra espantar minha loucura.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1366. BRINCANDO

Tente amar

como te amo,

sofra por alguém

como sofro por você.

Pense em alguém

a cada minuto,

como pensam em você.

E quando isto acontecer

você saberá o valor do amor

que sentimos por você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1367. DESEJO E PAIXÃO

Te desejo loucamente,

estás na minha cabeça,

és o meu desejo,

és a minha paixão.

Gosto de você

isso não é segredo,

o pior de toda história

é esse louco desejo

que me envolve de paixão,

invade o meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1368. A VIDA E A PARTIDA

A vida

roda

nós rolamos

com ela.

Juntos vamos rolando

nós e ela.

Nós e a vida,

mas temos que

suportar a partida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1369. CAPOEIRA É UMA DANÇA

Capoeira é uma dança

Todos sabem que é folclórica

Ela veio de Angola

Se tornou tão brasileira

Sua dança é uma brincadeira

Sua dança é uma malandragem

Berimbau seu instrumento

Toca pra espantar o tempo.

Abra a roda meu senhor

Capoeira tá chegando

Ninguém vai ficar parado

Abra a roda minha gente

Maculelê vai começar.

O capoeirista

Precisa ser batizado

Pra dançar abençoado

Na roda dessa cidade

Quando a roda terminar

Nosso instrumento vai tocar

Todo ritmo pra você

Pra você se requebrar.

Vamos logo pessoal

Capoeira já terminou

Quem quiser aprender

Não se intimide por favor

Diga logo o seu nome

E entre na onda desse calor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1370. A ÁGUA E SEU CAMINHO

A água agitada

caminha...

pra que lugar

caminha essa água?

Até agora ela caminha

pra que lugar?

A água tá agitada

e se eleva aos montes,

caminhando entre

as montanhas...

Pra que lugar?

Pra que lugar caminha

essas águas agitadas?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1371. ESCOLA É PARA APRENDER

Ir a escola

é vontade

de aprender.

Aprender

a arte da escola

é vontade de viver.

A criança

e o adulto

precisam da escola.

Sem escola

o que nos resta

é fazer festa

e pedir esmola.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1372. FESTANÇA

Lá no sertão

é festança a noite inteira,

o povo se diverte

na maior brincadeira,

o sanfoneiro na sanfona

puxa o fole e dar um nó,

São João no sertão

não existe melhor.

Neste São João

vou fazer minha festança,

lá no meu sertão

vou fazer a minha dança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1373. PSICOSE TRABALHISTA

As pessoas trabalham

ano a ano e nada de férias.

Sem carteira assinada

ganham pouco dinheiro,

ainda são maltratadas

e ameaçadas de demissão.

A vida a Deus elas entregam,

isso já virou escravidão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

1374. A POESIA DO PENSAMENTO

Poesia é pensamento

pensamento de poeta

é o que o poeta sente

por si próprio

Amor

Felicidade

Alegria.

A poesia expressa

o sentimento da arte,

Expressa tudo.

Deus está na poesia...

A poesia inspira,

inspira uma idéia

que vem da natureza.

Poesia é pensamento,

poesia é inspiração,

poesia é um momento,

poesia é uma paixão,

poesia inspira tudo,

fala do meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1375. O DOM DE DEUS

Deus deu o dom da arte ao homem, ao artista,

à vida.

O homem ao pensar, cada vez mais desenvolve

a arte, originando tipos de arte.

Do homem nasce o artista,

ele é diferente.

Cada artista sobrevive

da beleza interior

de viver para a arte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1376. NOITE AO LUAR

Amor

quando te vejo

um beijo

e um abraço

desejo,

e quando te dou

me arrepio de cima abaixo.

Gosto da noite,

do namoro na calçada

na noite de lua,

gosto da claridade

e do amor que tenho por ti.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1377. RENASCIMENTO

Renasce um grande amor

que há muito tempo acabou,

começou um novo mundo,

mundo esse que feliz

Deus criou.

O amor é cego

O amor é irracional

O amor é pensamento

O amor nunca fez mal.

Renasceu meu mundo

mundo de muita cor,

mesmo sendo vagabundo

a vida se faz de amor.

Obrigado Deus

por este amor em nós,

tô feliz da vida

por renascer o amor em mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1378. NUMA BOA

Gosto de viver

numa boa.

Numa rede comprida,

um prato de comida

e uma mulher

mais do que boa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1379. VIDA E POESIA

A vida

é uma

poesia.

As lembranças as ondas do mar apagam,

toda regra tem excessão.

Jamais te esquecerei, pois fazes parte

do meu

coração...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1380. DEUS, MEU DEUS

Os belos campos da vida

florescem o mundo

com tantas crianças brincando.

O mundo só tem a sorrir...

Olhamos os pássaros cantando,

ficamos admirando, pensando em Deus.

Voando pensamento em Deus

nós estamos prontos

a ficar ainda mais

com Deus.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1381. A MÚSICA DO MEU QUARTO

No meu quarto

ouvindo som

fico pensando

no tempo

que ficou pra trás.

Música é atração,

é lágrima que cai

do meu coração.

Ah! Se esse tempo voltasse

pra relembrar o tempo que tinha

naquele tempo.

A música toca

o coração dispara,

penso no sonho,

penso em você,

razão maior desse meu som.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1382. O GATO E A MÃE GATA

O gatinho nasceu, sua mãe morreu.

O gatinho era feio, todos lhe queriam.

O gatinho fugiu, todos sabiam.

O gatinho deixou saudades.

Passado um certo tempo,

o gatinho virou gato

e lindo ele ficou.

Todas as gatinhas

ele conquistou.

O gatinho vívido, seu pai apareceu.

O gatinho chorou, os amigos também.

Nessa vida só vale a pena,

você fazer o bem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1383. PAIXÃO

Paixão: eu sou apaixonado.

Liberdade: não te quero numa gaiola.

Beijo: darei quantos preciso for.

Eu só quero me apaixonar...

Amor: te amo com muita paixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1384. CAPOEIRA É COISA DE NEGRO

Os negros se revoltaram,

começaram a lutar,

e uma dança em forma de luta

logo foram aperfeiçoar.

Os negros são fortes,

grande raça brasileira,

são como a capoeira,

nasceram para lutar.

Negro e capoeira

é uma coisa só

que Deus criou,

aos dois somos gratos

com muita paz e muito amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1385. NATUREZA

A natureza

é bonita,

bonita é a

natureza e

nós ficamos

abobados

com a sua

B E L E Z A.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1386. NATAL É HARMONIA

Natal é Harmonia

Natal é Luz Divina

Natal é Felicidade

Natal todo mundo se anima.

Natal nos traz Lembrança

Natal nos faz Bem

Natal é Esperança

De um Novo Ano que vem.

Natal é Repartir

Natal é Perdão

Natal é Dividir

O Pão com Nosso Irmão.

Natal é Poesia

Natal é Amor

Natal é Ceia

Que fala de Nosso Senhor.

Natal é Família

Natal é Paz de Espírito

Natal é Voz Mansa

Em vez de tanto grito.

Natal é Sonho

Natal é Aceitar

Todo mundo como é

PRA VIDA MELHOR FICAR.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1387. TODO MUNDO

Todo mundo que eu vejo

Sou um amigão

Acho graça em tudo

Sou um brincalhão.

Todo mundo que passa

Gosto de falar

Admiro o mundo

Que gira sem parar

Imagino o mundo

Recitando o verbo amar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1388. O VENTO E O AR

O ar é vida, gosto de viver

O ar é um suprimento que nos faz respirar

O ar é feito pássaro, livre para voar

O ar vai comigo viajar

O ar é vida, o vento é paixão, os dois juntos

Se parecem com um coração, que juntos se unem

Pra aquecer a minha paixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1983

1389. MÚSICA

A música é bonita, vem de todo lugar,

vem do vento, vem do mar, não importa

de qual lugar ela venha.

A música é bonita,

não importa seu ritmo.

Vem dos pássaros, vem do mar, não importa

de qual lugar ela venha.

A música é bonita pra escutar

no seu carro, na praia, em casa, ou

em qualquer canto pra se relaxar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1390. ONDA

Uma

Onda

Na

Praia

Falou

Antigamente:

“Quem ama tem que sofrer”

E lágrimas

Ao

Mar

Vão resolver

Os problemas da vida

Que nos faz

Crescer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1391. O SOM DA MINHA CASA

O som é uma coisa linda

é maravilhoso,

som é coisa boa

ouvir som é muito gostoso.

O som da minha casa

tem voz de cantador,

só não houve quem não quer

o som do meu amor.

Som tão importante

no rádio ouço a canção,

minha mãe está distante

explode meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1392. ELEMENTO AR

Namorei com uma menina

que vivia no ar,

depois de muito tempo

descobri que fazíamos parte

do elemento ar.

Ela vivia no ar

se esquecia de tudo,

parecidinha comigo,

sempre estava de mau humor.

Quase que eu ficava de vez no ar

por causa desse namoro

que só me trouxe pavor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1393. LOUCURA

Quando não se sabe o certo

se comete uma loucura,

cometi diversas vezes

por causa de um grande amor.

Eu não sabia o que era paixão

descobri depois da loucura,

hoje estou de bem com o coração

e pra mim chega de aventura.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1394. BAGUNCEIROS

Céu azulado,

nuvem embranquecida,

sol alaranjado.

Na terra suja

o garoto bagunça,

no alaranjado do sol,

no embranquecido da nuvem

no azulado do céu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1986

1395. O BEIJA-FLOR E A ROSA

O som do beija-flor

que canta para a Rosa,

é lindo como um lírio verde

quando sente o perfume de sua rosa.

A Rosa é bela, a rosa é bela!

O beija-flor ama ela

por sua beleza eterna.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1396. ESPELHO DA MINHA LOUCURA

O espelho reflete minha face,

nunca portanto meus sentimentos.

Espelhos

são faces

no escuro.

O escuro é vazio.

Sua face

é um espelho, meu camarada,

pronto a revelar

seus sentimentos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1397. PINTAR O CORAÇÃO

Céu pintado

é ilusão,

lua escura

é assombração,

folha de árvore

não pinta,

animal não

muda de cor,

as águas do mar

jamais o azul perderão,

a natureza em si é uma pintura

muito mais forte que o coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1398. SÃO JOÃO PESSOA

Este ano

vai ter festa,

vai ter festa

e animação

vou dançar a noite inteira,

com a morena do meu coração.

Em João Pessoa

vai ter coisa boa,

vai ter muita festa

lá pras bandas da lagoa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1399. TRABALHO ESCRAVO

O trabalho

é muito triste,

ser escravo é muito ruim.

Por favor, tirem-me daqui!

Quem nele estiver,

vai ser muito difícil sair.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1400. SALA DE AULA

Sala de aula é um lugar belo e mágico,

onde pessoas vão estudar e fazer novas amizades.

Um lugar onde entram analfabetos e saem formados.

Um lugar bem especial, onde as pessoas criam

sonhos e fantasias.

Sala de aula é um lugar mágico e perfeito, onde alunos

passam a maior parte da vida.

Sala de aula é um lugar onde geram amores,

paixões, ódios, ternuras e loucuras...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1982

1401. UMA OUTRA SALA DE AULA

A sala de aula

é um bom lugar.

Às vezes bom,

às vezes ruim.

Bom quando se aprende

coisas necessárias,

ruim quando passamos

muito tempo nela,

afinal de contas

o aluno merece um intervalo.

Na sala de aula

está o futuro

do nosso País,

dela sairão os colaboradores

de nossa Pátria.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1402. EM TUDO EXISTE AMOR

Em tudo

Existe amor,

Amor grande

Sentimento

Que veio e ficou.

O amor tudo suporta

Até o impossível,

Com o amor nas mãos

Não se chora de coração

E tudo se torna possível.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1403. NAMORAR

Namoro

é coisa boa

a gente se apega

sem querer.

O amor é muito especial

é completo de carinho,

afeto, compreensão

e muita dedicação.

Namorar

é inspiração

respeito e amizade,

com a alma do coração,

um sentimento de verdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1404. O HOMEM E A SEREIA

Eu encontrei pelo rio

Com seus cabelos compridos

Mergulhava e ninguém via

Era uma linda mulher

Que atrapalhou meus sentidos.

Quando dei por mim

Ela olhou ao meu encontro

E foi logo dizendo:

De manhã

o sol brilha

e a lua

de noite

clareia.

O brilho

De tua curiosidade

me faz cantar

como sereia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1405. SORRISO BONITO

O teu sorriso

é bonito

como já é teu olhar.

Eu viajo pelo mar

tentando encontrar

um sorriso mais bonito.

Com saudade de você

eu canto

pra não

chorar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1406. ARTE BONITA

Pintura

é arte bonita,

magia é sua cor.

Amarela,

branca

e cinza.

Eu vou pintar um pouco essa arte.

Azul

bege

e creme.

Eu vou pintar um pouco essa arte.

Verde

vermelha

e violeta.

Eu vou pintar com essa arte:

Uma bandeira no meu rosto

pra espantar o meu desgoto,

eu vou pintar um pouco essa arte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1407. PEDRAS

Nas pedras

nascem flores,

das flores

nascem espinhos,

do amor que

sentia por ti,

só resta dele

carinho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1408. CHORO

Choro

por

você

paixão

cachorra.

Ainda

te adoro

amor.

É difícil dizer

mas digo:

- Te amo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1409. RELÓGIO

Como faço pra te comprar?

Tendo você não fico

mais com dor de cabeça.

Então, eu com meu relógio

vou pegar minha paixão

na hora certa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1410. SÃO JOÃO, FOLCLORE E ARTE

Folclore é divertido

divertido pra valer,

folclore de São João

da nossa imaginação.

Folclore é arte

também é diversão,

folclore é todo mundo

que fala de comunhão.

Neste São João

o folclore tá no asfalto,

através de tanta dança

a sanfona fala mais alto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1411. QUADRILHA

Tem quadrilha

de ladrão, deixa pra lá,

é de São João

que vamos falar.

A quadrilha toca

a noite inteira,

com as meninas no salão,

tem dança de todo tipo

é um rojão.

Da França ela chegou

pra animar nosso Brasil,

trouxe paz e muito amor

pra animar nosso Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1412. MÃE, MÃEZINHA

Querida mãe

Fazes parte do meu coração,

És a palavra sincera

Que modifica a minha vida.

No teu aniversário

Nada material te darei,

Recebas desse teu fruto

O amor que sempre guardei...

Pra te ofertar nesta data

Repleta de muita paz,

Ao todo te ofereço

Muitos anos a mais.

Mãe, mãezinha

Seja lá o que for,

Carrego dentro de mim

O brilho do teu amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1413. JESUS MENINO

O sino tocou

A ovelha berrou

O povo agradeceu

O menino Jesus nasceu

O filho do Senhor

O povo gritou:

Viva Jesus de Nazaré

Que nos trará a fé

Naquele dia

Foi grande a multidão

Quando Jesus cresceu

Foi batizado no Rio Jordão

Também foi grande

A animação

Jesus conduzia o povo

Ao encontro do coração

O menino veio

Para nos salvar

Quem quiser esse caminho

É só o bem realizar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1414. A PINTURA

Céu azul

O sol a brilhar

Meu amigo pintor

Seu belo quadro

Procura pintar

Pincéis

Tintas

A tela lhe espera

Num lugar calmo

E sossegado

Ele procura a cor

Mas só ouve os pássaros

Cantar

A pintura é uma arte que nunca se acabará

Pois a cada geração ela mais nova fica

Na vida do pintor ele procura cada vez mais se inspirar

Sua vida é um dilema

Mas ele só nunca está

A arte têm mistérios que nos faz sentir coisas interessantes

A arte vem de Deus e habita em nós

Fazendo a pintura brilhar

Em cada nosso amanhecer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1415. FOGO

O fogo foi criado por Deus,

que fez uma coisa bela e o homem se alegrou.

O fogo tem valor, calor, o fogo é paixão,

tem amor, brilho, vida que conduz ao amor

de nossas almas.

O fogo é símbolo da paixão que arde

no coração, queima mas não se sente,

ninguém apaga o fogo das paixões,

o fogo estremece os corações

dos apaixonados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1416. POEMA PARA A EDUCAÇÃO

Educação

termo bonito.

Respeito,

caráter,

sinceridade,

amor e capacidade,

fazem parte da educação.

O importante é fazermos

a nossa parte,

só assim a educação

nascerá no outro,

despertando-lhe

paz no coração.

A educação nos faz amar o próximo,

dar tranquilidade, cumprimento

das leis, necessidade dos outros,

educação é muito mais do que

simples palavras.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1417. UM POUCO DE ARTE PELA ARTE

Arte é vida

vida é arte

quero uma comida

vitamina de abacate.

Arte é amor

amor é arte

quero o meu Avô

ele está em toda parte.

Arte é bonita

bonita é a arte

quero uma viagem

me levem para Marte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1418. CIÚME

Se você

está amando

tome muito cuidado,

o ciúme acaba tudo

não tem compreensão.

O ciúme é tão ruim

que dar dor de cabeça,

se você tem esse mal

por favor logo se esqueça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1419. PROMESSAS FALTOSAS

Fiz uma promessa

era pra te esquecer,

juro que com tanta pressa

gostei muito mais de você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1420. EU PINTEI

Eu pintei com a tinta do pintor

que pintou a parede do meu coração.

Eu pintei com ternura.

Se eu não tivesse pintado

não me sobrava emoção.

Eu pintei com a tinta da arte

Eu pintei com a tinta do amor

Eu pintei com a tinta da vida

Eu pintei com a tinta da paixão.

Por tudo isso eu pintei.

Eu amei ter pintado por dentro,

por fora, por todo lado.

Eu pintei a minha canção.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1985

1421. MARAVILHA

Se tu

pintares

este quadro

maravilha

ele vai ser.

Mas

como

não podes

pintar

meu coração

ele bate

por dentro

pra valer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1422. ARTE

Bela é a arte

Arte como primavera

Cheiro de flores

Pássaros e amores

Na lua que tem luz

O cheiro das águas do mar

A arte é ainda mais bela

Quando vista com bom olhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1982

1423. PETECA PASSAGEIRA

A peteca passa

de mão em mão

da direita à esquerda

da esquerda à direita

sem parar, sem parar.

Bela peteca

penagens de cores:

vermelha

verde

preta

e branca.

Vermelha como a vida

Verde como a esperança

Preta da cor do luto

Branca como a paz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 1986

1424. ESCRAVIDÃO

No Brasil Colonial

era mostrada a escravidão,

chorava pai, mãe e filhos,

doia no coração.

Hoje ela não é mostrada,

ela é encubada.

No tempo da Colônia

salário não se recebia,

nos tempos de hoje

recebem uma mincharia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 1984

1425. FESTA JUNINA

São João

é animado

tem muita alegria,

nesta festa junina

vamos cair na folia.

São João é uma festa

tem muita animação,

todo mundo dança

ninguém fica sem dar a mão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1426. EDUCAÇÃO

Educação

é saber ser educado.

Do berço vem a educação,

outra vem da televisão,

a escola prega outra coisa,

formando uma mistura de educação.

Sem educação surge o mal-educado

e a vida se torna sem razão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1427. LUAR DA MINHA IMENSIDÃO

Lua do brilho radiante,

que ilumina o céu estrelado,

noites de todos os amantes

que encontram os sonhos encantados.

Noite alegre de magia

traz essa lua que nos irradia,

que faz os sonhos mais belos

depois de um exausto dia.

És bela, mágica e formosa,

parecendo uma canção de amor,

que me faz sonhar acordado

seja no frio ou no calor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1428. TANTA SAUDADE

Só sabem a saudade

que tenho

quando a dor bater no peito,

quando o amor virar desenho

a saudade ficará de todo jeito.

O amor é como saudade

que invade o coração,

fica um vazio imenso

e do chôro se faz canção.

Saudade de amor ausente

não é saudade,

é mais do que saudade,

doi o coração da gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1429. VERSOS DE SAUDADE

Saudade

Por que você existe?

E por que tanto magoa?

Eu quero sempre sentir

Saudade e nada mais,

Uma forma de amor

Carregada de paz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1430. BOLA DE GUDE

Bola de gude que começa a rodar

No meio da rua começa a matar

Bola de gude, rodando sem parar

No meio da rua, entre meninos e meninas

Elas começam a dançar.

Quem quiser brincar

Por favor traga a sua bola de gude

Pra entrar nesse time

Triângulo, cobrinha, buraco etc e coisa e tal

Traga a sua bola de gude

E venha com a gente se divertir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1431. DANÇA

Danço porque gosto

Deus, por que gosto tanto?

Essa música louca

Me faz virar santo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1432. ME SINTO BEM

Eu me sinto muito bem

com vontade de estudar pra vencer.

Hoje não me cansei, estou feliz.

Não deu vontade,

vontade de dormir, estou feliz.

A vista tá cansada, estou feliz.

É como me sinto no momento:

Eu estou feliz, eu estou feliz...

É por isso que me sinto bem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1433. O SOL E O MAR

O sol sempre

brilhando,

as pessoas

na praia andando,

molhando os pés

nas belas águas do mar,

espantando os males

e cantando, cantando, cantando...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1434. A MULHER

A mulher é linda,

A rosa é dedicada,

A mulher é carinhosa,

A rosa tão amada.

A mulher é um amor

E a rosa tem que ser regada,

Há identificação entre ambas,

Mas a mulher é grande e louvada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1435. O RATINHO TRISTE

Ratinho guloso

gostava de comer queijo,

um dia ficou triste

pois queijo não tinha.

Prá dar uma volta saiu

e um gato apareceu,

o ratinho com medo ficou

e logo, logo correu.

O gato mandou parar

não queria lhe assustar,

o ratinho ficou contente

e recebeu um queijo ainda quente.

O ratinho agradeceu

e do gato amigo ficou,

comeu o queijo todo

e pra o outro dia nada deixou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1436. TERRA JUNINA

Terra

Grande Planeta

Terra

De São João

Quando você festejar

Lembre-se do meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1437. A VIDA E A PAIXÃO

Vida não é traição,

é arte e puro

amor,

é desejo inesperado

de uma nova

paixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1438. ALMA

A natureza

é a essência

da alma.

O que seria

de nós, seres humanos,

se não tivéssemos alma,

que é a essência

da natureza?

Natureza

rima com Deus

em todos os sentidos,

assim a alma é fruto

divino que habita em nós.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1439. QUANDO SE MORRE...

A morte quando vem

Não escolhe quem

Leva branco

Preto

Rico

Pobre

Bom ou ruim

Com pecado ou sem pecado

Todo mundo sabe que vai morrer.

Morte matada

Morte morrida

Morte planejada

Essa é suicida

Não cometa loucura

Deus nas alturas

Não vai aceitá-la

Vai condená-la

Quem praticá-la.

Faça o bem

Sem escolher a quem

Que quando a morte chegar

Você terá o bem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1440. TEATRO-EDUCAÇÃO

Gosto de teatro

Teatro pra mim é bom,

Nada importa

Se eu fosse o Palhaço Fom-Fom.

Gosto de teatro

Teatro é bom demais,

Ser ator de uma peça

O cara encontra a paz.

Gosto de teatro

Teatro é educação,

Quero fazer uma peça

Que fale da minha profissão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1441. A TERRA PRECISA DE CARINHO

A Terra é linda

A Terra é bonita,

A Terra girando sempre está

Sobre si, igual a um pião.

Eu gosto desta Terra

Terra meu Planeta.

O sol é amigo da Terra

Dando sua luz pra nos iluminar.

A Terra têm seus mistérios

Que jamais foram desvendados,

Terra que Deus criou

E ao homem de mão beijada entregou.

A Terra precisa de carinho

Tal qual uma criança,

Cuidemos de nossa Terra

Nossa maior poupança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1984

1442. HOJE É SÁBADO

Hoje vou dar uma volta

porque hoje é dia de folga,

vou ao cinema

e não tenho hora pra voltar.

Sábado foi dia de festa

e com ela peguei aquele filme,

um filme dos anos setenta

que me fez lhe tacar um beijo.

Voltei para casa

depois de deixá-la sã e salva,

talvez no próximo sábado

a gente possa de novo se encontrar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1443. SE UM DIA EM TUA VIDA...

Se um dia

por aventura,

surgir na

tua vida

um cara

bem de vida

e, esse cara,

quiseres conhecer...

Procure pelo canto da sala

e vais encontrar

esse cara pálida

doido para viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1444. BRINCAR DE AMAR

É lindo cheirar as flores,

ouvir o canto dos pássaros,

ver o verde das árvores

e o rio a correr pela montanha,

aí meu corpo pede pra ficar

junto de você,

arrancar essa tristeza

que tá morando no meu rosto.

Vou brincar com a natureza

de dia ou de noite,

a tarde talvez,

só assim espero o meu amor

que partiu e nunca mais voltou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de fevereiro de 1984

1445. PESSOA ILUSÃO

Eu amo

uma pessoa

uma tal

ilusão

faz parte

da minha

vida

claridade

do meu

coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1984

1446. BARCAROLA

Barcarola

o tempo rola

rola barcarola

rola.

Barcarola

rola pelo mar

de noite e de dia

de dia e de noite

com muita alegria

rola barcarola

rola.

Barcarola

barcarola

rola

rola

rola.

Pra frente

pra trás

pra trás

pra frente

do jeito

que nós estamos

do jeito

que você tá.

Rola barcarola

não me deixe

barcarola.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de maio de 1985

1447. FOLCLORE

Folclore

é como coca-cola

tem em todo lugar

na arte da criança

na dança da região

na lenda de um povo

no carnaval da multidão

na arte do poeta

na pintura do pintor

na pesca do pescador

o folclore é tudo isso

e muito mais

é o que o povo inventar

é sabedoria de uma gente

um gole de aguardente

por isso nesse poema

você pode ser um ator

você pode musicar

que o folclore agradece

meu teatro vai terminar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1448. O VENTO E A LUA

O vento que venta

a lua que brilha

o sol que esquenta

o dia na ilha

O luar da lua

o azul do céu

o claro do dia

o amor gosto de mel

A ilha de dia

é azul da cor do céu

o amor dessa menina

tem um sabor diferente

O vento que venta

a lua que brilha

a menina que inventa

um dia na ilha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1449. MÚSICA DA VIDA

Música é arte

arte da vida

rima com fogo

fogo que queima.

