COLETÂNEA POÉTICA DE BENTO JÚNIOR - VOLUME QUARTO - DE 1804 A 2404

1804. BAÚ DE SAUDADE

a Marcos Brito (Amigo Musical)

esse silêncio

que paira

nesse tempo

é baú de saudade

e um homem distante

se encontra tão perto

dando riso ao vento

vivendo na esperança

da nossa fiel amizade

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 2002

1805. VOU ENCHER O MEU BAÚ

preciso encher o meu baú

por que encher o meu baú?

preciso encher o meu baú

de alegria e fantasia

de amor e sensibilidade

e por tudo isso

eu quero, eu preciso

encher o meu baú

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980

1806. ESTÁ FICANDO LOUCA?

Louca, louca

Onde andas?

Por que não falas?

Louca, louca

Onde te escondes?

Louca, louca

Eu sei que estás ficando louca...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980

1807. VOU DORMIR

preciso dormir

para acordar mais cedo

tomar o café da manhã

andar pelo quintal

sorrir para a vida

cantar com os pássaros

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1981

1808. ESTOU CANSADO

Tenho que dormir

Estou cansado

Tenho que sorrir

Estou estafado

Tenho que mentir

Estou tarado

Tenho que permitir

Estou atarefado

Tenho que coibir

Estou terminado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980

1809. ENQUANTO ELA NÃO VAI

ELA está tomando banho

É um banho por demais cheiroso

Destes que você quer dormir e não consegue

Só quer fazer amor

E no amor que é feito

O cabra não consegue dormir

Estou aqui

Na tela da vida

Porque por enquanto ela banho está tomando

Perfumada no cheiro da pele

Enquanto ela não vai se deitar

Eu aqui vou sorrindo

Esperando ela passar

Porque quando ela passar

Eu estarei lá, sorrindo entre pernas e beijos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 1980

1810. A BARATA E A FORMIGA

Filhas de pais diferentes

Andantes da vida errante

São as mesmas que emprestam

As asas da imaginação

Uma barata traquina

A minha casa invadiu

Olhou para mim e falou

Cuidado com a sujeira

O doce é da formiga

Falou e saiu pela porta

Como se fosse minha amiga

Soltou um cheiro estranho

Comeu o pão lá da mesa

Sorriu e deu adeus

A barata cascuda

Do tamanho do mundo

Vive a entrar lá em casa

Se diz a dona de tudo

A barata é amiga

Da formiga que come

As duas são moradoras

Não pagam aluguel

E ainda ficam tristonhas

Quando o dono da casa

Colocam veneno na estrada

Onde a formiga passou

Onde a barata pisou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 1982

1811. LITERATURA DE CORDEL

Seu moço eu vou lhe contar

Três coisas que eu tenho vontade

Uma é fazer uma mulher me amar

Outra é sair daqui e ter liberdade

E a terceira que eu tenho vontade

É não mentir e dizer a verdade.

Seu moço preste atenção

Em tudo que eu vou lhe dizer

Uma coisa é ter bom coração

Outra coisa é coração se aborrecer

Quanto mais o cabra sofre

Muito mais ele quer viver.

Quando o cabra é frouxo na vida

Não merece respeito e admiração

Por tudo o amor lhe causa ferida

Sempre anda na contra-mão

Melhor é esquecer o tempo

Deixar ficar a emoção.

O senhor sabe o que é sofrer

Sofrer não é da conta de ninguém

Se eu sofro é porque quero viver

E se vivo é porque estou de bem

Canto no ato da vida

Vivo como se fosse no além.

Seu moço preste atenção

Depressa que eu vou finalizar

A literatura de cordel é paixão

Adeus eu tenho que chorar

Mas resolvo ser forte

Adeus que tenho que terminar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2000

1812. SAPO PAPUDO

Papudo, papudo

Tu és um sapo papudo

Tu és um sapo papudo

Se vangloreia de tudo

És um sapo papudo

Acha graça em tudo

Não ouve e diz que é surdo

Quando ouve diz que é mudo

Tu és um sapo papudo

Já te conheço e não me iludo

Tu és um sapo papudo

Nariz de onça e barrigudo

Come galinha e gosta de miúdo

Tu és um sapo papudo

Se mete em tudo

Acha-se elegante e sortudo

Tu és um sapo papudo

Uma boca grande e linguarudo

É bem fraquinho e quer ser parrudo

Não agüenta nada porque é olhudo

Tu és um sapo papudo

Não gosta de grave e prefere o agudo

Sabem porquê: ele é um sapo papudo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 1979

1813. MÃOS ABENÇOADAS

Veja você o que é que pirralho faz

Usa sua santa e bendita mão

Para conhecer o prazer da paz

Cansou uma, usa a outra mão.

Muitos pirralhos criavam calos

Eram calos enormes nos garotões

O fechar do olho e sentir os abalos

O vício debaixo dos calções.

Hoje, bem crescidinho e safado

Ouço vozes das mãos abençoadas

As mocinhas do nosso passado

Benzo Deus, eram todas desejadas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de abril de 1980

1814. MEU LUGAR DE FICAR É ESTE

Você quer que eu saia

Como posso sair?

Você quer que eu fique

Como posso ficar?

Você quer me deixar

Como posso ir embora?

Você quer confusão

Só sei que aqui é meu lugar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1979

1815. O ABC DOS APAIXONADOS

A é amor desgovernado

Que qualquer dia me deixa sem luar,

O Amor é uma arma quente

Vitorioso é quem sabe usar.

B é bondade atrapalhada

Que não serve para dizer o que pensa,

Quanto mais se apaixona

Mas o coração só busca recompensa.

C é cuidado pela vida

Se apaixonar e não ter o que fazer,

Neste sonho desgonvernado

O amor nasce, mas logo quer morrer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 dezembro de 1978

1816. O ANTES E O AGORA

Quando tu eras pequena

Meus olhos se encheram de canto,

Minha mente era calma e plena

Hoje por ti perdi o encanto.

Quando lembro de você tão cheia de vida

Meus olhos se encheram de piedade,

Antes tu eras a minha ilusão perdida

Hoje ao te ver, uma sombria saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de abril de 1979

1817. MISTÉRIOS DO LOBO MAU

Lobo Mau, Lobo Mau

Sabe por onde anda a Chapeuzinho?

- Sei... Ela ganhou na loteria

Mudou de endereço, vendeu um pedaço da mata

Sua vó morreu, hoje a Chapeuzinho é dona dos espigões

Sou porteiro dela, dez salários atrasados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de abril de 1980

1818. OS AMIGOS QUE NOS FAZEM INIMIGOS

O meu avô dizia, dizia e eu ficava puto

Ao ver um cabra dentro de um buraco

Pedindo e implorando para sair

Não lhe dê a mão

Este cara ao sair do buraco

O primeiro a lascar

É você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de setembro de 1983

1819. AS BOLSAS DA PREFEITURA

Um menino brigou

Uma menina sorriu

A aula já terminou

A bolsa escapuliu

O aluno apostou

A aluna mentiu

A Secretária entrou

Foi bolsa que todo mundo viu.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 29 de maio de 2007

1820. A SORTE DA ESPECIALISTA

Sou especialista em vender peixe na praia

Sei de todos os nomes dos peixes do mar

Sou especialista em peixe de água salgada

Sei do nome de todos os predadores.

Sou especialista na área social

Conheço a profundeza do oceano

Quando a maré não está pra peixe

O especialista não precisa fazer plano.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1987

1821. COM JUSTIÇA NINGUÉM BRINCA

Com justiça ninguém brinca

Nem que seja de brincadeira

Quem brincar se trumbica

A escrivã vai dar uma rasteira

Porque com a justiça ninguém brinca

Ninguém pode mais brincar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980

1822. QUADRILHA DE SÃO PEDRO AMÉRICO

na quadrilha tem

arrasta pé a noite inteira

na quadrilha tem

a mulata brasileira

alunos e alunas

da Pedro Américo

dançam quadrilha

diz que é legal

curte a quadrilha

tudo é normal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de maio de 2007

1823. O TREM E A CHUVA

Essa chuva miúda

Que cai sobre os trilhos

Molha o meu sono

Penso nos meus filhos

É chuva fina

Nos trilhos do trem

Molha o meu sono

Lembro do meu bem

O vagão é longo

O trem da estação

Não consigo me sentar

Nesta contra-mão

O trem e a chuva

Parceiros do inverno

O trilho escorregadio

Pinga chuva no meu terno

A chuva que aumenta

Está ficando forte

A estação lotada

Esperam a sorte

O transporte d`água

No trilho é carregado

A chuva é linda

Meu sono já é passado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de maio de 2007

1824. EU NÃO TENHO CULPA DE NADA

Não tenho culpa

Por ser tão triste assim

Se eu fosse ruim

Não estaria aqui

Queria emoção sentir

Ter teu corpo todo pra mim

No vem e vai da vida

O trem é tão bom

A criança chupa bombom

O vagão fica lotado

Um pedinte chega de lado

Pede a moça o seu batom.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982

1825. MADRINHA

Lá dentro de casa

Onde madrinha escondeu

Há feitiços de bolo

Guardado que rato roeu

Meu passado tristonho

Pedaço de mal caminho

Onde o gato passou

Das garras de um passarinho

Madrinha toda sorrateira

Zombava do meu padrinho

Comia escondido tudo

Sorria e me dava carinho

Madrinha era inteligente

Sonhava com dias melhores

Lutou na segunda guerra

Os dias foram os piores

Lá dentro de casa

Onde madrinha escondeu

Há feitiços de gente

Sonhos de quem já morreu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de julho de 1979

1826. SOCIEDADE DAS PUTAS VIRGENS

Umas putas que vivem em sociedade

Desafiam quem passa, na rua dos pecados

Assobiam para as mulheres, são virgens em realidade

Umas putas medonhas, cansam todos os recados...

... que são dados na noite, felizes pela virgindade

infelizes pelo sonho de não mais serem moças

por que tanto mistério nesta mocidade?

em vez de chorar, cantem aos céus com suas bocas...

bocas malditas pelas bocas das meretrizes

que são putas virgens, porém bem capitalizadas

a sociedade se organiza, os homens são apenas aprendizes

as putas dão risadas, no mundo são felizardas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980

1827. LONGE DOS MEUS CABELOS

Piolho que é bom

Meus cabelos, expulsou

Não mora nenhum inseto

O cabelo o dono raspou

Raspou porque doía

Tanta dor nos meus cabelos

Rezo a Deus nas alturas

Rogo aos santos os meus apelos

Meus apelos são vícios

Desequilibrados no olho

Se hoje eu sou feliz

Não tenho nenhum piolho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1828. DOEU, AH SE DOEU!

Tanta vontade de dizer

De dizer frases prontas

Entre mim e você

As mulheres são todas tontas

São tontas porque são infelizes

Fazem broncas

Fazem fofocas

Fazem intrigas

Fazem brigas

Doeu, ah se doeu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de janeiro de 1983

1829. ASSUMA SE ÉS HOMEM

Por que assumir?

Por que mentir?

Por que sorrir?

Por que fingir?

Por que pedir?

Por que reagir?

Por que fugir?

Por que conseguir?

Por que corrigir?

Por que permitir?

Por que atrair?

Por que assumir?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1980

1830. ARTIFICIAL

um cara que não é daqui

mora a cem metros daqui

um cara que não come aqui

mora a cem metros daqui

um cara que é artificial

mora num lugar de marginal

um cara que não é normal

não se junta com um pardal

vai até o fim com o namoro

um cara que entra no choro

dá risada e quer coro

vamos acabar agouro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1983

1831. A DISTÂNCIA DE NÓS DOIS

Um toque na alma

Na alma não se vê

Um toque no sonho

O sonho não se vê

Um toque na mente

Na mente não se vê

Um toque no pensamento

No pensamento não se vê

Um toque no espírito

O espírito nunca vi

Um toque no corpo

Este eu já vi

Um corpo distante

Melhor ser amante

Um tesão constante

Não um corpo inerme

Como se fosse verme

Da poesia de Augusto

Um toque na alma

Na alma não se vê

Um toque nos seios

Ela não se mexe

Um toque nos cabelos

Ela não se mexe

Um toque na face

Ela não se mexe

Um toque nos olhos

Ela não se mexe

Um toque no umbigo

Ela não se mexe

Um toque nos braços

Ela não se mexe

Um toque nas coxas

Ela não se mexe

Um toque na nádegas

Ela não se mexe

É um corpo estático

Um sexo lá tão simpático

À espera de toque

Mas o toque no sexo

É corpo e se vê...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de janeiro de 1985

1832. O CAFÉ DAS FILHAS

Elas estão tomando café

Falam alto e querem dá no pé

A mãe perdeu toda a fé

Na mesa é grande o olé

É o café das filhas

Correndo as duzentas milhas

Para pegar o melhor

Pena que fica o pior

Elas estão tomando o café

De manhã logo cedo

É a ousadia de enfrentar o medo

E eu cá com todos os meus segredos

Não quero café

Vou dá no pé

Sei que falta fé

Pego a bola e dou olé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de junho de 2007

1833. OS AMORES ANTIGOS

De vez em quando

Bem de vez em quando

Ouço uma voz que me chama

Vejo um amor que reclama

Da minha pouca atenção

São os amores antigos

Quando são velhos tão antigos

Que ainda guardo as recordações

E como todo ser dar as atenções

Os amores em meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1986

1834. ESSA CRIANÇA

Ela é uma criança especial

Fala dos outros

Às vezes finge ser louco

É uma criança normal

Finge que é cego

E quando me entrego

Ela vem tão fraternal.

É uma criança especial

Beija minha boca

Finge ser louca

É uma criança sensacional

Finge que é morta

E quando fica torta

Ela vem com um sonrisal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1979

1835. MISTERIOSO MAR DE ÁGUAS CLARAS

Daqui de cima desta montanha imensa

Avisto o mar, calmo e sereno, ondas gigantes

São os mistérios das águas, tão claras e belas

Molhando o cabelo do surfista, tão amantes

Entre as espumas das ondas, a brancura que ela faz

São jovens que nadam de costas, de frente, de trás

E realizam seus encantos, seus vícios, suas fantasias

E o mar de águas claras, tão misterioso mar...

Daqui de cima desta montaha imensa

Vejo o mar de águas claras e belas

Beber o surfista com sua prancha pelos ares

É incapacidade de nada poder fazer, não mesmo

O mar furioso e rasteiro, levou um monte de gente

Gente que a pouco admirava o mar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de junho de 1979

1836. ACEITO A SUA ACEITAÇÃO

Ela brinca e diz que não gosta de mim

Ela ri e diz que não gosta de mim

Ela corre e diz que não gosta de mim

Ela apronta e diz que não gosta de mim

Ela luta e diz que não gosta de mim

Ela sonha e diz que não gosta de mim

Ela ama a todos e diz que não gosta de mim

Ela adormece e diz que não gosta de mim

Ela libera a todos e diz que não gosta de mim

Ela fala dos outros e diz que não gosta de mim

Ela encerra e diz que gosta de mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1980

1837. A BRIGA DO GATO AFONSO COM O CACHORRO JOSÉ

Afonso saia do meu caminho

José saia do meu caminho

Afonso você comeu o meu queijinho

José você não pode ser o meu benzinho

Afonso por que você é tão safafinho?

José não é da conta do seu rabinho

Afonso por que você é tão fresquinho

José vai embora pro teu cantinho

Afonso eu estou tão sozinho

Você não quer dar um jeitinho

Fale com a gata do vizinho

Que eu já tenho a cachorra pro seu sarrinho

Me ajude só um pouquinho

Que eu lhe chamo até de meu anjinho

Eu não quero papo com o mestrinho

Sei que o senhor é tão mesquinho

Não divide o queijo nem com seu irmãozinho

Come tudo e é um gulosinho

E fica com esta história de gata do vizinho

Eu mesmo morando aqui tão pertinho

Me chamo José e já andei até de cavalinho

Me respeite e saia de fininho

Na lei da natureza e do vinho

O senhor é muito espertinho

Sei lá se o senhor não é doidinho

Pra me lascar assim de mansinho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de maio de 1983

1838. A PATROA E A EMPREGADA

A Patroa quando quer sair

A Empregada bota queixo

A Patroa então resolve ficar

A Empregada come queijo

O queijo do patrão

Que a Patroa tão cuidadosa guardou

A Emprega comeu tudo

O patrão logo implorou

Deram as contas da Empregada

Só porque ela comeu queijo de coalho

A Patroa mesmo gostando da Empregada

Deu aviso prévio por caus do brilho do assoalho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1982

1839. LÁBIOS CARNUDOS, BOCA SEDENTA

Os lábios carnudos

A boca carnuda

Sedenta de ânimo

O ânimo foi dado

Deu a todo mundo

Menos ao soldado

Até um vagabundo

Sem nada na vida

De vez em quando uma saída

Os lábios carnudos

A boca sedenta

O povo diz que ela arrebenta

Na cama os lábios

Na cama a boca

Na cama o sexo

Ela se chama Benta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 dezembro de 1987

1840. FIM DE LINHA

Fim de linha

O trem chegou

Corre moleques na rua

O trilho é perigoso

O trem não

Está parado

O maquinista é gente fina

É fim de linha

Cuidado que o trem vai sair...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1841. AH, SE EU FOSSE O QUE QUERIA SER

Eu queria ser um mendigo

Para andar de casa em casa

Ou ficar parado no meio da rua

Esperando a morte chegar

Eu queria ser uma prostitura

Para andar de mão em mão

Ou ficar amando um só

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um ladrão

Para andar de cadeia em cadeia

Ou ficar numa cela isolado

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um analfabeto

Para andar de cartilha em cartilha

Ou ficar parado sem nada entender

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um jogador de futebol

Para andar de time em time

Ou ficar numa só agremiação

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um cantor

Para andar de palco em palco

Ou ficar numa só gravação

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um médico

Para andar de hospital em hospital

Ou ficar numa clínica particular

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um mentiroso

Para andar de enrolação em enrolação

Ou ficar devendo a todo mundo

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um gerente

Para andar de empresa em empresa

Ou ficar sem nada fazer

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um desempregado

Para andar de porta em porta

Ou ficar dormindo em casa

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um empresário

Para andar de banco em banco

Ou ficar sem nada depositar

Esperando a morte chegar

Eu queria ser fiscal

Para andar de cobrança em cobrança

Ou ficar sem nada cobrar

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um professor

Para andar de escola em escola

Ou ficar sem número de aluno

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um moleque

Para andar de briga em briga

Ou ficar apanhado na vida

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um advogado

Para andar de cadeia em cadeia

Ou ficar no escritório do amigo

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um turista

Para andar de país em país

Ou ficar no país curtindo

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um presidente

Para andar de palácio em palácio

Ou ficar num gabinete alugado

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um soldado

Para andar de prisão em prisão

Ou ficar na sede distrital

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um homossexual

Para andar de corpo em corpo

Ou ficar numa cama sonhando

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um investigador

Para andar de procura em procura

Ou ficar na tocaia do pasto

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um bêbado

Para andar de bar em bar

Ou ficar tomando em casa

Esperando a morte chegar

Eu queria ser um amigo

Para andar de afeto em afeto

Ou ficar em casa esperando

O amigo e a família chegar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de outubro de 1986

1842. FILHO DELA

o filho dela é cretino

não gosta de menino

só vive tocando o sino

o padre por nome Severino

já escolheu o seu destino

tirou de Francisco o intestino

deu ao cachorro Sabino

e hoje aquele menino

é um homem e não um cretino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de fevereiro de 1984

1843. A BONECA ENFEITADA

Boneca, boneca

Onde você se meteu?