Música é alegria

alegria de viver

viver é divertido

com tudo que se tem.

Música é paixão

paixão de querer

querer é gostoso

mas nem tudo pode se ter.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 1983

1450. COTIDIANO

Há tanta coisa engraçada

na luta do dia-a-dia,

o encontro da namorada

e o desaforo da tia.

Pra ser feliz é preciso

chorar, sorrir e crescer.

Somos capazes de uma lágrima perder,

nas esquinas desta vida

não há quem não queira vencer.

Dia-a-dia se passa

e a vida vai com ele,

com Deus cantamos os risos e chôros

e a esperança vem com a fé.

Bento Júnior

Campina Grande-PB, 09 de setembro de 1986

1451. SAPECA MENINA SAPECA

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Moleca Menina

Sapeca

Traquina

Menina

Ela pula na corda

Dança e

Canta no espelho

Atriz

Do riso e da

Dor de ser minha

Filha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de abril de 1999

1452. SENZALA

Senzala fechada,

escura e sem liberdade.

Passagem, nem a mais

secreta.

Como é difícil

unir forças

pra desta vida sair,

desta vida selvagem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1984

1453. NÃO SE SABE AO CERTO

Quando se está namorando

não se sabe se é amor,

mas mesmo assim

as águas vão rolando

e quando se nota

já é tarde

o namoro vai se acabando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1982

1454. ARIANAMENTE...

O velho, mas tão jovem, é um esperto

dar o bote, não esconde a unha, é Ariano

Suassuna é sua família. Está comigo, tão perto

e quando não estão, vou lá e reclamo

reclamo por que ele muda sempre o itinerário

e quando vem, logo quer ir embora,

não faça isso, Ariano, meu mestre literário

fica mais um pouco, não precisa dar o fora.

Fique um pouco na Paraíba

receba os meus abraços e afetos

ao som de um pé de macaíba.

Por que não ficar aqui com a gente?

Por acaso o senhor tem algum medo?

Eu sei, Ariano é assim tão de repente.

Bento Júnior

Taperoá-PB, 17 de fevereiro de 1989

1455. DIA DAS MÃES

Hoje é dia das mães, e como filho sei do valor

De uma mãe, e hoje a mãe é uma esposa, futuramente

A mãe será cada uma de minhas filhas, assim eternamente

A mãe habitará em mim, condicionando o meu amor.

O meu amor pela mãe é tanto, que chego a ter pavor

Um pavor que mexe meus neurônios, minhas displicências

Que atenuam meu lado pueril, minhas mágoas das ciências

Que me fazem ecoar do alto todo o meu fervor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 2007

1456. A SERRA TÃO FALADA

Estou em plena serra, em Teixeira eu vou ficar

Tenho tanto o que aprender, em Teixeira eu vou ficar

Tenho tanto o que fazer, em Teixeira eu vou ficar

Estou em plena serra, em Teixeira eu vou ficar...l

Vou ficar com o meu amor, em Teixeira eu vou ficar

Vou ficar de sobre-aviso, em Teixeira eu vou ficar

Vou ficar curtindo a serra, em Teixeira eu vou ficar

Vou ficar curtindo o verde, em Teixeira eu vou ficar.

Bento Júnior

Teixeira-PB, 13 de novembro de 2002

1457. UM PALHAÇO EU ARRANJEI

Arranjei um palhaço aqui em Teixeira

Um palhaço que sabe tudo, sabe até demais

Um palhaço cara de pau, natural aqui de Teixeira

Arranjei um palhaço, uma boa pinta de rapaz.

Ele é tudo, de tudo faz um pouco

Se enrola em cordas, dar cambalhotas

Às vezes lúcido, às vezes um tanto louco

É o palhaço da gente, faz cada marmota.

Bento Júnior

Teixeira-PB, 12 de novembro de 2002

1458. CIDADE DE TEIXEIRA

Cidade de Teixeira, no alto sertão da Paraíba

Aqui muitos cantadores já moraram

Houve tantos e tantos desafios

Muitos repentistas se acotovelaram.

É uma cidade bonita, com pedras ao seu redor

Teixeira é um centro de cultura

Teixeira é cidade das cavalgadas

Aqui o céu tem mais altura.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2002

1459. DECISÃO

Ela quer por que quer

Não ser a tal dita cuja mulher

Enraizada no afeto da filha

No aconchego do marido, fez-se uma ilha

E por mais que se tente dela sair

Não há como, um vazio implode

E tudo é como vício, nada se pode

Para que viver este mundo, melhor seria partir?

E assim, entre tantos fatos ditos, transmitido

De boca a boca, o homem vai se contentando

Porque a sina de ser já é por si só um pedaço

De saber que hoje a chama se apaga ainda mais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 2002

1460. PAIXÃO DE HOMEM

Quando o homem buscando o entendimento

pelos caminhos das incertezas, peca e muito

ele canta suas mágoas e num hino triste

vai perambulando pelas ruas do nada

pedindo, implorando a quem de fato não é nada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983

1461. FAROL DO CABO BRANCO

O Farol do Cabo Branco

Ponto orientall das Américas

Na cidade de João Pessoa

Capital Paraibana

Viva o Farol do Cabo Branco

Cartão Postal do nosso Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983

1462. CIDADE VELHA

A Cidade Velha

Varadouro é conhecida

Cidade Tabajara

Cidade de Maurício

Portugal e Holanda

A Paraíba é seu lugar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1984

1463. IGREJA DE SÃO FRANCISCO

Quem vem à Paraíba

Não pode deixar de ver

A Igreja São Francisco

Tão barroca, tão antiga

O Museu conta história.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983

1464. TAMBAÚ PRAIA E MAR

De manhã, logo pelas primeiras horas

Eu e meu pai, lá íamos para Tambaú

Tomar banho de mar, andar na praia

Tambaú tão linda, tão bela de encantar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1982

1465. PALÁCIO DA REDENÇÃO

Quantos homens já passaram por aqui

Por aqui quantos governadores passaram?

Uns de passagem visitaram o lugar

Outros, com o tempo, eles assassinaram...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1985

1466. AS CARAMBOLAS

As carambolas que a vizinha no seu quintal

Guardavam sob sete chaves, eu deglutei

Com toda língua que a mocidade tem

E ainda por cima, da semente em minha casa

Outras carambolas nasceram. Ao realizar a colheita

Ofertei-as à vizinha. Lindas carambolas!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1985

1467. PÉ DE MANGA

Quando penso e penso com ele na frente

Penso quando pequeno nele subia

Eram mangas enormes. Mangas de puro sabor

Matou muita fome de gente, não morria

Quem uma manga daquela comia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1986

1468. SEU MANOEL

Seu Manoel

Seu Manoel era um homem forte

Quando a gente ia com o pai

Seu Manoel respeitava a gente

Quando a gente fugia de casa

E lá se dirigia para Seu Manoel

Ele mostrava uma cara de poucos amigos

E falava ao nosso pai do nosso roubo

Do mamão, da manga, do abacate,

Da goiaba, das brincadeiras nas cabras e bodes

Assim era Seu Manoel

Um fuxiqueiro que tudo ao nosso pai contava.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1986

1469. PAIXÃO DE MENINO

Quando eu era menininho

Bem pequeno sem nada entender

Ao ouvir do longe o sininho

Tudo em mim era saber...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de fevereiro de 1983

1470. CATARINA, MENINA QUE CHORA

Quando Catarina chorou

Sua mãe foi ao CINEPORT

Catarina em lágrimas ficou

Mas foi consolada pela irmã, Camila

Aí as duas ficaram felizes ao lado do pai

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 2007

1471. CANARINHO

Depois do Tri

Que venha o tetra

É jogo da Seleção de Futebol do Brasil

Casa de Dona Isabel

Sacode Coração

É proibido jogar papel

Didi, Nado e Toinho

Ivanildo e Ivan

É Seleção negada

Cuidado com Seu Ademar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1972

1472. PARQUE ESTRELA DO MAR

Castelo Branco está em festa

Festa de São Rafael

Parque de Diversão

Paquera das meninas e meninos

É um tal de coração apaixonado

Atrás de ouvir uma música

Nos altifalantes do Parque Estrela do Mar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de outubro de 1973

1473. CIRCO RACION IARA

O Palhaço Ferrinho

É grande a confusão

O circo está armado

Os meninos fazem a emoção

Aquela menina hoje não veio

Não estou olhando o show

O Palhaço diz muita graça

Onde anda o meu amor?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de julho de 1976

1474. CIRCOS DO CASTELO

Quando um circo chegava, a criançada se alegrava

Achava gatos e gatos, leão queria comer

Cada gato era uma entrada, era grande o prazer

Não sabia a gente que um pobre coitado a gente matava.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1975

1475. A REZADEIRA

Dedicado para Dona Penha (Grande Rezadeira)

Ela é rezadeira

Já fui rezado por ela

Já me curei de muitas mazelas

Para falar com ela

Não precisa de senha

É de Dona Penha

Que quero agora falar

Com suas rezas

Com seu ramo de pinhão na mão

Dona Penha fecha a boca

Faz sagrada oração

Na mão ela pega o pinhão

O paciente se satisfaz

É a cura que chegou

Dona Penha é enviada

Com sua reza

Enviada, enviada do amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de fevereiro de 1983

1476. POEMA BREVE DE FELIZ FICAR

Em breve

Em breve

Em breve estarei te olhando

Te olhando em breve

Sei que não estou inspirado

Não estou inspirado

Apenas o coração apertado

Por este momento tão insensível.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de janeiro de 2006

1477. AS DUAS BICICLETAS

Forma roubadas duas bicicletas

Duas bicicletas foram roubadas

Quem as levou ninguém sabe

O que se sabe é que teve uma culpada

As duas bicicletas foram embora

Com o consentimento da empregada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de fevereiro de 2006

1478. ESTA CRISE

Esta crise que hora assola no meu peito

Reduz a minha carga horária

Me fez vítima de uma onda transitória

E machuca meus sonhos sonhados em leito

Sou vício de brigas ultrapassadas

E capuz de carro velho enguiçado

De todas as flores despetaladas

Há em mim uma crise que mora bem ao lado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de fevereiro de 2006

1479. LABIRINTO

Dedicado para a localidade do município de Pilões-PB

Labirinto

berço da Família Carvalho (nossa)

aqui brotaram os primeiros frutos

germinando carvalhos por essa vida a fora.

Labirinto

de Floriano à usina

os Carvalhos perderam

ganharam os latifundiários

dono de todo espaço

que era ofertado aos nossos parentêscos.

Carvalho

Floriano

Lima.

De Cesário a Bento

de Bento aos filhos

resta apenas a lembrança viva na memória

desses homens que ficarão em plena história

dessa Paraíba Pilões.

Sentimento profundo

do mundo dos nossos corações.

Bento Júnior e Bento Carvalho

Pilões-PB, 11 de fevereiro de 1984

1480. A VIDA É ISSO E MUITO MAIS...

A vida

é uma boceta

bem grande

onde todos

têm o direito

de trepar

mas o gozo

é exclusividade do burguês.

Mas o burguês não nos fez

nos fez o pedreiro, que é explorado

por ele. Até eu que não sou nada,

sonhei um dia dando uma trepadinha.

Bento Júnior, Sílvio Calaço, Geraldo Santos e Sandro Calaço

João Pessoa-PB, 09 de junho de 1985

1481. ONTEM ERA COMO SE FOSSE HOJE

Ontem

parecia

hoje

e nada

aconteceu

hoje

se parece

com o amanhã

e continua

nada

a acontecer

lute

se preciso for...

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

1482. SUJEIRA

A sociedade brasileira realmente tomou

vergonha na cara e passou o resto da vida

rezando aos pés de Jesus Cristo

pagando promessas à Nossa Senhora do Bom Parto

como respostas aos abortos praticados pelas

mocinhas universitárias donas de suas

estruturas de mulher que receberam como presente

de fim de ano retribuindo ao garoto das calçadas

calçadas tais que dão sexos e fetos e são

lançados ao universo terra como prova máxima

de tudo existente nas belezas profanas de bocas

sagradas porque acreditam na salvação da carne

daí dão esmolas e essas esmolas só são dadas

a pessoas bem trajadas que trafegam nas ruas

das amarguras e amargam seus olhos e vêem a pureza

da safadeza traduzida nos cadernos dos donos dos

bordéis e são bordéis por aceitarem cada santo

como protetor suficiente de velas e mais velas

essas velas se apagam no primeiro tocar dos lábios

os lábios são elevadores constantes na arte de balancear

o vento desprovido do clima semi-árido

caminham todos os cantos e não obtém satisfações

satisfação que certamente nenhuma religião contém

em seus provérbios para desmistificar esse partido

forte que se chama morte.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1985

1483. CRISTO PAI DO MUNDO

Trinta e três anos de vida

Passou este Homem na face da terra

Enviado de Deus que nos ensinou

A simplicidade da paz e do amor

Crucificado, morto e sepultado

Inocentemente por homens insensatos.

Fica transcrito nos livros

Que breve Ele voltará

Trazendo de novo no peito

As realidades de uma vida

Ficará quem tem direito

Esse dia será repleto

De elevantes momentos certos

Congratulados de muita emoção.

Jesus filho de Deus

Pai, Filho, Espírito Santo

Natureza e tudo mais

Nossa beleza

Muita paz...

...Reina em nós

E seremos ágeis com o passar dos anos

E vamos vivendo nossas vidas

Independentemente de planos

Porque Jesus Cristo

Filho de Deus

Virá buscar os seus.

Bento Júnior e Bento Carvalho

João Pessoa-PB, 26 de janeiro de 1981

1484. VENEZA

Dedicado para a localidade do município de Pilões-PB

Ao chegar

contraceno com a palha da cana-de-açúcar

que serve de base para o desenvolvimento

desse sub-desenvolvido Nordeste.

Pilões terra gigante

de homens de grandes valores.

Meu pai

minha mãe

minha família.

Falo de Veneza, engenho do passado

terra atual da Usina Santa Maria(Areia-PB).

Primeiro meus avós

depois meus pais

tomaram conta desta terra

que hoje poderiam ser deles.

Como é lindo este campo verde

essa mata devastada.

Aqui fica Veneza

tudo está mudado.

Pilões, Paraíba

terra de mulher macho

“sim, sinhô”

Pilões, Veneza

rica e repleta de grandeza

assim Pilões, Veneza, Paraíba

símbolo de real riqueza.

Bento Júnior e Bento Carvalho

Pilões-PB, 11 de fevereiro de 1986

1485. TRISTE E VELOZ

Volto

mais veloz

que o vento

porque sou

triste

como

alguém

que perdeu

sua mãe.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 16 de setembro de 1985

1486. UM TRANSE NATURA

Quando as mãos penetram

no teu colarinho do teu tecido

nossos nervos à flor da pele

enfeitam um encontro de carinhos e afetos

e na plenitude dois órgãos deleitam-se

no chão lhes ofertado onde sem a posse da terra

praticam a livre e espontânea

vontade do erotismo vividos por dois seres

jogando seus pensamentos ao universo

centralizando apenas os olhos no vício

de cada suspiro místico onde a platéia é a própria natureza.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 28 de outubro de 1986

1487. VIAGEM LUNÁTICA

As noites claras

as claras estrelas das noites ilusórias

da minha cabeça são discos voadores na ausência

da constelação perdida no meu espaço

e a lua linda e brilhante acima do mar

ilumina a paisagem resplandecendo

na orla noturna e Netuno deus do mar

sorriu à vida feliz

é bom viajar

é bom viajar

é bom viajar

é bom viajar

é bom viajar...

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1986

1488. AMOR E COLÍRIO

O amor é colírio

se sente

mas nunca

se consegue

enxergar

no escuro.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987

1489. BRINCADEIRA DE MENINA

O mar

O mar

De ondas e verdes

Brincava com as águas

Matava minha sede

O mar

O mar

Que brinca com as redes

Com os peixes

Que quebra na praia

E a menina correu

Para o vento

Que rodou sua saia.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986

1490. CANIBAL

Fome

Intenso

Desejo

De comer

Todo um corpo

Repleto de sabor

Sugar mel todo

E penetrar

No íntimo

Matando toda

Essa vontade

Faminta

De deliciar

Tua carne.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987

1491. CASTRAÇÕES

dentro do escuro

atrás do muro

puro concreto

eu erecto

olhava entre pernas

o prazer da vida

todo clima

era expectativa

nervoso como

se fosse crime

esperava mais

uma tentativa

quem sabe

noutra hora

talvez...

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1988

1492. COLÍRIO

Esse social que sai

da minha boca

mexe com amor

do meu peito

tomei posição

de destaque

na sociedade

capitalista

não vou mais

trabalhar.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1987

1493. COMIDA SEM NEXO

Eu vejo

sinto vontade

querer tua metade

morder a carne

dura desse corpo

maduro

deliciar-me no prazer

frente a frente

sentindo sexo

sem lógica

sem nexo.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 1988

1494. COMPREENSÃO

Na compreensão humana

certas vezes devemos subir no palco

e representar o papel de pai

e representar o papel de filho

no entanto

na reta final se faz o ator principal

pai e pai

nem sempre devemos ser felizes

em realizar atos felizes

nem sempre seremos filhos.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1988

1495. CONSEQUENTEMENTE

Consequentemente

continuo te amando

não sei se é ironia

ou agonia do meu eu

mas estimulado pela

sua beleza intrínseca

me traduzindo liberdade

de palavras e gestos

mergulho profundamente

nas oscilações do teu corpo

e sinto o beijo molhado

matando toda sede

em boca sentidas.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1986

1496. 25 HORAS POR DIA

Não sei

Porque tudo acontece

O dia é claro, claro

Mas sempre escurece.

Estamos buscando

Novos amores

Que com a gente

Possa conviver

25 horas por dia.

Tento esquecer

Mas é impossível

Lembro-me, porém me esqueço

São fantasias que me aguarda

25 horas por dia.

Sempre quando se ama

Tudo acontece

O mundo até parece

A tristeza desaparece

É chegado o momento

De louvar todos os sofrimentos

Temos a felicidade

25 horas por dia.

Bento Júnior e Jacinto Moreno

João Pessoa-PB, 26 de abril de 1984

1497. DEFINITIVAMENTE

Irei fazer o máximo

para falar do meu eu

que não necessito de nada

farei o máximo

o mínimo que pode ocorrer

um caso de solidão e nada

se isso por ventura verdade for

entrarei em estado de calamidade

tentando de todas as maneiras

modificar o meu eu

no entanto

enquanto isso não ocorre

vou pedindo explicações mil

e calado com certeza ficarei

definitivamente.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1985

1498. DEIXE-ME

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua cabeça

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua face

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua boca

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua vida

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua largada

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua despedida

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua rua

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua observação

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua ordem

Deixe-me penetrar um pouco

De mim na tua sensibilidade

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1986

1499. DESGARRADO

Todo encontro de saudade

Transbordou os corações

De sentimentos detidos

Pelo orgulho nos fez pela medíocre solidão

E ao mesmo tempo

estar acompanhado e se sentir só

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1986

1500. DIGA ALGUMA COISA

Eu só queria ouvi

da tua voz meiga

algo que pudesse

me tirar dessa terrível

dúvida que atormenta

todos os meus pesadelos.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

1501. ESTÚPIDO

A estupidez

das minhas palavras

se confundem

com a beleza

dos teus carismas

e quando noto

já é tarde

e seus carismas

se agregam ao

meu lado estúpido.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

1502. FACE AOS OLHOS

No silêncio de cada palavra

fala coisas

são simples como um facho de luz

cessando um lado sólido.

O maior em tua face

não me domina

apenas sou visto

pelo lado mínimo

desse teu olhar.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

1503. FRÁGIL

Caía lá fora chuva

enquanto as águas

rolavam no rosto

de uma vítima

defendendo

a todo custo

o intenso toró

de palavras

jogado em sua

frágil estrutura

medíocre.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

1504. SOLETRANDO A VIDA

A vida é uma soletragem

Todos precisam soletrar

Quem não soletrar direito

Perde o direito de viver

A soletragem é

Sobreviver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982

1505. AUGUSTO DOS ANJOS

Nasceu no Engenho Pau d`arco

Na cidade de Sapé.

Quem imaginaria, que um dia,

Um filho bastardo teria,

Com uma linda mulher!

Era uma escrava do engenho,

Onde seu pai era dono,

Mas, Augusto, não imaginaria

Que tudo aquilo seria

Um pesadelo, e não um sonho.

Ele foi poeta dos poetas,

Dos originais foi o mais original,

Conhecido no Brasil inteiro,

Um poeta, também internacional.

Ele escrevia os mais belos poemas,

Que até hoje nos fazem chorar.

Qualquer um que ler Augusto,

Com certeza se emocionará.

Teve um filho bastardo que não chegou a conhecer,

Vivia a fazer versos de saudade,

De amor, e assim vivia a sofrer.

Tentando expressar sua tristeza,

Escreveu um triste poema, um poema muito bonito, triste e original,

Que se referindo à tristeza, triste não há um outro igual.

Morreu aos trinta anos,

Acometido de pneumonia.

Não imaginaria, Augusto, que nos dias de hoje,

nós paraibanos, escolheríamos

Como o mais importante do século XX.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 2000

1506. ESTA HISTÓRIA BRASILEIRA

Esta história brasileira

Que vamos iniciar

É com base no cordel

Literatura popular

Escrita por Ariano

Paraibano secular...

Esta história brasileira

que acabamos de contar,

é com base no cordel,

literatura popular,

escrita por Ariano,

paraibano secular.

Meus senhores dê licença

pra história terminar,

isto aqui foi na cidade

de nome, Taperoá.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2000

1507. NÓS SOMOS UMA SEMENTE

Nós somos uma semente

Uma semente pequenina

Para plantar o amor na gente

Na gente que sempre se anima

É a semente da paz

É da mulher e do rapaz

Plante a semente do bem

Que o amor sempre se faz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982

1508. BANHO DE RIO

Os meninos da minha rua

São viciados em banho de rio

De manhã, logo cedo do dia

Nós todos vamos ao rio

Brincar de nadar, brincar de pegar

As folhas nas águas são belas

São claras as águas do rio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1977

1509. VAMOS QUE TEM ABACAXI

É uma febre medonha

Buscar no Altiplano

Abacaxi de montão

Já houve tiros pro alto

Quando o Castelo parte

Segue um pelotão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1975

1510. QUE VONTADES SÃO ESSAS?

Perdi o prazer pela sala

Aluno é bicho ruim

Quanto mais se ensina

Mais a gente desaprende

Viva o aluno que quer

Ser na vida alguma coisa

E que vontades são essas

Que não tenho desejo de lecionar?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1994

1511. O TEATRO CORDEL DE PAI FRANCISCO

TODOS

Pai Francisco entrou na roda

tocando seu violão...

E vem de lá seu delegado

Pai Francisco foi pra prisão...

Quando ele vem se requebrando

parece um boneco que vem dançando...

DELEGADO

O povo anda cantando

sorrindo com os dentes mostrando.

Nesta cidade estou pra ver

homem que anda me desafiando.

Quem desafia morre ligeiro

e não dar tempo nem de correr.

O cabra não tem que ser trambiqueiro

tem que respeitar a lei e todo poder.

MULHER DE FRANCISCO

Seu delegado só é homem valente

com capangas na sua frente.

Sei do seu passado que ouço falar

e sei muito bem contar alegremente.

Meu marido anda caído nesta tortura

mas morto ele não está.

O senhor é cheio de frescura

só fala em poder e querer mandar.

DELEGADO

Sou delegado e gosto de respeito

quero logo alertar sobre o meu jeito.

Aqui quem manda sou eu

sou o dono de todo o direito.

Não me faça perder a paciência

falo com crente e ateu.

E pra sua consciência

Me respeite que eu sou o chefe teu..

MULHER DE FRANCISCO

Repara mesmo o dono da verdade

delegado babão de autoridade.

Se meu marido não fosse tão gentil

eu mandava te quebrar de verdade.

O senhor vai pagar muito caro

O mundo não é assim tão azul anil.

Meu Francisco é um produto raro

Pouco se tem aqui pelo Brasil.

DELEGADO

Chega de conversa de se alongar

e queira por favor se retirar.

Com mulher não bato boca

e cadê teu marido que eu quero ajeitar?

Aprende com o teu marido

Canta e fala palavra pouca.

Não sei porque tenho permitido

Discutir no meio da rua com uma louca.

MULHER DE FRANCISCO

Não sou louca e fique sabendo

Tenho um juízo que tá aqui fervendo

Pronto para explodir de agonia

Se essa luta eu for perdendo.

Não me importa se é no meio da rua

Ou em qualquer canto de folia.

Sei Francisco que a culpa não é tua

Agüenta esse terrível e amargo dia.

FRANCISCO

Parece até que é tu que vai presa

És a minha vossa alteza

Não caia o brilho do teu olhar

Seja forte minha princesa.

Deixa o delegado fazer sua média

eu só quero saber onde tudo vai chegar.

Deixa o bicho ganhar a rédea

é fama que ele quer pegar.

MULHER DE FRANCISCO

Sei meu amor de toda preocupação

Sei o quanto sofre o teu coração

Mas não fica assim meu amado

Lute até cair como bravo no chão.

Não se desespere com este acontecimento

e não fique assim com cara de coitado.

Aprenda uma coisa neste momento

Saiba que tu é todo o meu pecado.

DELEGADO

Além de querer ser a dona deste fato

me admira muito apenas um ato.

Sei que o tempo dado é pouco

é nó em ponta de sapato.

Se eu pudesse os dois eu prenderia

mas como eu não sou louco

prendo um e faço a freguesia.

Gostou ou achou pouco?

MULHER DE FRANCISCO

Que delegado veio pra delegar

neste fim de mundo de amargar.

Só o violão de Francisco é cartão postal

Quando é pra se animar.

Onde já se viu delegado mal

prender Francisco que só faz tocar?

Esse delegado é um animal

Só veio aqui para atanazar.

DELEGADO

A senhora é casada com este pão duro?

Isso já notei e lhe asseguro

que nada gostei dessa história

de animal e ainda te juro.

Eu exijo pra minha patente respeito

Entendeu Dona Maria da Glória?

Não levante pra mim esse peito

Guarde bem guardado pra sua vitória.

MULHER DE FRANCISCO

Eu sei quais são as suas pretensões

não adianta querer me ter nas emoções.

Eu sou mulher deste homem de valor

E por ele eu sinto as mais variadas sensações.

No fundo o delegado é mesmo uma peste

um enviado do desamor.

Eu sou filha do povo do agreste

e o senhor ainda não conhece o meu valor.

DELEGADO

Perdi a paciência que eu tinha

E não abra a boca nem pra dizer calminha.

Vá embora pelo amor de Deus

e se cuide desse cheiro de galinha.

Conheça o seu lugar aqui na conversa

e não me venha falar de amores teus.

Saia do caminho que eu estou com pressa

deixe de falar para o bem dos ouvidos meus…

MULHER DE FRANCISCO

Vou-me embora mas é porque eu quero

e saiba o senhor que nada de bom espero.

Trate bem o meu marido

que sempre comigo foi sincero.

O senhor pode até ser valente

Mas é muito e muito metido.

Se Francisco abrisse essa corrente

Eu juro que nós dois já tinha fugido.

PAI FRANCISCO

Sou Francisco e todos me chamam de pai

e vou logo dizendo: do jeito que vai

eu aqui algemado e morrendo

dessa pior minha mulher não sai.

Sou Francisco tocador de violão

pode ir no caderno escrevendo.

Vou ser preso mas é por opção

me leve que eu quero ir bebendo.

DELEGADO

Onde já se viu cantar e pedir alguma solução

se tudo passa por minha fiscalização?

Mando tudo pro xilindró

vai apanhar de no rabo de cinturão.

Quem foi que disse que eu acho ruim?

Vai perder do bom e do melhor.

Isso tudo vai ficar pra mim

pra vossa senhoria vai ficar o pior.

MULHER DE FRANCISCO

Danousse que o negócio agora vai pegar quente.

Francisco homem bom olhe pra frente.

Deixa o delegado quieto

E respeita dele a patente.

Não toca mais esse danada de violão.

quando eu digo que homem só é correto

o senhor parece que fica sem ação

feche a camisa que o peito está aberto.

FRANCISCO

Com meu violão posso tocar

conhecer o mundo e amar

noticiar os acontecimentos

mas quem vai me condenar?

Sei de todos os enxerimentos

E sei que não sou vagabundo.

O delegado só quer arevimento

acha que é o dono do mundo.

DELEGADO

Um cabra de vergonha como tu

sem nada no bolso feito urubu

não pode querer me ensinar

sou empregado daqui do Sul.

Desobedeceu vai ao poço

E comigo errou tem que apanhar.

A mulher de Francisco é um colosso

O senhor pode até negociar.

FRANCISCO

Ninguém vai me impedir

com meu violão posso sorrir

posso tudo que quiser

como querer me coibir?

Não adianta ser homem de bem

Vou cantar na rua pra todo mundo ouvir.

Me solte delegado que não vale um vintém

quero ver quem vai me proibir?

MULHER DE FRANCISCO

Se baterem em Francisco com esse pau

eu juro que jogo na tua cara mingau

e todo o teu corpo eu estraçalho

pego os olhos e furo teu bilau.

Nunca mais vou cair numa baderna

e se eu cair é porque eu tenho um pirralho.

Um filho brotado dentro de uma caverna

Com arroz apimentado e muito alho.

DELEGADO

Não pode querer seu marido

ser o dono da verdade e ser metido.

Vai pra dentro da delegacia

quer queira quer não seu atrevido.

Não mexa com a sociedade

Que tu cantava e todo mundo ouvia.

Pai Francisco é de maior idade

Não queira dizer o que não se permitia.

MULHER DE FRANCISCO

Francisco é o meu legítimo amor

com ele sinto prazer e calor

e se o senhor quer chamegar

olhe se coração alguma vez sentiu dor.

Eu sou esposa deste homem que canta

Canta o amor e cada vez mais quer cantar.

O homem só é feliz quando se levanta

de uma incerteza e quer caminhar.

DELEGADO

Veja quem fala de amor...

Ele é um arruaceiro de fazer pavor.

Não faça essa cara de atrevido

você vai mesmo é sentir dor.

E a senhora de amor que sai pela boca

é pura ilusão de um leão ferido

que canta às vezes por um prato de sopa

é bebão dos bons e assumido.

MULHER DE FRANCISCO

Não leve Francisco pelo amor de Jesus

seu delegado mostre a luz

deixe o pobre cantar que é um verso

que conduz o senhor e me conduz.

Francisco é só o que ele sabe fazer

não faça isso que eu lhe peço

a cadeia é triste pra se viver

por favor eu tudo lhe confesso.

DELEGADO

Quem me importa confissão

a morte pra cabra ruim é sensação

mas vai dar certinho para o amigo

o xilindró daqui é um casarão.

Dê-me licença que o cabra é pesado

saia da frente com seu perigo.

Eu não estou nem um tanto apressado

Cale a boca que falar não é permitido.

MULHER DE FRANCISCO

Francisco faça alguma coisa agora

homem de Deus apeie a espora

deixe de moleza e cante forte

se aprume e vá logo embora.

Respeite o nome de artista

lute com ele até a morte.

Se deite e faça de conta que é grevista

se der certo tu és um homem de sorte.

FRANCISCO

Não sou de sorte minha mulher

mas nos santos tenho profunda fé

gosto de jogar no jogo do bicho

já gastei muito dinheiro na banca de Seu Zé.

O que me falta minha querida

Fazer para sair desse carrapicho?

Se eu canto minha voz é perseguida

Se me calo sou vergonhoso por capricho.

DELEGADO

Vai ser difícil ter muitas alegrias

tentar fazer algum xamego nesses próximos dias.

Chegou a lei mais pesada que antes

traga revista pra Francisco assumir suas fantasias.

A cadeia é um lugar por demais especial

e Francisco será o perfeito amante.

Quanto mais mulher é coisa normal

Fazer das mãos um vai e vem constante.

MULHER DE FRANCISCO

Oh! Bicho safado é esse tal de delegado

o pobre de Francisco todo lascado

pálido e nervoso e ele puxando

conversa de mal encarado.

Meu filho tome jeito nesta cara

E fique o senhor sabendo e vá comentando

Que Francisco é macho e tem tara

Tanta é que pode até ir lhe emprestando.

DELEGADO

Chega de conversa mole

Francisco pode até tocar fole

até segunda ordem governamental

saiba a senhora que na cadeia ninguém bole.

O importante é Francisco ter sabedoria

cantar eu sei que é coisa normal

só que Francisco deixa o povo com muita alegria

e isso não é bom para o fulano de tal.

FRANCISCO

Com alegria eu sei que o povo fica

e o senhor sempre complica

me dê razão se eu não tenho

lá no Pastoril de Tia Liça

quando havia qualquer festa

gente de todo canto dizia que venho

ser talento dos bons e que não presta

ao mundo ser como Lenho

um santo amarrado e que nada empresta.

MULHER DE FRANCISCO

Francisco está batendo cabeça

ou coisa que me pareça?

Homem esse papo não já terminou?

Diga a verdade e desapareça

Só você tem o dom de ser feliz

Fica calado aconteça o que aconteça

E quando é na verdade sempre diz.

FRANCISCO

Eu pego no meu violão

faço letra e tiro canção

quem quiser ouvir de clássico a erudito

sinta no calor da minha mão.

Se parar de cantar eu morro

morro de amor e tenho dito

em toda música eu peço socorro

falo baixo e canto feito grito.

DELEGADO E A MULHER DE FRANCISCO

Nós dois tamos aqui

Com Francisco vamos ouvir

As canções de bem querer

Do amor que vai surgir.

Quanto mais se quer da vida

Muito mais você vai ter

Quanto vale uma despedida

Que a gente tem que fazer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de abril de 1997

1512. SENSIBILIDADE DAS GRANDES

Sensível por um pedaço de chão

Que cai ao meu redor

Sensível até dizer basta

O mundo me parece pior

Sou uma sensibilidade egoísta

Dizem que sou artista

Perdi a interpretação da vida

Vou deixar de ser eu mesmo

Vou me tornar um puro analista

Resolver minha sensiblidade

Sensível por um pedaço de chão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1984

1513. ESCOLA DE JACARÉ

És uma escola pequenina

Porém com muito futuro pela frente

Canso-me às vezes, coisa repentina

O que importa é o lado crescente

Do mundo que nós avistamos

Do mundo que faço parte

Sempre sorrindo estamos

Sou o professor de arte.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 15 de maio de 2007

1514. UM MIL QUINHENTO E QUATORZE

Este é o número poemático que tenho

Entre quatro paredes, entre tantos e tantos

Dos diabos, de todos e vários santos

São um mil quinhentos e quatorze que tenho

E assim aos risos e aos prantos

Cavo a sepultura daquilo que não obtenho

Porque sou um dos mais jogado aos recantos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 2007

1515. SIMPLES COMPLETUDE

Me digas com quantos paus se faz uma canoa

Que eu te direi com quantas canoas o mar suporta.

Me digas quanto o homem de raiva suporta

Que eu te direi o que a vida tem de boa.

Me digas com quantos anjos o ser se ilumina

Que eu te direi o valor da minha conta de luz.

Me digas qual o resultado de ser luz

Que eu te direi quem sofre mais se é o menino ou a menina.

Me digas as respostas que nunca possuo

Que eu te direi o porque de tantas indagações.

Me digas se falo isso ou se em silêncio recuo.

Me digas tudo que até hoje não sei

Que eu te direi qual o trigo, qual joio das plantações.

Me digas se sou pervertido ou se sempre errei...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de julho de 1986

1516. SOLETRANDO O INSTANTE NA NOITE

Estou passando o tempo que o tempo me deu

Se por acaso este tempo se acabar

Não sou eu, é sinal que preciso dormir

E se dormir for bom, preciso sair

E se sair for ruim, preciso ficar

E se ficar não for agradável preciso tomar o remédio

Tenho que dormir, os olhos se fecham

A cama está pronta, vou fechar

Vou desligar, nada de deletar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 2007

1517. MARCANDO QUADRILHA

ESTOU marcando quadrilha, não é de ladrões

É quadrilha do santo senhor João Batista

Apareceram, lá pelas tantas, vários batalhões

Prenderam o padre, era de uma facção criminalista.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de janeiro de 1982

1518. INFORMATIZADO

Não delete meu nome, mande um e-mail para mim

Não entre no site proibido, envie uma mensagem

Conte como foi o seu dia, dê um enter naquela imagem

Tire os vírus da vida, entenda o meu lado ruim.

Quero saber se ainda faço parte do teu arquivo

Se ainda posso me classificar, ou sou apenas tabela

Nas entrelinhas da página, uma foto porém muito bela

Você quer me inserir, porque sou muito vivo.

Você desenhou no paint o meu coração

Rasgou minha pasta, me enviou para os meus documentos

Naveguei por todo computador e só decepção.

Informatize sua maneira de ser

Não delete as minhas músicas

Queira editar meu nome no seu viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1995

1519. FILHO NO PALAVREADO

EU sou ainda jovem, muito jovem ainda sou

Sei o valor de um pai, sei o valor de um filho

Os dois devem ser amigos, cultivar o amor

No rosto dos dois, vai surgir o brilho

O brilho da felicidade completa

A felicidade do pai e do filho

Quanto mais o mundo não presta

A família livra dos empecilhos

E assim meu pai, minha mãe

Aceite o filho que sempre chora

É o choro de quem quer ir embora

IR para longe de casa

Conhecer o mundo lá fora

É o que penso, não queira me dar um fora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 1976

1520. TODOS OS SANTOS

Dedicado para Nenhum Santo

Sou puto com igreja, não rezo e nem oro

Sou puto com as pessoas, vivem de igrejas

E quando em casa chegam, tomam um litro de cloro

E quando pressinto, não sinto desejo em vê-las

Prefiro morrer a ver as beatas no céu

São devotas, chafudam de toda gente

É um tal de santo, açúcar com leite e mel

É o azeite com pão, o santo fica contente

Os preconceitos são da religião

Os desafetos são da humanidade

Prefiro sonhar, em rezar para ter salvação

A salvação mora ao lado da rua

Uma mulher bronzeada com fraternidade

Faz sua oração e anda totalmente nua.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1985

1521. REDE DE INTRIGA

Dedicado para um mendigo

Não queiram saber, não queiram entender

A rede de intriga, gosta de briga

Açoita o mundo, empurra a rapariga

É um tanto esquisito esse meu conviver

Com toda uma rede, embrenhado no mal

Chorando e gritando e soltando fumaça

Fumando charuto e sendo internacional

É essa rede de intriga que só me faz trapaça

E assim por muito tempo, tempo perdido

Sofro os mais terríveis assédios

Vivo de soro, tomo todos os remédios

E assim dizem que sou entendido

Porque assumo uma vida em rede

Sou faminto, alguém mata minha sede.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1987

1522. QUASE UMA VIDA

Quase uma vida eu tenho pela frente

Na minha frente eu sou o capitão,

Jogo bomba e fico contente

Quase uma vida sai na contra-mão.

Meu caro patrão, não me leve a mal

Quase uma vida eu tenho em lamentos,

Sou azarado, dizem que sou anormal

Pois quando eu sofro, esqueço os pensamentos.

Penso na vida, a vida não pensa

Sofro por ela, ela não recompensa

Sou um sofredor, pois só tenho uma vida

Que me ensina a corrente

Que me prende na mente

E assim vivo nesta estrada perdida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de março de 1986

1523. MEU PAPITO

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Quando ela se acorda, eu também me acordo

Quando ela vai dormir, eu também durmo com ela

Quando ela vem sorrir, eu dou um riso por ela

Quando ela cai no choro, logo eu me recordo

Das tardes que passamos lado a lado

Rindo e chorando, cantando e mandando recado

Para o amor que sentimos um pelo outro

É um tal de papito e eu dou o troco

De chamar minha tucululuca

Pouco sal e muito açúcar

É teu papito que te ama de montão

Em todos os momentos

Em frases cheias de sentimentos

Amo minha filha de todo coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de fevereiro de 2007

1524. FALAÇÕES DOS AMORES

Dedicado para Betto Silva (Grande Amigo)

O coração desse cara, rima com minhas falas

Ele é amigo, amigo e nunca se cala

Ele é irmão, um irmão que não se abala

O coração desse cara, rima com minhas falas.

As falas que falo com ele

São falas soltas no tempo

Ele ouve a todos em tempo

É um cara que só se tem de tempo em tempo.

Amigo preste a atenção

No que eu vou lhe dizer

Foi bom conhecer você.

De todas as palavras do poeta

A poesia chora e não sente dor

Obrigado pelas falas que só falam de amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1990

1525. O COMPOSITOR

Dedicado para Kennedy Costa (Meu Amigo)

Ele é compositor, dos bons que já vi

Ele toca, compõe e arranja que eu já vi

Ele declama, conclama a platéia

Ele é um lobo, uivando, longe da alcatéia.

A música que ela toca

Mostra o som de recordar

É uma composição de amor e ternura

Ecoando nos cantos e atingindo uma altura

Que meus tímpanos adoram

Que o amigo compõe uma alma

Que meu momento se acalma

Essa calma vinda do compositor

É paz que transborda dos normais

É silêncio de reflexões que ele faz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1986

1526. DOR DE CABEÇA

Uma dor de cabeça que arranca a cabeça

Faz da cabeça tantas cabeças perdidas,

Que a minha cabeça perde a cabeça

E quando a encontra todas são divididas

Essas divisões de cabeças partidas

No fundo são cabeças enclausuradas,

E quando a cabeça fica nas idas

Faz-se uma cabeça das mais rotuladas

E que cabeça eu tenho para tal cabeça

Se todas as cabeças me dão dores

E me afasta de todos os meus amores

Os amores que mesmo me dando dor de cabeça

São amores por mim aceitos

E na contra-mão apenas os defeitos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de novembro de 1987

1527. TUCULULUCA

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

O coração da menina, em minutos vividos

Recorda o sonho de um dia sonhado,

Ela é uma princesa pelo seu príncipe amado

Nos meus achados e não perdidos.

A música que ela tem prazer

É a música tão ouvida por nós,

Ela é recordação em todos os sós

Onde a vida ganha e não quer perder.

Menina de cabelos cacheados

Tucululuca é o apelido dela

Descalça não quer calçado.

Come tudo que ver pela frente

É uma pessoa grande de valor

Ela ama ficar nos braços da gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de março de 2004

1528. AS AGONIAS DO MEU EU

CANSO, calado continuo a correr, reclamo

RECLAMANDO o meu sonho é só rascunho

DESENHOS tão fora de forma, tão sem fulano

APAGADO na memória da minha agonia

ATROPELANDO meus defeitos, a minha euforia

CANTADA e interpretada ao som de um piano

SINFONIA que desfaz toda a minha alegria

TRISTE o meu eu, assumo o cansaço de todo esse plano.

Bento Júnior

Solânea-PB, 12 de janeiro de 1980

1529. O ANO SE PASSOU LIGEIRO

O ano se passou ligeiro que nem vi a cor

Quando ollhei ele já tinha passado

Vou à escola, quero ser estudado

Quero viver um grande amor.

Um grande amor eu quero viver

Espero que o ano que vem

Seja um ano de muito bem

Vivo sorrindo, não quero sofrer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1971

1530. MIL NOVECENTOS E SETENTA E DOIS

Este ano eu quero um ano de paz

Não quero guerra, sou um rapaz

Sou estudante da vida, eu sou demais

Faço o bem, gosto de quem também faz.

Viva o ano Setenta e Dois

Viva o mundo, na mesa bastante arroz

Viva o ano em número par

Viva o clima que é bom para amar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 1972

1531. COPA NA ALEMANHA

Este ano o Brasil vai se dar bem

Na Alemanha o tetra ele vai trazer

Quem assistir vai ter o prazer de ver

O Brasil não perder para ninguém.

Viva o Brasil em outro Continente

Jairzinho, Marinho e Rivelino

Jogam como qualquer menino

A Seleção vai me deixar contente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1974

1532. JÁ SOU DE MAIOR

Primeiro de Março de Setenta e nove

Já tenho dezoito anos. Quero um filme de sacanagem

Quero ter direito, quero sair pelo mundo,

Sou de maior, não rasgue a minha imagem.

Sou uma imagem dos dezoito bem vividos anos

Sou jovem, tenho prazer como todos da idade,

Neste dia que falo, vou ao filme, não podem me proibir

A carteira já tenho, sou de maior, vou ter oportunidade.

O guarda não pode me barrar, apesar da cara de menino

O que importa é que entrei para o grupo dos maiores,

Quero ver de tudo, quero saber de tudo, quero de tudo um pouco,

Vou em busca de dias, de dias bons, de dias melhores.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de março de 1979

1533. SANTA INQUISIÇÃO

Vou desenhar um rosto de Cristo

Na parede obscura da minha paixão

Sei do pecado do mundo

Sei que eu não existo

Sou apenas um vagabundo

Que sonha, porque nunca desisto

De viver, de comer, ser alguém no mundo

Como a inquisição, jogar-me na fogueira

Colher a cinza caída, repartir o pão por um amor profundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2003

1534. O PAPA BENTO

Veio aqui no Brasil

Vindo de Roma, lá do Vaticano

O sagrado Papa Bento

Com sua eterna simpatia

Deixando a todos a alegria

O viver feliz em um momento

Mesmo por pouco tempo

O Papa Bento quando saía

O povo com lágrimas sorria

E o Papa Bento de longe benzia

Um sinal da cruz

Para afastar do brasileiro

A cruel e fanática carestia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 2007

1535. AS LUTAS ÍNTIMAS

Vou lutar com todas as armas do coração sofrido

Ver quem vence tal batalha dos esquecidos

Se por acaso eu vencer, quero que me seja permitido

Esquecer o mundo e todos os meus sonhos merecidos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 1980

1536. A MÃE QUE AINDA TENHO

Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)

Uma palha de esperança brotou nos meus sonhos de ser feliz

Fiz Vitória correr os campos, andar sem sofrer

Amar seus netos e netas, viver pelo eterno prazer

Corre Vitória sorrindo, o povo esta frase é que diz

Quando Vitória cantar, chore de amor por viver

O seu filho amado na vida ainda é aprendiz

Neste dia, minha mãe, quero ficar com você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de maio de 1982

1537. INTERVENÇÃO POR INTERVIR

Se bom fosse tal função, não havia intervenção

No intervir da administração, não há segredo.

Se bom fosse tal função, a escola faria a união

Como bom não é, uns saem, toma de conta o medo.

Um medo que explode no ato intervir

Quando intervir é no trabalho o resultado.

Não há como negar o que se pode permitir

O que não se pode, tudo é mudado.

Muda-se para o bem escolar

Muda-se para o bem dos que querem o bem

Muda-se para não agradar ninguém.

Intervir para saber mudar

Intervir é querer acertar no novo

Intervir é desagradar um povo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2005

1538. PEQUENO TRECHO DE UM MEIO POEMA

EU amo o meu amor

O meu amor diz que me ama

Não estou dentro dele

Apenas sinto ele junto da cama

Gemendo e pedindo mais

Curta o amor enquanto sou rapaz

É grande neste poema a minha chama.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1980

1539. TEATRO POLÍTICO

O Teatro Político é a cara de Brecht

O Teatro Político é a cara da Alemanha

O Teatro Político é a cara da educação

O Teatro Político é a cara da revolução

O Teatro Político é a cara da rua

O Teatro Político é a minha paixão

O Teatro Político é a cara do Brasil

O Teatro Político é a cara do operário

O Teatro Político é a cara do mísero salário

O Teatro Político chama a todos

O Teatro Político te quer armado de fuzil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de março de 1990

1540. RODA GIGANTE

Bem pequeno no Castelo, no parque de diversão

Girei de roda gigante, vomitei de convulsão

Na roda gigante eu passei mal

Sabia que não era coisa normal

O bom daquelas rodadas loucas

Foi ter beijados tantas bocas

Na roda gigante eu era o protegido

Fingia que estava esmorecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 1983

1541. TERÇA-FEIRA

Terça-Feira, é começo de semana

É um dia chato, porém improdutivo

Na segunda fico em casa

A Terça-Feira podia ser um dia construtivo

Mas na Terça-Feira o saco me arrasa

Passa logo dia, vem na próxima, bem melhor e ativo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 1980

1542. FEVEREIRO

Fevereiro chegou o amor está no ar

Quem não gosta de samba

O carnaval vai pegar

Fevereiro é de frevo

Em Recife frevar

Em Olinda cantar

Fico em João Pessoa

Quebro sapato de tanto arrastar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1981

1543. MÊS DE MARÇO

Mês de Março, mês de Áries

Signo do fogo, mês de fogo

É Março que tanto bem me faz

Em Março comecei a torcer pelo Botafogo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de março de 1975

1544. ABRIL DE CHUVAS

É chuva no mês de abril

Tanta chuva que cai do céu

Seu Manoel molha o seu chapéu

Dona Maria para rua saiu

Mês de abril é mês de chuva

Na rua uma menina pra mim sorriu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de abril de 1977

1545. JUNHO RIMA COM SÃO JOÃO

Na lagoa do Parque Solon de Lucena

Na Praça da Independência

Mês de junho vai pegar fogo

É São João meu povo

Tenha calma, tenha paciência

Que o forró vai começar

Marinês com Sua Gente de novo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de junho de 1983

1546. FILHA DE CÂNCER

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Julho

Nasceu Ela

Ela de câncer

Câncer

Signo dela.

Doze é o dia

Dia da flor

Luz que brilha

Ilumina o amor

Canceriana

Na água ela se fez

Mostrou-se ser dócil

o açúcar para nós três.

Bento Júnior

Alhandra-PB, 02 de março de 1999

1547. AGOSTO É DIA DE PAI

Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)

Em agosto

Segundo domingo

É dia de pai

É dia de choro

Meu semblante cai

Não tenho consolo

Que segredo é este

Que descontrola meus nervos?

Em agosto o meu pai se transforma

Encontra todas as formas

Chora no canto da sala

Enrola todas as minhas normas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1983

1548. SETE DE SETEMBRO

Dia da Independência

Sete de Setembro

O Grito do Ipiranga

Ainda hoje se ouve o eco

O quadro de Pedro Américo

Paraibano bom de pintura

Sete de Setembro tem desfile

Os soldados enfileirados gritam

Independência ou Morte?