Boneca, boneca

A filha sofreu

Não achou a boneca

E chorando desapareceu!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1844. O CAFÉ BONZINHO

Café

Café

Café

Trás logo este pretinho

Bote aqui neste copinho

Pingue mais um bocadinho

Café

Café

Café

Que bicho bom este tal cafezinho

Enche minha boca de mansinho

Deixe para mim mais um tiquinho

Café

Café

Café.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de outubro de 1985

1845. SÉTIMO DIA

É um tal de mexe e mexe na Ladeira do Castelo

Dança pai e dança filho no Oitão de Cabedelo

O melhor dessa jornada é dançar em Monte Horebe

Lá não tem doutor de caneta é todo mundo da plebe

A plebe que eu estou falando não é plebe de pobreza

É pobreza na pouca dança dos caras do cabaré

Quanto mais o cabra dança, mais dança tem que dançar

Se não a mulher espanta e canta e vai procurar

Um parceiro para dançar no sétimo dia de vida

Se não quem dança na dança não tem nada haver

Por isso que é bom ter paz no paz do amanhcer

Quando amanhece o dia o dia é de partida

Quem não dançou na noite a próxima noite tem que ser

No sétimo dia que vem só vai lá quem vai mexer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1846. NÃO TENHO ESTÔMAGO

Não tenho estômago

Não tenho estômago

Para suportar esta vida

Para esta vida suportar

Não tenhoe estômago

Estômago eu não tenho mais

Para suportar esta vida

Para esta vida suportar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1847. O PRESIDENTE DO BRASIL

dois mil e dois a eleição

o presidente LULA ganhou

a eleição proletariada

LULA paz e amor

Lulinha se vendeu

Ao capital estrangeiro

Foi escândalo de toda natureza

A vergonha do povo brasileiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2006

1848. SIMPLES E HUMILDE, EIS O HOMEM

Ia passando pela Praça da Independência

De longe, bem longe vi um homem de barba

Aparentava cerca de cinqüenta anos

Ele salvou um passarinho, levou e colocou-o no ninho

O homem chorava, se lamentava e no mesmo tempo sorria

Dizia uma frase que esqueço de memória, uma frase longa

O passarinho lá estava no ninho, poucos segundos sua mãe chegou

Tudo isso é visto de longe, o homem até hoje mora junto do passarinho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1849. NESTE CHÃO DE POUCA TERRA

Ele morreu

Ela também se foi

Os dois foram felizes

Dois ficaram sem os dois

Ela morreu

Ele se foi

Os dois estão no chão

Os dois que ficarm estão na terra

Os dois que ficaram também estão no chão

Fugiram da cela, furaram um buraco

Dez metros de profundidade, foram pegos

E hoje

Ele morreu

Ele se foi...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1983

1850. AS CRIANÇAS DE JACARÉ

Tio

O Senhor vai dar aula?

É Aula de Artes...

As Crianças brincam e cantam

O som está ligado

As crianças riem e vão muito mais além

Uma briga de amigos

Um conversadeiro de amigos

Falta espaço às Crianças

Elas precisam brincar

Elas precisam cantar...

Tio

A Aula foi boa

Quando vai ter a próxima?

Falta em mim viver o vazio

Do vazio preencher o espaço

E do espaço criar um sonho

Não sou da família

Sou apenas Tio.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 08 de março de 2007

1851. AS AVENTURAS DE UM MENDIGO

Me dê uma esmola

Pelo amor de Deus

Tenho filho a sofrer

Me dê uma esmola

Pelo amor de Deus...

Me dê uma esmola

Me dê uma esmola

Pelo amor de Deus

Preciso de esmola

Estou desempregado

Sei que sou mal-acostumado

Pelo amor de Deus.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007

1852. VENEZUELA

Venezuela

América do Sul

O teu Presidente

Deixa os States um tanto nu

Venezuela

Celeiro petrolífero

O teu Presidente

Enfrenta o mundo presbítero

Venezuela

Liberdade capitalista

O teu Presidente

Defende o modelo humano Socialista.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007

1853. QUE SEJA LÁ O QUE FOR

Não sei de nada

De nada menino eu sei,

Se sei de algo

Juro menino que eu errei

E se errei meu senhor

Foi culpa exclusiva minha,

Pois de nada, de nada eu sei

Só sei que não ando na linha

E ainda tem mais meu velho

Ainda continuo sem de nada saber,

Quando eu souber de algo

Juro menina que eu tenho ter com você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007

1854. DESENHO DOMINICAL

Estamos todos neste frio domingo

Desenhando Simone e sua casa,

É uma casa bastante modesta

Que tem ao lado uma floresta

Dentro dela Simone faz a festa

O desenho das filhas

A orientação do pai

Um domingo de giz de cera

As cores primárias

Liberação de cores

Simone está linda

Feliz estamos todos

Todos nós estamos felizes

A floresta está verde

O céu está escuro

O sol não apareceu

Chove chuva na casa de Simone.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007

1855. ACRÓSTICO COM DATAS

Corajosas

Amigas

aTivas

CAmila

NoRma

SábIas

CaroliNa

Admiráveis...

Doze de julho de 1997 – Carolina Dias de Carvalho

Vinte de Duas Horas e Vinte Minutos

Quatorze de outubro de 1999 – Camila Dias de Carvalho

Treze Horas e Trinta Minutos

Vinte e Um de Fevereiro de 2003 – Catarina Dias de Carvalho

Quatro Horas e Vinte e Cinco Minutos

Hospital e Maternidade Lady Center

Hospital e Maternidade da UNIMED

Câncer

Libra

Peixes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2003

1856. SASSARICO CANTOU

Vinhemos de muito longe

Cantar para os senhores

Minha senhora dê licença

Vocês todos são uns amores

O circo do Sassarico

Tem palhaço de montão

Em cada esquina que passa

O povo solta foguetão

Não fique assim tão triste

Que o espetáculo vai começar

Sassarico é nosso palhaço

Prestem atenção no que vou contar

Vinhemos de muito longe

Cantar com bastante alegria

Somos crianças da vida

Vivemos de pura fantasia

Vinhemos de muito longe

Chegamos nesta lugar

Queiram prestar atenção

Na história que vamos mostrar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de novembro de 2003

1857. A ÁGUA QUE ENCANTA

A ÁGUA que nós trabalhamos

É fonte de vida, é correnteza

Que corre pela terra, é alimento

Divino doado pela natureza

Essa ÁGUA que bebemos

Passa por fases, fica hidratada

É silêncio nas noites,

É verso de cada madrugada

ÁGUA que encanta, é paz

Que faz o mundo mais vivo

O Homem muitas vezes a polui

Mas diz todos os dias: de ÁGUA eu preciso.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 1989

1858. OLHAI, SENHOR!

Olhai, senhor

Os lírios

De quanto vendido foi

No mercado

Debaixo da rua

Esquerda dos rios

Marrons a cheiro de barro

Onde peixe que morto é

Hoje ausentes pescam

Nem os lírios vivem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000

1859. NA CALADA DA NOITE

Na calada da noite

Este senhor dos lírios

Precisou comer

Comeu lírios

E se perguntou

Andou por águas barrentas

E peixes pescou

Não mais ouvirás falar

Nesse senhor dos campos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000

1860. ESTRANHA NO MEU CONVÍVIO

Estranha ao meu convívio e sábia no

no meu apelo, acaso eu fosse um caso

de contos contados, apenhas estranha

era, um semblante de pedras no

caminho desigual do poeta estranho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000

1861. PEDRA E PEDRA NO CAMINHO

Onde existir uma pedra

Você vai pegar

Onde existir um caminho

Vou passar

E por este caminho vou jogar

Esta pedra no lugar

Que você pegou

Este mundo é um círculo

Tem quem faz aqui, aqui

Paga, já diz o ditado popular

Você que entende de música

Depois iria cantar

É cada caminho dessa vida

Vai passar

E eu aqui nesse lugar

Vou citar meus poemas

Por você ouvir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000

1862. A PASSAGEM DO MENINO QUE ROUBA

Sob um céu escaldante

de calças curtas

sem pai, sem mãe

sem Pátria

correm os mares

e sobre os mares navegou

na cidade estranha

o menino chorou

chorou, mas encontrou a solução

roubou

roubou um pedaço de bolo

num restaurante granfino

um contra-mestre de capoeira

vendo tal cena

atrás do menino pôs a correr

mas não encontrou

com o menino

encontrou com policiais

que no menino bateu

o contra-mestre chorou

e sob suas lágrimas

ao restaurante voltou

e com o maitre falou

a cozinha era farta

e bolo tinha de porção

o menino fora jogado

de volta

mãe, pai, onde se encontram?

Onde estão?

Minha voz é cansada

meu coração é farto de esperança

mas tenho fome

quero uma camisa vestir

mesmo que seja emprestada

ou mesmo, dada de coração bom

é preciso, pois, ter camisa para

ser confundido com quem come

bolo

é preciso, pois, navegar sobre os mares

para enfrentar turbulentos dias

de glória ou de miséria

e a fome sendo companheira

minha de dias longos

encalça meus pergaminhos de

vida,

é triste, ao homem ter que chorar

em busca do que comer

e o governo o que faz?

Sem panfletarismo

sem ismos

ao ferro o que der na cabeça

e a cabeça deles

é muito mais do que a minha

e eles fazem o que determina

a cabeça

e eu sabia, que peso seria

ser julgado no banco dos

réus estaria, porque conduziram algo

para meter, algo que

me atormentava

é preciso, pois, navegar sobre

os mares para atravessar sob um sol

escaldante e comer bolo

lembro-me dos tempos de criança

palmatória nas mãos, aprender

o beabá , educação ultrapassada

e hoje? A educação como está?

Por causa de um bolo perdi

minha vida

nesses rios foram de água

abaixo, sobre um barco a navegar

sobre um barco a cair nas águas

profundas, mas vou nascer de novo,

e quando nascer de novo, serei a

eternidade de luta constante

do menino que rouba

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de janeiro de 2000

1863. SINA DE JANGADEIRO

Um jangadeiro

Com mais de cinqüenta

Sua jangada deixou

E o mar tão calmo

Por ele passou

Ficou o jangadeiro a pensar

Nos dias de mares

Que dentro de afoitou

Sua sina era aquela

De percorrer águas

E nelas um dia ficou

Pensou o jangadeiro

São as artimanhas do tempo

Que isso tudo me ensinou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de março de 2000

1864. AS MÃOS DA MUDANÇA

As mãos da mudança

Fazem uma direção legal,

Querem derrubar a ditadura

O bicho faz muito mal

As mãos da mudança

Pedem a todos explicação

A ditadura se acabou

Querem a renovação

As mãos da mudança

Confiam nas amizades

Uma direção nova

É a nossa liberdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2004

1865. EU, IMBECIL DE MIM

Eu, entre tantos apelidos

Fui apelidar o homem,

Que não gostou do ato

E contra mim desabafou.

Sua voz rouca de dor

Pois cada palavra

Que da sua boca saiu

Eu, entre tantas defesas

Não me defendi

Escondi a minha fala

A face quase oculta

Numa sociedade intransigente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de novembro de 1982

1866. HOJE E HOJE

Hoje

Se parece com

Antes de Ontem

Nada de bom

Apareceu...

Hoje

Tudo mudou

Foi tudo ilusão

Meu bem, meu amor mostrou...

Hoje

Era como

Se fosse antigamente

Mas infelizmente

É hoje...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 2003

1867. QUANDO O CAOS SE ESTABELECE

o trabalho coletivo é de tamanha importância, quando por três

existe uma liderança que determina, e faz com que este coletivo

face trabalhista desempenhe suas funções dentro de uma normalidade

disciplinar. Caso contrário, e que poderes observamos

neste ato coletivo é uma desordem social, onde

todos irão opinar e ao mesmo tempo impondo

para ações coletivas serem aceitas. Se isto não preencher, aí

está formado o caos social.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de novembro de 1982

1868. O SER QUE NÃO É

Dedicado a uma temporada no Teatro Ednaldo do Egypto

Ser pobre é não ser rico

Não significa ser sujo

Ser sujo é coisa de rico

É coisa de pobre

Não se pode ser relapso

Ignorante, alheio a tudo, como

Resposta ao não ser,

O que a comunicação passa.

Sejamos pobres, mas limpos

De espíritos, educados, humildes,

Sensíveis e sempre buscando

O melhor.

Ser amador é não ser profissional

Ser amador é amar a dor

Através da dor o Ser Humano

Encontra o caminho em direção

A Deus.

Ser amador é ser simples,

Com a cabeça erguida, estudando

E discutindo para o melhor aperfeiçoamento.

Ser amador não é sinônimo

De coisa feia, de coisa estragada,

De coisa mal elaborada.

Ser amador é ter certas qualidades,

Que talvez o profissional não os tenha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de julho de 2002

1869. A PALAVRA RECORDAR

Dedicado para Maurina do Egito (No seu velório na EMEF Olívio Ribeiro Campos – In Memória)

Nós, professores, alunos, todos

Que fazem parte desta escola, sentimos

A sua falta, e para sempre a termos, aqui segue

Uma pequena homenagem:

Maurina, vida em nossas vidas

Paz no caminho dos nossos corações

Maurina é recordação em nós

E que a guardemos em orações...

Vai com Deus, Maurina

Leva contigo a paz em vida

Receba de todos nós

A luz em tuda despedida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de maio de 2004

1870. TÃO PEQUENO

Dedicado para Jéferson Carvalho (Meu Sobrinho – Filho de Gerson e Ellen)

Tão pequeno

Semblante pueril

De puro e suave amor

Face olfegante

No aconchego

De corpos dis-sintonizados

É assim que o pequeno vive

Entre beijos e sonhos

E sonhando entre paredes

Dorme meu pequeno pássaro

De asas cortadas, e quando

Crescer é assim: um homem

Mais um em busca do mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de março de 2004

1871. GRAVAÇÃO

Dedicado para o pessoal do Grupo de Teatro Circo Sem Pano da Paixão de Cristo

Estamos gravando

Silêncio no estúdio

Tanta falta de preparo

Os popeiros em ação

O tempo correndo

Tanta confusão

O dono ganhando

O elenco ganhando

O diretor contornando

Os popeiros em ação

E assim de nove às doze

Eis a gravação...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de março de 2004

1872. NUNCA SENTI SAUDADE

Nunca senti saudade

Como o agora que em mim desponta,

Rasga o peito, rompe barreiras

E diante das maiores asneiras

Tudo enfim me afronta.

É saudade da vida

Um adeus e um ir embora,

Saudade do ontem que fui

Remanescente que se flui

Num pensar que ri e chora.

Ah, saudade imensa

Pedras longícuas de dor,

É assim, os atos são ocasiões

Banhados nas agruras dos peixes

Onde tudo isso recorre ao amor.

Que lugar move esse sentimento

De tão hábil encanta o ser?

É por isso, poeta, é tudo passageiro

Para o coração ser mais companheiro

De tanta saudade de viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de março de 2003

1873. EM CADA GOTA DE SILÊNCIO

Em cada gota de silêncio o homem

Se tranca na sua insensibilidade

E provoca os mais dissabores

Na raça humana.

Três brincantes, três mulheres,

Acompanhadas de um líder

Camponês lutaram com

Uma única vontade: TER DIREITO À TERRA.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de março de 2003

1874. SEGUNDO ALGUNS PESQUISADORES

o HOMEM segundo alguns pesquisadores

é fruto do meio social em que vive. Nesse caso,

numa análise fria e clara, o ioga, ciência eminentemente

bastante salutar à nossa existência, diz ser o homem,

um ser à luz de Deus, onde os acertos e erros fazem

parte de sua carga existencial.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de março de 2003

1875. NA CIDADE ONDE MORO

Na cidade onde moro

Tem fruteiras na estrada

Tem prédios de mil andares

Da gosto de se morar

Tem morenas cacheadas

Falantes e bandoleiras

Na cidade onde moro

Dá gosto de se gostar

Na cidade onde moro

Ninguém rouba e é feliz

Dorme o povo na calçada

Vivem os velhos a cantar

Um canto de excelência

Que todos gostam de ouvir

Na cidade onde moro

As crianças brincam e vão estudar

Na cidade onde moro

O amor é mais presente

A mulher divide tudo

Em casa o homem quer ficar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de julho de 2003

1876. BEBIDA

Bebida boa, é

Cachaça tem, de dar

Bebida é

Um beabá...

Quando a bebida

Que se bebe

Não mais foi bebida

E que jamais seja perdida

O amor do bêbado

A bebida desce

O amor dos boêmios

Bebida boa, é

Que se toma de gole

Acompanhado de

Uma mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1988

1877. CASAMENTO À VISTA

Dedicado para Adilson e Adriana (Genro e Filha de Maurina do Egito)

Antes de tudo é preciso

bastante fé em Deus,

no sentido de aceitar a

realidade que virá pela frente.

Imagens do bem

fortificará o amor de ambos

nessa vida que buscam ser

a melhor possível.

E é por isso que o amor é importante!!!

Amem um ao outro e deixem

o coração falar mais alto.

Isso fará a Luz brilhar na vida de ambos. Vocês

São partículas divinas observadas pelos

olhos da vida desse caminhar

traçado pelo homem

traçado pela mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1998

1878. O QUE SE TEM PARA DAR, SE DAR DE BOM TAMANHO

Tinha uma poesia

Guardada desde ontem

Era para tu

Que pena que não te dei

Me arrependo

Porque foste embora

Morar em outro país

Sinto por não ter te dado

A poesia comigo guardada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1978

1879. OUÇO TIROS

Ouço tiros na imensa escuridão da noite,

E não consigo salvar as crianças

Mortas de balas perdidas

Que caem ao meu lado

Esbarram em minha direção.