Bento Júnior

Alhandra-PB, 07 de setembro de 1983

1549. SEGREDOS SÃO SEGREDOS

Dedicado para a intimidade não desvendada

Segredis são segredos

Que não se contam para ninguém

Quanto mais segredos se têm

Mais profundos são os nossos medos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de março de 1981

1550. UM AMONTOADO DE NOME

Dedicado para quem for citado

Betto Silva

Kennedy Costa

Sílvio Calaço

Moisés Souza

Domilson Coutinho

Gerimaldo Nunes

Geraldo Santos

Geraldo Jorge

Ednaldo do Egypto

Florismá Melo

Carlos Cartaxo

Fernando Abath

Tarcísio Pereira

Jacinto Moreno

Edílson Alves

Chico Noronha

Maurício Germano

Luiz Couto

Padre Mateus

Dona Isabel

Antônio Torres

Raimundo Barbosa

Fernando Lima

Marcos Almeida

José Rodrigues

Alex Araújo

Cleudimar Ferreira

Dona Irene

Dona Penha

Dona Socorro

Seu Ademar

Seu João

Dona Maria

Tarcísio Dantas

Emmanuel Lúcio

Nilson Condé

Nina Medeiros

Francisco de Assis

Durmeval Gólzio

Jailton Paiva

Iremar Matias

Paulo Medeiros

É uma lista incompleta

Que completa meu coração

É uma lista incerta

Que contempla minha emoção.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de março de 2002

1551. POEMA FELIZ

Dedicado para Leila Camilo ( Minha Prima Materna)

Você é

uma pétala

no aroma

dessa flor

és o fruto

dessas raízes

que proliferam

sentimentos

ela está

feliz

por ter encontrado

seu beija-flor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986

1552. O POLÍTICO

Dedicado para uma visão futurista

Você entendeu o sonho

O sonho que não se sonha

O sonho de saber o futuro

O futuro que não se sonha mais

E quanto mais sonhamos

Muito mais desejamos

E quanto mais desejamos

Somos nós que enfrentamos

A batalha cruel da vida

A batalha de fazer por prazer

De ser o ser pelo saber

E no saber das idéias

Temos que comer todas as alcatéias

Lançar mão de nossas falésias

Comer o pão que o diabo amassou

E sonhar com a polítca

Analítica, artística, flexiva,

Reflexiva, mordendo a unha do pé

Para matar de cada um o chulé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 2007

1553. O ASSASSINO

Ele é assassino

Porque roubou um quilo de carne verde

Seus filhos estavam com fome

Ele não usou armas, as armas que tinha

Eram duas mãos calejadas, enrugadas

E ainda o chamaram de assassino

Se esqueceram os falantes

Dos péssimos políticos que temos

Dos juristas que temos, dos trabalhadores que temos

Da espécie cruel que temos

O assassino foi preso

Chegando na prisão

Comeram o quilo de carne das carnes do assassino

E hoje o assassino é procurado por civis e militares

Só por causa de um quilo de carne verde.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1987

1554. POEMA DE PÁSSARO

Um pássaro cantou

No cair da tarde fria

Cantou e que bela voz

Era voz de quem morria.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1986

1555. AS MENINAS NÃO SABEM

As meninas não sabem

Não sabem o que fazem

Elas fazem sexo

Elas não fazem amor

As meninas não sabem

O perigo que passam

E quando passa o perigo

O bucho cresce que é tanta dor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1986

1556. BRAVO GUERREIRO

Bravo guerreiro

Guerreiro bravo

Onde anda o gado

Que o guerreiro matou?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1990

1557. SALUSTIANO DE ALMEIDA

Salustiano de Almeida

Nascimento de Oliveira

Cavalcante da Silva, nascido

No dia 15 de março de 1402

Nas terras de Lisboa

Veio ao Brasil no seu descobrimento

E para sua sorte ajudou Cabral

A descobrir o Brasil

Casou-se com uma ancestral

Que hoje chamam de índia

Teve 44 filhos e 02 filhas

Foi morto numa emboscada

Pelo pai da moça e

Pelo pajé da tribo

Hoje os familiares de seu Salustiano

Moram debaixo da ponte de Campina Grande

Se acham que são grandes demais

Só porque são da família

De seu Salustiano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de setembro de 1988

1558. PEGA ELE NA ESQUINA DE CASA

Pega ele

Pega ele

Pega ele

Lá na esquina de casa

O bicho é mal

O bicho é mal

O bicho é mal

Pega ele para tirar o couro

Deixa o couro dele azul

Deixa o couro dele azul

Deixa o couro dele azul

Daí uma surra no bicho

Mostra o que é ser bom

Esfrega o couro dele na parede

Deixa o povo passar

Se perguntarem cadê o couro dele

Fala que o couro dele

Virou melodia de um triste música

O couro está cantando:

Graça a Deus que o bicho morreu!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986

1559. ESCRAVOS DO MUNDO

Escravos do mundo

Do mundo cruel

Escravos do mundo

Provaram azeite e mel.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1986

1560. POEMA MODIFICADO

Eu tenho um poema de sentimentos

Ele está feliz porque foi modificado

Meu poema de tantos lamentos

Feliz estou por ter me atrapalhado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de outubro de 1984

1561. TIA, TIA

Dedicado para Josefa Carvalho (A Tia da Minha Mãe, Casada Com Meu Tio Paterno)

A irmã da vó materna

Tia da mãe, tia minha

Sonho de menino, uma vida eterna

Ela é conhecida como Zefinha...

Ela é mulher forte

Criou filhos e filhas

Lutou, é mulher de sorte

Para vê-la, cruzamos as trilhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1997

1562. SAUDADE QUE MEU PEITO BATE

Tenho tanta saudade guardada

Que meu peito se estremece

Tanta saudade marcada

Em mim esperar aborrece

Aborrece meus nervos de Ser Humano

Minha pele de homem nordestino

A saudade é tão profunda no plano

De ser feliz e voltar a ser menino

Um menino que joga de bola de gude

Um menino que antecede o acontecimento

Um menino que cria tanto grude

Um menino tão vivo em seu momento

Este momento que o poeta fala

É saudade que em meu peito bate

É saudade que às vezes me cala

Este momento aos poucos me abate.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de março de 2002

1163. OS PERCALÇOS DO TEMPO

Dedicado para Clemildes Carvalho de Lima (Meu Grande Primo)

Os tempos de hoje em dia, menino

São tempos de agonia, menino

Não queira sair na rua

A rua está em perigo

O melhor que vocês faz, meu amigo

É ir para casa, menino, fazer teu sonho feliz.

Bento Carvalho de Lima Filho

João Pessoa-PB, 19 de abril de 1990

1564. LIBERDADE MEU AMOR, LIBERDADE

Eu não pedi liberdade para você?

Sim. Você me deu?

Não me deu... Hoje estou livre...

Liberdade meu amor, é assim que o mundo diz

Não queira duvidar dos meus planos

Liberdade, é assim que seríamos felizes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 1985

1565. UM JOGO PARA A HISTÓRIA

Botafogo e Figueirense

Maracanã lotado

Três a Um para o Botafogo

Não deu

Lá ele perdeu de Dois a Zero

Foi roubado em dois lances

Impedimento de Ana Paula

O Botafogo não toma jeito

Escapou mais uma vez

Copa do Brasil só para o ano

Agora é Campeonato Brasileiro

Adeus Campeonato Carioca

Adeus Copa do Brasil

Espero que não dê adeus

Ao Campeonato Brasileiro

Eu Te Amo Glorioso!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de maio de 2007

1566. DEPENDE DE VOCÊ

Depende de você

De você depende o amor

O amor depende de tudo

De tudo depende a dor

A dor de quem ama

Quem ama sente dor

Quanto mais dependo de você

Mais dores colho em mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1982

1567. DEUS, DEUS MEU

Se Deus fosse meu

Eu mandava Deus sorrir

Desde menino lá em casa

Deus é só tristeza

Deus é ilusão

Deus pra mim é bondade

Deus pra mim é saudade

Quanto mais se tem Deus

Mais falta Deus no coração da gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1568. DÁDIVA DE SER FELIZ

Eu conheço um cara mal encarado

Que anda de bus a abusar

Não veste camisa, vive a zombar

É uma dádiva vê-lo feliz

Increncando com a vida de todos

E todos sorrindo ainda dizem

Deixem o cara sonhar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de novembro de 1983

1569. PERDA DA MENINICE

Dedicado para o Filho de Cínara (in memorian)

Meu filho querido, semblante de paz

Angustiou minha vida, sorriu para mim

Meu filho querido, semblante jasmim

Angustiou minha vida, tanto falta meu filho me faz...

É uma saudade de mãe, um pedaço de chão

Foi-se embora meu filho, ficou a deserta estrada

Um filho mais do que a ilusão cantada

É mãe que chora nos cantos, saudade de coração...

Meu filho é encanto de quem está sorrindo

É menino bonito, correndo e me iludindo

Chora mãe de um filho, soluça tuas dores...

Uma mãe quando perde, abre o peito de solidão

Quanto mais forte for a emoção

Mais sofrível é uma mãe chorar seus amores...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de abril de 2007

1570. TROCA DE PALAVRAS

Trocaram as palavras da fala

O homem é errôneo e se cala

Trocaram as palavras do mala

O homem assiste tv na sala

Trocaram as palavras do cara

O homem não sabe da tara

Trocaram as palavras de Odara

O homem quando mente não encara

Trocaram as palavras da Saara

O homem sofreu porque alugara

Trocaram as palavras de Nara

O homem morre e já matara

Trocaram as palavras da fala.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1985

1571. PASSEIO DE BURRO

Dedicado para Seu Naldinho (Jacaré – Cabedelo-PB)

Lá vai seu Naldinho, montado no burro

Levando criança, num vai e vem da escola

Naldinho é trabalhador, não gosta de preguiça

Enfrenta o batente, ninguém lhe amola.

Naldinho leva criança, sua carroça enfeitada

É monumento turístico em toda Jacaré

A criançada gosta, Naldinho impõe respeito

Viva o burro pela cidade dando olé...

Um passeio de burro por toda Jacaré

É sinal de prestígio para seu Naldinho

Naldinho quer apoio, puxar o seu carrinho

Sete Reais para Naldinho está tudo filé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de maio de 2007

1572. A LAGOA INUNDADA

Dedicado para Lagoa do Parque Solon de Lucena – A Tragédia das comemorações

Parque Solon de Lucena

A Lagoa do Centro da Cidade

Lugar que me lembra uma cena

A virada do barco em solenidade

A solenidade do Exército Brasileiro

Muita gente em cima, não agüentou

Uma festa que durava o dia inteiro

O povo gritava: o barco virou!

Foi grande a tristeza

Todo mundo chorando

A Lagoa com sua beleza

Sofria com o povo se lamentando

Um lamento de perder alguém

Nas suas águas que transbordavam

Muitos conseguiram ir muito mais além

Saíram da Lagoa, lágrimas rolavam

Famílias inteiras pereceram

Filhos suas mães buscavam

Mães seus filhos não perceberam

A Lagoa era só tragédia naqueles que procuravam...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de maio de 1979

1573. O PARQUE SOLON DE LUCENA

O Parque Solon de Lucena é o mesmo que Lagoa

Lá passa gente e carrro

De noite é aquele sarro

Como tem mulher pra lá de boa

As garças em suas águas

Recebem os despejos do homem

O homem não cuida da Lagoa

E neste descuido muitos comem

Comem o peixe pescado

Nas águas desta Lagoa

O Parque é um cartão com recado

Um recado que vai de vento em proa

Na proa do navio da cidade

Um cantar para mocidade

Se a Lagoa fosse bem cuidada

Não havia lugar para tanta caminhada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1983

1574. OS OSSINHOS DA MINHA INFÂNCIA

As meninas eram meninas

Brincavam de meninas

Os meninos eram meninos

Brincavam de amar meninas

Jogar de ossinho era menina

Menino não jogava não

Se o menino jogava

Deixava o ossinho de lado

Avistava duas setas pontudas

Nas camisetas das meninas

De tanto jogar ossinho

As paixões surgiram

O jogo quase esquecido

As meninas sem nada saber

Chamavam os meninos

Para com elas jogarem

Meninos sorriam com meninas

Pais de nada sabiam

A infância dos meninos

A infância das meninas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de dezembro de 1980

1575. PRAIA DE TAMBAÚ

SEUS lindos coqueirais

SUAS águas claras e belas

SEUS barcos de velas

UM dos melhores cartões postais.

TAMBAÚ praia bonita

CÉU azul, gaivotas no céu

UMA pinga misturada com mel

UM banho de mar Deus nos permita

TOMAR na Praia de Tambaú

SER feliz é tudo que se ver

HOMEM passeia e quer saber

CIDADE bela, voz de uirapuru.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de outubro de 1982

1576. NÓS E A PRAIA QUASE QUE BELA

Estamos na Capitão

Para Praia Bela lá vamos nós

Fabrício na direção

Paulo lê jornal a sós

A van estava lotada

Todo mundo se espremendo

Rejane queria uma gelada

E Norma de gole em gole ia bebendo

Júlia Rebeca e Patrícia foram também

Miraldo sorrindo ia na frente

Mônica e os filhos do bem

Como sempre iam contentes

Maurício queria ser surfista

E Zoé o filho acalentava

Praia Bela dava quase na vista

Maíze viajou calada

Mateus na van estava no canto

Era gente por demais apertada

Daniel de surfista foi um espanto

Jogamos bola e deu empate

Gol de Petryn no final

Letícia comeu cebola e tomate

Catarina diz que tudo é normal

A bebida não deu

Jacumã nos esperava

A comida de Maristela todo mundo comeu

Carolina toda vermelha ficava

A volta em Mangabeira

Quase que houve um acidente

Camila comia um monte de besteira

E em casa chegamos assim de repente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2004.

1577. UM SONHO QUE ACALMA A SAUDADE

Dedicada para Chiara Almeida (Filha de Laudicéia)

Uma criança sonha um sonho

E neste sonho de criança

Cada passagem é lúdica

A lúdica da esperança

A esperança é como se fosse

Um sonho de vida e plenitude

Assim é o amor do pai e da mãe

Que na voz mostra o fazer da atitude

A atitude dele e dela

Vai buscar no âmago da alma

O nome da sonhada menina

Que o coração feliz se acalma

Acalma o sonho de outrora

Que no hoje se faz verdade

Chiara ri, Chiara chora

É sonho que nos dá saudade

A saudade pairou em nós

E tudo é sim, nada de acho

Somos vida, não estamos a sós

Uma fêmea no meio de dois machos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de setembro de 2004

1578. A SECA

A seca foi grande

Mataram todos os homens

Crime horrível

Sangue pelo chão

Deu pena de se vê

Todos estendidos na terra

Furos de balas no coração

A seca foi grande

Corpos caídos no chão

Morreram todas as plantas

Acabou-se a Nação!

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 25 de agosto de 1985

1579. BARZINHO

Todos se amam

Todos se odeiam

Uns contra todos ficam

Todos contra um ficam

É um grupo

É um acordo

É uma discórdia

É um circo

Sem pano pela vida

Montando sua tropa

Num barzinho próximo

Um gole na água

Um café pequeno

Uma água de coco

Um sentar e refletir

É um circo

Feito de talento nato

É nossa fase de teatro.

1580. GOTA CIENTÍFICA

Que sonham e são raízes

Da planta que cresce e forma cicatrizes

Meu mundo só entra os felizes...

A ciência da gota na boca de todos

Mostrou a lâmina que corta

O silêncio do saber

Todos que buscavam a resposta

Ficaram nas perguntas diárias

E saíram a caminhar sem nada entender

Pois a gota bebida era um presente

Dado ao mundo com toda certeza

Sorriam os discentes

Aprenderam o código da vida!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1581. CORAÇÃO BATEDOR

Coração que bate

Coração que arrebenta

Coração não me mate

Tenta coração, tenta!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1582. FAMÍLIA REUNIDA

Que bom ter a família toda reunida

Sentada e almoçando, e eu aqui na cama

Dormindo e funicando...

Esperando o tempo passar

Esperando a hora chegar

Acordar e novamente recomeçar

O funicado que nunca vai terminar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 2003

1583. SER ESTUDANTE

Ser estudante

É plantar a semente

Da esperança

No coração

De uma criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1584. PAIXÃO DE HOMEM

Quando o homem buscando o entendimento

pelos caminhos das incertezas, peca e muito

ele canta suas mágoas e num hino triste

vai perambulando pelas ruas do nada

pedindo, implorando a quem de fato não é nada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1585. ANTAGONISMO DO EU

Não tenho opções, sou triste

E por mais opção que eu tenha

Não resisto, sou triste

E por todos os momentos

Que eu tente, sou fraco

Por mais que meu corpo peça

Fico impaciente, sou trapo

Em todos os momentos

Que eu já tentei, perdi

E quanto mais assumo

A culpa, não tenho respostas

Sou frágil, uma peça imóvel

Do tamanho do mundo

Igual a problemas para se resolver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1586. ETERNAMENTE PAI

Um pai carrega o filho no corpo

Que cansado cambaleia, mas é pai.

Por mais que se tente coibir a lei do pai

Não tem como, o pai resiste.

Por todos os momentos o pai caminha

E sem saber por onde trilhar seus passos

Não importa, seu filho está feliz

E mesmo cansado o pai, sorri

É que esses momentos poucos hão de existir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1587. NADA EM TROCA – O REVERSO

DA MOEDA PARCA

Saí como a querer implorar o mundo

E quando voltei o mundo era outro,

Todos eram loucos, e como loucos

Fiquei no meio dos lúcidos do mundo.

Nada em troca, o silêncio era tudo

E mesmo que se agitasse o tempo

Pouco importava, perdi os sonhos

E sem nada na bagagem cantei

Com a voz rouca de sonos passados

Fiquei, e como a querer partir, encarnei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1588. ASSUNTO INFORMAL DE ÚLTIMA ORDEM

Puxe a cadeira e se sente

E quando vontade tiver de sair, fique

É que estes momentos de espera, passam

E quando passam deixam toda informalidade.

Puxe a cadeira e ofereça ao velho

O velho que tanto labutou por este momento,

Mesmo que este momento seja apenas um

Tudo fica, o tempo passa, e quando tudo se vai

O assunto é velhice, tão velha a palavra

E de tão decantada e falada, foi dada a ordem

Não haverá mais assunto no templo de meu pai.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1589. HOJE AQUI VIVE APENAS UM

Antes todos moravam

No teto de poucas águas,

Agora, já que todos são fartos

Apenas mora um, este que ficou

Escanteou a riqueza, mora sozinho

E cada vez que tem razão

Chora suas mágoas, o homem triste

Por ter sido antes triste, está só

Mora só, sonha só e gosta de ficar só

Apenas se chama um, e sendo um

Não quer somar mais um.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1590. SAIO DA CAMA PARA GANHAR POESIA

Ao sair da cama, rolado aos lençóis busquei

As alternativas da noite e nada encontrei

Por mais que a noite fosse longa e cansativa, gostei

Sentei na tela da tv e cochilei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1591. JOÃO, NOME DE ALEGRIA

Há muitos homens melancólicos

Que se curvam perante o tempo.

João não é um desses,

Vai à luta e sonha como criança.

Meu velho, és uma parte

Do aprender silencioso.

João, nome de santo, e

Como santo, João tem

Vários admiradores...

Sou um desses homens

Que admira esse artista.

João, o tempo passa e nós

Ficamos a fazer arte.

De tanto João viver arte

Em forma de arte

Poeticamente falando,

Vos digo:

De todas as cenas

João desenha o mundo,

E sendo o mundo pintado

Pelas mãos do desenhista

Não há motivo

para ser melancólico!

João é só alegria...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1592. ELA TOCA

Ouço. De longe, bem distante

O som se estabelece. É saudade

Que explode no peito e pede

Passagem para o silêncio ficar.

Ficou além do silêncio um gosto

Soberbo de pesar. Pensando viajei

No tempo, e com o tempo

Ao meu dispor, pus os meus

Olhos no hoje: impossível voltar

A tocar ela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1593. ABRIL DE LUA

No mês de abril

Ao cair da chuva

Quando a lua aparece

Quando a lama amolece

Penso no meu avô

Penso na minha avó

Por que tanto pensar?

É que, quando pequeno

Uma cena ficou em mim

Tão forte, que todos os

Abris são de lua, e

Da porta, dividida em duas,

Ali estava eu olhando

A lua, tão menino,

Tão desconhecedor da astronomia,

Pois não é que minha avó

Assim falou “ Os poetas ficam mais

inspirados, em dia de lua cheia,

especialmente quando se

trata do mês de abril.”

Falou e nada explicou, meu avô

deu um ar de riso rápido

Como a querer afirmar, mas nada

acrescentou.

Até hoje busco encontrar outra lua

e não acho... meu avô

E minha avó hoje moram dentro dela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1594. APOIO TEATRAL

Na arte o sonho se transforma

E como sonho o artista se aprimora

O maestro rege a sua orquestra

O ator desempenha o seu papel

O bailarino dança bem sua música

O pintor pinta de vários ângulos

O quadro da vida e da morte

E assim nesse caminho artístico

O encontro com o teatro se contempla

O grupo não quer apenas exercícios

Quer ler dramaturgos e apreciar

Espetáculos de arte por toda parte

Possibilitar aos novos espectadores

Vislumbrar em cima de uma produção

Produzida por atores-alunos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 1984

1595. NUNCA ESQUEÇA O AMOR

Agora neste momento

Estou pensando

No amor que tenho

Para doar ao mundo

Ao mundo que me dar

Você de volta ao meu ser.

Amo o amor

Que carrega em você

A vontade de ser feliz...

Sei que é impossível

Mas mesmo assim

Amo demais esse amor

Mesmo que triste eu sofra

Amo esse amor

Não me importa se amo

O que me importa

É ser feliz no mundo

E ver teus olhos

Olhando nos meus

E eu sonhando vou dizendo

Como é bom amar você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1596. LIXÃO

O lixão é o lugar

onde só tem o

que não presta

mas também

é um pouco

para fazer

uma canção

não daquelas

que falam de ilusão

e invasão, e sim,

que fale de amor

e de calção

que veste meu tio

que só vive na escuridão

pois ele já sabe

o que é o perdão

porém não sabe o que

é trovão

o que ele pode lhe dizer

é que aprendeu a lição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1597. ESCOLA DE SAMBA

A Escola de Samba

Passou e trouxe alegria

Minha amizade aumentou

No compasso da bateria.

Minha tristeza se foi

Emocionadamente fiquei

O samba daquela Escola

Foi lindo, bacana, gostei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1598. FOLIA

Folia é diversão

Poesia é coração

Quem quer carnaval brincar

Não se esconda, venha pular.

Carnaval é coisa séria

Se chegue, deixe de miséria

Curta bem essa vida

Pule e fique de perna doída.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1599. PESCADOR

Pescador, pescador

Nestes mares que tu andas

Me contas o que passas

Nessas ondas que levantas?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1600. CEDO DO DIA

Cedo do dia

Uma menina

Um segredo

Me contou

Ela tinha medo

E sem muito enredo

Assim feito um torpedo

Junto de mim

Se sentou

Seus segredos

Cedo

Desvendou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1601. AMARGURAS

Estou triste

Amargurado

Vazia

Sem teu amor

Lamento

Os momentos

E não sei

O que fazer

Minha vida

Está faltando

Seu carinho

E esta é uma

Realidade

E vivo com você

Um sonho

Tenho saudade

De você quando

Me afogo na

Solidão e peço

Que volte logo

Para preencher

O meu coração

Que quer se libertar

Mas continua

Se apaixonando

Cada vez mais

Por você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1602. ENCONTRO

Com um olhar

Te encontrei

Logo me apaixonei

Ela nem se tocou

Seu corpo

Apreciei e gostei

Era um Ser iluminado

Um amor platônico

Serenidade da lua

Que nos convida

Ao descanso...

Olhei!

Me senti seguro

Você se foi

Doeu em mim

Mas mesmo assim

Tudo passou

Outra está comigo

Feliz é o que hoje

Sou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1603. LA ÚLTIMA POUESIA

Esta é la última pouesia

Que te faço para tu

Só me resta saber o motivo

Que te levou a perceber

Que entre nós já na havia

Razão para viver

E assim la última pouesia

É feita só de amor

Para ti lembrar em todo lugar

Quando você se encontrar

Tenha o perdão pra gente voltar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

1604. DECIDIDO PELA MULHER

Sou louco por ela

Não sei viver sem ela

Amo tudo que sai dela

Sou apaixonado pela donzela.

Sou louco e nem sei o porquê

Amo seus atos de todo viver

A mulher só veio o bem me fazer

Sou louco e a chamo do meu bem querer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1983

1605. TRÊS DIAS

Ontem

Hoje

Amanhã

Quem sabe

A noite

A tarde

Ou mesmo

Manhã

Talvez este ano

O ano que vem

Ou qualquer

Outro dia

O importante

É ter você

Seja em que

Tempo for.

Bento Júnior e Kennedy Costa

João Pessoa-PB, 11 de dezembro de 1985

1606. A SEMENTE DA FLOR DE CHUVA CAÍDA

A mão lançou a semente na Terra...

O sol na sua plenitude resolveu colher

Abençoando a todos, fazendo cair a chuva...

O botão regou a terra... caiu água do céu.

O Homem

Sente a necessidade de comer

Comeu a semente da terra.

A flor se abriu

Brotou lindas pétalas

Dourando a Terra.

Aquecendo o coração.

Com as mãos cheias de flores

O homem assumiu a terra

Regou o chão com suas mãos

Colheu o fruto da semente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2003

1607. PONTA DO SEIXAS

Na Ponta do Seixas

No Ponto Oriental das Américas

João Pessoa se Encontra

E na ponta dos dias

O Seixas É Ocidental

O Farol da Ponta

As Luzes que brilham

A Ponta do Seixas

João Pessoa agradece

A Ponta do Seixas

O Cabo Branco e a Praia

O Ponto Oriental

É Preservação do Meio Ambiente

Nosso povo merece.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 De Junho De 2006

1608. BASÍLICA DAS NEVES

A Igreja das Multidões

As multidões da Paraíba

Fazem fila na frente

Tanta gente

É Igreja, nossa Catedral

A Basílica das Neves

Nossa Senhora a guarde

Nossa homenagem

À Santa que foi Filipéia

Que foi Frederica

Que foi Paraíba do Norte

Hoje João Pessoa

Nossa Senhora das Neves

A Padroeira de nossa cidade

A Padroeira de nosso Estado

Nossa Senhora das Neves

Nossa Senhora das Neves

Padroeira de quem paga pecado.

Bento Júnior

Pilões-PB, 25 de Junho De 1988

1609. LAGOA DAS GARÇAS

No Parque Solon de Lucena, João Pessoa

A Lagoa no Centro, carros passam

As águas da Lagoa burbulham

Os transeuntes em congestionamento

Passam na Lagoa e por um momento

Seus olhos brilham.

É a Luz ofuscada do poder

Que emana do Ser o olfato

É a Lagoa da nossa infância

Dos sonhos e viradas

Do Exército em Comemoração

Da Mãe que chora o Filho

Perecido nas águas em compulsão.

A Lagoa do Parque que todos passam

Que todos olham, cantam e inspiram-se

A Lagoa de tantas histórias

De tantas vidas que sucumbiram

É a Lagoa de nossa cidade

De nossa eterna mocidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006.

1610. O FAROL DO CABO BRANCO

No Alto o brilho das luzes

brilha nos olhos do farol

é Farol do Cabo Branco

é Cabo Branco na ponta

na Ponta do Seixas que encanta

o Farol do Cabo Branco

liga de noite, desliga ao dia

é farol da nossa cidade

é farol que brilha ao longe

ponto oriental das américas

o Farol do Cabo Branco

na ponta aponta o navio

a embarcação do Brasil

cruza o oceano, entra na Paraíba

chega em João Pessoa

avista o farol de baixo, de cima

de cima, ao lado, de riba.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006

1611. PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA

Na Praça cantam os pardais

na tarde sombria

é lá que mora a história

da independência e o grito

tão alto que o ipiranga não ouviu.

As árvores que lá estão

representam as armas de uma guerra

a guerra de nossa separação

cantam os pardais e bem-te-vis

e a praça não sai de onde está.

Independência ou Morte?

assim gritou Dom Pedro I

na bravura de um riacho

hoje coberto por edifícios

é difícil vir nesta praça

sem antes recordar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de Junho De 2006

1612. HOTEL TAMBAÚ

Longe, muito longe da cena

e das luzes teatrais

longe da multidão periférica

é um monumento com sua estética

pronto na amplitude dos normais

hotel banhado das águas

das águas claras da praia

da praia que leva seu nome

não lhe toque pelo telefone

é Tambaú dos coqueirais

o hotel de tantos hóspedes

de tantas glórias e fatos

festas e artefatos

o Tambaú que é parte

das calçadas dos visitantes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 2006.

1613. A VIDA É UM BABAU

Dedicada para Joaquim do Babau (Grande Bonequeiro – In Memorian)

Neste sonho de andar pela vida

A vida nos encontra

Descalço e sem arma

E um boneco é o que nos resta

A vida é ela que nos desarma

O jovem bonequeiro se foi

Levando da vida a semente plantada

Um filho que de hoje em diante

Vai ser Joaquim para viver de babau.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de abril de 2002

1614. ALTO E BRANCO

Dedicado para Durmerval Gólzio (Meu Amigo)

Firme e falante

Político e sério

Luta contra este império

Ele é importante

Em dizer a verdade

Ser fiel e competente

Por demais inteligente

Um político na sociedade

Alto e branco, partidário

Um grande personalidade

Eis aí a sua grande qualidade

Ele também é solidário

Com a Educação Física, seu forte

Os planos, os projetos, a ideologia

Existe força nele, em cada teoria

A busca, os sonhos, a família, até à morte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2005

1615. NOSSA CASA

Dedicado para nós todos

casa

de casa

quem casa

lá vem casa

tem que ser casa grande

não tem senzala

é casa que cabe todos

com quintal bem grande

com pé de coco

com pé de caju

é casa que nos faz bem

tão sombra

tão livre

meninas brincam

meninas brigam

dentro de casa

fora de casa

e tome casa

por toda casa

ela anda toda casa

e procura por elas

ele fora da casa

traz algo para dentro de casa

é casa que não se acaba.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2004

1616. TRÊS PRIMAVERAS

Dedicada para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)

No corre, corre da vida

Houve uma parada com altivez

Os parabéns são para Camila

Completou ano, em número de três.

Ela dar gargalhada

E estuda contente

Camila gosta de palhaçada

No corre, corre na vida da gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de outubro de 2002

1617. TRÊS MULHERES FILHAS

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)

Três mulheres Deus me deu

guardo bem no coração

quem quiser me conhecer

não faça cerimônia

pois uma tal de cegonha

quis logo me oferecer

três mulheres da mulesta

moram comigo e a mãe

e a confusão das quatro

às vezes vira uma festa.

Três mulheres Deus me deu

sinto muito grato a Ele

sou reprodutor da espécie

a mãe dela me oferece

o prato bem feminino

todo mundo me pergunta

quando vem um menino

respondo de perna junta

essa igreja não tem sino

dessa mata coelho não sai.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 2002

1618. CANA

A cana

que ela pegou

pediu bis

ela gostou

a cana que ela pegou

não quis

ele abusou

quando a cana caiana

pedaço de chão

brotou de terra

meu coração

a cana pediu um tempo

e no momento do tempo

ela pediu bis

cana – cana – cana

cana – bis – cana – bis.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2005

1619. REDE E LUA

Era noite

e por ser noite

a lua surgia

por trás do coqueiro

por trás do cajueiro

refletindo no candeeiro

Era lua

e por ser lua

a noite surgia

e quando surgia

ela dormia

seu sono era sonho

Era sonho

e por ser sonho

o vento soprava

os cabelos dela

o rosto dela

a luz do candeeiro

era pouca

diante do monte

de luz da lua

O quintal na claridade

recebia a lua

seu brilho pairava no ar

o cajueiro se acalmava

o coqueiro se agitava

e quando ela dormia

ela junto sentava

Olhando a lua

linda como a filha

linda como a noite

o clima era de fala

e quando a fala se acaba

ela dorme seu sono

O lobo seu grito se ouvia

a coruja seu piar não era de tristeza

era de alegria que enchia o ambiente

na noite ventosa

na noite de lua

na noite de espera

os dois pensavam

os dois refletiam

falavam da vida

falavam do tempo

e quando o tempo se foi

o céu brincou com a lua

o céu brincou com a gente

o céu era o dono da lua

a lua nas nuvens se escondia

uma rede parada esperava

a música da baiana a tocar

Ele foi e voltou

e quando voltou

o sono dela era tanto

que enchia uma rede

que enchia uma lua

que enchia um coqueiro

que enchia um cajueiro

que enchia um quintal

enquanto ela dormia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2005

1620. INTERVENTOR

Estava no verbo estar

é passagem de vida

intervindo no verbo ser

é continuidade de despedida

Estava interventor

é conta pouca ao receber

ao cargo entregar

é conta muita a oferecer

Estava no cargo

é algo de responsabilidade

doar-se ao extremo

requer pura sinceridade

Estava querendo mudar

mas como mudar cada cabeça?

Nós somos o que somos

uma segunda é diferente de uma terça

Estava exercitando

o poder na sua plenitude

colhendo a flor de cada planta

plantando o ato de uma atitude.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2005

1621. OITO ANOS

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Ah, que saudade

que tens

daqueles cabelos

compridos

daquele carrinho de mão

nos seus oito anos de amor.

Ah, que saudade me dá

olhar esta foto e ver

seus olhos brilhando

nos seus oito anos de amor.

Ah, que saudade nos dá

rever teu corpo em nós

caminhar e cantar o amor

são oito anos, minha filha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2005

1622. PEQUENA MENINA BRANCA

Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)

Agora

nesta hora

a menina tão branca

de pele arruaçada

e boca a mil

sonha com um presente

que foi de três

nos cinco anos

um beijo e um abraço

saúde na bicicleta

na rua a pedalar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de outubro de 2005

1623. FEVEREIRO NO FREVO

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Catarina é

um amor de mulher

Catarina é

um amor de gente

Catarina é

um amor de pessoa

Catarina é

a mulher da gente

Catarina é

a pessoa da gente

Catarina é

alegria da gente

Catarina tem

um sorriso estampado

na cara da gente

na cara da pessoa

na cara de mulher

Catarina é

simplesmente uma menina

Catarina tem

dois anos de amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2005

1624. TEUS MUDARES SÃO LUAS

QUE BRILHAM NOS CABELOS MINGUANTES DO TEMPO

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Teus cabelos

tuas certezas

teus apelos

é bom tê-la

em mim, dentro de nós

enfim, a sós

sozinho no mundo

achado no tempo

quando o sonho apaga

o rosto se afaga

é vida que se tem

é filha que entra

é filha que dorme

é filha que quer seio

ela muda de face

mas face ao sim

é sempre não

no olhar que muda

no verde mar da vida

no azul céu da vida

é lua minguante, menina

é branca na cor da verdade

de ser um apenas um

ou dois no meio

para então ser três

no fim de toda espera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 2005

1625. MODERNOS PENSAMENTOS

tenho uma filha no cio

não crio pecados

antes fui filho

no cio dos contaminados

tenho um filho na letra

não crio leitores

antes fui palavra

nos livros dos dissabores

tenho um pai na queda

não crio momentos

antes fui do vício

nas bebidas e nos sofrimentos

tenho uma mãe na doença

não crio a cura

antes fui melancólico

nos encalços de cada loucura

tenho um avô na morte

não crio ressurreição

antes morri de fome

nas calçadas feitas de aflição

tenho uma mulher na vida

não crio sentimentos

antes fui esperto

tenho apenas excrementos

tenho uma avó distante

não crio rancores

antes fui à luta

tenho na cabeça somente dores

tenho um lugar de sombra

não crio exóticos campos

antes fui um só no rio

tenho meu corpo inerte nos barrancos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 2004

1626. AS CRATERAS DE LÁ

SEMPRE passando por lá

os homens que ali habitam

sabem contar histórias

e de cada história contada

nos fica na consciência

de como a ciência é divina

antagonizando o ser

na sua plenitude de ter

SEMPRE passando por lá

os homens falando de

suas mulheres na luta

encontram o que comer

e quando comem vomitam

o vômito da desilusão humana.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de maio de 2000

1627. QUARENTA E QUATRO

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Tanto tempo se passou

tanta onda já rolou

você recuada

você calada

você explosiva

tanto tempo se passou

Tanta história já rolou

tanto tempo restou

você chorando

você gritando

você implorando

tanta história se fechou

Tanta paz já ficou

tanto pedido se deixou

você racional

você normal

você rebelde

tanta história você tem para contar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 2005

1628. NOS ATOS DE CADA ESPERA

o sonho que não foi sonho

em sonho se sonha fértil

o fértil que do sonho se sonha

não é fertilidade sonhada

sonhada é esta planta tragada

na boca enroscada

com gosto de santo

no sonho cheio de coisa marcada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de outubro de 2004

1629. DORMINDO NO ÔNIBUS

Passamos muito tempo dormindo

Às vezes bem muito mais do que se devia,

Sonhamos e acordamos em tempo,

Era assim que meu coração me dizia.

Dormindo e passando o tempo

No trabalho; na casa; na espera,

Estas imposições do sono

De uma vida um tanto quase que sincera.

No ônibus de cada volta,

No ônibus de cada ida,

Nas dormidas que aliviam a mente

Vejo perdidos – todos por uma perdida.

Já dormi em ônibus de linha,

Já dormi em ônibus intermunicipais,

Passei do ponto de parada,

Dormi em ônibus interestaduais.

O sono é bem mais sono

Em ônibus no cotidiano,

Esquecer o mundo lá fora

É afagar neste ônibus os meus desenganos.

Bento Júnior

João Pesssoa-PB, 28 de setembro de 2005.

1630. PERGUNTAS

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

A garganta tinha tanto

para ter perguntar

que melhor será calar

e quando a garganta vontade sentir

deixa a pergunta fluir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2005

1631. FEVEREIRO DE CARNAVAL

fevereiro mês de carnaval

mês do pó

mês do talco

mês da água

mês do ovo

tudo de novo

fevereiro

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 2005

1632. TEUS CABELOS

Dedicado para Norma Sueli (Minha Filha)

Teus cabelos

compridos e pequenos

são atos não ditos

e repito que grandes

eles são

no pequeno falar

que tanto te espera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de março de 2003

1633. PELOS CANTOS

Pelos cantos

Pelo cantar

Pelos santos

Pelo falar

Pelos atos

Pelo amar

Pelos bantos

Pelo chorar

Pelos campos

Pelo banhar

Pelos trampos

Pelo caminhar

Pelos cantos

Pelo terminar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 2000

1634. AS SAUDADES DE MÃE

Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)

Mãe quanto vale um ouro

de tanto tesouro

que perdi no tempo

quando um besouro

desses que gritam no ouvido

nos deixa em choro

e quando em ato atrevido

somos um tanto maluvido

e deixe de agouro

que teu tesouro

tá guardado em ouro

e eu duvido

se meu choro

for retido

porque meu tesouro

mãe

dentro está você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 2005

1635. QUE HOMEM DIFÍCIL

Dedicado para Bento Carvalho (Meu Pai)

Homem difícil

que bota dificuldade em tudo

que bota disprazer

quando o prazer

é acabar com a dificuldade.

Homem difícil da bexiga

é este meu pai

de casa não sai

e quando sai

saudade tem

é homem diferente.

Homem difícil

não vai na casa de filho

toma café que é uma beleza

mas com certeza

este velho de casa vai sair.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de setembro de 2003

1636. O PIRATA

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho

o pirata chegou

o olho se fechou

o tampão já colocou

ela nem reclamou

pense, ela gostou

o olho só ficou

ela tudo enxergou

sua face rindo corou

não era preciso e nem precisou

chorar, ela nunca chorou

e quando chorou

o tampão do olho se evaporou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de outubro de 2005

1637. DENTRO DO ÔNIBUS

Não sei o que acontece

comigo quando entro num ônibus

fecho os olhos e acompanho

o movimentar dos passos

sei todas as paradas

sei onde vou ficar

mas acontece que eu

não me acostumo acordar

gosto de um sono pegar

é descanso que tenho

dentro deste ônibus.

Bento Júnior

João Pesssoa-PB, 20 de maio de 2005

1638. UMA REFLEXÃO EM TORNO DE NÓS DOIS

Dedicado para Norma Sueli (Minha Esposa)

Diante de todos os fatos

De todos os argumentos

Diante de tudo e dos assuntos em pauta

Chego em casa e encontro

Sobre papéis escritos de coração

De um alguém que carrega consigo uma vida

E esta vida é nossa

E nesse momento entramos em discórdia

Por palavras que feriram, e eu sei...

A inveja que trafega no momento

Nada mais é do que a vontade de se sentir livre

E eu pergunto: Não querias se casar comigo?

Não querias ser mãe? Não querias viver comigo?

Por que não aceitas que também é ciúme?

Tenho meus ciúmes complicados, mal resolvidos...

Não estamos juntos por causa dos filhos

E sim, carregamos em nós pelo não entendimento

Um do outro – e assim vamos deixando

Certos contratempos nos perseguir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de agosto de 2002

1639. LINDAS E MARAVILHOSAS

Dedicado para Carolina e Camila (Minhas Filhas)

Somos em cada macho que nos habita

Uma fêmea solta no barulho da casa,

Porque o espaço é pequeno

E toda criança sente-se grande...

As filhas andam e cantam

E nós causamos discórdias por elas

Serem o que às vezes não fomos...

Que as filhas da gente sejam gente

Como pensamos ser,

Nesta ilusão de vida, que a vida delas

Brotem da esperança o amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2002

1640. O HOMEM É UMA CRIANÇA EM CANÇÃO

Quando o homem

Se encontra só

Ele se imagina

Na solidão...

Um mar sem água

Desaguando num

Riacho de ingratidão.

É assim que é o Homem

Um Ser só, unicamente

Solitário vivendo

No mundo da imaginação.

Um Ser inocente

Como uma canção,

Simples como o olhar

De uma criança.

Bento Júnior e Allexsandra Bezerra

João Pessoa-PB, 23 de março de 2000

1641. O AMOR E O VAGABUNDO

Me chama amor

Que eu vou

Corre aos meus braços

Morre junto dos meus fracassos

Onde se encontra a dor?

Logo ali, na casa do ator

Sonho com os sóis

Acabaram os girassóis

Quando Deus fez o mundo

Ensinou nada ao vagabundo

Este achava que era esperto

Quis o amor que não era certo

Me chama amor

Que eu vou

Corre aos meus braços

Morre junto dos meus fracassos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de novembro de 2005

1642. LECA MENINA, MENINA LECA

Dedicado para Letícia Medeiros (no dia do seu aniversário)

A lua brilha

seus olhos espreitam

o silêncio é espera

na fera que ela é...

Um escorpião

de signo marcado

vence o fogo dos anos

e faz planos

na menina que ela é...

Quando apagar todas as luzes

e uma luz íntima brilhar

batemos palmas e cantemos

o amor que Leca é.

Bento Júnior

João Pessoa-pb, 31 de outubro de 2004

1643. UM CANTR DE FARTAS LINHAS

Neste momento o meu peito

De tanto chorar quer explodir

Se eu mentir ao coração

O choro triste, e chorando triste

Eu me desespero e muito

Vou sair ao desafio e bem vestido

Se eu sou um dos dez validos

É sinal que não sou mais um desvalido.

De pedaço em pedaço eu canto

Assim e canto triste, na viola

Que ponteia o meu caminho

E de tanto ser triste na saudade

Meu argumento vai ficando forte

Na vida ou na morte nunca fui metido

E se alguém diz que sou um dos dez validos

É sinal que não sou mais um desvalido.

Quando a passagem esquisita

Me acompanhar até o sepulcro

É porque o vício corrompeu o silêncio

E fazendo silêncio fiquei valente

Tantas foram as tomadas de aguardente

De cachaça em cachaça vou sorrindo

Aprendi em vida com os dez validos

É sinal que não sou mais um desvalido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1983

1644. CHOQUE DE BARREIRAS

Mais uma vez

Me choco com barreiras

Barreiras que me impedem

Impedem meu caminhar...

Fica a questão no ato:

- Onde vou parar?

Me pego às vezes

Com um olhar triste e vazio

Olhando estrelas

Buscando respostas

Respostas que tardo encontrar...

Cansado meu peito chora

Sufocando todo meu lamento.

Me sinto frágil

Sem forças para viver

E vou nas profundezas do meu coração

Que me diz que tenho que lutar

Para ser bem mais feliz.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 13 de maio de 2000

1645. SONHO DE PÁSSARO

Queria ser um pássaro

e poder voar

num doce bailar

por esse imenso céu azul

rumo ao desconhecido

sentindo a brisa do mar

o sol me aquecer

e o vento soprando meu corpo

mas nada disso sou

sou apenas eu

este ser a caminho de ser feliz

que usa o sonho

como única forma

de ser um pássaro

e continuar vivendo.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 13 de maio de 2001

1646. CAMINHOS SALGADOS

Cansado da vida

de tudo e de todos

caminhei pela praia

sentindo a brisa do mar

acalmar meu coração

que tão atormentado

se encontrava.

Não percebi a lua

que surgia brilhante

deixando-me algo estranho

como se não caminhasse só.

Olhei profundamente o mar

e lá adiante avistei um anjo

de pura e sincera beleza

que com sua doce voz

me convidou a entrar no mar

entrei e nunca mais voltei.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2000

1647. ENTRE MÁSCARAS E MAQUIAGENS

Nasceu o sol

Mais um dia se passou

Nada em mim mudou

A melancolia me consome

Pouco a pouco

Tornando-me cada vez mais fraco

Para continuar esse trilhar de vida

Com perguntas feitas

Por que (ou para que) ainda vivo

Se não posso ser eu mesmo?

Tenho que permanecer

Entre maquiagens e máscaras

Ocultando o que há

De mais belo em mim

Num sofoco cada vez que grito

Num grito em que a minha garganta habita

Pedindo constantemente para sair

E assim poder dizer

Me deixem apenas ser feliz.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2000

1648. NO MEU CORAÇÃO DE POETA UMA VOZ ME DIZ

Hoje meu coração de poeta

voltou a chorar

novamente o vazio me consome

no instante em que uma voz suave me diz

que não preciso sofrer mais.

Fico a pensar e ao mesmo tempo

pergunto, onde posso encontrar

forças para lutar?

Pensamentos mórbidos habitam

em mim, tornando-me cada vez mais frágil.

Luto com as minhas forças que me restam

para seguir esse caminho

que nem ao menos sei onde irá me levar.

No meu coração de poeta

na ânsia de uma resposta

espera uma voz que possa

quem sabe, conduzir-me a esse trilhar

de sonhos e aventuras.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000

1649. MAIS UM DIA EM MINHA VIDA

Hoje a lua brilhava mais forte

como a querer avisar

que algo novo

estava para acontecer...

Foi aí que te conheci

no momento em que meu peito

no imenso vazio se encontrava

sua presença fê-lo sorrir.

Você com seu doce olhar

aqueceu minh’alma

trazendo de volta a felicidade

que a muito tempo

havia me deixado.

Ao me tocar pela primeira vez

com seus lábios

senti algo tão intenso

e por um momento meu corpo

começou a levitar.

Tudo tem início - meio e fim

e o tempo pôs fim

levando você de mim.

Fiquei só na saudade

no medo e na incerteza

de não saber se te tenho.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000

1650. NOITE DE ESPERANÇA

Anoiteceu

Mais uma vez

Me vem a esperança

De te encontrar

A brisa do mar

Me faz lembrar

O seu sorriso

Que me seduziu

Em seu instante inicial

O desejo de tocar-te

Me consome por inteiro

A lembrança vaga do seu olhar

Me faz ser uma criança no riso

Onde estás que não me ouves?

Vem por essas ondas

No quente das águas

Ficar ao meu lado e me aquecer

Nesta noite fria - mas de esperança

Caminho, esbarro e só escuto

Minha alma te chamando

Por que então não vens

Ao meu encontro?

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000

1651. VERDES PASTOS

Verdes pastos

Que tantas vezes

Serviu de alimento

Ao meu gado

Agora não mais existe

Em teu lugar resta apenas

Um solo árido.

O gado também não mais existe

Só eu, na incerteza se depois

Estarei aqui.

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2000

1652. A FERIDA DE CADA ALMA

Minha alma ferida

Quer me consumir

Enche meu peito de dor

Sentimentos abomináveis

Me são dados.

Por que assim restou?

Por que sofro tanto assim?

Num eterno conflito, vivo

Numa utopia constante.

Será que perpetuará?

Como tudo mudar?

Se é que há como mudar

Se é que devo mudar!

Bento Júnior e David Siebra

João Pessoa-PB, 07 de outubro de 2000

1653. UM BREVE PASSATEMPO

Dedicado para David Siebra (Ex. Aluno e Amigo – In Memorian)

A alma dele brilha no espaço entre todas as estrelas

Ele sabia conduzir as estrelas de cada céu

Foi-se para nunca mais voltar. Deixou saudades...

Era jovem, e como jovem sorria, um sorriso triste

De quem espera no aconchego da noite

O brilho das estrelas. Era sonhador, poeta e vivenciador

De todas as noites, noturno era seu acompanhante...

Tinha tantos amigos e amigas, mas foi-se sozinho

Cantando cada poesia de saudade. Pois era passatempo

O que ele vivia na terra. Um breve adeus. Pereceu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2006

1654. GINCANA CULTURAL

Somos vitoriosos e buscamos a unidade,

Porque a unidade somos todos nós!

Não devemos competir pela vitória,

E sim, participar pela vitória.

Assim seremos todos vitoriosos,

Quando a unidade se fizer presente.

A vitória é a resposta da participação,

Da garra e da vontade de vencer,

Questão vibrante de todo Ser.

Não se pode é deixar que competir

Seja mais importante do que participar,

Pois quando se participa unido,

A vitória vem, assim como chegou

A todos que fazem o Renato.

Que bom poder contar com o Camelo

E com ele participarmos deste evento,

Pois não há luta, nem guerra,

Porque somos participantes da educação.

A história da vida é contada

E recontada dia a dia,

Em cada riso de incerteza

Brilham lágrimas de felicidade.

Que a paz viva e reine nos corações

Daqueles que sonham e são felizes,

Porque nós somos de todas as emoções

Um pouco do pouco dos aprendizes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1998

1655. UM TOM SUSTENIDO MAIOR

Dedicado para Carolina Dias de Carvalho (Minha Filha)

no ventre do verde olhar

como o sol nasce do mar

quando dez horas chegou

Carolina florou.

e do líquido sentimento

que brotara do olhar materno

eterno em tranquilidade.

Para teu pai

teu nascimento em poucos segundos

de um momento o mundo

ganhou uma nova visão.

Ouço novos tons dos antigos folguedos

tocados pelo meu peito, ou meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de julho de 1997

1656. SONHOS DE VEZ EM QUANDO

Eu sonho cada sonho que meu sonho

Não sabe que sonho sonhou

E quando se lembra se esquece do resto

Do sonho que ficou na memória do sonho

Só é sonho tranqüilo quando o sonho maior

Nos empurra e nos atura nos sonhos da vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1979

1657. LUA PRATEADA

Lua, lua, lua

como és bela.

Prateada e bela

ficas quando estás cheia.

Cheia de vida, de paz

e beleza.

Lua, lua, lua

simples é o teu olhar.

Tu me olhas,

eu te olho

e somos um.

Bento Júnior e Norma Sueli

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1991

1658. LUA PRATEADA II

Na brisa

do outono

eu te olho

e te vejo linda.

Nasces como fogo,

que clareia prateando a noite.

Noite bela, coração pulsante,

lua clareante.

Bento Júnior e Norma Sueli

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1991

1659. O BEIJO COMO PROVA DE UM GRANDE AMOR

O beijo é a certeza

de um amanhecer mais bonito

É um instante nos teus lábios

que desperta a vontade de viver

Quando nós dois pela primeira vez

cruzamos os nossos olhos

estávamos completamente apaixonados

completamente envolvidos

Pelo encanto

pela sedução

dos teus beijos

Descobrimos que somos capazes de amar!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982

1660. HINO DA ESCOLA MUNICIPAL OLÍVIO RIBEIRO CAMPOS

Somos estudantes

queremos a todos agradecer

pelo ensino, pela compreensão.