Tenho armas, não sei usar

Tenho forças, não sei usar

Tenho artimanhas, não sei usar

Morrem crianças

Morrem senhoras

Ouço tiros e não sei como salvar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de fevererio de 1998

1880. SENTE-SE

Sente-se cumpadre

Sente-se cumadre

Deixem de maldade

Sente-se na cadeira

Sente-se no tamborete

A cadeira cumpadre

É macia e suave

De arame e é pintada

Igual a uma nave

Com luz e toda estrelada

Como estrelas no céu

Que brilham na noite

A noiva que usa véu

O cavalo que solta açoite

É assim que quero que

O cumpadre se sente

Aqui nesta cadeira solitária

E assim com a bexiga cheia

O cumpadre dorme seu sono

Quando criança levava peia

Hoje é o senhor dono

De todos que passam na rua

Das histórias que conta

E a cadeira na cheia lua

Em cima dela o cumpadre apronta

E a cumadre no tamborete

Adormeceu e sua história

Apenas se esqueceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1979

1891. É SEMPRE ASSIM

é assim

é sempre assim

e sendo assim

vou escapando

assim

assim como

quem nada quer

assim meio

meio sem jeito

como assim

hoje estou

assim

de vez em quando

ouço um tiro

um bando

assim

na calada da noite

marginais assim

que eu durmo

pego no sono tranqüilo

invadem assim

meus aposentos

e assim terminam

de levar meu tudo

mesmo assim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de fevereiro de 1978

1892. PEQUENO SHOW

Cansado de viver de show

Fazendo parte de boite

Adeus ao meu amor

Da vida dela não faço mais parte

Adeus minha vida interiorana

Na cidade grande

Sou conhecida Madame Lana.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1983

1893. REQUEBRADO

vou chamar você

quando chegar o dia

sei que está distante

vou chamar deste jeito:

Hoje é dia de carnaval

Venha dançar à noite inteira

Pegue a sua fantasia

Nosso requebrado é de primeira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 1979

1894. REQUERIMENTO PARA O PREFEITO

Venho requer de vossa excelência

Sala para o povo trabalhar

Emprego e educação

Para o povo melhorar

Sua renda

Sua saúde

Suas virtudes

Senhor Prefeito

Muito obrigado

Pelo atendimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 1981

1895. POUCO TEMPO

vou chamar você

para passar um tempo

o tempo é pouco

mas vai valer a pena

sei que você vai ficar

para passar um tempo

mesmo que seja

nas bases antigas

o tempo é pouco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1896. CATEDRAL

As catedrais do meu Brasil

Uma se destaca

Pela sua beleza

Pela sua riqueza

É a catedral interior

Que mora dentro de nós

Fala por nós

E responde por nós.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1897. FOSTE O MEU PRIMEIRO E ÚNICO DESEJO

Na boca do moleque

O vermelhão cobria

Era um tal de pirulito

Chupava ele

Chupava ela

E eu pulava de alegria

Pela primeira vez

Quando senti o sabor

Do vermelhão que cobria minha boca.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de detembro de 1980

1898. ESPANTA MEU SONHO

Espanta meu sonho

Meu sonho de etapas contínuas

Mexe com o resultado

O resultado do meu sonho

É alavanca que não tem passado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1899. REQUEBRADO DE MULATA

Requebrado de mulata

Para mulato nenhum botar defeito

Gira a bunda sobre a lata

Requebra longe e mostra o peito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1900. O MUNDO É BOM...

Até que me prove contrário

O mundo é muito bom

Sei que nele mora um bando de otário

Se liga não, liga esse som...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 1980

1901. TODO ARGUMENTO É POUCO

Todo argumento será pouco para comprovar

Sua inocência. Sua inocência é argumento

No meu argumento de provação. Prove

O que falam dos seus argumentos. Ame

O que dizem de sua pouca idade. Ache

A pena adequada para as ações de sua pena.

Uns quinze anos é bom para uma reflexão

Dos argumentos que não foram suficientes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 1980

1902. CHUVA TODO DIA

Era uma vez

Um final de semana de chuva

Onde ninguém podia

Das casas sair,

Era tanta chuva

Tanta chuva no chão

Molhava a minha vida

O meu coração.

Chuva que caía

Nos olhos do meu amor

Uma chuva miúda

Arrazando a minha dor.

Era uma vez

Uma chuva pequenina

Tão grande que não passava

Pois a vida da gente

Era em casa assistindo filme

Pintando as unhas da irmã

E desenhando...

Isso é o nosso final de semana

Que chove todo dia...

Bento Júnior, Carolina Dias de Carvalho e Camila Dias de Carvalho

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2007

1903. A MORTE DEIXA DE CHOCAR

Um ataúde

Outro ataúde

Lá vem de novo outro ataúde

Ali, bem ali um outro ataúde

E que tanto ataúde é este?

Nossa, lá vem outro ataúde

E que corpos sobre eles?

E assim a história da morte

São tantas que não chocam mais

Morre os sonhos e as esperanças

A morte de todos os animais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1979

1904. RAPAZ ENCANTADO

Um rapaz, no rosto um tanto de vinte, aparentava quarenta

Era solteiro, vivia na mata, na mata comia, corria a mais de setenta

O rapaz encantado, encantava o lugar, sorria pra tudo, era sortudo

Porque sua mãe, tão cedo se foi, e ficando só, foi enredo de entrudo.

O rapaz encantado, de tão longe ele veio, quando chegou aqui

Uma barraca montou, na mata morou, mas quando caiu em si

Uma lágrima caiu, os cabelos subiram, o rapaz ficou no encantamento

Assim nessa vida, a vida passou, sofreu de malária, amigo do sofrimento.

O rapaz encantado, teu encanto é minha razão

Ah, rapaz encantado, tira de mim esta solidão

Me leva contigo, estica e pega a minha mão.

Rapaz encantado, sei que não és o que se pensa

Sei do que se passa, não é o que publica a imprensa

É um encanto de pabulagem, ao rapaz isso recompensa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de fevereiro de 1980

1905. DE BEM COM A VIDA

Vou criar um soneto, um soneto de bem com a vida

Um soneto sortudo, que me dê de tudo

Que me livre do mal, do mal dessa vida

Um soneto de paz para a paz do meu tudo.

Sei que é complicado dizer, mas de bem estou

E se estou de bem, de bem vou vivendo

E nessa ladainha de ir e vir, só o amor me restou

E se algo restou, uma esperança vai acontecendo

Acontece que estou de bem com os sonhos

Os sonhos estão de bem comigo

E como estou de bem com a vida, sou um perigo

Sou um perigo sem amedrontar os sonhos

Os sonhos de quem sonha um sonho antigo

Um sonho de bem com a vida e com o amigo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 1982

1906. PAI ZECA DA PAIXÃO

Zeca era um moço, um moço fino e educado

Morava no Ceará, gostava da Paraíba

Não gostava de nada de baixo

Só gostava das coisas lá de riba

Assim era Zeca da Paixão

Um sujeito amigo e bem parecido

Nunca casara, se considerava viúvo

Esse Zeca além de tudo era convencido

Se convencia de tudo

E ai daquele que dele desconfiasse

Assumia postura de ter experiência

Assim era Zeca da Paixão em tudo

Definitivamente quem lhe atrapalhasse

Se convencia e dizia ser o rei da ciência.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1983

1907. SER O QUE NÃO É

Imaginem vocês, senhoras do Pasto Grande

Que conheci um cabra pra lá de mentiroso

Dormia com Lampião, nascido em Campina Grande

Sentia-se o dono de tudo, em tudo era pabuloso.

Seu nome até hoje foi esquecido

E nunca mais o mentiroso apareceu

Só sei que ele mora onde o diabo morreu

E se esconde da polícia por que é metido

Em encrencas que são tantas

O bicho se meteu, coitada das santas

Das virgens do Pasto, todas ele passou

Que cabra safado, nojento e seboso

Não tem penitência para esse mentiroso

As senhoras de Pasto Grande, também ele provou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1982

1908. DESENGANO

Já tive tantos deseganos que me entraram pela vida,

Deseganos tantos, tantos foram os maus momentos,

Sempre em contratempos vivi, os desenganos de passagem

Invadiram a minha vida, me fizeram sofrimentos,

Sofrimentos profundos aguçam minhas atitudes,

É como folha solta no chão, valor pode até ter,

Mas quando se descobre o que vale, some na escuridão

Nosso sonho é vida longa, só quero mesmo é viver...

Viver de tudo claro, um claro na luz da vida,

Ser como a semente batida, é laço que se agarra,

É força forçando o que nunca se amarra...

E se amarra dá um nó na vida,

Deixa o muito sem pouco para distribuição,

Faça como o ditado, fora desengano desta minha aflição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 2007

1909. FALTA DE VERGONHA NA CARA

Imagine uma pessoa sem personalidade

E sem amor próprio, eu conheço uma delas,

Mente que só a bexiga taboca

E não se emenda de tanta fofoca.

Acreditem vocês, pois é, não diz coisa com coisa

Diz o que tem e o que não tem,

É uma pessoa descarada e sem vergonha na cara,

Inventa histórias, o pior é dizer que tem tara

Pela educação,quando na verdade não entende

E pelo menos se entendesse não faria o que faz,

É uma semvergonha que gosta de guerra, detesta a paz

Que tanto se busca nesta sociedade desconexa.

É por demais sem ética, auto-intitula-se imbecil,

Talvez seja o que atualmente se vive neste Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 1997

1910. SOLUÇÃO

Já tive muitos problemas na caminhada de educador,

Uns de pequenos, outros maiores, outros médios.

Busquei em todos a solução, alívio aos meus tédios,

Aos meus sonhos de semear a cultura do amor.

Já tive problemas, tais quais não se comentam,

Que o comentário pode ferir os princípios da defesa.

É um tanto constrangedor ser uma alteza

E de repente se encontrar no grupos que se lamentam.

Nosso tempo é tempo de tantos tempos que virão,

Mesmo que a sombra paira. Nossa ilusão.

Entre um ser e um porquê, desponta uma nova visão

Que vem mostrar, assumir os encalços,

Nos embalos de todos os fracassos,

Por mais que se esforce, a solução vem a pequenos passos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997

1911. A FOLHA E DA FORMIGA

Corre formiga amiga, pega tua folha,

Deita sobre ela, cochila um cochilo bom,

Roda tua saia, pega água, faz uma bolha

Para a folha pensar que dentro de um bombom.

A folha vendo a formiga toda espriguiçadeira,

Pôs-se a cantar um canto de folha triste,

Tanto foi a tristeza que a formiga já na choradeira

Saiu de cima da folha, ao passarinho foi dar alpiste.

O passarinho de barriga cheia, voou para longe

Como não acreditar naquela história que só Camonge

Poderia contar numa peça de apenas um ato.

Aí a formiga ao perceber tal façanha,

Num olhar de poucos amigos, com um pouco de manha

Subiu na árvore, já em cima, de cima mesmo, perdeu o contato.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997

1912. AS MÁGOAS QUE FICAM

Tenha cuidado, muito cuidado no que diz

Se por acaso a palavra fere, não diga,

Guarde-a consigo, deixe o outro ser feliz,

Se exclua da mágoa, seja da outra, amiga,

E se a mágoa persistir no tempo, convalesça

De marcas de dor, mesmo que a dor desapareça

Não atrapalhe a vida do outro, dê um tempo à briga

Ame e deixe o outro amar, peça e atenda ao outro

Mesmo que as mágoas invadam teu corpo, tua ira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1990

1913. MEU OLHO ESQUERDO

De tão longe o longe avistado não mais era longe

Era tão perto que de tão perto não mais era perto

Era tão distante que de tão distante não era distante

Era tão imenso que de tão imenso não era imenso

Era nada mais, nada menos do que um olho esquerdo

Que de tão esquerdo não mais era esquerdo

E de fato o atestado era errado, o olho era mesmo esquerdo

E de tão esquerdo era longe, era perto, era distante,

Era imenso, era o meu olho esquerdo.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de junho de 2007

1914. AS VÍBORAS DO PODER

as víboras do poder são víboras venenosas

e sendo venenosas são víboras perigosas

e sendo perigosas são víboras traiçoeiras

e sendo traiçoeiras são víboras que se vendem

e sendo vendidas são víboras desvalorizadas

e sendo desvaloridas são víboras que trocam

e sendo trocadas são víboras perdidas

e sendo perdidas são víboras em abundância

e sendo abundantes são víboras do poder...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1996

1915. MUSEU DE SÃO FRANCISCO

Monumento barroco

Igreja de São Francisco

Museu de Arte Sacra

Museu de São Francisco

Sua cruz, na frente levantada

É símbolo católico, missa dada

É arquitetura, é arte, é cultura

Uma riqueza artística

Ah, Museu São Francisco

Essa calma, essa paz que nos leva

Ao aconchego, ao chamego

É tão bom, ouvir a voz do som,

Do eco de São Francisco

Abençoando o lugar, benzendo as cruzes,

Movendo a arte exposta, tudo é museu

De tanta arte contida.

Ah, Museu São Francisco

Quem me dera viver só aqui,

Sentindo a pureza da brisa

Respirando quando se precisa

É Museu São Francisco...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987

1916. CIDADE UNIVERSITÁRIA

Cidade, cidade, cidade que não é cidade de Estado

É Cidade Universitária, bem no verde da cidade,

É Universidade Federal da Paraíba

Um Patrimônio Cultural e Educacional

Cidade Universitária, sua Biblioteca Central

Seu verde das matas, sua Estação, ação de prefeito

Quem trabalha, quem é mago, quem trabalha

Engrandece a Cidade Universitária

Local de cursos, departamentos, centros,

Reitoria, Prefeitura Universitária

Bancos, Hospital, Clínica

Arte, biologia, geografia, ciência, letras,

Pedagogia, comunicação, jornalismo,

Graduação, especialização, mestrado,

Doutorado, pós – gradução, é Cidade Universitária...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de maio de 2007

1917. AMORES ABERTOS

Dedicado para às minhas filhas e esposa

Uma conta de e-mail

Um contato que se abre

Informática do lar

Computador do lar

Correio eletrônico

O mundo está mudado

Mudemos nossa forma de pensar

Pense num mundo melhor

Uma conta aberta

Para a comunicação

Para as coisas do coração

De maneira fria e seca

Mas é que o mundo mudou

Mas isso não impede de dizer

Que amo todos os meus amores.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1918. MARIA QUE ME CRIOU

Foi tanta Maria que na minha vida passou

Maria Mulher

Maria Menina

Maria Meiga

Maria Magnitude

Maria Modesta

Maria Monstro

Maria Malvada

Maria, Maria

Tantas Marias

No meu coração ficou

Maria de tantas dores

Maria de tão pouco amor

Maria com muito fogo

Maria fria e calculista

Maria nenhuma na minha vida

Maria que um dia me mandou

Maria que um dia se mandou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 1997

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1997

1912. AS MÁGOAS QUE FICAM

Tenha cuidado, muito cuidado no que diz

Se por acaso a palavra fere, não diga,

Guarde-a consigo, deixe o outro ser feliz,

Se exclua da mágoa, seja da outra, amiga,

E se a mágoa persistir no tempo, convalesça

De marcas de dor, mesmo que a dor desapareça

Não atrapalhe a vida do outro, dê um tempo à briga

Ame e deixe o outro amar, peça e atenda ao outro

Mesmo que as mágoas invadam teu corpo, tua ira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 1990

1913. MEU OLHO ESQUERDO

De tão longe o longe avistado não mais era longe

Era tão perto que de tão perto não mais era perto

Era tão distante que de tão distante não era distante

Era tão imenso que de tão imenso não era imenso

Era nada mais, nada menos do que um olho esquerdo

Que de tão esquerdo não mais era esquerdo

E de fato o atestado era errado, o olho era mesmo esquerdo

E de tão esquerdo era longe, era perto, era distante,

Era imenso, era o meu olho esquerdo.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de junho de 2007

1914. AS VÍBORAS DO PODER

as víboras do poder são víboras venenosas

e sendo venenosas são víboras perigosas

e sendo perigosas são víboras traiçoeiras

e sendo traiçoeiras são víboras que se vendem

e sendo vendidas são víboras desvalorizadas

e sendo desvaloridas são víboras que trocam

e sendo trocadas são víboras perdidas

e sendo perdidas são víboras em abundância

e sendo abundantes são víboras do poder...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de outubro de 1996

1915. MUSEU DE SÃO FRANCISCO

Monumento barroco

Igreja de São Francisco

Museu de Arte Sacra

Museu de São Francisco

Sua cruz, na frente levantada

É símbolo católico, missa dada

É arquitetura, é arte, é cultura

Uma riqueza artística

Ah, Museu São Francisco

Essa calma, essa paz que nos leva

Ao aconchego, ao chamego

É tão bom, ouvir a voz do som,

Do eco de São Francisco

Abençoando o lugar, benzendo as cruzes,

Movendo a arte exposta, tudo é museu

De tanta arte contida.

Ah, Museu São Francisco

Quem me dera viver só aqui,

Sentindo a pureza da brisa

Respirando quando se precisa

É Museu São Francisco...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1987

1916. CIDADE UNIVERSITÁRIA

Cidade, cidade, cidade que não é cidade de Estado

É Cidade Universitária, bem no verde da cidade,

É Universidade Federal da Paraíba

Um Patrimônio Cultural e Educacional

Cidade Universitária, sua Biblioteca Central

Seu verde das matas, sua Estação, ação de prefeito

Quem trabalha, quem é mago, quem trabalha

Engrandece a Cidade Universitária

Local de cursos, departamentos, centros,

Reitoria, Prefeitura Universitária

Bancos, Hospital, Clínica

Arte, biologia, geografia, ciência, letras,

Pedagogia, comunicação, jornalismo,

Graduação, especialização, mestrado,

Doutorado, pós – gradução, é Cidade Universitária...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de maio de 2007

1917. AMORES ABERTOS

Dedicado para às minhas filhas e esposa

Uma conta de e-mail

Um contato que se abre

Informática do lar

Computador do lar

Correio eletrônico

O mundo está mudado

Mudemos nossa forma de pensar

Pense num mundo melhor

Uma conta aberta

Para a comunicação

Para as coisas do coração

De maneira fria e seca

Mas é que o mundo mudou

Mas isso não impede de dizer

Que amo todos os meus amores.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1919. ENTRE O RIO E O MAR (A Transposição)

Entre o rio e o mar

Pro debaixo da bananeira

Há um rio escoando

É farta a tamarineira

É vício que vem voando

No sonho de vavá

Sou eu que vou passando

Arrasta as águas do mar

É transposição meu amigo

Nas águas do oceano

É anjo que circula

Nos céus do meu Brasil

Canta alegre o Nordeste

Nas terras do Piauí

Nas terras da paraíba

Nas terras do ceará

Nas terras de Pernambuco

Nas terras do rio grande do norte

É o rio e é o mar

Os dois em contratempos

Invadem o meu país

O nordestino da região

É seca que não se acaba

É fogo na palha da cana

É cana do no rio e o mar

As águas que aqui passeiam

É passeio do mar com o rio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1920. UMA PENSADA DECISÃO

Pensei, refleti

Mudei, conheci

Parei, sair

Entrei, permiti

Chorei, sorri

Cheguei, parti

Lutei, entendi

Achei, assumi

É a Lei, resumi

Libertei, prendi

Lancei, eclodi

Marchei, lambi

Não sei, eu li

As matérias mais lidas

Das páginas contidas

Dos dias nas vidas

Uma decisão decididas

Nas entrelinhas perdidas

Encontrei, decidi.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1921. OS COQUEIRAIS

A vida cá de cima de onde estou

É visão de coqueiros

Verdes

Amarelos

A vida cá de baixo de onde estou

É visão de barro batido

Coqueirais

Coqueirais

A vida cá de cima de onde estou

É visão de coqueiros

Abre um pra tomar

Abre um e me dá

É doce a água

Vendida na praia

Nas calçadas das ruas

Nos supermercados

Nos mercados populares

Nos shoping centers

Cada um tem seu preço

Cada um explorar é que faz

A vida cá de baixo de onde estou

É faca no coco

Fruto dos coqueiros

Lá vai o tirador de coco

Com sua armação

Subindo na árvore

Tome coco no chão

É festa de coco

É coco pra molecada

Abre um, Seu João.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1922. O MUNDO

O MUNDO é mundo no mundo da gente

Há tantos mundos no mundo

No mundo do mundo

No mundo do universo

No mundo tão mundo que muda o mundo da gente.

A explosão

A espécie

Na divisão do mundo

Na constelação do universo

É mundo tanto que se tem

Se tem tanto mundo do Ocidente e do Oriente

Que é mundo científico

Na descoberta de mundo

São seres extras que vem

De outros mundos

Para o mundo da gente.

O MUNDO

Nosso mundo atual de avanços e contemplações

Que o mundo por mais que seja mundo

É mundo no mundo de tantas aflições.

O MUNDO

Os continentes no mundo

Os países no mundo

As regiões no mundo

Os estados no mundo

As capitais no mundo

As cidades no mundo

E aí é mundo que faz mundo de tanto mundo

Que todo mundo acha que é dono do mundo

Só porque faz parte deste mundo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1923. OS CONTINENTES

Os continentes

Asiático

Europeu

América do Norte

América Central

América do Sul

Africano

Oceania

Os continentes

Tem terra gelada

Tem terra quente

Tem vulcão em erupção

Tem vulcão para turista ver

É uma vastidão de água

Doce e salgada

Tantos oceanos nos continentes

Pacífico

Atlântico

Glacial Ártico

Índico

Glacial Antártico

Os continentes

Os continentes

Os continentes

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de agosto de 1988

1924. A AMÉRICA DO SUL

A América do Sul

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

Paraguai

Uruguai

Venezuela

Cada um com sua cultura

Com sua riqueza

Com sua educação

É América do Sul

O continente do povo do Brasil

América do Sul

Vive gaivotas e cobras

Urubus e peixes gigantes

Vivem nos mares

No oceano da gente

E viva a América do Sul.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1987

1925. O BRASIL

Brasil

Aquarela Brasileira

Aquarela do Brasil

É Brasil

Samba e Futebol

É Brasil

Do Meu Amor

Terra que Deus criou

Brasil

Brasil

Brasil

O Brasil desse povo

Esse povo brasileiro

Que mora aqui no Brasil

Que sai desse Brasil

Para ir para outro Brasil

Brasil

Brasil

Brasil

É tanto Brasil

Dentro de um só Brasil

Colônia de Portugal

07 de setembro de 1822

O Brasil no dia 09 de janeiro de 1824

Diga ao povo brasileiro que fico

Foi Dom Pedro I

Brasil

Brasil

Brasil

Ari Barroso falou

Pixinguinha confirmou

Que tudo isto é Brasil

Luiz Gonzaga cantou

Jackson do Pandeiro tocou

Foi o Brasil estrangeiro

Que na nossa casa entrou

No futebol de tantas emoções

Garrincha

Pelé

Zico

Romário

Mil gol

Mil gol

Amarildo

Zagalo

Parreira

Tostão

Jairzinho

Gérson

Paulo César Caju

Brasil

Darci Ribeiro na educação

Oscar na arquitetura

Getúlio na política

Luiz Carlos Prestes

Janete Clair na novela

Dias Gomes também

Fernanda no teatro e na televisão

Paulo Gracindo na incorporação

Cecília Meireles na poesia

Machado de Assis na Academia

Ariano Suassuna no movimento cultural nordestino

É tão bom ser Brasil

Brasil

Brasil

Brasil

Martins Penna no teatro

A Semana de 1922

Mário de Andrade

Tarsila do Amaral

Anitta Mafaltti

Maria Margarida Alves

A luta do povo oprimido

Lampião rei do cangaço

Maria Bonita a rainha

É cada coisa neste Brasil

Que chego a pensar

Que às vezes não existe Brasil

Ou não...

Brasil

Brasil

Brasil

Raquel de Queiroz

Literatura de Cordel

Esporte

Arte

Cultura

Tudo isto é Brasil

Com seu imenso espaço territorial

Brasil

Brasil

Brasil

A Amazônia brasileira

Tão de olho nesta mata

O Pantanal que alguém desmata

A preservação da natureza

O Congresso Nacional

Muita gente para pouca ação

A capital federal

É lá que há explicação para o Brasil

Da mídia internacional

Rio de Janeiro

São Paulo

Brasil

Brasil

Brasil

As mulheres brasileiras

Versadas como mulatas

São negras de beiços carnudos

Cruzadas com índios e mamelucos

Com brancos e cafusos

E eis a confusão deste Brasil

A nossa veia

Tem sangue de índio, português e africando

A raça deste Brasil

É polivalente no meio de vida

Está difícil para alguns

Viver aqui neste Brasil

O desemprego

A falta de emprego

O desempregado

O que não consegue emprego

Aquele que procura emprego

Não tem emprego no Brasil

A educação brasileira

Criança come

Tem farda

Brinca

Se diverte

Mas não aprende

Ser Brasil para despontar como brasileiro

É enfrentar um exército de marinheiros em cima de aviões

As Forças Armadas não estão armadas

A campanha do desarmamento

Serviu para desarmar o Brasil

É tanto Brasil

Que cansa ser do Brasil

Brasil

Brasil

Brasil

Vou terminar este longo trabalho

Porque sou brasileiro e me atrapalho

Faço parte deste Brasil

Acerto muitas vezes falho

É Brasil

Brasil

Brasil

Brasil

Terminei e sou Brasil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2007

1926. NORDESTE

Nosso Nordeste

Nordeste Brasileiro

A seca do Nordeste

As contradições do Nordeste

O Mandacaru

O Xique-Xique

A Palma

O Nordeste deste Brasil

A hora é de calor

Quentura na vida inteira

A hora é de frio

O turismo agradece

É Nordeste do Brasil

Os Estados Brasileiros

Paraíba

Pernambuco

Piauí

Maranhão

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Bahia

Ceará

São tantas e tantas riquezas

Que o Nordeste é tão brasileiro

Como o Brasil é Brasil...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de setembro de 1984

1927. O ESTADO DA PARAÍBA

Paraíba Estado do Nordeste do Brasil

Banhada pelo Oceano Atlântico

Terra com águas puras e flutuantes

É Paraíba de tantos amantes...

O Estado da Paraíba

Muita gente por aqui passou

Fez história e trouxe glória

Paraíba vou parar, conte você a vitória.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982

1928. A CAPITAL PARAIBANA

João Pessoa, capital paraibana

Nascida nas margens do Sanhauá

Banhada pelas águas do Jaguaribe

É João Pessoa com mais de quatrocentos agostos

Viva Nossa Senhora das Neves

Viva João Pessoa

O Jardim das Acácias...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de agosto de 1984

1929. OS BAIRROS DE JOÃO PESSOA

são tantos e tantos bairros

na cidade de João Pessoa

são bairros periféricos, bairros litorâneos

bairros nobres e bairros pobres

os bairros da minha cidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982

1930. AS CASAS DA MINHA CIDADE

as casas da minha cidade

são de tijolo, taipa e barro

as casas são belas e artesanais

de alvenarias as casas da minha cidade

minha cidade tem casas e mais casas

a arquitetura é a mais expressiva que há

as casas da minha cidade

são casas de sonhos as casas da minha cidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983

1931. SITUAÇÃO ENCONTRADA

Sou um soneto feito para pura explicação,

Sei que serei lido, ou talvez jamais lido.

É fogo na roupa o que enfrento, se me é permitido

Conto até três para tentar explicar esta situação.

É uma situação que encontro e não dou jeito,

E se dou jeito não sou o causador de tal situação.

Assumo que problema se resolve com educação

Só que o dever prevalece diante do direito.

Direito todo mundo quer ter,

Mesmo que o dever não seja executado.

É uma situação que hoje chega o resultado,

O resultado é que a situação do dever

Rompe o tempo e me faz viver o pecado

O pecado de explodir e matar o acusado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de junho de 2007

1932. O MORTO VIVO

Um vivo se fazendo de morto

Porque achava que tinha morrido,

Pedia a Deus e ao mundo socorro

E de tanto socorro ficou desfalecido.

Era um morto tão sem vida

E como sem vida morreu na esquina,

E quem passasse ficava com a dor sentida

De tanto sentir o morto e sua sina.

Era um morto até bem vistoso

E como tal antes de morrer

Achava que era pra lá de gostoso,

Pois é, de tanto convencimento

Restou ao morto mesmo sendo vivo

Morrer e ficar no esquecimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1984

1933. CAMPINA GRANDE

Estou aqui em Campina Grande

Triste, sei que a tristeza é Argentina,

Pois a mesma meteu um no Brasil

E o São João em Campina

É o que tem para toda noite,

A noite de fogos de artifícios por todo céu,

É para esquecer o jogo

O jogo que tirou todo o véu

O véu da seleção brasileira

A de Lazaroni agora é só São João,

É forró, festança, é baião

É festa por toda cidade,

Campina Grande nem pensa em futebol

É só baião, festança e forró.

Bento Júnior

Campina Grande-PB, 24 de junho de 1990

1934. FILHOS DA VIDA

Filhos que andam descalços

Os sapatos jogados fora,

Os filhos são frutos dos amassos

Comeu e foi embora

Foi embora para nunca mais voltar

E quando um dia pensou,

O pensamento de um dia chegar

Pediu tanto que não chegou

Não chegou a adoção

Seu pai negou até o fim

Melhor ficar sem pão

Do que ter outro irmão

É assim que são os filhos

Os filhos da ingratidão.

Bento Júnior

Campina Grande-PB, 24 de junho de 1990

1935. AMENIZANDO O AMOR

É fogo que arde no amor de louco

É fogo que arde aos poucos

Invade o fogo que guardam nas entranhas

É fogo do macho e das piranhas

As piranhas andam soltas nos cabarés

Tomam cerveja e posterior os cafés

Os machos ameniza o amor

As piranhas popularizam a dor

A dor de quem sente vontade

Vontade de amenizar o amor

O amor da donzela e da maldade

A maldade do macho amenizador

Aquele que ameniza a contra-gosto

A maldade que resta da dor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1984

1936. EM PÉ DE GUERRA

Em pé de guerra com a guerra já vencida

Os vencedores da guerra pecam pela fé,

Matam inocentes e gentes da mais ralé

E ainda são condecorados de heróis

Porque todos não querem uma guerra perdida

Mesmo que pra isso aprendam a distância

Da razão e da emoção do silêncio de uma ambulância

A passar entre os mortos acendendo os seus faróis.

Em pé de guerra um povo já vibra

Uma vibração pra lá de contraditória

É uma guerra onde só quem se equilibra

É o poder do capital

E assim portanto vem a vitória

É o homem é irracional.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de setembro de 1987

1937. BANDIDO BOM

Bandido bom, invadiu um banco, não matou ninguém

E ainda por cima deu dinheiro a velhinhos,

Pediu perdão por toda maldade causada

E ao sair desejou a todos só o bem.

Pense num bandido bom que não pegou um vintém

Da gente que estava com conta a pagar,

Foi motivo de admiração por todos

Só porque o bandido não roubou homem de bem.

Era um bandido educado e formado

Na Universidade do estrangeiro

Falava idiomas e era rico seu brasileiro

Um sotaque que causou espando nas mocinhas

Mesmo de máscara no rosto, riu do roubo no banco

E ainda por cima saiu dizendo: seja franco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de novembro de 1988

1938. OS SAPOS DA CHUVA

Os sapos da chuva

É tanto sapo

Um tão amigo

Chega no pé da gente e diz

Que vida boa de chuva

É um sapo grandão

Um pequeno que rola no chão

É sapo que não acaba mais

É chuva para alegrar os sapinhos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de novembro de 1988

1939. CADA NOME ESQUISITO

É Professor...

Para lidar com tanto nome esquisito

Na caderneta

Na chamada

É tanto nome

É nome tanto

Que troca nome

É nome trocado

É nome esquisito

Na caderneta do professor

Na ficha da secretaria

Por que o pai?

Por que a mãe?

Coloca nome nos seus filhos

Os mais difíceis possíveis

E tome nome

E tira nome

A imitação do artista

Esbarra na chamada

Do Professor...

Bento Júnior

Alhandra-PB, 05 de novembro de 1990

1940. MIL NOVECENTOS E QUARENTA

Em Mil Novecentos e Quarenta

No Sertão de Bodocongó

Um pai embriagado sacou a arma

E de um tiro só matou um mocó

Era um mocó querido

Que não fazia mal a ninguém

Era o animal de estimação do filho

E valia em dinheiro pra mais de cem

Chorou tanto o homem embriagado

Que Bodocongó inteira pra não acontecer o pior

Deu ao filho do bêbado um lindo presente

E para nossa surpresa era um outro mocó.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1941. AS PUTARIAS DA VIDA EM CENA

De tanta putaria que o mundo vive

Vive o homem na putaria do mundo

E se a putaria é putaria de sonho

É sonho que se sonha no mundo

E se o mundo de tanta putaria

Viver no mundo da putaria

É sinal que a putaria que o mundo tem

Não tem mund que agüente

Tanta putaria de tanta gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de abril de 1984

1942. OS VÍCIOS QUE O HOMEM TEM

o HOMEM tem tanto vício

que não se sabe o valor que tem

o Homem é tão viciado

que não dá valor a ninguém

o Homem de tanto vício

é vício que não acaba mais

quanto mais se está viciado

é vício que que tem de tomar

é café, é cerveja, é água de coco

é cachaça, é maconha, é crack

é cocaína, é charuto, é cigarro

é mel, é cana, é aguardente

é tudo que se vicia

o Homem é um viciado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1943. CACHAÇA E SUAS DERIVADAS

Cachaça, ginebra, aguardente, pinga

Me dá mais uma, uma lapada, cana

Da boa, boa demais, ta com a gota

Estou bêbado, deu a bexiga, essa condenada

Istopô balai, gota serena, peste caninana

Infeliz, desce infitete, uma pro santo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de março de 1983

1944. UM VÍRUS

Bactéria

Virose

Doença

Um vírus

Na Internet

No Computador

Tem tanto vírus

Para se ganhar dinheiro

Um tal de vírus louco

Entrou na minha página

Acabou meu conteúdo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1997

1945. JÁ É TARDE, A CAMA ME ESPERA

Estas horas da noite

Em que o relógio se esquece de tocar

Qualquer dia é como se fosse um dia qualquer

No toque – toque do tempo

Já é tarde, eu tenho que dormir

A cama me espera, já é tarde...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1946. OU TUDO OU NADA

Tenho que ter poder

Para poder com você

Tenho que ter poder

Para poder com você

O poder é viver

Viver para o poder

O poder é sofrer

Sofro pelo poder

É de tanto conhecer

Os bastidores do poder

É tentar fazer

Nascer um novo poder

E quando se vai nascer

Brota em nós um novo poder

É tanto poder para poder

Alguma coisa tentar ser

Diante da vida do poder

No alicerce do ser

E que viva o poder

Mesmo sem poder

Eu posso ter

Um multidão de poder

Um lugar para conhecer

Da vida um pouco de poder

Eu só quero é poder...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1947. TENTE ME COMPREENDER

Tente me compreender

Acima de todas as razões,

É que a vida é sofrer

E quem sofre são os corações

Os corações sofrem tanto na vida

Que a vida impede o caminhar,

É que o caminho é coisa decidida

No verbo ser e no verbo amar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1948. EU RESPONDO PELO QUE FIZ

SE faço alguma coisa erra

SE faço alguma coisa certa

SE faço alguma coisa feliz

SE faço alguma coisa de triste

SE faço alguma coisa indecisa

SE faço alguma coisa perdida

SE faço alguma coisa contente

SE faço alguma coisa decente

SE faço alguma coisa inteligente

SE faço alguma coisa distante

SE faço alguma coisa tão santa

SE faço alguma coisa e vou embora daqui...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1949. AS VIDAS DAS BARATAS

Cada barata tem uma vida de tantas vidas

Uma barata é tanta vida na vida da gente

Que quando barata o inseto viver

É barata que de tanto morrer

O nascer é barata que não se acaba mais

E de tanto o avistar ser barata na frente

Muito mais baratas a gente tem de matar

Ela sobrevive à bomba de guerra

Ela sobrevive até na ocasião da paz...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1950. A PARTIDA DE TANTAS VOLTAS

As vezes que eu tive de partir

Voltei e cá contigo fiquei,

Fiquei sem nada cobrar

Sem nada em troca pedi

É que tenho tantos compromissos

E longe de casa assumi...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1951. VOU DORMIR

a cama me espera

com todos os lençóis

o travesseiro me espera

com toda maciez

na cama o sono

chega de mansinho

empura o cidadão

faz um carinho

a cama me espera

a cama me espera

é sono que vai chegando devagarinho

vou dormir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de abril de 1985

1952. ESTÁ DOIDO?

Cabra de peia dá peia na gente e conta

Pra todo mundo se tu é doido ou se

No teu lugar algum doido passou?

Me diz filho de uma mãe boa

Será que você está doido

Ouvindo a todo mundo e não me ouvindo?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1989

1952. CASCÃO

Eu sou Cascão

Ou melhor dizendo

Colecionava os gibis de Cascão

Diziam que eu não tomava banho

Hoje ganhou o Cascão

Tomo muito banho

Não aprendi com Cascão

Nem com A Turma da Mônica

Eu era Cascão

Hoje queria ser Cascão

O apelido de infância

Cascão do meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1985

1953. OLHOS FECHANDO

Estou com os olhos de tanto sono querem fechar

Vou tentar um poema na ponta deste lápis

Apontar o poema dos olhos

Apontar o poema da retina

Apontar o poema da menina

Que mesmo estando com sono

Não morri, isso me anima.