O pouco que nós sabemos

já é o início de uma caminhada

muitas vezes sofrida, mas conquistada

com amor e paz no coração.

Em cada livro

aprendemos as lições

Olívio, Olívio

rumo às nossas profissões.

A esperança

de ser alguém na vida

chega triunfante.

Vamos avante,

a saudade é partida.

Nossa escola

dá o direito e o dever.

Olívio Ribeiro Campos!

Lutamos para o TER

não superar o SER.

O que importa

é abrir a porta

e estudar para saber.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1996

1661. QUANTO MAIS EU GRITO, GRITO MUITO MAIS

Quanto mais eu grito

menos eu falo

Quanto mais eu falo

menos me escutam

Quanto mais eu penso

nada faço

Quando penso em fazer tudo

nada faço, nada querem de mim.

Se silencio meu grito

por não me ouvirem, por não querer nada de mim.

Pois nada pra mim eu faria

se nada por ti nunca fiz.

Se silencio meu grito neste silêncio

por que esperam de mim a minha voz?

Voz que nem eu mesmo tenho.

Por que o silêncio calou a minha voz?

Quanto mais eu grito, menos eu falo.

Quanto mais eu falo, menos me escutam

porque o silêncio calou a minha voz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1981

1662. A REALIDADE CONTADA EM SONHO

De que me vale sonhar

acordada, se sonhos

se acabam e acabo

acordando sozinha?

Procuro me apoiar

e não encontro

muralhas, só há um vazio

e a multidão me incomoda.

Há realidade cruel, se reajo

aos sonhos meu mundo

retorna ao fel.

Se só me resta sonhar,

quando vou acordar

e perceber que estou viva?

Sou feliz em meus sonhos,

crio neles alegria.

De que me vale a realidade

se sou feliz vivendo

de fantasias?

Bento Júnior e Judinary

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1997

1663. O RELÓGIO TIC-TAC

Toda noite, todo dia

dia e noite, noite e dia

meu relógio pendular

fazia tic tac sem parar.

Uma hora, tic tac...

Duas horas, tic tac...

Três horas, tic tac...

Toda hora, todo dia

mais uma vez...

Meu relógio pendular

parecia nunca se cansar.

Seu coração era forte

e sadio, porque sempre

o tratei com amor e carinho.

Mas um dia seu coração

veio quase parar,

seu tic tac eu não hei de escutar?

Parece tudo acabar,

meu melhor amigo parece

querer me deixar.

Ah! se eu pudesse

no tempo voltar!

Com seu tic tac eu iria parar,

para que no futuro não ousasse

me deixar.

Uma amizade vazia, um

sentimento oposto,

assim era o meu relógio pendular.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1990

1664. A ARTE DE AMAR ATRAVÉS DO CORAÇÃO DE POETA

O amor sendo um sentimento

expressa no meu coração

a arte de amar...

Deixe-me pensar palavras

que meu coração expressa:

O sentimento que é “Amor”.

Sei não...

De maneira que não sei ler!

Como vou saber o sentido

da palavra amar?

Sei não professor!

A arte é um divertimento,

e sendo divertimento, ela tem sentimento

que falam ao nosso coração:

Cultura

Criatividade... é a vida caminhando

e nós aqui fazendo poesia

em sala de aula

esperando a hora acabar,

e quem sabe na ida

ela possa está pronta

na nossa cabeça, no nosso coração

de seres humanos.

1665. DIA DO ESTUDANTE EM CANTATA

Eu canto porque sei amar.

Eu danço porque sei doar

o amor que trago dentro de mim.

Eu vou partir porque o meu ser quer comer, pular, andar e sorrir. Mas, também quero brincar, mesmo que eu não tenha que falar.

Eu preciso é viver para paquerar e namorar;

quem sabe viajar, sem ter medo de chorar.

Eu quero transar a vida

numa boa, seja no tempo de

qualquer maneira , ou mesmo com uma pessoa.

Só assim vou vencer para pintar o mundo

e poder permanecer na vida.

Vou seguir as trilhas da minha missão , e em cada caminho vou agir e depois de bem velho

morrer sem ter que matar o próximo amigo que comigo aprendeu o sentido da palavra amar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de agosto de 1992

1666. ANJO NOTURNO

Não diz de onde veio

nem para onde vai

criatura misteriosa

em meio à noite.

Embora pareça um anjo

esconde a face.

Se tens magia

ou pecado não se sabe.

Tens um rosto encantador

que vaga pela noite vadia.

Mas criatura sombria

se és da noite ou do dia

por que preciso saber?

Se és anjo ou maldade

não preciso da verdade...

Já sou tua sem querer!!!

Bento Júnior e Judinary

João Pessoa-PB, 02 de setembro de 1998

1667. CALA BOCA, JOAQUIM

Cala a boca, Joaquim

Não olha de lado, não

Cala a boca, Joaquim

Deus abençoe o teu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 1998

1668. BELA MORENA, FORMOSA MULHER

ela e formosa, és linda

em tudo, em todos... na vida.

amiga, filha, irmã, como na

tarde de uma manhã , nas

ruas de nossas noites

imagens de sonhos do deus

zeus, no brinde da taça da vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de novembro de 1987

1669. SOLIDÃO MATADEIRA

Tenho ciúmes do mundo em que habito

Só porque sou solitário dentro dele

Ele tão cheio de vida pela frente

E eu sem sossego vivendo nele

Comendo a comida de pouca gente

Caçando no mato onde só tem cabrito

É por isso que a minha solidão

É pescaria em rio perene

Mata solidão as partes de todo mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 1980

1670. ELE VEIO

Ele de fato veio, veio trazendo a esperança

Um trocado no bolso, um assalto e rua

É assim meu pobre lamento, comer a carne crua

Lamber os pratos dos restos de todas as crianças.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1982

1671. BIRIBA DO COCO

Tenho coco na ponta do pé

Canto e danço como ninguém

Neste coco morena, sou mais feliz

Seu Biriba é quem diz...

Neste coco, Biriba vai bem

Cada passo no chão a morena vem

É coco rodado na praia

Levanta da morena a saia

E Biriba vai se dando bem...

Quebra o coco, rala o coco

O branco do coco tem poeira

Chama Biriba e quem tá dançando

Pra comer esse coco também...

Cadê o coco? Onde tá o coco?

Escondêro o coco, procura o coco...

Dança morena, esse coco

Biriba é o dono do coco!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1990

1672. COCO VERDE

Coco verde, coco verde

Quantas águas você tem?

Me fala esse segredo

Que não conto pra ninguém...

Coco verde, o teu verde

É verde sede, sede vem me consumir

Coco verde se eu fosse tu

Matava a sede do homem do mar

Corria pelas calçadas

Deixava o tempo passar...

Coco verde, coco verde

Quantas águas hei de beber?

Não me conte este segredo

Que morro sem te ver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de fevereiro de 1990

1673. VITÓRIA

Dedicado para Vitória Carvalho ( Minha Mãe)

Não preciso de certa forma gritar

ao famigerado mundo alguma glória

porque em casa sempre irei ganhar

pois tenho comigo essa Vitória

que brotou-me ao mundo

e me fez o que hoje sou

para muitos: vagabundo

para ela: poeta, ator...

Erguendo os braços, agradeço-te

Poderei ter sempre Vitória

De lado, alado, na memória

Aos poucos digo: conheço-te

Entretanto repito com rouca voz:

És a Vitória de todos nós!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1985

1674. AOS MEUS AVÓS PATERNOS

Dedicado para Ascendo Paulino e José Camilo

Vô, tua filha em laços sanguíneos me gerou

Vô, teu filho junto a este laço me criou

Vô, amo em linhas contínuas tua filha

Vô, amo as águas que banham esta ilha

E quero percorrer os mares de gerações

Para adormecer o silêncio de ambos os corações

São os avós que tenho e os guardo comigo

Amo os dois no parentesco de sermos amigos

Que adora ouvir histórias de avô

Que adora ouvir uma palavra de amor

No coração desse amado neto

Que aprendeu a cada dia

Ao som de uma bela poesia

Tenho pelo meus avós um grande afeto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 1979

1675. PÉTALAS SANGRENTAS

quando desabrochar em mim

todas essas pétalas sangrentas

irei cantar meu canto ruim

e provocar o silêncio dessas águas lentas

contemplarei todas as flores

camufladas no peito de um canto

que medita do universo deuses louvores

e transfigura um ser em santo

assim seguirei esse dia a dia

contraditório sentimento obscuro

na expectativa de algum dia ter alegria

que hoje expandiu da minha cabeça

isso tudo religiosamente eu juro

farsa nunca para que não pereças.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1986

1676. FLORES DOS MAL-AMADOS

Sobre os nossos caminhos

Encontram-se lindas flores

Que vivem de frágeis amores

Calam-se todos os pergaminhos...

Existem certos perfumes

Guardados em flores vivas

Silenciosas em flores ativas

Desabrocham-se vários ciúmes.

Compromisso puro no campo

Puras observações da mente

Na concretização permanente.

Compromisso puro no campo

Numa tarefa de flores perfumadas

Onde o mundo é de apenas uma flor mal-amada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1980

1677. ESPERANÇA NO COMPASSO

Espero um dia poder bater no peito e sentir

Toda vontade contida no compasso do teu coração.

Fico, portanto de olhos abertos, na expectativa

De um dia voltar a falar do que não se tem razão.

Não adianta chegar com palavras bonitas

Abordando que o dono do poder não tem razão,

Sinceramente esse senhor está plenamente correto

Quando fala que o operário é dono da situação.

Espero um dia poder ver no rosto de todo povo

A sensibilidade de cantar uma triste melodia

Mesmo que a esperança seja uma poesia

Nunca ouvirás, nem mesmo do povo

O que é certo e o que é euforia

Tudo é só um acaso de melancolia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de outubro de 1982

1678. AQUELE QUE VOTA...

Quando esperar fosse algo

Em nossas vidas cruéis,

Liberdade às algemas

Deliciar os meus planos infiéis

Contratempos que existiram

Em cada um dos seres humanos,

Portanto, busquei todos os meios

Elaborar meus simples planos

Que era mudar um sistema

No entanto, conformei-me apenas

Sendo ouvinte assíduo dessa eleição

O eleito um tanto antipático

Deixou-me estranhamente apático

Na tentativa de prestigiar o sofrer do coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 1983

1679. ANIVERSÁRIO DA BATALHA

Em vida posso batalhar

Por algo codificado na cabeça

Poderei melhores meios encontrar

Não dando bolas para o que acoanteça.

Em morte ninguém nunca contou

Nada depois da vida,

Resta, portanto aos vivos o amor

E sempre pensar na partida,

Condutora nossa a outro universo

Filho único da realidade

Brotada de um Peixes discreto.

Hoje vivo, faço primaveras

E tento sempre ter liberdade

Nos aços profanos de uma quimera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981

1680. AOS MEUS ANOS

Aos meus 45 anos de vida

Tenho quarenta e cinco anos de vida

Pela vida que me condiciona,

Sou a semente plantada na ida

Estou na vida que me apaixona

Meus quarenta e cinco são de viveres

Que aprenderam comigo os vícios,

Dizem que o amor tem seus saberes

E o ódio é um fogo de artifício.

O lugar onde moram os anos

Passam os anos e é sã,

Porque por lá passaram todos os fulanos

Faladores de vida dos humanos

E desconhecedores de toda manhã

Onde os meus quarenta e cinco são sós de planos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2006

1681. OITO DE MARÇO

Dedicado para Carolina e Norma Sueli (Minha Filha e Minha Esposa)

Dia Internacional da Mulher

Um dia como outro qualquer?

Não. Um dia que nos faz refletir

Será que a mulher é sinônimo de parir?

Parir e muito mais, podem acreditar,

Dentro de suas comportas, faz-se a vida,

Esta que nos dar força e guarida

E o sentido da palavra amar.

É por demais justo este dia,

Uma homenagem bastante proveitosa,

Falar de mulher é algo que virou mania.

O que importa é abrir nossos corações

E ter a certeza que a mulher, não é só gostosa,

Tem a capacidade de saber das nossas sensações.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 1998

1682. AOS POVOS DAS AMÉRICAS

Eu, filho das Américas,

Invadidas e quase que colonizadas.

Batizo-me nas águas de um Brasil,

Sobre um sol escaldante...

...Que me alivia o peito

e sacia o ódio que tenho,

Talvez um sentimento impuro,

Mas, o amor foi-me errante...

Cante América, cante, que ao cantar

Nem cão triste entenderá

Que o povo de lá é pedante...

Entende o poder com as armas

E desarma um outro poder,

Com a força de um elefante!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1986

1683. UMA DEZENA

à Norma Sueli (Minha Esposa)

Dez anos se passaram

E eles partiram, ficaram

Entre afagos e desafagos

Colheram os doces e os amargos.

A vida cantou o hino

Ela foi uma menina, ele um menino

Que viveram cada passagem

Em dez anos como uma imagem...

... Que raspa a memória

E conta o tempo na história

De uma Ariana e um Pisciano.

Nasceram três herdeiras

As nossas filhas primeiras

E assim vamos vivendo ano a ano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 2004

1684. A SOMBRA DO MEU EU

Relembrando Augusto do Anjos

Augusto, sonhando certa vez, perdido

Entre multidões do crepúsculo dia

Pediu, implorou e foi permitido

Como cidadão, aí exerceu a sua poesia

A poesia de Augusto, lúcida e coerente

Entra na crítica por todas as narinas.

O leitor, lendo as obras, tão contente

Esbarra no cheiro suave das campinas.

As sombras do tamarindo são flores

Que caem sobre o rosto humano,

Porque todo meu Eu sofre as dores

Que Augusto em vários momentos, falou.

Li, reli letra, só desengano,

Nada de sombras, só saudade restou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 1985

1685. PARA ENTRAR NA HISTÓRA

Tens uma pele morena, lábios

Carnudos, boca sedenta,

Onde todos os lábios

Beberam dessa água benta.

Tens dois olhos, incólumes,

Que se perdem na madrugada,

Pois, são brilhos dos vaga-lumes

Assoletrando teu nome de amada.

Tens um escondido no mundo

Que assume todo esse soneto,

És a solista desse concerto,

Acontecido no soar de cada segundo,

Para enfim, dormir sonhando,

Um sonho de quando em quando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de março de 1986

1686. CATARINENSE DA PARAÍBA

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho ( Minha Filha)

Catarina sorriu e cantou

Pediu e foi atendida

Sorriu e desabou

Catarina foi socorrida

Caiu, levantou-se

Sorriu e caiu de novo

Gargalhou, encantou-se

Com os olhares do povo

O povo olha Catarina

E sente ternura

Ela faz loucura

Catarina ama, também ensina

Vive a zombar de cada queda

Ainda diz: que merda!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de fevereiro de 2004

1687. A GALEGA DOS MEUS AMORES

Dedicado para Camila Dias de Carvalho ( Minha Filha)

Galega, neste sonho que se aproxima

E no engarrafamento que se distancia

Há uma união em nós, nada se contamina

É vida como um doce de uma melancia

Que sacia a sede de muita gente

E encanta a boca desta galega sorriso

Ela permite a passagem na frente

E canta os sonhos que preciso

É galega, filha segunda

Que nos explica o sonho

Não sossega sua bunda

Senta em qualquer lugar

Quando não quer, fico tristonho

Ela é um amor que jeito com a gente morar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2000

1688. MÃE AVÓ

Dedicado para Vitória Carvalho ( Minha Mãe)

Vó, tua filha em laços de vida me gerou

Vó, teu filho cedeu aos encantos de um amor

Vó, amo teu filho

Vó, tua filha é claridade, é brilho

Que permite ser feliz

Que me deixa mais aprendiz

Que ensino o sonho no mundo

Mesmo me chamando de vagabundo.

Amo essas vovós sorridentes

Meigas e super inteligentes

Aos avós que Deus me deu.

Canto em honra ao sorriso

Dado por estas duas, como Narciso

No refletir do espelho suas rugas que Deus lhe deu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de dezembro de 1979

1689. PASTO ENTRE ESPUMAS E ONDAS

Assim se foi Seu Biu, homem valente e temido

Com seus poucos mais de oitenta na testa,

A meninada ao redor fez uma festa

E cantou um canto tão esquecido

Que até Seu Biu havia não mais lembrado

Mas gostou do eco de vozes infantis

Levadas aos ouvidos de uma meretriz

Que se dizia amante do cabra safado.

Onde já se viu, Seu Biu, era esse o falar

Sua mulher, seus filhos e netos a soluçar

Quando de repente uma amante

Chega e chora na frente do povo

Era um rebuliço, mexeram tanto no ovo

Que esqueceram de levar ao chão o velho errante.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 1981

1690. A FILHA E A LUA

DEUS criou o mundo tão imenso

que uma pedra ao cair fica tão imensa

assim como a lua que nos compensa

ao olhar-me com cheiro de incenso

comprado numa noite de lua cheia

no comércio de um vendedor ambulante

fui com a filha que até hoje ainda aperreia

por um presente tipo alto-falante

para ela ouvir as cantigas da lua

depois de um banho bem tomado

no balanço da rede de sono

que chega e a encontra nua

como uma cereja de gole tragado

no riso estampado de um rei momo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 2006

1691. O RISO E A SAÍDA

O riso daquela moça era para mim

Tanto foi que meus olhos sonharam

Um sonho que deu em cheiro carmim

Então o poeta e a moça sambaram

Sambaram um samba de Pixinguinha

Na casa meia nove lá da esquina

Assim mesmo a moça com sua safada carinha

Não deu um riso se quer a menina

A moça e o poeta se amaram

Um ao outro se entregaram

O prazer causou pânico no lugar

O ato fora tão lindo e consumado

A moça então deu um riso esforçado

E saiu para nunca mais voltar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1982

1692. AS BRIGAS

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina ( Minhas Filhas)

Elas brigam e de cada briga uma tristeza

Invade um ser em pânico e constrangido,

É uma briga por tudo e por nada merecido

Nas conversas em grupo é briga com certeza,

Uma briga que briga com aflições

Que discorda do ato criar, são briguentas,

São ferozes na plenitude, precisavam serem bentas

Para assim porém, aliviar de vez em quando dois corações,

Dois corações que usam a fala como discórdia,

Uma discórdia que contamina cada olhada,

Cada gesto é motivo de uma brigada,

Uma briga, as outras pedem misericórdia,

As duas brigas, a outra acalma a mais levada,

Enfim, de tanta briga, castiga-se até por nada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de maio de 2007

1693. COSTUME DE MENINO (Se Deixar Eu Como)

Costume tinha eu

Muito feio por sinal

Comia resto de comida

Ir no banheiro era o natural.

Um dia comendo o resto

Meu pai me surrou

O jantar já tinha terminado

Eis que surge danado

Meu pai com mais comida que guardou.

Levei uma grande surra

Dessas que fica na mente

Cada vez que engolia a sopa

Era certa um tapa na boca

E mesmo sofrendo me fazia de contente.

Lembro-me como se fosse hoje

Aquele dia que foi terrível

Não mais comi o resto

E se contar isso não presto

Meu pai como ficou horrível.

Um monte de gente tinha

Ido lá em casa conversar e jantar

Eu na mesa encostado, dizia:

- Se deixar eu como, eu agüentaria

Meu pai tossiu e me fez entrar.

Sabia eu que o negócio ia pegar fogo

Pela cara do meu pai naquele momento

Uns convidados foram contra

Mas por via das contas

Comi feito um jumento.

Não sei aonde ficou

Guardada tanta comida

Sopa, inhame, carne, arroz, café, pão e leite

Tomei até a peste do azeite

Para toda a degustação descer.

Se algum curioso perguntar:

- E os convidados, amigo poeta?

Respondo urgente nesta hora

Todos tinham foram embora

E de sobra comi o resto de toda festa.

Ah! É como se eu tivesse vendo

A cena bem diante de mim

Hoje meu pai fica sorrindo

Minha mãe vai me permitindo

Sentir o cheiro dos versos assim.

Mas o bom disso tudo

É a poesia que agora faço

Se nada daquilo tivesse

E comida meu pai me desse

Dessa história não havia nenhum pedaço.

Tinha o olho maior

Do que a própria barriga

Queria tudo para engolir

O difícil era tudo sair

Como uma triste cantiga.

Meus senhores, minhas senhoras

Prestem a atenção no que lhes conto

Se tudo que digo é ilusão

Não foi você, meu irmão!

Uma noite e outro dia, tonto...

De tanto comer naquele dia

Minha barriga de noite roncava

Tive pesadelo, fiquei sem sono

Sentei diversas vezes no trono

Uma dor danada que dava.

Depois que a barriga inchou

Meu pai e minha mãe choravam

Achavam que eu ia morrer

Achei foi bom, não sei o porquê

Era sinal que os dois me amavam.

Sabendo do amor dos pais

Chorei, mas foi de tanta dor

Barriga inchada, o que era mesmo que eu tinha?

Dela saíam enormes cortes de galinha

Puxa vida como eu fiz cocô!

Fazia força sem tamanho

E o mundo ao redor girava

Gemia de dor e a Deus pedia

Parasse logo aquela desinteria

Daquela situação eu nada gostava.

Quando o olho de cima não pensa

O lá de baixo padece

Sai fumaça, peido um tanto fedorento

Imaginem se eu não fosse Bento

Apelei até para uma prece.

Fiz prece a São Bento

E nada de uma resposta

Queria ao menos tudo aquilo entender

Mesmo que não servisse, para quê?

Meu pai, vejam, fez uma aposta.

A partir daquele dia em diante

Se com vida daquele instante seu filho saísse

Eu podia tudo na boca meter

Esse era a lei do cumprido dever

São não sabia que meu pai tanto mentisse.

Disse que eu tomaria vergonha na cara

E sério eu seria para a vida

Que sério que nada, meu pai!

Mesmo sabendo que a surra doeu demais

Vivo a dar risada em cima de toda comida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1980

1694. TEMPO

esquecendo o tempo

o tempo se esquece

e quando esquece

o homem cresce

correndo contra tudo

o céu ficou para trás

e o sonho fechou o tempo

que o tempo esqueceu

homem

se queres mudar o tempo

mudes o tempo da idéia

ultrapassada, mudes a visão

do teu ser, pois bem dentro

do tempo resta o silêncio

resultado do tudo

resultado da parte

que formou um todo

guardado nos alfazeres

de lutar por um novo ideal

sendo fagulha do criador

no Cosmo (infinito, finito?)

o homem pensa

estuda, fala e pergunta:

- Quem de nós será capaz de definir material/espiritual

Mente, qual nome?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de maio de 1983

1695. VOCÊ PASSA, EU PASSO

Você passa

Eu passo

No compasso

Dessa taça

Brindo um abraço

Não me faça

Fazer o que não faço

Pegar as mãos na massa

Você longe passa

Só me desgraço!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de maio de 1983

1696. SIMPLESMENTE POR UM FIO

Caminhando

Sobre rios,

O Homem

Barbudo de bengala na mão

Boceja,

Seu bocejo

É simplesmente

A gota fatal

Ao seu término!

Simples e humilde

Ele sorriu

E morreu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 1983

1697. A DIVISÃO DO PÃO

Dividir o pão

Dividir a mão

Enquanto houver pão

Haverá sempre uma mão.

O pão e a mão

Ele e ela se encontram

Dividir é proibido

Para que divisão?

Por que dividir o pão

Se a mão está vazia?

Dividir o pão

Encher a mão

Saborear o pão

Feito do sangue da mão.

Bento Júnior

Alhandra-PB, 12 de março de 2001

1698. JUNTE-SE A NÓS

Todos os homens

Estão sofrendo

Precisam de água

De água na boca

Falta o sol

Que lhes queima

Falta pela noite

A comida pouca.

Junte-se a nós

Gaivotas vadias

Cante um canto

De amor e de luta

Em toda vida

Grandes homens

O riso ficou esquecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003

1699. PERDÃO E PEDIDOS...

Todos se encontram cansados

Perdidos e amordaçados

Cantam hinos dos soldados

Vivem e são amados!

Todos nós precisamos sermos perdoados

Porque os amores não foram encontrados

E as vidas dos homens amaldiçoadas

Por alguns sonhos sonhados.

Todos querem dos homens ser sacrificados

No amor longíncuo dos passados

Vividos na penumbra dos encouraçados

Que choram no mundo dos endiabrados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003

1700. NOVENTA E SEIS

ESTE ANO quero paz no meu coração

PARA DAR de presente para você

SE VOCÊ me aceitar como eu sou

EU GARANTO tudo para você

NESTE ANO eu mudei meu ponto de vista

SOU ARTISTA e gosto de tudo saber

NOVENTA E SEIS este é o ano...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1996

1701. CORAÇÃO PARTIDO

Com um contra-cheque nas mãos

O coração todo se parte

É falta por demais de dinheiro

É falta...

Desconto na fonte

É coração que se parte

Na fala do homem

A mulher abre a boca

Ausência de mim

É fala de presente

O coração se parte

No mundo da arte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 2001

1702. A ARMA DA REVOLUÇÃO PROVOCOU VÁRIAS MORTES

O tiro era tanto

Que provocou a morte do menino

A arma que o matou

Foi sinônimo de guerra

Foi início de Revolução

Fogo cruzado no Timbó.

Para que Revolução

Se a guerra chegou?

Com tanta arma na mão

A morte de longe apitou.

O fogo foi grande

Que o tiro à minha cabeça raspou.