Estou com os olhos fechando de tanto sono

É sono para dar e vender

Quem quer um quilo de sono

Venha aqui e pegue o seu.

Estou com tanto sono

Tanto sono tenho que dormi

Os olhos se fecham de sono

Eu quero ir para cama dormir

Vamos dormir meus olhos

Não feche assim sem permissão

Vamos dormir meus olhos

Veja se na cama aumenta o tesão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1954. ESTAS MÚSICAS ME LEMBRAM MEU PAI

É Luiz Gonzaga, o Rei do Baião

Com sua sanfona, puxe o fole

Lembra meu pai, tão passado

Eu calado, sem nada entender

Vendo meu pai, na calçada

A radiola, daquela que suportava

Três bolachões, todos de Luiz Gonzaga

Era tempo de São João

Era música o mês inteiro

Meu pai tão sorridente

Ria de cada música do Rei do Baião

Que distâncias hoje me encontro

Mas trago de volta o passado

O passado do meu pai

Que hoje é presente em mim

As marchinhas juninas

Meu pai junto delas

Era como se meu pai

Tocasse sanfona

Puxasse o fole de Luiz

Era milho, era fogueira, era São João

Era meu pai, a radiola a tocar

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião

As músicas de Luiz

Eu quero chá, boi bumbá

Olha pro céu meu amor

Ver como ele está lindo

Olha praquele balão multicor

Que lá no céu vai surgindo

Foi numa noite igual a esta

Que tu me deste o teu coração

O céu estava assim em festa

Pois era noite de São João

Havia balões no ar

Festa e baião no salão...

Dar vontade de chorar

É como se meu pai tivesse cantando

Fazendo um dueto com Luiz

Hoje, sei que não é a mesma coisa

Meu pai já velho, cansado pelo tempo

Não tem mais radiola, só som potente

Que incomoda os ouvidos, a mente e o juízo

Meu pai já não fala com tanta empolgação do Rei do Baião

O Rei do Baião já se foi

O tempo mudou

Meu pai já não é mais o mesmo

Hoje tem filhos e netos para criar

Não sai de casa, quer morrer em casa

Ouço e fico triste, o porquê de tanta mudança

Se meu pai me ensinou a gostar de Luiz

De Nelson, de Vicente, de Augusto, de Francisco

De Marines, de Altemar, de Alcirdes, de Ângela,

De Agnaldo, de Agostinho, de Cantadores de Viola

Da Literatura de Cordel, das histórias infantis

Meu pai só não, minha mãe também

Nas histórias era a Rainha para nos fazer felizes...

E meu pai? Meu pai é passado

Por que a audição de suas músicas estão presentes

Na memória de minhas recordações

Qualquer dia desses eu vou lá em casa

Gravo um cd com as músicas que ouvia no passado

Quero ouvir junto do meu pai

Eu sei que ele vai se emocionar

Coisa que ele não gosta muito

E sei também como faze-lo mudar de idéia

Ou será que eu estou delirando

Porque o meu pai jamais iria mudar em conseqüência

Da minha presença pedindo para ele recordar...

Sei não. Só sei dizer que hoje bateu uma saudade

Danada de boa daquele meu pai querido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007

1955. A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

Diz o ditado popular

Que a esperança

É a última que morre

E até que provem o contrário

Já enfrentei leões vencedores

Que venci no final da batalha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1956. LUTE MINHA AMIGA

Se queres vencer com poucas pedras na mãos, atira na primeira pessoa

Esta que passa na tua frente. Cuidado. É tua mãe. Queres matar?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1957. AS PARTES QUE NINGUÉM VÊ

Ela tem

Uma parte

Esta ninguém

Pode ver...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1958. O CHÃO DE CADA DIA

Ele morreu

Se enterrou

Ninguém viu

Ninguém teve pena

Só tive pena

Da mulher dele

Tão velha

Nem deu para aproveitar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1959. AS PAZES DOS RAPAZES

Ele estava em guerra

A mulher pediu paz

Os rapazes em coro

Gritavam abestalhados

Inclusive eu

De tão abestalhado

Pedi pazes aos rapazes

Que apenas queriam guerra...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1960. AS ASSOMBRAÇÕES DO CASARÃO 46

Quando eu passo naquele casarão, sofre de epilepsia

Caio no chão, estremeço o chão do inexplicável

Dou pulo de melancolia e de medo do casarão 46

Acho que sofro de amnésia e insônia por nada saber explicar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1961. ME MANDE UM E-MAIL

Antigamente, bem antigamente

A carta, bem antiga comunicação entre os povos

Servia de base para os encontros e desencontros

A carta dava notícias, demorava mas chegava

Carteiros estraviaram tantas, tantas foram as jogadas fora

Que tantas cartas ficaram pelo caminho

As cartas dos amores perdidos

As cartas dos amantes apaixonados

As cartas das paixões proibidas

As cartas de Augusto

As cartas da mãe de tantos que foram Augusto

As cartas de despedida

As cartas de chegada

As cartas da má notícia

As cartas das boas notícias

As cartas de antigamente

Um mês com o tempo já vencido

Mas era uma carta

As cartas que quando foram abertas

A história já tinha mudado de rumo

As cartas que não servem mais

Os papéis de carta

Tão enfeitados nas mãos das meninas

Nas mãos das madames

A carta enquanto correspondência

Até hoje ainda se comunica entre os povos

Só que as cartas são outros quinhentos

Hoje tem um tal de e-mail

Que mesmo antes mesmo

De você querer mandar

Ele sai da sua mão e vai embora

Na mesma hora o outro já recebeu

Sem emoção, sem vida

Sem razão, sem porquê

O e-mail é comunicação, meu irmão!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1995

1962. AS RAZÕES DAS EMOÇÕES LOUCAS

A razão entre a emoção e o ser querer ter é vício que

Assombra os pensamentos. As razões das emoções

É do louco, é da louca, é de mim, é de você...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

1963. DIGA LÁ, PAIXÃO

diga lá, paixão

onde estás que não me ouves

e se estás me ouvindo

por que não trazes os couves

os couves para o feijão

sem ele eu não almoço

peço que me tragas

não gosto de alvoroço.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979

1964. ALMOÇAR

a filha chama

a mulher chama

a barriga chama

o almoço está na mesa

a barriga está roncando

o feijão verde está quente

o arroz está quase frio

a carne é quase nada

a verdura é muita

o macarrão é pouco

o suco está pronto

é melhor almoçar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de fevereiro de 2004

1965. SEXTA-FEIRA É DIA DE COMEMORAÇÃO

sexta-feira

nós, ela e outros

o diálogo é passado

os santos são pecados

a razão prevalece

nas emoções dela

ele tem contradição

as outras defendem

a outra se cala

o outro dá um riso

as omissões da lei

é contra o mundo

é contra um todo

é contra o certo

é contra o errado

nosso sonho

vai muito mais além...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007

1966. BENDITO AO VOSSO FRUTO

a religião católica

tem cada uma

que não se imagina a razão

a imaginação que o povo faz

a razão prevalece

na religião

ela tem contradição

as outras também

bendito

que bendito

é uma reza, é uma oração

é um saco, é perdão

está no homem, está em Deus.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de novembro de 1980

1967. TIMBU

Encontre entre paredes e caibos

Ripas e telhas, um tal de timbu

Bicho fedorento, nojento

Fedia igual a cheiro de cu

De cu de gente que não lava

De sebo de pica mal lavada

De xota mal passada

É o timbu

Tão sem graça o bicho

Que mesmo sendo animal

Difícil foi deixá-lo viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de abril de 2007

1968. QUE CONFUSÃO!

Somos um pedaço de chão

Na casa de seu João

Que não querendo confusão

Aí foi que aumentou a confusão

Foi lapa de lapada pelo chão

Um cai e cai na confusão

Lamentava seu João

Pai de Pedro e Sebastião

Sebastiana e Salomão

Ribamar e Paulão

Chorava de coração

Socorro era sua paixão

Que fugiu na confusão

E quem agarrou foi Paulão

Filho adotivo do velhão

Que após a confusão

Amou Maria de Conceição

Uma linda mulher sensação

Parava qualquer estação

E olhe que seu João

Ainda lhe deu o perdão

Apesar de toda confusão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 1980

1969. CARNE E LENTILHA

a pequena de tão pequena

sua voz pequena

gostava de carne e lentilha

de uns dias para cá

não quer nem ver carne e lentilha

e olhe que lentilha é bom

carne é boa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007

1970. OS PRAZERES ARTIFICIAIS

Entre uma mão

E cinco dedos

O homem tão inexperiente

No ato do amor

Busca os prazeres artificiais

No pensamento tão fictício

Das realizações não realizadas

E o final é uma cápsula

De arrependimento constante...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2007

1971. MIL NOVECENTOS E SETENTA E UM

dez anos eu completei

eu completei dez anos

de tudo que eu errei

só tenho hoje planos

planos de ser alguém

e quando isso acontecer

vou fazer só o bem

bom para minha família ser

este ano é ano de festa

estou com dez anos

muito tempo me resta

só tenho hoje planos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de de fevereiro de 1971

1972. MINI-COPA

Paulo César

Jogador de primeira

Nesta mini-copa

Ele mostrou que é o melhor

O Brasil tem tudo

Para ser na Alemanha

Tetra Campeão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 1972

1973. MIL NOVECENTOS E SETENTA E TRÊS

Dedicado para o Grupo Escolar Almirante Tamandaré (João Pessoa-PB)

Meu Tamandaré querido

Meu primário em flor

Meu Tamandaré dos mares

Tamandaré meu amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1973

1974. MIL NOVECENTOS E SETENTA E QUATRO

Este ano, como todos os anos

Fiz planos e mais planos

Foram vitórias e desenganos

Como todos os anos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1974

1975. POLIVALENTE, POLIVALENTE

Polivalente meu amor

Por aqui estou

Quero só fazer amizades

Nesta passagem de estudante

Minha poesia é avante

Polivalente

Quando eu deixar você

Vou sentir só saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de março de 1975

1976. FOGO, AMOR E ILUSÃO

Por um momento pensei que estava te amando

Tudo foi ilusão. No decorrer do tempo descobri

Que você não fazia parte da minha imaginação

Porque a minha ilusão era só te amar...

O amor quando se confunde

Torna-se uma ilusão,

Às vezes deixa uma ferida profunda

Mas também agradáveis recordações...

Entre nós dois

Pensei que o amor fosse uma descoberta,

Tudo ilusão. O tempo que tive com você

Nada aconteceu. Minha paz foi ir embora, cantando

Neste mundo afora.

Então a minha ilusão foi só querer te amar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de maio de 1978

1977. MINHA ALMA ESTÁ PARTIDA

a partida é como uma ferida que se rompe

a partir da despedida não se tem paz

alegria

tranqüilidade

contentamento

enfim, só tormento...

mas no sofrimento há esperança

graças a Deus

tenha calma na minha alma

de algum dia, com certeza

com a minha luz acesa

retornar ao que nós dois fomos

no sofrimento há esperança

onde o sofrer faz parte da vida

e a vida é uma eterna criança

criança que de mim fez partida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de setembro de 1976

1978. BAIRRO DOS ESTADOS

Dedicado para a Escola CEBE (João Pessoa-PB)

Uma escola organizada

Com aula de sociologia

Amigos novos

Fiado na sorveteria

Bairro dos Estados

O Científico fazer

Passar no Vestibular

A vida enfrentar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1978

1979. PALAVRA SAUDADE

Palavra saudade

Eu ouço desde criança

Saudade do amor presente

Saudade do amor ausente

Saudade do amor ausente

Não é saudade

É lembrança.

Pois saudade só é saudade

Quando morre a esperança.

Quando a esperança morre

Tudo se complica

Fica só na lembrança

A saudade e o passado.

Passado doloroso

Triste

Triste é ter que lembrar

Lembrar que não se sente

Saudade de um alguém

Que se podia amar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1978

1980. UM SONHO ILUSÃO

Sonho

É uma grande ilusão

Viver de sonho

É fugir da realidade

Viver de sonho

É não ter o que querer

É querer o que não se pode

É cochilar e à vida esquecer...

Viver tudo que deseja

Nas noites que se dorme

Com quem quer que se esteja

Ao acordar tudo se morre...

Dizem que sonho é pesadelo

Quando se acredita nele

Mesmo sonhando ele

Sonhar é um desmantelo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1978

1981. FAMINTO

Eu passei naquela casa

e observei

um homem chorar,

entrei e perguntei:

- O que houve meu senhor?

O homem em tom de profecia

baixou a cabeça e falou:

- Nada não, seu moço, eu estou apenas

com fome.

Com dúvidas, perguntei-lhe:

- Que fome?

O homem sem muita pressa, arregalou os olhos,

deu dois suspiros, planejou os músculos

e despencou no silêncio e sem muita pressa falou:

- Fome de Paz

- Fome de Justiça

- Fome daquilo que é mais sublime ao homem:

A VERDADE!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1983

1982. SANGRANDO

Dor

infinita dor

quando haverás

de sarar o som

do meu pecado?

Doeu o toque de recolher

de tudas palavras...

Falta saber desta linha

que hora contradiz

meu silêncio

todo sangue jorrado

nas incertezas

inadequadas do meu

sentido de viver...

dor

infinita dor

quando haverás

de sarar o som

do meu pecado?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1983

1983. CARTA AO AMIGO

Dedicado aos meus vinte anos

Amigo

não queira saber

o sentido de ter vinte anos.

correr uma vida marcada, dando

mancada e fazendo sempre planos...

perpetuam de um indivíduo decente

buscando melhores caminhos, que se infiltram

nos pensamentos inadequados de um

sentimento deixado por frases repletas de carinho.

Todo mundo canta como quer, eu canto

como bem quero. Na vida sou apenas o exagero

nascido de um desespero confuso e bem romântico.

Dou pesada nos aços dos meus fracassos, pois, só quero

o bom, curtir o som e andar pelos interiores da vida.

É, Amigo, isso tudo é o amor, ou seja:

Vinte Anos de Vida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 março de 1981

1984. EU ERA BEM FELIZ

Eu era bem feliz

Tamanho de um coração,

Levava dinheiro no bolso

Sexo, amor e paixão.

Portanto surge a hora

Que logo mudo de parceira,

Estou feito o vírus

Da real crise brasileira.

Dizem que estou com AIDS

Sei que logo vou morrer,

Não me deixe assim tão triste

Preciso muito de você.

Eu quero um beijo

Com beijo ninguém pega não

Eu quero um cheiro

Com cheiro ninguém pega não

Eu quero um abraço

Com abraço ninguém pega não

Eu quero um aperto

Com aperto ninguém pega não

Eu quero sentir teu afeto

Não importa o resto

Confesso que estou

Precisando tanto do teu amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 março de 1982

1985. OS MÉRITOS FEMININOS

Dedicado para diretoras eleitas da E.M. E. F. Cícero Leite (João Pessoa-PB)

Com mérito e bastante simplicidade,

Inteligência e competência, Deus deu o poder

A quatro mulheres amadas, sensíveis e conscientes.

Imaginem uma escola construindo

O saber com idéias coletivas, assumindo

Um papel educacional, inteligência e competência,

Social e político – esta é a nossa busca...

Observar a claridade existente na escola,

Realizando o ensino-aprendizagem como

Uma oração de ternura e participação,

Esta é a nossa busca.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de outubro de 2005

1986. CHEGOU NATAL

Caro amigo

Espero poder contar contigo

Com tua significante amizade

Para toda a eternidade.

O natal está chegando

Com ele chega os meus votos

De um feliz momento

Na espera desse ano

Que vai ser maravilhoso

Felicidades meu amigo

São os votos do grande amigo de sempre.

Chegou natal, felicidades

Ano novo, tudo de bom

Festas boas, realidades

Comes e bebes, dia de som.

Que neste natal, um ano novo surja em

Teu caminho, eu teu caminho...

Que bom poder contar com tua amizade

Essa vida é tão agitada e necessitamos

Plenamente de amigos. No entanto, és um dos tais.

Você faz parte do meu currículo de amizades.

Aproveito de todo coração para te dizer que

Não só esse, mas sim, que todos os outros

Que se aproximam sejam de tremendas alegrias

Em tua vida, em tua VIDA.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1980

1987. O PENSAMENTO INFELIZ DO FILHO

Mamãe

Às vezes o filho

Sente vontade

De jogar suas mãos

Na face da sua mãe

Mas ele se conforma

Apenas com a palavra

Do seu pueril cérebro.

Hoje

Mamãe sinto que as palavras

As palavras antigas são falsas

O filho ama sua mãe.

Às vezes o filho

Sente uma vontade e reprime

Volta de novo ao passado

E sente na pele

Mil razões para ficar calado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1981

1988. O TRAGO DO CIGARRO

Dedicado para o palavreado de um evangélico

Não sei tragar nenhum cigarro

Também não sei tomar um copo

Isso antes de te conhecer

Hoje sou um momento sombrio

De uma vida bem vivida

Traguei cigarros estranhos

Tomei diversos antibióticos

E cair na gandaia com você.

Hoje sou evangélico

O Senhor é Meu Pastor

E nada me faltará

A não ser falta de ar.

Nunca fui maconheiro

Nem tampouco fumei charuto

Eu tinha um companheiro

Que fumava e hoje está de luto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de dezembro de 1980

1989. SÓ DEUS...

Só Deus sabe

Da melancolia

Que trago

Dentro do peito.

Estou sempre

Predestinado

A saber de todas

As coisas

As que são capazes

De elevar a minha

Cabeça para um

Momento onde

As coisas permanecem

Inertes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 1980

1990. TU ÉS PARA MIM...

Tu és para mim

um careca baixinho

feio e sizudo

banguelo e narigudo

olhão e testudo

pesão e cabeçudo

testão e filho da puta

cachaceiro e político

ladrão e miserável

patrão e dono do poder

corno e nojento

fedorento e imundo

sujismundo e fala baixo

anda descalço

passa fome e gosta de homem

vira lobisomem e apanha de mulher

sofre da vista e tem filho veado

quer ser artista e joga futebol

fala dos outros e seu pai é louco

só vive rouco e a sua mãe é puta

tem emprego no Estado e na Prefeitura

quer um melhor na Universidade

tem focinho da cara de vaca

joga milhar e é fã de bingo

não gosta de brincadeira

vive com a cara fechada

coitado desse cara

que se lasque e se lasque

Tu és para mim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1981

1991. MUITO DINHEIRO NO BOLSO

Trabalho o ano inteiro

De janeiro a janeiro

Não vejo a cor do dinheiro

Só vejo o patrão

Comprando munição

Cheio de capital estrangeiro.

Sou de bolso furado

Sou um desgraçado

Pé de chinelo

Mas eu apelo

Ao dono do poder

Que possa me devolver

Todo o meu dinheiro.

De dia e de noite

De noite e de dia

Me chega o patrão

Trazendo na mão

Um saco de dinheiro

Sou um brasileiro

E me vendo por um tostão.

Eu me arrependo

De ser o que sou

Tomei foi no cano

Me lasquei, que horror

Vivo de um tiquinho

Essa mincharia

E o patrão?

Vive de chamego

E de carinho...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980

1992. REDIMIR

Ah, que morram todos os loucos

Os loucos, os quais pediram remissão

A todos foram negadas. O sal da boca

Dos loucos mal remunerados.

Contrapondo as vísceras

Dos deuses libertos

Assalariados, discriminados

Em busca do talado

Solo desta terra.

Como se fosse taio

O bezerro do meu país

Ainda hoje sobrevive

De remissões. Quero mais

Loucura nessa salada

De vida, para que possamos

Deduzir cada sílaba

Escrita em várias asas.

Queremos voar...

De volta contarei os casos

Obtidos em cada

Subida/descida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1981

1993. MISTÉRIOS DE TODOS OS MALES

Dentro

Desta mulher há um mistério

Um mal que atormenta

De quem mora no cemitério

Um mal que alimenta

De quem não tem critério

Só há uma razão para saber

É amar esta mulher, sofrer

Aí, sim, acabou-se este mistério.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1979

1994. BOCA CALEJADA

Boca

Calejada

Mistério

Abençoada

É assim que a boca do mundo

Se encontra entre tantas bocas

Falantes, arrogantes, pedantes...

É uma boca calejada

Que me deseja a sorte amaldiçoada

É uma boca

De tempo em tempo

Calejada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980

1995. QUERO E SEI PORQUE QUERO

Quero VOCÊ

Acima de tudo e de todos

E se todos de ti me distanciar

Ainda vou querer-te

Mesmo por um minuto

Só sei que quero

Lá fora te espero

É vício de quem saiu da puberdade

E hoje tem plena liberdade

Para dizer-te o quero VOCÊ.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1981

1996. AGONIA DE COVEIRO

O coveiro de garra de sua enxada

Cavou a última terra

E lá botou

Seu caçula

Que tanto o amou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1980

1997. EU NÃO PRESTO PARA NADA

Dedicado para um fracassado jogador de futebol

Eu não presto para nada

Eu não jogo nada

Nunca fiz um gol

Nunca fiz amor

Eu não valho nada

O time me dispensou

A bola na arquibancada

A trave o chute errou

Eu não presto

Eu não sou de nada

Me passe a bola ligeiro

Que o gol vai ser certeiro

Ele passou a bola

O chute saiu rasteiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

1998. O EROTISMO DE HELOÍSA

Heloísa por que me tratas assim

Com esse jeito malandro

De quem nada quer?

Heloísa por que me olhas assim

Com esse olhar de pilantra

De quem nada quer?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

1999. CRIANÇA BALIADEIRA

a baliadeira pegou

uma pedra jogou

um passarinho se safrou

da morte que o menino deixou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1979

2000. MARIA ENTRE TANTAS MARIAS

Maria, Maria

Beija-me com prazer

Um prazer de quem pagou

De quem pagou para beijar

Um beijo bem bom, Maria

Maria de muito amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1979

2001. SONHOS DE INFÂNCIA

No passado eu tinha sonhos

Sonhos que não voltam mais

Hoje já sou rapaz

Já não tenho tantos sonhos

Era bom demais

Sonhos de criança

Na minha infância feliz

Ainda sou um aprendiz

Dos sonhos que a vida me fez.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

2002. LINDO BAILE

Lindo baile meus olhos presenciaram

E neste presenciar malandro de quem

Nada quer, querendo ela

Dei de cara com ela, dancei

E no baile da noite, transei

Uma transa de quem fala de baile

E de cada baile falado

Um amor esquecido

Um amor matado

Um amor já morrido

Um sexo sem compromisso.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1980

2003. NOME DE SANTO

Nome de santo

O homem da esquina tem

Nome de santa

A mulher da esquina tem

Nome de santo

O homem levantou-se primeiro

Ganhou da santa o direito

De falar e receber a água benta

Que o santo lhe deu por direito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1980

2004. PELADA NA FRENTE DE CASA

Um campinho com tantas recordações

Guarda meus sentimentos de menino

Vizinhos brincam de saudações

Saudades dos meus tempos de menino

Uma pelada com Pelé

No irmão se dá olé

Tome gol na cara

E deixe de tomar café.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 1979

2005. SEMENTES FRUTÍFERAS

Sementes plantadas

Água botadas

Frutas que vão nascer

Sementes plantadas

Terras colocadas

Frutas que vão florescer

Sementes no chão

Frutos do pé de limão

Frutas que vão alimentar

Sementes no chão

O alimento de cada cidadão

Frutas que a fome vai saciar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de junho de 1980

2006. ABUSO DE MENINO

Menino deixa de abusar

Se não eu te dou uma surra

O menino quis chorar

Montou na sua burra

Montou e foi embora

A mãe ficou a chorar

O pai ainda hoje chora

Para o menino voltar

O menino voltou depois de crescido

Rico e com muito dinheiro

A mãe, o pai já bem envelhecidos

Abençoaram o filho

O pai de tanta emoção

Deu um suspiro derradeiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 2007

2007. NOSSA COMO TEM ZÉ...

Dedicado para Jackson do Pandeiro ( o rei do ritmo)

Eu aceito o desafio por morrer de saudade

e ser feliz, aqui topo tudo na vida.

Sou Paraíba, cabeça chata e tenho liberdade

de gritar o nome não em vão.

O nome dele é Zé do Sabão

primo de Chico, o do Olhão,

nossa como tem Zé lá na Paraíba.

E assim cantou Jackson do Pandeiro

Com seu pandeiro e sua mão

E todo mundo saiu para aplaudir

Mas voltou atrás quando descobriu

O cabra também se chamava Zé

Jackson saiu na contra-mão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990

2008. TE AMO NESTA ONDA BREGA

Te amo neste onda brega

Visto calça comprida e blusa jeans

Para você sou como um pega

Nunca diz não, só fala os sins.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990

2009. DISTÂNCIA NO SILÊNCIO DA NOITE

a noite encanta e é nostalgia em mim

o silêncio me mata entre a distância do tempo

entre a vida e a morte a distância corrói

meu silêncio de vida, viver em plena morte

a morte da distância, a noite entre a minha vida

e a vida do outro no outro modo de ser nostalgia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990

2010. MISTERIOSO ENCANTAMENTO

Misterioso mar

Entre as ondas do mar

Mar do mistério das ondas

Entre as ondas espumadas

É o mar dessa vida

Acabando com vidas

Quem vai no alto mar

Ele já matou gente

Já fez gente viver

É o mistério dos encantos

Da vida de quem vive no mar

O mar

O mar

Assombrando pescadores

Desejando morte aos amores

Matou minha Maria das Dores

Numa noite de luar

Ah, se eu pudesse ir no mar

Eu traria Dorinha

Com sua bela carinha

Para junto de mim

Mas sem deixar o mar

É encantado o mar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1990

2011. POR QUE PERDI TANTOS POEMAS?

Eu perdi tantos poemas

Tantos poemas não foram salvos

Por causa de uma tecla

Eu perdi quase todos os poemas

Todos os poemas

Para mais de quarenta

Por causa de uma tecla

Não foram salvos

É isso que dá nada salvar

O computador não tem recursos

Se por acaso o cidadão não salvar

Deveria ter um mecanismo

Para o cidadão ir buscar

Na intimidade do computador

Por exemplo

No meu caso, que já existe

Um arquivo com mais de quinhentas páginas

E eu estou digitando poemas

E de repente fecho sem salvar

Deveria ter um mecanismo para que eu fosse buscar

Lá na intimidade do computador

Algo que ajudasse o cidadão procurar

Era mais ou menos assim, suponhamos

Este poemas de número 2011

O qual estou neste momento digitando

Se por acaso eu fechar o arquivo e não salvar

De repente noto que o poema número 2011

Não foi salvo, e ai?

Abro o arquivo e digito o número 2011

E lá vai mostrar onde se encontra este número

O cidadão vai lá e resgata o que estava fazendo

Porém, muitas coisas seriam retomadas

Aí neste momento eu teria mais de quarenta poemas

Todos comigo aqui na tela sem precisar

Novamente todos digitar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007

2012. DIA DOS NAMORADOS

Hoje, doze de junho

Do ano de dois mil e sete

Dia dos namorados

De manhã logo cedo

A mulher na cozinha

Curso a fazer

Crianças para a escola

Ela tem que levar

Ela é a minha eterna namorada

A mãe das minhas filhas

Hoje é dia dos namorados

Viva o santo casamenteiro

Santo Antônio e o menino

Já me casei de corpo inteiro

A filha se acordou

A mulher diz que estiou

A chuva já passou

A vida só vale se tiver amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007

2013. MINHA FILHA SE ACORDOU

Carolina se acordou

Está aqui com o pai

A cara de sono

O aparelho na boca

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007

2014. O MENINO E A BICICLETA (É com essa bicicleta que eu vou)

Dedicado para Igor Dias (Filho de Zé Humberto e Zélia – sobrinho de Norma Sueli – minha esposa)

Tenho fama de artista

Físico de atleta

Rondo o espaço

Em cima de uma bicicleta

Não estou nem aí

Porque de calaçada em calçada

Dou gargalhadas

E nela vou pedalando...

Sei que minha bicicleta

Não é tudo

Minha mãe dentro de casa

Me manda estudar

Respondo que já vou...

Não se pode nem brincar

Vou estudar, sei que vou

Amanhã eu volto

Na minha bicicleta a pedalar...

E assim o menino montado

Na sua bicicleta

Vai de rua em rua

Segura que lá o atleta...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 1994

2015. CORAÇÃO QUE DESGARRA

Coração desgarra

Esse pedaço cravado

Na membrana do meu pecado

Lindo, capaz de protegê-lo

Porém incapaz de tê-lo

Somente, somente meu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de agosto de 1991

2016. A FILHA QUER E NÃO QUER DORMIR

a filha caçula com os olhos fechando de sono

não se entrega ao momento e me espera

querendo que eu a coloque para dormir

é uma filha linda que precisa entender

se ela quer dormir que vá

se quer ficar acordada que fique

os olhos dela se fecham

acho que tenho que colocá-la para dormir...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de agosto de 1991

2017. O QUE DEVEMOS FAZER?

O que devemos fazer?

O que queremos fazer?

O que entendemos fazer?

O que merecemos fazer?

O que sabemos fazer?

O que pretendemos fazer?

O que se deve fazer?

O que se quer fazer?

O que se entende fazer?

O que se merece fazer?

O que se sabe fazer?

O que se pretende fazer?

O que mais se pode fazer?

O que mais podemos fazer?

O que mais poderemos fazer?

O que mais poderíamos ter feito?

O que mais pode-se fazer?

O que mais não se deve fazer?

O que mais não se sabe fazer?

O que mais se admite fazer?

O que mais não agüentamos fazer?

O que mais não chegamos a fazer?

O que mais nesse mundo nunca se deve fazer?

O que mais, o que mais, o que mais

Está aqui com o pai

A cara de sono

O aparelho na boca

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2007

2018. UMA ORAÇÃO PARA O MEU CHÃO

Toda noite vou pedir em oração

Para São Pedro e São João

Mandar água para molhar o meu chão

Molhar o meu sertão

O povo não tem o que comer

O povo só vive a sofrer

Mande água para o povo viver

Chuva ao sertanejo só dá prazer.

O sertanejo morre de fome

Morre mulher e homi

O povo faz tempo que não come

Manda chuva se não o povo some.

Aqui no meu sertão

Já não tem mais plantação

O gado vive de oração

O sertanejo nesta aflição

Não sabe o que fazer

E quando sabe fazer

O que sabe é tão pouco

Na tão pouca água que cai no chão.

O sol quente acabou com tudo

Destruição por todo este sertão

Agora olho para esse povo

É de dar pena no coração.

Vejo tanta gente boa

Morrendo de solidão

Não há comida

Não há água

Nenhum pedaço de pão.

As lágrimas caem dos olhos

Vermelhos do sertanejo

Quando um sertanejo morre no mundo

O mundo chora sem explicação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 1983

2019. CARNÍVORO

a planta carnívora roeu a roupa

do rei da minha luz, enquanto

ele de olhos vedados espiava tudo

na abertura da porta que se fechara

no primeiro ato

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 abril de 1983

2020. PEIXE DO RIO, PEIXE DO MAR

Um dia um peixe do rio conhecido senhor

Das águas doces, ao ver um peixe do mar

No balaio da feira, travou um diálogo

Que até hoje está escrito nos cordéis.

O peixe do mar conhecido senhor das águas salgadas

Ao ver o peixe do rio no balaio da feira, travou um diálogo

Que até hoje está escrito nos livros dos bacharéis.

O peixe do mar

O peixe do rio

O peixe no frio

O peixe no ar

O peixe do rio

O peixe do mar

O peixe do sá

O peixe do cio

O peixe do mar não gostou

O peixe do rio muito menos

Os dois em balaios separados

Os dois já tinham sido comprados

Os donos dos dois peixes

Ao ver tamanha confusão

Disse baixinho aos dois

Quem é a minha primeira refeição?

Os dois de tanto medo

Não mais discutiram o assunto

E para sorte do rio e do mar

O dono encontrou com um defunto

Grande era a choradeira

Os peixes choraram também

O dono deu um vacilo

Os peixes de deram bem

Foram embora para bem longe

Para uma terra chamada Brasil

O peixe do rio foi pro mar

E o peixe do mar foi pro rio

De vez em quando nesta terra do Brasil

Os dois faziam repentes

Lembravam do balaio de feira

Dos olhares de tanta gente

As águas do rio vão pro mar

Um dia as águas se encontram

Diz o famoso ditado popular

O peixe do rio já tem nome

Tem nome o peixe do mar

De tão amigo os dois

Ao ver os dois não se sabe

Quem é do rio

Quem é do mar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 abril de 1983

2021. NO ALTO DO CÉU DA TUA BOCA

na tua boca me calo de boca fechada

tu me olhas e me queres

mesmo com o riso trancado

deste riso de final de mês

ontem pensavas assim

e hoje vives assim

quanto mais se aproxima o verão

mais andorinhas voam à procura de sonhos

quanto mais se experimenta

menos se ganha experiência

no olho cai mais pimenta

viver é parte da ciência...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1981

2022. O ARTISTA SEMPRE É ( Nunca dizer que foi...)

O artista pega na sua mala

Na sua mala tem cobra

Na sua mala tem pombo

O artista sempre é

Nunca dizer que ele foi

Sempre será artista

Porque artista ele é.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987

2023. FRUTO

Você disputou barreiras

Mas com jeitinho

Conquistou meu coração

Você combina comigo

De tudo me ensina um pocu

Os motivos de uma emoção

Você faz parte do mundo

Em que moro e choro

Das saudades da paixão

Você conhece um pouco

Nossas brincadeiras

De se dar as mãos

Você coloca no mundo

Sua voz feminina

Nós somos irmãos

Você é o fruto do bem

Que floresceu em mim

Me deixaram coisas assim

Que feliz me deixa também.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 1985

2024. PARTICULAR, PARTICULAR

Quando duas pessoas se falam

E uma chega de mansinho

Rompe-se a barreira do chafudinho

E podem até falar da vida minha

O que importa é ter muita fé

E contar os segredos a qualquer

Fulaninha.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987

2025. IMAGINE UM MUNDO ASSIM...

Imagine se o mundo fosse o que pensamos

E se você achasse no meio de uma multidão a sua cara-metade?

Olhe que o mundo sempre nos encontra calados à vida

E nunca é tarde para o encontro do amor!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987

2026. POSSÍVEIS ARGUMENTOS

De todos os meus possíveis argumentos

Vou vasculhar nos meus pertences

Se alguma coisa rompeu

E se rompeu ficarei calado

Porque os sonhos não são necessários

Para o indivíduo mergulhar na saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987

2027. AS CARTAS QUE VOCÊ MANDOU PARA MIM

Olha

Hoje abri o baú das minhas recordaçõe e dentro dele

Um monte de cartas passadas, você era remetente

Mandava semana em semana um monte de cartas

Dizia querer me ver, mas que a resposta já era um vista

Olha

As cartas até hoje estão no baú

Mas no baú do meu esquecimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de janeiro de 1987

2028. PEDRA NO VIDRO DE SEU JAIME

Tão pequeno era eu que Seu Jaime

Vizinho nosso de muitos anos,

Achava-me tão pequeno

Que de tão pequeno quebrei

Quebrei a vidraça da porta

E não se sabe até hoje quem quebrou

Eu não fui, Seu Jaime me acha pequeno.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1982

2029. AS MÚSICAS DO PARQUE

Tens a beleza da Rosa

A Noiva vai ao altar

Dois copos na mesa

Suely e Verônica

Tristeza Danada

O Parque de Diversões

Divertia a molecada

O Castelo Branco em festa

Festa de São Rafael

Festa de São João

Festa de Fim de Ano

As músicas nos altifalantes

A Roda Gigante no ar

As meninas e o meninos

A vergonha escrita na testa

Tudo para nós era uma

Eterna, uma eterna festa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1990

2030. PEDAÇO DE VIVÊNCIA

Dedicado a uma discussão entre namorado e namorada

Todos nós somos

Pedaços de uma vivência

É preciso ver de perto o que somos

Seremos muito mais felizes

Quando os outros sorrirem para nós

Esta é uma viagem nascida do meu silêncio

Entre na minha porta que se abre

E conte os seus segredos de mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983

2031. PEQUENO ESPAÇO

Um pequenino espaço de tempo

O menino tinha para contar ao pai

Quem foi que matou o gato

O gato no circo ele entregou

Foi uma entrada no circo

Que o leão o gato matou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1980

2032. A IMAGEM DOS TEUS OLHOS

a imagem dos teus olhos, menina

vão ficar de bem comigo, menina

não tenha pressa na vida, menina

que os olhos são fontes divinas

e a saudade adoece as retinas

não há explicação para os olhos

quando ele ver e faz que não ver

é que quando a gente se ama

o mundo parece saber

é coisa tão sem explicação

que mexe o sim e o não

entre na vida do outro e faça

morada aqui no meu coração

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de abril de 1981

2033. AS PALAVRAS SÃO FORTES NA MEDIDA EM QUE AS AÇÕES

SÃO FLEXÍVEIS CONFORME AS REAÇÕES DE UMA MULHER.