Se existe amor,

Por que fazer

A guerra neste mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de maio de 1989

1703. O PEQUENO MENINO DAVI

Vivia na rua

De rua em rua

Cansado sem nada fazer

A escola me pegou

Estudo com muito amor

Hoje sei do meu dever

Na escola o teatro tem

Faço arte e sou alguém

Tenho família e vivo prazer

A cabeça pensa e muito quer

Caminhar e ter muita fé

Ser feliz e bem bom viver

Meu trabalho é na leitura

Assumo essa literatura

Direitos e deveres temos que ter

Meu recado é pura arte

Façamos a nossa parte

Ame e deixe o povo saber.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de março de 2003

1704. A MOÇA VELHA

A moça velha

Quando canta

Logo cedo

Pela manhã

Abre o coração

Pela noite

Cede sua

Fruta maçã

Canta e leva açoite

A moça velha

Nana!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 2003

1705. BOM DIA, DIA

Bom dia

Bom dia

Bom dia

Diga meu amor

Estou feliz

Estou feliz

Estou feliz

Bom dia, dia

Dia bom

Todo dia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 1988

1706. NÃO CONTE MEUS DEDOS AO VENTO, SE CONTAR...

não conte meus dedos ao vento

ao vento eles serão cortados

ao vento eles não representarão nada

não conte, por favor, não conte

meus dedos servem de arma

para matar a fome de muita gente

não conte meus dedos ao vento

o vento desperdiça meus dedos

não sabe contar, são dedos iguais

que lutam pela desigualdade da vida

dedos caros, dedos baratos

a venda da contagem se iniciou

não conte meus dedos ao vento

eles são frágeis, pequenos demais

para suportarem esta contagem

por favor, não conte meus dedos ao vento

por favor, não conte, meus dedos são fracassos

dos passados vividos e futuros que virão

por favor não conte meus dedos ao vento, se não...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1981

1707. CEM MULHERES

Cem mulheres,

Cem amigas,

Cem vidas,

Assim são elas, amantes e amadas

Todas estas meninas

São realizações no amor

De irmã, os olhos, da cor rosa,

E lindas, lindas, lindas,

Só imagens do agora, com intrigas,

Negras, brancas, amigas,

Todas adoráveis

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1984

1708. QUERO UM PEDAÇO DE CHÃO

Quero um pedaço de chão

Onde mora a Esperança

Quero um pedaço de chão

Onde brinca a Criança

De bola de gude e pião

Onde guarda a Lembrança

Quero um pedaço de chão

Voltar de novo a ser Criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1986

1709. BORBOLETA

Nas asas coloridas

balançando ao vento

voam borboletas

escorregando suas cores

no azul celestial

As asas em cores mil

esbarram nas árvores

e pensam sorrindo

no voar novamente

nas borboletas desse País

Voam borboletas senhoras

donas de cada nariz

voam por todo campo

querem como ninguém

borboletas vadias...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1986

1710. CACHORRO DUQUE

Deus criou o Homem

Deus criou a Mulher

deu aos dois um Amigo

um amigo cachorro...

em Teresina, capital do Piauí

mora o cachorro Duque

faz jus ao seu nome

toma banho de piscina

não late aquele latido triste

dorme sob um arcondicionado

assiste TV e lambe o dono

e nada de tomar conta da casa.

O dono de Duque está furioso

pois ele usa a piscina

quando faz suas necessidades.

É um cachorro meigo e amável

se espreguiça em plena noite de Natal

pense num cachorro saudável

tudo em Duque é normal.

Bento Júnior

Teresina-PI, 28 de dezembro de 2004

1711. A SEGUNDA MENINA

Dedicado para Isabela Alves Dias (Filha de José Humberto e Zélia)

Ela é ISA

Ela é BELA

Sangue nordestino

Teresina sua cidade

Seu destino

Não quer ser prisioneira

E sim, LISBELA

O filme do amor

Que ISABELA vive

Tudo nela é belo

Seu sorriso lúcido

Seus olhos belos

É ISA

É BELA

A menina que é

Flor – BELA

ISA – Bela.

Bento Júnior

Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004

1712. VOU CORRER

Vou correr

Risco de vida

Ser atropelado

Pela palavra

Não importa

Acima desses

Conceitos

Crio meu próprio conceito

E vou procurar

Meu outro lado

Que se dane de você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1982

1713. MARIA

Maria que foi à missa

Queria logo se casar

Com um príncipe encantado

Tivesse muito amor para lhe dar.

Maria logo se casou

Não foi com príncipe encantado

Casou contra a vontade

Do pai major reformado.

Maria ficou contente

Seu pai logo planejou

Deu uma festa a toda família

Seu genro longo o matou.

Maria ficou viúva

Com três filhos para criar

Seu pai morreu de enfarte

E o crime quis desvendar.

Maria pediu à mãe

A bênção para seguir viagem

No meio do caminho

Encontrou uma forte visagem.

Maria ficou com medo

Quando o pai apareceu

No meio daquela estrada

Como podia alguém morrer.

Maria quando viu o pai

De susto caiu no chão

O pai pedia e implorava

Da filha o seu perdão.

Maria quis saber tudo

O pai lhe contou o ocorrido

Foi tanta tristeza nos olhos

Descobriu a morte do marido.

Maria toda tristonha

O perdão deu ao seu pai

Mas sempre refletia

Que pelo amor de Deus isso não se faz.

Maria continuou a jornada

Os filhos homens já feitos

A mãe velha no canto

Viver não teria mais jeito.

Maria voltou ao lugar

A mãe nos olhos, olhou

Disse em últimas palavras

O marido o pai matou.

Maria chorou de desgosto

Mesmo de tudo sabendo

Deu último suspiro sua mãe

Era sinal que estava morrendo.

Maria chorando muito

A mãe logo enterrou

Partiu com os três cabras da peste

E saudade no lugar deixou.

Maria de novo se casou

Com um velho grande e forte

Não durou mais de dois meses

O homem teve instantânea morte.

Maria se lamentava

Sorte a pobre não tinha

Por mais que se esforçasse

O azar sempre vinha.

Maria foi a um pai de santo

Queria o azar resolver

Um dos filhos se casou

E filho não podia ter.

Maria se esperneava

O filho logo dizia

Calma minha mãe

Tem dois para te dar alegria.

Maria se conformou

Com o conselho do filho primeiro

Nada de pai de santo

Foi protestante o ano inteiro.

Maria estava perdida

Diante de toda situação

Se pegava com todo tipo de santo

Contemplava toda religião.

Maria soube da notícia

Um irmão dela apareceu

Como podia ter irmão

Se ela era a única filha que nasceu.

Maria logo cascavou

E descobriu a notícia tal

Era filho de um caso do pai

Um caso extra-conjugal.

Maria não acreditava

Naquela engraçada situação

Quis chorar de tristeza

Mas acabou abraçando o irmão.

Maria logo que de repente

Não sabia como explicar

Uma alegria muito grande

Em seu coração foi ficar.

Maria recebeu a notícia

A nora grávida ficou

O filho de alegria pulava

Os irmãos compartilhavam o amor.

Maria se preparava

Sabia que ia ser avó

Nasceu uma linda neta

Foi uma alegria só.

Maria já estava velha

Virou budista por opção

Dois filhos lhe acompanhava

Naquela dita religião.

Maria e o budismo

Não durou mais de um ano

Voltou a ser católica

Era grande o seu desengano.

Maria foi uma beata

Na igreja que lhe batizou

Teve muitos netos

Todo mundo se formou.

Maria quase nas nuvens

O padre era um filho seu

A missa de todo domingo

Um dia se quer jamais perdeu.

Maria morreu cantando

Numa noite linda de luar

Toda família presente

Maria vive eternamente a cantar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1988

1714. CACHORRO HEITOR

Heitor grande cachorro

grande cachorro Heitor

o povo gosta de tu

porque tu és um amor.

Heitor não vá para a grade

para a grade não vá

Heitor cabra de peia

se vire no quintal e queira brincar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de maio de 2007

1715. CACHORRO DUQUE (O Tempo é Outro)

Lá em Teresina, capital do Piauí

Duque não se encontra

Foi-se embora para nunca mais voltar

O tempo agora é outro

Só saudades de Duque

Uma foto matou a lembrança

Duque em pleno arcondicionado

Duque viajou, foi morar com outros cachorros

Pense num cachorro que era demais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 2006

1716. EU, CIDADÃO DE MIM

Eu sou americano

Da América do Sul

Sou brasileiro

Lá do Rio Grande do Sul.

Eu sou gaúcho

Homem de muita farra

Gosto do campo

Trago comigo muita garra.

Eu sou do Brasil

Amo esse país inteiro

Sou carioca da gema

Nasci no Rio de Janeiro.

Quem quiser saber quem sou

Vá lá nas Minas Gerais

Fale com Chico Xavier

E traga no peito a paz.

Eu sou do Distrito Federal

Foi em Brasília que te vi casar

Sou um grande pernambucano

Em Recife o Mestre Ariano foi morar.

Na Baía de São Salvador

Tenho certeza que vou viver

Porque sou um capixaba

O Espírito Santo é lindo de se ver.

De passagem pelo Rio Grande do Norte

Peguei um vôo até Goiás

Voltei para Natal

Suas prais são belas demais.

No Mato Grosso conheci rios

Que cidade linda é Cuibá

Fui ao Mato Grosso do Sul

Campo Grande nos convida a ficar.

Eu sou de Rondônia

Lugar próspero e sadio

Porto Velho é sua capital

Não é lugar de povo vadio.

Andei por todo Rio Branco

No Acre o Brasil é outro

Cantei no meio da praça

Dancei toda noite feito louco.

Em Roraima tudo em paz

Conheci apenas Bela Vista

Peguei um vôo até Goiânia

Planalto Central é terra de artista.

Eu sou de São Paulo

Terra de cabra forte e valente

O Nordeste é parte da história

Do progresso de toda aquela gente.

Eu sou cidadão nordestino

Nasci na Paraíba do Norte

Volto aos tempos de menino

Sou paraibano e enfrento até a morte.

Viajando por Sergipe

Fui direto ao Piauí

Tomei gole de cajuína

E vi todo o povo sorrir.

Eu sou do Maranhão

Mas nasci em Teresina

Os sobrados de São Luiz

Muita arte me ensina.

De volta à minha Aracaju

Nas prais de lá nadei

Como é conhecido esse lugar

Turistas e mais turistas em contei.

Quando fui para Alagoas

Em Maceió esqueci meu coração

Minha morena ficou em Mato Grosso

O Nordeste é só emoção.

Eu sou do Amazonas

Que bela floresta que ao mundo encanta

Na capital Manaus nasci

Os animais em extinção nos espanta.

Eu sou de Mato Grosso

Tenho irmãos em Mato Grosso do Sul

Esse Brasil é por demais grande

De Leste a Oeste, de Norte a Sul.

Eu sou do Acre

Moro atualmente no Amapá

Sou amazonense

Quero e desejo ficar em Macapá.

Nas terras do Pará eu passei

Em Curitiba deixei só saudades

Quando em Belém eu voltei

Descobri no Paraná minhas verdades.

Passei em Florianópolis

Fiz estadia em Santa Catarina

Quero de novo voltar

Aos abraços e braços de uma menina.

Eu sou do Ceará

Fortaleza sempre me espera

É a cidade do humor

Meu Ceará de tanta fera.

Eu sou do Nordeste de tanta arte

Terra de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e folia

Do teatro, da política e da poesia

Da história, da cultura já faço parte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 2006

1717. É HORA DE TOMAR AS RÉDEAS

Divisor de águas

A escola precisa

Unir numa só direção

Tomar a frente

Ir avante

Resolver um nó

Construir um

Só CENATED.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de abril de 2003

1718. SINA DE PROFESSOR

Nascestes para trocar experiência

E tantas foram estas, que

Fostes surpreendido por um

Quadro verde, que o chamam

De negro... Assim trocando

O adjetivo, o Professor

Vai aprendendo mais, muito

Mais que ensina, pois

Hoje diante desta tecnologia,

O Professor, o que ganha,

Barganha no mercado da

Esquina, e se um aluno

Nas aulas adormecer,

Receba o afeto de Drumond

E deixe o aluno dormir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 2003

1719. UM VAZIO

Dentro de mim rasga o peito

Uma vontade se não ser

Este ser que escreve sua vida

E capta um vazio no viver

Um vazio entra em mim

E canta mil noites de amor

Sofre comigo os prantos

E se perde em vão na dor

Uma dor sem tese

E sem perdão que dói

Soluça cada pedaço

E um vazio feito um rato que rói

Um vazio vai ficando

Um sangue vai jogando

O vacilo é tanto

As vestes da saudade de quem está amando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de abril de 2003

1720. CHUVAS DE TERESINA

Chuvas que caem nas casas

Telhas brotando lágrimas

Os olhos do povo são

Uns cantos de águas sãs

De tudo que sobra do céu

Há nuvens sangrando na terra

Trovões cantando nas pedras

Rios beirando na terra

É chuva que molha Teresina

Pingos nos tetos

Tetos banhados de frio

Todos na expectativa

Chove, é noite, é longa

A distância do Nordeste

Dezembro, inverno que se inicia

Teresina em festa, noite de festa

A chuva cai e é chuva tanta

Que espanta qualquer litorâneo.

Bento Júnior

Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004

1721. MESTRE

Somos um pedaço do mestre que a

política nos deixa como herança,

Em cada caminho no tempo resta ainda

uma gota de esperança.

Gota esta que nos levará ao entendimento

do ontem, do hoje e da própria

Política, cobiçada por todos e assumida

por poucos; e resta poucas covas

Meter todos os políticos. O artista que trabalha

por estradas e planta em cada

Semente a sua canção, recebe

um afetuoso aperto de saudade e canta

Sorridente a dor de toda Nação.

Uma saudação ao Mestre da Política.

Bento Júnior

Teresina-PI, 27 de dezembro de 1996

1722. COMIDA DE DOMINGO

Uma pizza e um refrigerante

Sabores os mais diversos

É alimentação sem futuro

Comida que engorda

É melhor escrever meus versos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de maio de 2007

1723. A ABELHA RAINHA

A abelha voa

Voando não

Se sabe

Onde se vai.

Caiu a abelha

Foi ao chão

Voou seu último

Vôo.

Bento Júnior

Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004

1724. CASTELOS DE SONHOS

Castelos de sonhos

Foram erguidos

À beira mar.

Um amor

Quando muito se sonha

É castelo de areia

Feito para a onda pegar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de maio de 1982

1725. A CHAVE

a chave entre

tantas chaves

não abre, fechou-se

de todas as chaves

a porta com a chave

jamais encontrou-se.

Bento Júnior

Teresina-PI, 27 de dezembro de 2004

1726. A DOR QUE SE SENTE

a dor

que tu sentes

não cabe

no mastigar

dos meus dentes

é que a dor

que tanto incomoda

não faz por menos

afronta meus entes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de março de 2001

1727. SEU MOÇO

Seu moço

Eu estou com fome

Sente-se seu moço

Puxe a cadeira

Espere um pouco

Que eu vou buscar

A minha mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de abril de 1984

1728. UM SIGNIFICANTE PÁSSARO

Quando o pássaro

no seu significante vôo

busca a paz

não mais será

apenas um pássaro,

e sim, outros vôos

foram dados no momento

pelo pássaro.

O pássaro canta, e no seu canto,

um canto de pesar, sofre o bando,

que se vendo dono do mundo,

voam, e voando pensam e sonham

que são os donos do mundo...

... caem todos os pássaros!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de abril de 1984

1729. AS PEGADAS

Nas pegadas traçadas

Do meu ambíguo pensamento

Fugi por nada entender

E no auge do meu

Entendimento

Fiquei e com todos

Pereci...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de abril de 1984

1730. OS DEZ VÁLIDOS OU DESVALIDOS

Como é rica esta língua portuguesa,

Minha terra descoberta por Cabral

Habitada por ancestrais, dado a todos

O nome de índios...

Ou são válidos

Ou são desvalidos...

Assim segue a história do mundo

No mundo dos válidos

No mundo dos desvalidos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de abril de 1982

1731. ESTA CASA

Esta casa é pequena

Demais para nós dois,

Tenho que sair agora

O resto você cuida depois.

Temos que dá um jeito

Desse jeito não tem espaço,

O espaço é pequeno demais

Se eu ficar será um fracasso.

Quem de nós dois errou mais?

A resposta é claro que nós dois sabemos,

Essa casa que ainda moro

Só nós dois é que perdemos.

Esta casa é pequena

Nos sonhos que juntos passamos,

De cada beijo mal dado

Juntos nós dois é que erramos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de março de 2001

1732. AS NOSSAS MÃOS

Quem prometeu votar em nós

Se vendeu e se deu bem

Deixou as nossas mãos

Calejadas e sem ninguém.

Fica para a próxima

É uma história de vida

Existem vitoriosos e derrotados

Em cada uma das mãos uma ferida.

Quando anunciado o resultado

O povo a casa assumiu

Gritou e deu risada

O mundo inteiro partiu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2004

1733. A BEXIGA CHEIA

A bexiga cheia

Cheia de coisas

De coisas que sei

O quanto doeu

Doeu até demais

Demais passando das contas

E no final das contas

Chorei de amargura

De amargura chorei

Com a bexiga cheia

Cheia de líquido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de julho de 2003

1734. O TEMPO É LONGO

o tempo é longo

a espera é longa

a conversa é longa

a demora é longa

o tempo não passa

a hora não passa

a vida não passa

o mundo não passa

o tempo está triste

meu olhar está triste

minha espera está triste

meu desejo está triste.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de julho de 2003

1735. AS MUITAS RAZÕES VIVIDAS

As muitas razões vividas

No ápice do meu sofrimento

Sufocaram as emoções não vividas

Do meu melancólico entendimento.

As muitas razões vividas

Na pele de quem nunca viveu

Entristeceram as verdades perdidas

No semblante moribundo de um ateu.

As muitas razões vividas

No caos da memória pouca

Enlutaram as lágrimas contidas

De um ser que já não tem boca.

As muitas razões vividas

Na gentileza de nunca ter sido

Moldaram o pensamento em vida

E apenas vive, quando já devia ter morrido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988

1736. POETA E VAGABUNDO

De poeta e vagabundo

E coisa parecida,

Vive o homem

Dos poucos românticos,

Cansado da labuta

Do dia a dia.

De poeta e vagabundo

Já que todos

Têm um pouco,

Caminha um solitário

Entrevado de dúvidas

Endividado no mundo.

De poeta e vagabundo

Perdido na lembrança,

Quisera ser forte.

Quando deixou

De ser vagabundo,

Parou na poesia,

Assim... encontrou-se

Com a morte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de agosto de 1988a

1737. JARDIM

No jardim de amplas folhas

A água sorrindo agradeceu,

Banhou todas as folhas

O dia amanheceu...

O verde deste jardim

Avivou os olhos da gente,

De tanto passar por aqui

Cheiro o amor e fico contente.

No jardim claro de flores

O dia permaneceu,

Crianças brincam de roda

E o dono não apareceu.

O verde é cor perfeita

No colorido deste jardim,

De quem é este pomar,

Talvez de Saul ou Raolim?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2003

1738. TANTA INCERTEZA

acordado

banho tomado

café colocado

é tempo marcado

parado

ônibus demorado

encontrado

o perfeito esculhambado

o passo é dado

o trajeto a ser caminhado

um homem suado

pensa no diabo

logo ele é encontrado

não foi o prefeito achado

um tal de menino falado

e uma menina já tendo assaltado

comeu o pão que estava amassado

num local bem guardado

onde o mal-assombrado

faz o seu bom bocado

e o homem mal-informado

vive na incerteza de tanto pecado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2003

1739. TODOS IRMÃOS E IRMÃ

Dedicado para todos os meus irmãos e irmãs

Todos têm filhos e filhas

Homens e mulheres

Os irmãos

A irmã

Pais e mães

De filhos

De filhas

Sãs e salvos

Todos felizes

Com histórias diversas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de julho de 2003

1740. O ABALO

Quando entrelaçados estrondos abalar

O mundo abalado

O monstro de asas partidas, partirá

Para nunca mais voltar e só assim

O mundo não mais sofrerá os abalos das bombas

E as bombas serão fantasias usadas carnavalescamente

Nos artifícios do mundo e o ofício do povo é vivenciar

A chegada do monstro que abalará o mundo e tudo

Voltará a ser como antes fora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de março de 2001

1741. MELANCOLIA TARDIA

Já é tarde

Faz frio

A chuva choveu

A terra litorânea

Entre uma escrita

E um pensamento

Os pingos de água

Enxáguam minha tristeza

É tristeza tão triste

Que os olhos de tanto esperar

Elaboram sentimentos

Mas já é tarde

Faz sol

A chuva se foi

De tanto ser triste.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de março de 2004

1742. CORAÇÃO EXPLOSIVO

Meu coração quer explodir

De cantar quer construir

Um mundo em cima do muro

Tão alto para espantar o escuro.

Meu coração silenciou

E a explosão passou

Foram-se os anos vividos

Nos muros dos aborrecidos.

Meu coração é tão intenso

No escuro quando eu penso

É explosivo e pede bis

Como a ser o sexo de uma meretriz.

Meu coração quer explodir

Em todo esse compartimento

É viciado em momento

Os contratempos estão por vir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 2001

1743. LENTIDÃO DE OUTRORA

Estás lento meu velho

Neste velho traje

Onde outrora eras outro

Hoje não passas

De um velho caduco e louco

Que convive no meio dos lobos

E como irracional

Mora nesta floresta

E faz da noite

Sua única e inseparável companheira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 2001

1744. AS MÃOS E SUAS PARTES

Fazendo parte

E como parte

É fragmento,

As mãos movem-se

O fazer

Quando o comando

Vem de cima

Elas executam

Às vezes se completam

Às vezes se fragmentam

As mãos

Se pegam a tudo

E quando caem no incerto

É tiro certo

Que bom que as mãos

Diante de todo fragmento

Tocou a mais linda melodia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1983

1745. ESTRAGO DE RIO

Estrago

do rio que passa

na ribanceira,

os esgotos

a céu aberto

mostra a realidade

brasileira

estrago

do homem que passa

e não percebe o rio,

as águas

poucas em vida

é um traço do estrago

desse Brasil...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989

1746. BANHO DE MENINO

Banho de menino

Moleque vadio

Tem que ser

Banho de rio

Ah! Que saudades

Dos banhos tomados

No rio de águas claras

Onde hoje habita

Coliformes fecais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989

1747. DETERMINADO ESTOU EU

Determinantemente vou

Buscar o meu e único amor

Determinado a ser exigente

Mostrar todos os dentes

Ser um falsário dos repentes

Intransigentemente.

Determinado foi embora

O homem pai dos filhos

Que sobraram mais tarde

Determinadamente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de julho de 2001

1748. PEQUENO AMOR

Tão pequenino ele saiu

Sem nada em suas mãos

Rumo ao mundo lá de fora

Lutar pela vida

Correr contra o tempo

Emprestar sem medo

E meter o pau a fazer poema.

Era um pequeno amor

Que a muito tempo se foi

Deixou entre linhas o nome

De tão pequeno, ainda se procura o amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1983

1749. ALFABETO FORROZADO

A confusão foi tão grande

Bateram no coronel

Calou-se a multidão

Deixaram cair lá do céu

Em pequenos pedaços

Faca, foice e facão.

Quem gostou foi a criançada

Hospitalizada e sensível

Irmãos de nossa devoção

Jesus está bem por perto

Libertando o homem do forró

Mostrando a solução.

Nessa história contada

Ouviram o gado gemer

Pularam feito um cancão

Quanto mais se trabalha

Rouba-se porque até

Sebo de espingarda caiu no chão.

Todo esse empenho

Unido ao meu lado cruel

Viajando pelo sertão

Xaxado, xote e sanfona

Zabelê era chefe

Zumbi o rei do salão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de março de 1988

1750. TODOS SABEM

Amigo de farra

De futebol e garra

Ninguém me agarra

Se aquele marra

Comigo não querer ficar

Sou capaz de tudo

Digo e não me iludo

Falo e não sou surdo

Ouço porque não sou mudo

Morro se comigo ela não ficar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1989

1751. QUANTO CUSTA FICAR SÓ?

Estou só

Sem ninguém comigo

Quero ficar só

E espero saber quanto custa?

Estou querendo ficar

Ficar aqui sozinho

Quero e posso

Não quero mais o teu carinho.

Ficar só é o que me interessa

Só isso e nada mais

E não me façam pedir

Só peço isso e nada mais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988

1752. MEUS QUARENTA ANOS

As pernas caminham

As mãos gesticulam

A boca implora

Os olhos entendem...

Caminham por caminhos

Que gesticulam mãos

Imploram as bocas

Que os olhos jamais entenderam...

São décadas de escritas

Traçadas no tempo

É que as pernas estafadas

Não soam como as mãos...

Quatro décadas se vão

Como o pulsar deste coração

É que a boca já diz

O que os olhos ainda entendem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2001

1753. TEIMOSO

Dedicado para Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)

Teimoso

É teimosia por tudo

Por tudo teimoso

Sou moleque dengoso

Quando falo

Sou duvidoso.

Teimosia

De menino assanhado

Soltador de pipas

Rédea de cavalo disparado

Lixa a ripa

E de teimoso é chamado.

Meu Pai

O filho teimoso

Chama de teimosia

Este jeito acochado

De tudo o bico meter

Porque ele é amor e é amado

Sempre na teimosia de ser.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de março de 1989

1754. TEU AMOR

Teu amor

Cai no poço de felicidades

E as águas do fundo do poço

Voam em toda a eternidade

Cada balde que tiro do poço

E é H2o de pura bondade

O teu amor é líquido

Límpido e cristalino

É amor de festejo natalino

Dos meninos que sentem saudade.

Teu amor

Cai do poço de honestidade

E as águas frias do poço

Banham o corpo da crueldade

E quando o amor sair

Meu dever é cantar e sorrir

Para o nosso amor ser mais verdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1977

1755. TREZE ANOS

Dedicado para o Grupo de Teatro Circo Sem Pano

Treze anos

Circo Sem Pano

Noventa e Um

Sua Fundação.

Por ele já passaram

Atores e Atrizes

Colaboradores

Treze Anos.

Dia Doze de Dezembro

Data que lembra

Circo Sem Pano

É história de teatro.