Dedicado para Ivone Nunes (Minha Prima Materna – Grande Amiga)

Você de olhar carnívoro e espera contagiante,

Sonha com os mistérios do louco passado jamais desvendado.

É demais o tempo que não cala os corações dos homens.

Você de olhar passando o tempo

Não sabe de nada do outro lado da terra.

O que sabe, menina, já é o bastante

Para controlar um falar delirante.

É demais a espera que rompe com o tempo desta geração.

Sabemos, poeta, a vida se acaba e nova vida nasce.

Resta-nos conquistá-la.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de março de 1988

2034. VOU ME ADARVAR NOS TEUS CABELOS

Vou me adarvar nos teus cabelos

O meu silêncio será tão abu

Vou transfigurar num ser açu

No meu país se predomina a acracia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985

2035. MACROBIÓTICO

Por ser macrobiótico

Encontrei um tipo zoófilo

É que me chamam amblótico

Sou um bode espiatório.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985

2036. OS CAÓTICOS E O POETA

Os caóticos vivem a perguntar

A felicidade de um poeta o que é

E veja a resposta da poesia

Na pergunta feita dos caóticos

É que o poeta diz que a felicidade é poder

Descentralizar todo os cósmico de contradições

Que fecunda na retina de qualquer pensamento.

Ouvindo isto, os caóticos insistiram e novamente

Soltou: Poeta, qual sensibilidade transmite um ser

Que no seu tradicional comportamento desnorteou

Todos os paleótipos de sua naturalidade?

Caoticamente o poeta tenta conduzir:

Paleótipos são compartimentos de uma época, onde

Na vanguarda dos nossos certificados, somos uma

Espécie de mosteiro encarcerado pela dinâmica do acaso.

E assim por toda vida perdurou a melancólica história

Do mais famoso poeta caótico.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985

2037. A HISTÓRIA DO APERTO

Que aperto medonho

Passa o povo brasileiro

O voto desce no maior aperto

Na urna apertada de uma eleição

Os candidatos retribuem

Mandam o maior aperto.

Nosso salário

É o maior aperto

Nossa escola

É o maior aperto

A nossa média geral

É o maior aperto

Nossa condição

É o maior aperto

Nossa dignidade

Está cada vez mais apertada

Nossa segurança

Cada vez o maior aperto

A cidade e a população

Vivem o maior aperto

Em cada encontro do povo

Um maior aperto de mão

O amor no canto do muro

É o maior aperto

E para criar o filho que nasce

É aperto que não se acaba mais

O afeto do aperto

O aperto que todo mundo quer

O aperto do homem amado

O aperto da amada mulher.

Desde o nascer até o morrer

A gente vive esse aperto

O aperto do berço comprado

O aperto do caixão encomendado.

O eleitor brasileiro

Vive no maior aperto

Quando é para sair do aperto

Vota no aperto de mão

É promessa tão apertada

Que não passa de embromação

O aperto que vive o povo

Já é quase uma infeliz tradição.

O aperto da vida

É vida que aperta a gente

A gente que vive apertada

Aperte a vida irmão

Se o aperto apertar sua vida apertada

Faça do aperto uma poesia

Cante aos quatro cantos o aperto

É aperto de nossa triste condição.

A vida nasce

A vida se vai

Por um aperto

Na caixa fúnebre

Nos conduzindo

Apertadamente

O chão tão apertado

Com poucos palmos de terra

Que aperto, meu Deus

Lá se vai a esperança

De viver no aperto.

Esse aperto que o povo suporta

Nós suportamos esse aperto

O aperto que o povo quer

Todo mundo quer esse aperto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 1986

2038. ESTÉTICA DO PRINCÍPIO

Dedicado para Gabriel Bechara (Professor Universitário)

Partir do princípio da intelectualidade

O compartamento de mestre

É algo estético e ético

Um desses mestres foi meu

O princípio da arte histórica

Tem plena consciência do discernir

É assim que ele vive, vive na estética do princípio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de novembro de 1985

2039. MEU SERTÃO

Já faz tanto tempo, tanto tempo faz

Que o meu sertão deixou de chover,

Meu Senhor!

As lágrimas rolam nos olhos

Do rosto da gente,

À procura de um novo amor.

Busco todas as palavras

Mas não encontro as respostas

Restam apenas alguns abrigos

A seca levou quase tudo

Devastando o meu sertão.

Deixando em cada um de nós

Marcas no coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de abril de 1983

2040. QUALIDADES DE SER

Dedicado para Hamilton Carvalho (Meu Primo Paterno)

Amigo aberto e franco

Que cala os erros e os acertos

Quero dizer-te em poucas palavras

O que em muitas alguém te diria

Sou teu amigo do peito

Falo das qualidades e dos defeitos

Do riso, da dor e da alegria.

Tu és ainda criança

Tens muito o que aprender

Guarde consigo o que falei

Vamos em frente

Essa vida dizem que é pra valer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de janeiro de 1983

2041. CANTAR COM OS PASSARINHOS

Quando eu era menino

Cantava com os passarinhos

Era um canto melancólico

Mas muito mais melancólico

Era o canto daqueles passarinhos

Cantavam de dor na gaiola

Voavam de um lado para o outro

As asas batiam em cada um deles

Eu hoje entendo a voada

De um passarinho que voou

Quando o dono da gaiola

Abriu a porta para o alpiste botar.

Quando eu era menino

Ouvia o bater do sino

A igreja tocando nas horas

As horas que não me eram cobradas

As brincadeiras na rua

O sino me acompanhava.

Hoje canto com os passarinhos

Na floresta encantada de casa

É grande plantação de árvores

Herança do pai da zona rural

Cada canto que ouço dos passarinhos

É saudade que invade o meu tempo de menino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1981

2042. FUTURO CHEIO DE MISTÉRIOS

Esse seu jeito

Esse seu mistério

Esse jeito meigo

Vagando loucuras

Atirando pedras

Lapida a beleza

E me faz pensar no futuro

Se o presente já é um mistério

É mistério que rouba

Um pensar no futuro que tenho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 1985

2043. PLÁCITO

Uns contemplam a vida

Com hálitos de hábitos plácidos.

Outros diversificam o que aprenderam

E o que deixaram de aprender

Tudo foi plácito no momento atual de placidez

Não fugidez, calças e saias pelo chão.

Plácito seio

Plácido leito

Nós dois na penumbra

Nosso entender plácito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de setembro de 1984

2044. ABSTRAÇÃO BURGUESA E PLEBEU METIDO

Acordei e tive idéias

Coisas que a tempo não vinham

Vou ficar aqui, daqui não vou mais sair

Sou simples estudante

Coração alado, restos de emoção

Vou fazer uma canção

Luz, reluz, de cada lado.

Acordei cedo, talvez dormi demais

Levantei com o pé, que dizem ser o da paz.

Encontrei um burguês

Detesta plebeu metido

O pobre corre léguas

Ver a visão de um povo sofrido.

O povo é abstrato no mundo

O mundo é uma abstração

O burguês e o plebeu são fagulhas

Pena que não sabem o valor de uma valorização.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de julho de 1985

2045. FINALIZAR O FIM DESTE PONTO FINAL

O início de uma frase é o início de um raciocínio

E quando a frase é incompleta morre o raciocínio

O final de tudo ao homem falta o raciocínio

O raciocínio tão lógico de uma finalização

É final que merece uma interrogação?

O início de uma frase é o início de um raciocínio

E quando a frase é incompleta morre o raciocínio

O final de tudo ao homem falta o raciocínio

O raciocínio tão lógico de uma finalização

É final que merece um ponto na sua finalização.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de maio de 1987

2046. A QUADRILHA

a quadrilha estava animada

animada demais para o gosto

a quadrilha estava bagunça

bagunçada demais no mês de agosto

é que este mês a quadrilha dança mais

sai de um banco e vai para outro

é uma quadrilha perseguida

lá tem um tarado e um louco

os dois fazem a maior quadrilha

na mais pequena quadrilha que houver

de tanto ser procurado

os dois resolveram entrar numa igreja de fé

só que a fé dos dois malandros

morreram na noite da última sexta-feira

roubaram o dinheiro de todos os devotos

tudo em nome da fé e de sua faca peixeira

tanta peixeirada levou o povo devoto

que até o pastor sem nada entender

deu voz de prisão aos bandidos

e quando estes estavam a sofrer

o pastor com sua calma e paciência

pediu para a quadrilha dos dois

paz e amor com muita penitência.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1987

2047. A QUADRILHA DOS LADRÕES

É noite de São João

Ele está dormindo e não acorda, não

São João está distante

Não está vendo a sua quadrilha

Fantasia de matuto

O matuto veste de ladrão

A quadrilha dos ladrões

Esse é o conhecimento

Quem quiser ver quadrilha boa

Venha cá nesse momento

Dançar quadrilha boa

Somente a dos ladrões.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de junho de 1984

2048. CHORA MENINO, MENINO CHORA

O teu choro de criança me acendeu a esperança

De viver de terra em mar em busca de uma aliança

Na vida sempre ouvi quem espera sempre alcança

Aqui nessa cidade uma arma se quer de lança

Não tem nem para depositar na urna de uma poupança

Se o dinheiro está pouco e a espera é uma criança

O pobre quando é pobre só mesmo uma herança

Aí o menino chora porque não é sua festança

Em vez de cantar sorrindo o choro é uma Constança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de maio de 1983

2049. AUTO-BIOGRAFIA DE UM BIÓGRAFO

Sou filho de fazendeiro, batedor de gente ruim

Sou biógrafo afamado, conhecedor de putaria

Sou afamado no jogo, rico de mercearia

Sou desligado do mundo, produtor de alecrim

Sou biógrafo, fazendeiro, rei do jogo da vacaria

Sou finalmente um tudo, às vezes bom, às vezes ruim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de maio de 1983

2050. A MERENDA DO MEU TEMPO

Espinafre, espinafre

Suco de goiaba

Doce de jerimun

Mel de rapadura

Leite com chocolate

Espinafre, espinafre

A sopa daquela merenda

Tinha o gosto de quero mais

Dava vergonha na cara

As meninas tão desejadas

Passarem na fila

Encontrarem com o popeye

Espinafre, espinafre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 1984

2051. SALTO ALTO

Uma menina de salto alto, com seus quinze anos

Não dar bolas para nenhum guri, assobio para ela

É tempo perdido, é vício de quem não tem o que fazer

E quando alguma coisa faz, a menina a cena congela

É que ela é muito linda, e sendo linda

Ela acha-se no direito de pisar na cara de todo moleque,

Porque em sendo filha de gente metida a merda

É a única que no calor usa um tal de leque

Um leque para assoprar os seus lindos cabelos

Os cabelos da cor das ondas do oceano,

É praia bendita na dita sina de cada ano...

Os anos que passaram aos olhos da garotada

Não deixaram marcas na menina do salto alto,

De tão linda, confundida foi, morreu num assalto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1989

2052. OUTRA RESPOSTA

Existem seres humanos

Vestidos de animais irracionais

Não sabemos a definição dos anos

Mas o que sabemos é demais

É a busca pela resposta

É a busca pela idiotagem

É a busca pela sabotagem

É a busca pela não aceitação da razão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de junho de 2007

2053. O GUAXININ E A RAPOSA

Dentro do partido de cana

Na noite de lua cheia

Uma raposa passa em casa

Querendo falar com o guaxinin

O guaxinim de pouca convesa

Não pode ver fogo por perto

Que corre com medo de tudo

A raposa já meia esperta

Ronca na palha da cana

Parte para cima do homem

Estraçalha quem está por perto

Já o guaxinin malandro

Com cara de gente ruim

Apela para a raposa

Que desligue o fogo dele

É tanta cana que voa

Naquela noite de lua

Ninguém sabe ao certo

Quem venceu esta peleja

Se foi a raposa

Se foi o guaxinin.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 1982

2054. A TRAVESSIA DAS VACAS

Dentro das águas nascidas das chuvas

Antes areial, agoras inundadas

Lá se vão as vacas e suas vaquinhas

Atravessam as águas do areial

As águas profundas daqui da estação

O trem está chegando

E as vacas sumindo nas águas que são

Na lagoa artificial

As vacas e bezerros

Atravessam com medo

E guardam segredos

Que a gente da estação

Não sabe se elas e eles vão chegar.

Bento Júnior

Jacaré/Cabedelo-PB, 43 de junho de 2007

2055. MEMÓRIA INSUFICIENTE

Agora não sei mais o que fazer

A memória do computador está insuficiente

Como, se paguei por uma memória para ter

Certeza de que o computador é inteligente

E não iria fazer algo desta natureza

E para minha e grandiosa surpresa

O computador faz tudo, mas não mente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 1996

2056. CHEGOU A MEMÓRIA

a memória chegou

não sei qual a razão

por que você falhou

quer matar meu coração?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 2007

2057. NOSSA MÁXIMA RAZÃO

Não temos culpa com e nem é bom falar

Para os ouvidos parecer uma razão

Sou o que sou é emoção de falar

A conter o silêncio, não deu

Tudo em nós teve um ponto final.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 1990

2058. EM ALGUM LUGAR DESSA VIDA

Você no trem de cara lisa

Alisando os meus cabelos, Elisa

Era o nome da alisadora

Uma sonhadora

Amante do nada

Uma facilitadora

Para o meu encontro com Nara

Aquela que era Leão

Na batalha do mundo contra o universo

Em lugar tão distante o motivo se cala

E em nós o silêncio apenas abala.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de maio de 1988

2060. GRAVAR UMA MÚSICA QUANDO JÁ SE TEM

As virtudes do gravador

O que grava e o que escuta

O home e seu amor

A gravação e a comida de fruta

É que uma fruta faz bem

Na gravação de um trilha sonora

Sei que só eu e mais ninguém

Grava tão bem e o sono controla.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de maio de 1988

2061. O CANÁRIO E SEUS HOMENS

Os vadios que nada fazem

E quando fazem, fazem com canários

Os que cantam de manhã logo cedo

Com gaiolas nas mãos o homem tem medo

De passar entre os que não são homens

Porque se fossem homens não estariam

De manhã logo cedo com passarinhos

Feitos abestalhados a apostar em quem

Canta melhor e melhor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 2007

2062. O JUIZ E A PILANTRA

Tantos pilantras passam e uma fica

A gozar da cara de todos, inclusive de um juiz

Que país é este sem moral e sem ética

Onde um júri e um patética

O juiz coberto de razão pelo simples fato

De que a pilantra perguntou o porquê

De tanta gente ali naquele salão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007

2063. OUVIDO DE MERCADOR

Tantas palavras foram ditas

Tantos sonhos planejados

Tantas sensações aflitas

Tantos penares desejados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de abril de 1980

2064. QUE MULHER EU VI!

Não queira saber, meu bem

A mulher que a gente conhece

É uma pilantra de marca maior

É doida, desamada e a gente desconhece

Se ela de fato é louca

Ou se é muita falta de pau

Bate nela que ela não sente dor

No banco dos réus ela era a tal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007

2065. CASTRO ALVES

o navio negreiro nas praias da Bahia

trouxe Zumbi para Palmares

trouxe Ganga Zumba para o Brasil

Salvador é uma festa

Castro Alves seu poeta

É assim a primeira capital

Desse imenso Brasil

Castro Alves o poeta

O Poeta dos Escravos

Ajudou Chico Rei

A tomar Minas Gerais

Ajudou os quilombos

A formar uma cidade

Hoje Castro Alves

É poeta popular

Do Brasii e exterior

O poeta da voz libertina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

2066. MACHADO DE ASSIS

Um mulato fluminense

Das letras ele é o maior

Fundador da ABL

Academia Brasileira de Letras

O Rio de Janeiro zela seu nome

Machado de Assis

Criador de Dom Casmurro

Poesia e Teatro

Amou demais sua Carolina

Imortalizou em seu Soneto

O Brasil sente-se honra

Em ter Machado de Assis

Viva o povo que escreve

Viva o povo que ler

Viva o povo que critica

Viva o povo que escuta

Machado de Assis

Literatura para dar e vender.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

2067. FILME, TEATRO E NOVELA

Sinhá Moça

Foi uma novela espetacular

Foi um filme exemplar

Foi um teatro popular

As peças de Dias de Gomes

Do teatro

Do filme

Da novela

As novelas de Janete Clair

As peças de Nelson Rodrigues

Os livros de Machado de Assis

A obra de José de Alencar

A obra de José Américo

A obra de José Lins

A obra de Raquel de Queiroz

A obra de Érico Veríssimo

A obra de Graciliano Ramos

A obra de Guimarães Rosa

A obra de Pedro Bloch

A obra de Viriato Correia

A obra de João Cabral de Melo Neto

A obra de Chico Buarque de Holanda

Sinhá Moça

Helena

A Moreninha

Memórias Póstumas de Brás Cubas

A Bagaceira

Menino de Engenho

Vestido de Noiva

Pai Herói

O Bem Amado

Auto da Compadecida

Ariano Suassuna

Gilberto Freire

Joaquim Cardoso

Orris Soares

Augusto dos Anjos

Dona Xepa

Escrava Isaura

Pacto de Sangue

Coral Som Livre

Orquestra Som Livre

Armorial

A Grande Família

Carga Pesada

Aplauso

São Filmes

Teatro

Televisão

Novela

Seriado

A casa das sete mulheres

Memorial de Maria moura

Capitão Rodrigo

A muralha

Amazônia

A pedra do reino

Hilda furacão

Riacho doce

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 2007

2068. TRIBUNAL DA ATRIZ

Vejam vocês

A atriz no tribunal dá ré

Volta e meia e dá no pé

É uma pilantra de dá olé

Engana autoridade

Engana a todos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007

2069. POR QUE TEMOS QUE FAZER ISSO?

Ainda não sei a resposta desta pergunta que me

Atormenta, me deixa confuso, menos um parafuso

Na cabeça minha, dúvidas passeiam, eu me calo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007

2070. COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA?

Precisamos de pouco pau para fazer uma canoa ruim

Temos muitos e muitos paus, mas a canoa está furada

Um furo na canoa, fura os outros que estão bons

É preciso cuidado para não empestar os bons

Os bons são sagrados, os males são passados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2007

2071. LOUCURAS SISTEMATIZADAS

Não. Não vais dizer que teu brilho se perdeu

Nos campos do meu pensamento?

Fica. Me pergunta qualquer coisa.

Vais dizer que o tempo que passou

Ainda reflete na imagem dos meus brilhos?

Quero conduzir-ge ao ápice das

Loucuras Sistematizadas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 1986

2072. EU SOU VOCÊ...

Eu

Sou

Você quando sinto saudade.

A saudade é tamanha

Que você está sempre

Por perto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983

2073. SERÁ BEM MAIS FELIZ

Seu eu pensasse ficarias contigo

Até o fim, mas quando a cabeça

Não pensa é o corpo que padece.