O Grupo caminha

Montagens populares

Circo Sem Pano

É hora de reflexão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2004

1756. PANTERA

Pantera

Teu nome é Vera

Fizestes o que querias

Todas as minhas vias

Perderam-se nessa espera.

Pantera

Por que não fostes sincera?

Quebrastes meu sonho

Meu amor medonho

Ai, quem me dera!

Pantera

Ter teu riso de fera

Cantar no teu colo

Ser sua tira-colo

Por que não me toleras?

Pantera

Teu nome é Vera

Pedaço de poesia atrevida

Esperando tua partida

Ficastes aqui de mera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 1977

1757. AS LOUCURAS DE SEU ESPEDITO

Seu Espedito, valente cabra da peste

Lutador de gado, boiadeiro por opção

Um dia quase amanhecendo foi ao curral

Pegou de garra da vaca malhada

E para a sua surpresa, ficou daí em diante

Doido de jogar pedra na lua.

Seu Espedito, valente do sertão nordestino

Tinha apenas trinta anos de idade

Já tinha sido de tudo: vaqueiro, porteiro, cortador de cana

E moleque de recado. Ficou louco...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1989

1758. MULHER SORRIDENTE

A mulher quer perdão

Será em breve perdoada

Quando acontece o perdão

Ela é imediatamente amada.

A mulher olha para o céu

Pede a Deus muito amor

Pede a Deus muita paz

Tem o riso, mas cresce com a dor.

A mulher é uma rosa

Que brilha a cada instante

Por onde a mulher passa

Seu perfume é contagiante.

A mulher é uma jóia

Preciosa e quer muito viver

Sorri sempre ao mundo

Seu encanto é meu bem querer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de outubro de 1980

1759. ALGUÉM

Seja teu nome VIDA

Doce poema de amor

Porque serás sempre

A mais linda e amada flor.

Tu és a flor bela

Bela entre todas as flores

Sempre serás aos meus olhos

A canção de todos os amores.

No jardim de puro lazer

És a rosa azul cor do céu

Sempre serás o engenho

Que faz esse gostoso mel.

Seja teu nome alguém

Que eu simples conheci

Um rastro de luz que brilha

No mais singelo amor que nunca esqueci.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 1975

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1983

1760. O FREVO

Dedicado para José Camilo (Meu Avô Materno – In Memorian)

O frevo em Jaguaribe

Na rua os foliões

Na Maternidade

O choro de criança

Era Carnaval

Nascia o filho primeiro

O filho de Vitória...

O frevo na Torre

Na rua os foliões

No ataúde

O silêncio de velho

Era carnaval

Morria o pai de Vitória...

Enquanto Bento vinha

Ao mundo

Pensava o poeta

No momento

Chorava o poeta

O avô calado no frevo

Seguia seu juízo final...

Uma nascia e era frevo

Um morria e era frevo

No trotar dos carros

O velho esperava a terra.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 2004

1761. DOIS É...

Dois falta

Duzentos

Noventa

E nove

Dois é o ano

O dia que eu vivi

Dois é o número

Que falta agora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 1990

1762. MEU AVÔ

Dedicado para Ascendino Paulino de Carvalho (Meu Avó Paterno – In Memorian)

Tudo era tão bonito

Até que surge um aviso

Soube da notícia que há pouco

Havia morrido o meu avô tão querido.

Tamanha foi a dor

Que explodiu dentro de mim

Caiu do rosto uma lágrima

No choro que era ruim...

Fiquei triste como cantiga de viola

Os desafios, os repentes, tudo tristeza

A saudade do avô mora em mim

E hoje o riso é uma incerteza.

A morte vem e nos causa dor

Levando depressa o meu avô

Choro tudo que alguém já chorou

E hoje ainda choro no riso e na dor!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1981

1763. ELE VIVEU...

a José Camilo da Silva (Meu Avô Materno – In Memorian)

E agora, José?

Viveu entre

Pedras e barros

Campos e flores

Teve os seus amores

E criou e educou

Filhos e filhas

Viveu suas passadas dores...

E agora, José?

Seu tempo chegou

E a vida enviou

Uma legião de anjos

E sua trombeta tocou!

José se foi

E como todo mortal

À terra voltou

Não teve nem choro e nem vela

Lágrimas de contentamento

Porque era desejado o momento

Aí José se foi...

Ele vive

Entre o verde da grama

O barro vermelho

O ataúde desceu

José aos céus subiu

E como todo mortal

José jamais morreu!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2004

1764. PINGO DE CHUVA EM TELHA MOLHADA

Os pingos da chuva

Foram à casa da comadre telha

Pingaram a noite toda

Que a telha quando já ia secando

Novos pingos de chuva.

A telha toda desapontada

Ouviu atentamente

Os pingos foram e só voltaram

Um ano depois...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1985

1765. A DAMA E O CAVALHEIRO

A dama da primeira estação

De posse de seu cavalheiro

Cruzaram o Atlântico a bordo

De um navio estrangeiro

A dama de tanto ciúme do cavalheiro

Se jogar nas águas azuis

O cavalheiro sem nada entender

Também se jogou

Resgatou com vida a sua dama

E hoje a dama e o cavalheiro

Vivem felizes beirando os seus

Mais de oitenta janeiros.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 1980

1766. SEM CRIAR, SEM VIVER

O homem tem que viver

O homem tem que criar

Se o homem não vive

O homem morre de tanto esperar

O homem tem que criar

O homem tem que viver

Se o homem não cria

O homem morre de tanto saber.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1979

1767. POR HOJE BASTA

Já criei poemas na vida, na vida criei poemas

Já criei na vida poemas, poemas eu sei que criei

Já criei na vida eu criei, uns poemas de amor

Já criei os amores, na vida amores eu criei

Já criei poemas de vida, na vida eu sei que criei

Já criei os amores da vida, da vida restou um poema.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de maio de 1987

1768. AO DIA DAS MÃES

Dedicado para Vitória Carvalho (Minha Mãe)

Mamãe sou feliz

estou sempre contigo,

mamãe nesse país

eu sou teu amigo.

Mamãe sou feliz

em estar com você,

mamãe te agradeço

por me deixares nascer.

Em vida o que posso

farei sempre pra você,

nesse dia tão lindo

quero te agradecer.

Mamãe meu viver

é uma constante alegria,

quero te oferecer

esta simples poesia...

... Feita com todo amor

que há no coração,

guarde-a consigo, mamãe

nossa maior emoção.

Só peço o seguinte:

não chore por favor,

façamos desse momento

muita paz, muito amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de maio de 1981

1769. ESPÍRITO

ao Pai Jurandi

O espírito é a carne

E a carne compreende

Outras pessoas

Que procuram no

PAI

A outra resposta

Do lado estreito da vida.

A vida é mansa

E o pai não se cansa

De acalmar a face

E ouvir os sons

Da carne espiritual.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de setembro de 1990

1770. MULHER DE POETA

Dedicado para Gerimaldo Nunes e Tânia (Marido e Mulher – Meus Grandes Amigos)

Aqui de dentro de casa

Ouço o barulho do chocalho.

Talvez a música

Tenha tocado ontem à noite.

Aqui de fora de casa

Ouço o silêncio da lua.

Talvez a natureza se fez presente

Ontem à tarde

Na cabeça do poeta.

Aqui no meio do mato

Nada é proibido.

Ela se encontra com o poeta,

Fazem a festa e ainda sobra um tempinho

Para a casal explodir

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de maio de 1991.

1771. POBRE MEU PAI

a Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)

Ai, que o conselho jamais seja dado

E o diálogo jamais seja esquecido.

Pobre meu pai, trabalhador de tantas

Noites e dias vividos.

Quebra-se a rima

E se mete a verdade,

Mesmo subjetiva

Ela provoca saudade.

Pobre meu pai, um tanto falador

Se esquece dessa aventura,

Comprendes toda esta loucura

De um filho chamado amor

Que habita precocemente

Na mente de um sonhador...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1989

1772. NEM NA CAMA PENSAM EM MIM

VIVER a guerra

Embalada de caças,

Mísseis, bombas e o poderio da força

Aliada, capitalizada,

Vence quem matar mais?

Como se a arma fosse

O único instrumento

Quando não se tem mais

Razão para se ter paz.

Me jogo

Vencida

Desnuda

Gritando

O que sinto: por que pensar nos outros?

Previnem-se uns deste lado

Torcedores do bombardeio,

E vão estocar seus mantimentos.

O poderio da força aliada, capitalizada,

Vence quem tem mais...

E subo

E desço

Cresço

E não vejo ninguém por mim.

Eles vivem à guerra

E planejam a paz.

Que fazer?

Me dar

Me corromper

Não posso...

O individualismo invadiu a cara desta população

E não propõe o coletivo.

E pensarei

E farei, antes, porém, pedirei:

Nem na cama pensam em mim!

Bento Júnior e Alberto Black

João Pessoa-PB, 21 de janeiro de 1991

1773. TESÃO DE SAUDADE

A saudade atormenta.

O que se engana, vem, tudo se sente.

É como o desabrochar de uma flor

Que permite um tanto quanto,

A alma a outra alma pertencer...

Há conflitos de espíritos

Nas derramadas águas dos olhos,

Nas cenas repetidas do dia a dia.

Quando duas pessoas se beijam

Elas voam em sonhos mil,

Pueril de nós ter a ciência

Se a demência já é por si só pueril...

Nesta dimensão de tantos carinhos

De tantos afagos e contratempos

Um tesão invade a fala, o toque

A paixão, o amor, a saudade, somos todos passatempos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de maio de 193

1774. POÉTICOS ANOS

Oh! Lua

que fazes

por trás do muro?

Se escondes

para não me contemplar?

Eu já tenho vinte anos...

De viver, batalhar, sorrir,

Cantar, amar, sofrer...

Oh! Lua

Que fazes

por trás do concreto?

Estou magoado,

e sei bem, tu

tem tuas mágoas.

Eu já tenho vinte anos...

de sonho, medo, orgulho, vício,

caminhar, dormir, entender...

Oh! Lua

Que fazes

a me olhar?

clareia meu verso, meu destino

e me ensina a esquecer.

Eu já tenho vinte anos...

de desvendar o proibido

e jogar água no fogo das paixões...

Oh! Lua

Que fazes

nas noites

onde não a vejo?

Uma paradinha para respirar,

aí, a lua largando o sorriso responde:

Amigo,

tenho vinte chamas

para chamar teu nome.

Da pétala se fez a flor

da flor se fez o aroma,

do aroma se fez o cheiro

enviado num papel lacrado.

Eu já tenho vinte anos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 1981

1775. GLU – GLU (O Peru do Jamanci)

um peru ele ganho

a festa o bicho mesmo que fez,

foi tantos e tantos glu – glu

caiu na faca desta vez...

no quintal o peru ficou

cantava como grande cantor,

de tanto cantar o peru

sua dona não agüentou...

era uma vez um glu – glu

de tanta zuada fazer o peru

acabou na ponta da faca

a rua toda comeu e ainda fez glu – glu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2005

1776. BREGA DA CAPITÃO

Dedicado para todos os moradores da Capitão

A casa de número cento e sessenta e oito

Estava muito enfeitada

A noite era só brega

Foi grande a noitada

Todo mundo logo se apega

Nesta festa de brega

Teve até lambada

Jamaci dançou com todas

Com todas ele dançou

Coitado do seu isopor

Cada cerveja tomada

Paulo e Fabrício tomou

Kennedy deu a sua parte

Cantou brega sorrindo

Norma se divertindo

Dançar é a sua arte

Tinha marido e mulher

Filhos que se divertiram

Sérgio e Maria

Miraldo e Mônica

Paulo e Rejane

Jamaci e Eliane

Kennedy e Neide

Epaminondas e Fátima

Rodrigo e Jane

Fabrício e Patrícia

Era festa, era alegria

Raimundo, cadê a mulher?

Alessandro e Sandra

Tudo era só carícia

Teve imitação

Declaração de amor

Zé Alberto e Vanessa

Tava demais o Augustinho

Adelson quis cantar

Não deu para o coitadinho

Caiu alguém da cadeira

Não foi brincadeira

Fabrício e sua Tulipa

Acabou-se a saideira

Sandra guiou a Topic

Foi o marido que mandou

Teve amor a noite inteira

Kennedy e Neide

A festa feita para os dois

Teve Rainha do Brega

Juliana, filha de Seu Lula

E por falar em Lula

Pense num brega do cacete

Até quem não era da rua

Baixou e foi esperto

Isso vale ao amigo

Zum – zum em Sandra Maria

O dançarino amigo Beto

O gaúcho da família de Raimundo

Como a esposa veio também

Glória estava brega demais

Maristela que bom que veio

Suetônio e Késsia

Foi cachaça e tome aperreio

O poeta e sua mulher

Três dias de porre,

As pequenas também estiveram

Carolina, Camila, Catarina, Marina, Letícia

Petryn e Júlia Rebeca

Pense numa festa danada de brega

Foi a festa brega da Capitão 168.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de novembro de 2004

1777. SOFRER

Andei descalço

Pelas ruas do amor

Provando bola

No meu peito sonhador

É nostalgia

Quando amanhece o dia

É madrugada

Nós somos todos sofredores

Sofre menino

Sofre rapaz

É sofrer que não se acaba mais...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de maio de 1981

1778. INFÂNCIA DOS TEMPOS

A infância se foi

Saiu como um boi

E depois?

Só nós dois?

A infância do menino

A infância da menina

Roda a saia

Levanta o pião.

A infância é depois

Eu e tu, só nós dois

Quando voltar o boi

A infância já se foi...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de dezembro de 2003

1779. FILHOS

E quando passarem a limpo.

E quando cortarem os laços.

E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim.

E quando largarem a mágoa.

E quando lavarem a alma.

E quando lavarem a água, lavem os olhos por mim.

Quando brotarem as flores.

Quando crescerem as matas.

Quando colherem os frutos, digam o gosto para mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1990

1780. OS TEATROS

Em busca da valsa perdida

A oração da terra ecoou,

Lá de longe o palhaço sassarico

As histórias ele contou.

E o anjo e o morto, sai ou não sai?

Só quando a tribo guerreira

Pedir ajuda ao pequeno Davi

João e mariazinha ser a primeira.

Os textos viram espetáculos

E o público muito mais pede,

Este é o teatro feito

No curso do CENATED.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2003

1781. ABSURDO

Absurdo

É você querer

Fazer-me de idiota

Nessa idiotagem

De querer por querer...

Absurdo

Foi ficar tardes

E mais tardes

A ouvir de você

Me fazer de idiota.

Absurdo

É este salário que vivo

Mal dar para pagar

As contas

Mas, uns dizem em

Bom e suave tom

Que é melhor o pouco

Com Deus, do que o muito

Com o diabo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2003

1782. VINTE ANOS DE TEATRO

Vinte anos de Teatro

Muita estrada eu caminhei

Tantos acertos e erros

De tudo um pouco enfrentei

Na onda de ser ator

Me tornei diretor

Professor da Rede Pública

Muito artista por mim passou

Vinte anos de Teatro

No Castelo pelas ruas

Boca de Forno era o Grupo

Iluminação em noites de lua

Muitas viagens participei

Com a arte teatral

Troquei experiência cultural

Fazer Teatro nunca deixei

Iniciei com Circo Sem Pano

Um Teatro de Rua e de Praça

Aos palcos tradicionais

Fiz chorar, fiz a platéia achar graça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2003

1783. MEU CORAÇÃO ESTÁ BATENDO

Meu coração está batendo

Batendo forte no peito

O coração de poeta

Sofre e não tem direito

Meu coração está batendo

Sofre e não tem direito

Quando morre um poeta

Fica vazio um leito

Meu coração está batendo

Sonha com todo respeito

O sonho que sonha o poeta

Parece que não tem conceito

Meu coração está batendo

Parece que não tem conceito

O coração de quem ama

Faz tudo, mas não causa efeito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de abril de 2003

1784. NÃO DESANIME MEUS SONHOS...

Criatura bela e formosa

Seja parte deste sonho

Bendita, linda e formosa.

Não desanime meus sonhos

No estranho de péssimo momento

Entre na fase quarto minguante

Guarda a chave do sofrimento.

Não desanime meus sonhos

Faça versos e queira cantar

Todo ser que se ama

Basta ver, ouvir e falar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de abril de 2003

1785. SEGURE AS CALÇAS

Segure a calça

Cuidado se não ela cai,

A calça está pra lá de frouxa

Cuidado se não o bicho sai.

Segure a calça

Meu estimado amigo-irmão,

A calça está quase caindo

Cuidado com o pinto durão.

Segure a calça

E cuidado com o vestido,

O que resta, meu irmão

É cantar e ser divertido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de fevereiro de 1983

1786. O PADRE

ao ator Rogério Cardoso (In Memorian)

O Padre

Do Auto da Compadecida

Era cômico

E fazia parte

De uma Grande Família

Quando ele falava

Era uma Zorra Total

Benzia e enterrava cachorro

Rezava em Latim

Seu riso que hoje é choro

Faz pobre a arte

E entra na história

O Rogério Cardoso

Nosso amado mestre

Que era Rolando Lero.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2003

1787. QUANDO EU PENSO EM MAIO

à Norma Sueli (Minha Esposa)

Quando eu penso em maio

Lembro do mês de abril

Do ano de noventa e um

A noite da menina branca

Branca como a lua

Que gerou três luas brancas

No balanço da rede

Tudo isso me faz lembrar

Do mês de maio do ano

De noventa e um

Dá saudade dos tempos idos

Caminhadas e viagens

Hospedagens e passeios

Conversas e músicas

No Bar da Tapa

O reencontro da vida

Planos, planos e planos

Quando eu penso em maio

Dá saudade de tudo em você

Da primeira noite

Do toque da pele

Da pele suada

Do suor da vida

Que escorria na mente

Tudo isso passa por mim

Quando penso em maio

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2003

1788. O DANÇARINO

a Jamaci Aranha (Amigo da Capitão)

Ele dança

Ele se requebra

Ele manda relaxar

A mulher que dança com ele

Relaxa e se requebra

No jogo para lá e para cá

Ele é dançarino

O melhor da Capitão

Quem dança com ele

Relaxa e roda no chão

Ele dança de tudo

Na festa do brega

Quem caiu na sua mão

Dançou e relaxou

Ficou pequeno o salão

O dançarino dança

Dança e fica de pé

A dança dele aumenta

Quando está longe a sua mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2004

1789. CRIANÇAS NO PARQUE

à Carolina, Camila, Ingrid e Isabela (Minhas filhas e Suas Primas)

Elas querem balanço

Balanço pede a pequena

Desceram todas ao Parque

Balançam, cantam e pulam...

Crianças sorridentes

Escorregam e dançam

Banho de água de mangueira

Molhadas sobem ao chuveiro...

O Parque desse condomínio

Foi feito para esta criançada

Na areia rola a bola de todas

Esbarram na escadaria.

Bento Júnior

Teresina-PI, 22 de junho de 2001

1790. FLOR SERTANEJA

Viajando por este sertão a fora

Encontrei a flor no meu caminho,

Flor de Cactus e Mandacaru

Xique-xique e Avelós,

Tem ainda aqueles pássaros

Bem - te – vi, graúna e cancão.

Sol de quarenta graus

Devastando este meu lindo sertão.

Bento Júnior

Teresina-PI, 22 de junho de 2001

1791. ZUADA

Aqui no Vila Tropical

A criançada se sente a vontade

A vontade é tanta

Que o condomínio se balança

É grito de criança

Zuada que todo mundo se espanta.

Na nossa despedida

A alegria volta a reinar

É silêncio por toda parte

Criança não vai mais se balançar.

A zuada foi tão grande

Foi choro e muito barulho

Feito pedra chutando entulho

Teresina quase caindo

Quase morrendo sem vida

Só depois ficamos sorrindo

Na nossa festejada despedida.

Bento Júnior

Teresina-PI, 22 de junho de 2001

1792. A CRIAÇÃO

Criar, verbo discreto, pessoa discreta

A criação do ser que se possa das teclas

É um tal de mala direta

Criar, verbo de todas as mesclas.

O pesar pela criação do nada criar

É tentar criar do nada o pouco

Mesmo que a criação seja um passar

Muito mais pesar ainda é troco.

Um troco que se troca sem nada em troca

E quando a criação já cansada partir

O criador de posse tira uma broca

Fura a parede e quer ser investigador

Não consegue porque quer fugir

A fuga da criação em defesa do amor.

Bento Júnior

Teresina-PI, 22 de junho de 2001

1793. O CAMELÔ ALOPRADO

O homem chegou aqui

Conquistou o pessoal

Conquistou minha viola

Que livrou de um grande pau

Quem mente muito na vida

Um dia vai se dar mal

Não adianta enganar

Um dia é enganado

Fez passar por camelô

Todo mundo óleo comprou

Era mesmo um cabra safado

E hoje ver o sol quadrado.

Eu tenho que agradecer

O bem que esse óleo me fez

Me trouxe de volta a luz

Em nome de meu Jesus

Quero antes de morrer

Casar com a da Luz.

Todo mundo tem motivo

Para esse óleo comprar

Leve logo esse remédio

Chegue em casa e vá tomar

Com certeza vai -se o tédio

A doença vai curar

E sua vida melhorar...

Preste muita atenção

na simpatia do vendedor

conquistou o pessoal

o remédio ele vendeu

ficou super querido

nunca ficou esquecido

na boca do povo que lhe escolheu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1986

1794. O POETA POPULAR

Senhoras e Senhores.

Preste muita atenção para a história que eu vou contar.

Vim de muito longe, não conheço esse lugar.

Gosto da cantoria de viola, gosto também de improvisar.

A história que os senhores vão ouvir, é de dar água na boca.

Uma feira agitada, cheia de confusão,

ninguém sabe qual o final que tudo vai terminar.

Aqui adianto aos senhores, tenham calma e

preste atenção, se a história parecer com uma história

já contada, podem ter certeza que foi proposital.

Não saiam do lugar nem para um copo de água beber,

fiquem atento e até mais vê...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987

1795. SEVERINO, O CANGACEIRO DO CÃO

Com a graça de meu Deus,

meus senhores vou contar,

a história de Severino,

cangaceiro destemido que viveu para aprontar.

Severino do cangaço foi o seu nome de guerra,

quem ousou desafiar, correu, subiu à serra,

foi aqui o maior cangaceiro, um herói da nossa terra.

Severino do cangaço foi na terra a própria morte,

não houve outro bandido que tivesse o seu porte.

A fama de Severino rapidinho se espalhou,

Severino do cangaço muitas outras aprontou,

fez medo a muita gente, era mesmo um terror.

O duelo foi grande naquela noite de lua cheia,

morreu Bento e todo o seu bando,

e sem comando, seu filho também levou peia.

Sem pai, sem mãe e sem irmão, Catarina entregou

a Severino o seu coração.

Catarina em sua vida não tinha visto ninguém

com tanta valentia como a de Severino.

Ao cruzar com a donzela,

Severino tropeçou, já que em toda vida nunca imaginou,

uma beleza tão rara como a que ele avistou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de julho de 2003

1796. RESPIRAR PARA NÃO BATER

Temos que respirar

Respitar e engolir o cuspe

Aceitar palavras do outro

Açoitar a moral

Não querer respeito

Correr para o trem passar

Assim é a vida de quem manda

Porque os mandados não sabem

O que fazem e se esbarram

Nas leis e nas entrelinhas do tempo

Assim é o que nada faz

Impedindo a quem algo faz

Temos que respirar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 2007

1797. OS HOMENS E AS MULHERES

Fui à uma festa

De homens e mulheres

Dancei com homens

Dancei com mulheres

Meu pai brigou

Isso não se faz

Eu disse pai

Respeito o senhor

Dançar é bom

Com todo amor

Um ótimo som

Disse isso

Ele disse

Você se lascou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de abril de 1979

1798. CANTOR VADIO

Tenho dito

Ao cantor espedito

Que canta aflito

Só vai no grito

Vadio e só vive em conflito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1980

1799. A COBRA QUE TE MORDEU

a cobra que te mordeu

mordeu o teu trazeiro

o cabra não matou a cobra

e disse que lá tem de sobra

ele não foi o primeiro

antes de concluir a história

levou um rasteiro

morreu de tanto contar glória.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1979

1800. SERÁ QUE O NÚMERO É ESTE?

Não sei não, senhor

Qual é o número que

O senhor quer de mim

Já tirei trinta

Já tirei quarenta

Cinqüenta também

Me diga o número

Que eu digo o resto

O senhor não presta

E vive a dizer

Será que o número é este?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de janeiro de 1980

1801. A TERCEIRA PESSOA DEPOIS DE NINGUÉM

A primeira pessoa

Não é a primeira

A segunda pessoa

Não é a primeira

A terceira pessoa

Não é a segunda

Imaginem vocês

A terceira pessoa

Depois de ninguém

É a pessoa exata

Para não mandar em nada

Para em nada mandar

Vem a primeira pessoa

Vem a segunda pessoa

Vem a terceira pessoa

Lá bem longe vem ninguém

Imaginem vocês

Que entre todos

Eis que surge

A terceira pessoa

Depois de ninguém.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 2005

1802. BAGUNÇA DE CLIMA

Bagunçado está o clima

Pra lá de bagunçado

Quem quiser sair de casa

Leve guarda-chuva na cabeça

Que a chuva está muito forte

É bagunça no tempo

É clima bagunçado

É doença à vista

Não insista

É clima inconfiável

Seja mais afável

Fique em casa

Durma

Com

Seu

Lençol

O clima está bagunçado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1980

1803. APESAR DOS MOTIVOS DADOS

Apesar dos motivos

em cima da mesa

há um lenço de águas

banhadas na face

dos acontecimentos...

Apesar dos assuntos

contados na casa

há um caderno guardado

que guarda as lembranças

dos vários sofrimentos...

Apesar da história

que todos já sabem

fica no momento a saudade

é pura vaidade

fazer dos motivos uma centena de lamentos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1982

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 13/11/2022
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