Porque será bem mais feliz

E o meu pensamento que cresce

E o sentimento que diz:

Será bem mais feliz

O momento da espera

Será bem mais feliz

O momento de aguardar essa fera.

Será bem mais feliz

O meu pensamento

Ele é quem diz

Sou o seu sentimento.

Será ou seria

Bem mais feliz

Quando se diz

O tempo é risco em triz

Quando o amor se cria...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1984

2074. OLHA BEM MINHA GENTE

Olha bem minha gente a história que eu vou contar

Me aconteceu a muitos anos na fazenda Come Mais Um

Veja bem a história, que coisa mais engraçada

Duas mulheres de nomes iguais brigaram até o raiá do sol.

Uma puxava a saia da outra a outra ralava no chão

Veja bem a modéstia de uma delas que doloria o meu coração.

Uma dizia minha nega você não casa com homem nenhum

Porque o seu coração é meu e de mais ninguém

E se você casar um dia nem sei o que será de mim

Meu bem essa é a história que foi pra lá de ruim.

Duas mulheres brigando por homem

E por mulher também, por mulher também...

Essa briga começou exatamente ao meio dia

E foi terminar às dez horas da noite

Quem não conhecia o sexo oposto

Teve o prazer de conhecer.

Essas mulheres brigaram tanto

Que raiou o dia pela noite

Que confusão tremenda essa ninguém viu.

Duas mulheres brigarem por coisa atoa

E um homem rabugento com jeito de egoísta

Que as tripas doíam no peito até adormecer o peito

Correram pelas estradas à fora e cantaram várias melodias.

Amanheceram o dia até ninguém puder agüentar

Que sufoco meu senhor desse tipo briga ninguém nunca viu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1980

2075. A MULHER QUE FAZ A MINHA CABEÇA

a mulher que faz a minha cabeça

não tem cabeça, ela me faz

ver o mundo de outra maneira

é leiga até demais

mas em compensação

eu a amo demais

porque essas coisas têm cada vida entre elas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de dezembro de 1980

2076. SEM NENHUMA INSPIRAÇÃO

Pego a máquina e começo a escrever algo

De repente vem na cabeça

A vontade de fazer uma poesia

Mas cadê essa tal inspiração?

Resolvo de toda maneira concretizá-la.

Pois é. Tento fazer uma poesia e não à obra.

Só que falta o essencial

Essa tal inspiração.

Mas resolvo com todos os méritos

Fazer assim mesmo à mão uma obra.

Será que já deu uma poesia?

Acho que não, ficou um porcaria

Sinceramente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 1980

2077. FILHOS DA GATA

Coitado dos filhos

Coitada das filhas.

Dei de cara com um homem nu

E uma mulher vestida.

Esse homem

Não era eu,

Esse homem meninos e meninas

É o mesmo que tua mãe usa

Para pagar as contas

Da sua pensão.

Coitado dos filhos

Coitadas das filhas.

Chegam à porta

Saem cabisbaixos.

No rosto está refletido

A real imagem desse espelho

Incandescente.

Risos vezes risos são dados

Pois os mesmos são transfigurados

Pelas concretas paredes de concreto.

Seres ingênuos são comprados também

Por alimentos que servem de base

Para o sustento do eterno sexo.

... Coitado dos filhos, coitadas das filhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1985

2078. OS FILHOS DA VIDA DOS OUTROS

Eles passam e dão risadas com o riso cheio de cáries

São os filhos dos outros da vida que passa

E quando passam os filhos dos outros o riso se foi

São filhos dos outros e já se encontram em trapaças...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1981

2079. ENTENDER O MUNDO

Entender o mundo de forma coerente

E coração aberto de forma decente

Entender o mundo de forma inteligente

E coração aberto de forma permanente

Para o entendimento der ser

Para o entendimento de ver

Para o entendimento de ter

Para o entendimento de rever

Erros e acertos

Para entender o mundo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de abril de 1980

2080. O ISOLAMENTO DO OUTRO

Sair porque é importante

Ficar porque é importante

É um divertimento isolado

O computador e você

Você e a máquina

As teclas isoladas

Os dedos em direção às letras

Sair porque é importante

Ficar também porque é importante.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de junho de 2007

2081. A MULHER E A FESTA

a diversão é boa tem que ter mulher porque,

não é preciso dizer mais nada

é bom ter mulher para enfeitar o ambiente

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980

2082. JOÃO GRILO, CAMONGE E MALASARTE

Os três estão numa praça

João Grilo (num bar atendendo)

Vós micê é um bom freguês

Num precisa se aperriá

Pague quando pude

Si aconchegue e vamo conversar

E você, amigo distante?

Obrigado por me comprar.

Ai, Pedro Malasarte com sua voz estridente

Foi logo dizendo: João Grilo meu amigo

Marquei um encontro

E quero testemunhar,

Camonge já sabe da história

Cancão de Fogo até também pode chegar.

Camonge que ia entrando logo em seguida

Ouvindo, foi logo a resposta: Pedro Malasarte

Não assuste o coitado de João Grilo

O cabra de pálido ficou logo amarelo.

João Grilo – É aquele o tal Cancão de Fogo?

Todos olharam para João e se esqueceram de Cancão,

Só que Cancão de Fogo abriu a porta e só João viu.

Cancão de Fogo – Bom dia amiguinho, foi o destino

Que me quis, botar vocês todos no meu caminho

E como não quero andar muito, daqui não saio

E nunca mais vou viajar por aí sozinho.

João Grilo – Cancão é você mesmo?

Cancão – Tem alguma dúvida, amigo João?

Malasarte – João, acho melhor o amigo

Pedir para ser dispensado, este aqui

Só tem uma proposta: largar tudo

E seguir adiante.

João Grilo – Eita, lascou tudo. E o que é que eu faço?

Cancão de Fogo – Pedro, João e Camonge

Vamos a uma aposta? Por este fato deixe

O cabra pegar o que ele quer pegar.

Camonge – Vamos começar pela boca (bebe algo), um sonho

É um sonho, uma fuga é um fuga. Vamos pensar nos acontecimentos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1983

2083. A VIDA PARA CERTAS CRIATURAS

a vida para aqueles quatro personagens

João Grilo, Cancão de Fogo, Pedro Malasarte

E Camonge, era uma parada dura de roer.

Errados e certos em todos os sentidos,

Só restavam cumprirem as suas verdades.

Os seus verdadeiros papéis diante de

Uma sociedade exploradora e preconceituosa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de maio de 1980

2084. A ÉPOCA E SEU SÃO JOÃO

Na quadra da APAE a ÉPOCA é só festa

Meninos e meninas soltam traques pelo chão

Os pais estão felizes, está escrito na testa

É alegria contagiante nesta noite de São João

Quadrilha, música junina, homenagem à cultura popular

É a escola fazendo a sua parte nesta animação

É Época de cantar e sorrir

A Época agora é de São João...

Os casais vão ao bar

Descarregar o dia

Animação à vista

É tempo de São João.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de junho de 2007

2085. A DESPEDIDA DE SASSARICO

Hoje foi bom

Histórias ouvimos

Foi bom ter vocês

Com a gente aqui

Dançamos, cantamos

Contentes sorrimos

Felizes estamos

Com o Sassarico

Palhaço levado

Bonito e dengoso

Pra casa nós vamos

Com o riso gostoso.

Bento Júnior e José Alberto Silva

João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2002

2086. O CIRCO CHEGOU

O circo chegou trazendo alegria

Pula do trapézio o palhaço

Na ponta dos pés a bailarina

Quebra a corda que não é de aço.

Nem tudo é brincadeira

O mágico tira o chapéu

O bicho pode pegar

Voa o pombo que ganha o céu.

Por ser um circo de fantasia

As cores vibram pelas calçadas

Nariz pintado e peruca na mão

Cadê o palhaço com as palhaçadas?

O riso daquelas crianças

Brinha no horizonte do Brasil

O demador prepara a fera

Gargalham mais de mil...

Bento Júnior e Luiz Carlos Otávio

João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2002

2087. O LETRAMENTO

Fui em Cabedelo

Realizar um pró-letramento

Fiquei conhecido

Como o Cel. Bento

As moças professoras

Todas do infantil

Parlendas e cantorias

Advinhações e prendas

Tantas foram as alegrias

Que acabei fazendo poesias

Junto com as professoras

Sobre o tema leitura

Sobre o tema aluno

Desta vez eu me aprumo

O trabalho na feitura

Realizou-se bem bonitinho

As professoras sabem

Do valor de toda escrita

Quanto mais se aprende

Mais cresce a lista.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de junho de 2007

2088. Ô MININO

Ô minino dêxe eu ir

Ô minino dêxe eu ficá

Ô minino venha vê

Ô minino venha cá

Ô minino dêxe disso

Ô minino saia daqui

Ô minino o que é qué isso

Ô minino venha ri

Êsse mundo é tão bom

A gente fai o qui qué

Ô minino baixa o som

Qui lá vem uma muié

Ô minino dêxe eu ir

Ô minino dêxe ei ficá

Ô minino venha vê

Ô minino venha cá

Se ocê num acredita

Na históra do minino

É siná que ocê num sabe

O qui é cê um traquino

Todo mundo tem valô

Todo mundo ama o qui fai

Ô minino tenha amô

Tu já vai cê um rapai

Ô minino dêxe eu ir

Ô minino dêxe ei ficá

Ô minino venha vê

Ô minino venha cá

Vou imbora e num vóto mai

Obrigado pêlo escutá

A vida vale muito mai

Do quê um ficá.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 18 de junho de 2007

2089. QUANDO O POVO FALA

Quando o povo fala

É sinal que alguma coisa aconteceu

Quando o povo cala

É sinal que alguém morreu

Quando o povo rala

É sinal que alguém desapareceu

Quando o povo está em gala

É sinal que o sonho não aconteceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de agosto de 1986

2090. O HOMEM E O SAPO

o homem briga cum sapo

o sapo num tem medo não

quanto mais o homem briga

mais valente o sapo fica

o homem quer ser um sapo

na briga dos valentões

quanto mais o sapo apanha

mais o homem diz que não

o sapo todo contente

vai à casa do homem falar

o homem bem descontente

não quer com o sapo falar

o sapo todo fora de moda

não abraça o homem não

e o homem para se ver livre

não briga mais cum o sapo não

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983

2091. INTEGRAÇÃO

Dedicado para o Terminal de Integração do Varadouro (João Pessoa-PB)

O nome INTEGRAÇÃO veio para integrar

Os ônibus que ali trafegam,

Vem gente de todo lugar,

Mães, os seus filhos carregam;

Pais, seus filhos orientam

E a Integração é só lotação,

Todos que ali freqüentam

Dão nota mil à Integração.

Os ônibus estão parados,

O povo da periferia chegou,

Os ônibus estão lotados.

O povo quer que seja mais duradouro,

O ônibus lotou, não, esvaziou,

É Terminal de Integração da Varadouro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de junho de 2006

2092. A TRILHA DA RETA DA LINHA DO TREM

olha o trem

vem na trilha

olha o trem

vem na linha

é ferro

é borracha

é cimento

é chão

tudo na reta

na linha do trem

a reta está na linha

o olho perde de vista

é pedra no caminho

sai que lá vem o trem

o trem apitou

alguém ouviu

ninguém viu

o partiu partiu

ele chegou

o povo no trem entrou

olhou e a reta ficou

olha a linha do trem.

Bento Júnior

Jacaré/Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007

2093. CASA DE SOGRA, MALDIÇÃO DE GENRO

O genro quando casa, sua sogra toda esperta

Quer logo convidar o genro pra junto dela morar,

Se o genro não tiver juízo, ele logo se estrepa

É que a sogra chupa o sangue e manda todo mundo chupar

O sangue do genro besta, é, um genro abestalhado

Que pra ele tudo é bom, não reclama de nada,

A mulher fica do lado da mãe, diz que o marido é culpado

E o genro se agonia, filho não chega, ô vida condenada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de abril de 1987

2094. A MULHER DO BASTIÃO

Bastião, Bastião

Preste muita atenção

Na história que vou contar

Cuidado na tua mulher

Tá dando e quer mais dar

Quanto mais a bicha dar

Mais vontade a bicha tem

De tanto dar na rua

Ela resolveu dar a Zé ninguém.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1984

2095. ALEGRIA DE POBRE

Alegria de pobre é viver de bar em bar

É pagar conta atrasada,

Soletrar na contra-mão

Ensinar o que não sabe

Dar calote e morrer sem ter caixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983

2096. OS PAPAGAIOS (Coça-Coça)

Coça-Coça Papagaio

Aqui na minha mão,

Coça ligeiro que eu quero

Adoçar meu coração

Esse coração de gente

Que não sabe o que quer,

Quando quer alguma coisa

Vai atrás de mulher

Coça-Coça Papagaio

Coça aqui na minha mão,

Coça tanto num instante

Ai que saudade de coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1986

2097. LOBINHA

Minha mãe era safada

Quando eu era pequeno

A gente criava uma cachorra

Com o nome de Lobinha

Um dia minha mãe soltou um pum

Lobinha levou a culpa

Coitada da minha cachorra

Minha mãe deu uma surra nela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de agosto de 1986

2098. ABESTALHADO E BURRO

Abestalhado era Zé

Zé do finado Zé Rufino

Era um moleque pra lá de grande

Só que era Zé Fala Fina.

Burro era Zé

Zé do finado Zé Rufino

Era um moleque pra lá de grande

Só que o bicho falava fino.

De tanto falar fino

Na bodega de Seu Jeremias

Zé pegou uma mania feia

Apalpava o pinto de Zacarias.

Zacarias era neto de Seu Tomaz

Um velho alto e barrigudo

Enquanto Zé Fala Fino alisava

Zefa da Trouxa vivia com um carrancudo.

Este carrancudo tomou conta de Zé

Logo depois da morte de Seu Zé Rufino

Era conhecido como Ambrosiano do Prado

E vivia comendo feofó de menino.

A polícia sabendo dessa safadeza

E não tendo mais para quem apelar

Prendeu Ambrosiano na moita

E pra surpresa era Zé quem ia pegar.

Se não fosse a polícia que chegasse

Naquela hora do fato acontecido

Até hoje Zé Fala Fino era o que era

Se o bicho do outro não tivesse amolecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de maio de 1984

2099. O HOMEM CORAJOSO

De tanto viver coragem

E de tanta coragem que ele tinha,

O homem corajoso morreu

E sua mulher saiu da linha

A linha que tanto ele amava

Em dizer em alto e bom som,

Que a mulher dele era tudo

Menos aquela que se vendera por um bombom

Aí o homem que vivia de tanta coragem

Foi-se embora com os anjos do amém,

E hoje a mulher do finado Bica

Vive a bicar na bica de todo alguém.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 1983

2100. MATE-ME, MAS EXALTE-ME

o homem briga por quase nada

quase nada o homem briga

de cada briga do homem

só resta uma pouca intriga

de tanto viver intrigado

o homem foge da briga

de tanto viver a brigar

o homem não quer parar

se ele parar

ele vai morrer

se ele morrer

ele não vai ficar

o homem chega e mata

o homem passa e não exalta

a exaltação do homem

à visa sobressalta

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 2000

2101. EM TEMPO DE CHEGA

Dedicado para Bento Carvalho de Lima (Meu Pai)

Ele chega fora de tempo

O tempo é outro

Ele não pode está louco

É tanto um contratempo

Que na testa está escrito

É fato do caso não dito

É meu pai que vem

E hoje nada tem...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 2007

2102. MENINO QUE CORRE

Dedicado para Netinho (Neto de Seu Raimundo – morador da Capitão)

O menino corre

A mãe está por perto

O avô está contente

É tanta gente

Em cima do menino

É preciso tocar um sino

Para o povo sair de perto

Cortou a testa do menino

No corre e corre do destino

Levou três pontos

A mãe aos prantos

O menino tão normal

Foi preciso amarrá-lo

Ele disse: Eu não sou marginal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2007

2103. O AMOR POR SER AMADO

Amo. Se amo assim como amo, somente o amor

Entre tantos amantes sobressai ao meu amor amado.

Somente o amor, por ser amado, e sendo o amor

Algo amavelmente bom, o amor não mais é um sonho,

É certeza de amar e ser amado diante de todos os amores,

Porque se todos os amores são capazes de amar, então

O amor que por si já é belo, então belo é o amor que

Se esconde por detrás de tantos amores caminhantes.

Se a vida parasse o tempo dos amantes dos amores

Apaixonados, não viria a beleza que é o amor dos contestados, na beleza de um amanhã acalentada nas ondas amáveis dos nossos pensamentos que amam e são amados.

Na vida que tanto passa por nossas vidas,

Uma vida enlaça o caminho do amor, que não mais

Sendo amado, busca diante daqueles que amam

O amor dos frutíferos sentimentos amados.

Amo. Se amo assim como amo, somente o amor

Na certeza plena de cada pensamento é amor, é amor

Tão puro como a floresta virgem dos nossos sonhos.

O amor é águia em trânsito, a passar nos mares onde

O amor viu crescer todos os sonhos dos amantes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2006

2104. SEIS PONTOS NO QUEIXO

Dedicado para Catarina Dias de Carvalho (Minha Filha)

Três cadeiras

Uma em cima de outra

A menina pulava

O pai de dentro chamava

A menina brincava

A mãe reclamava

As irmãs falavam

Mas que de repente todos gritavam

A menina caiu

O sangue saiu

O vermelho no queixo

Chama o Paulo, o vizinho

Rumo a UNIMED

Seis pontos levou a menina

Esta é a sina...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 2007

2105. O ARGONAUTA

O Argonauta em chama, às vezes me chama

E como gladiador das batalhas sangrentas do Peloponeso

Não contive a dor da minha apoplexia, pois a minha afecção

Matou meus anseios, transformou meus fenômenos...

É, fui ousado, nos mares andantes da América do Sul

E como americano, nascido no Brasil, li a histórias dos nômades

E saí em disparada, a amada terra dos meus amores...

Fui argonauta nos mares andantes do meu país

E na Grécia, lá em Atenas ajudei Cleópatra a vencer Júlio César

A vender o veneno da cobra enrolado nas águas do povo europeu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1990

2106. AMIGO DAS ESTRADAS

Dedicado para um amigo da estrada

nos encalços do tempo

na lama do asfalto

o amigo sonha alto

quer acabar com os contratempos

o amigo espera

o amigo dar risada

a vida do amigo é arriscada

o amigo é uma fera

uma fera na estrada

dos que sempre correm

nos espinhos uns se socorrem

o amigo dar gargalhada

o amigo ama a razão

contendo a palavra dita

agora o povo se agita

é o amigo de fé e coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1986

2107. O ACRÓSTICO DO CULTO

Dedicado para o amigo Fernando Abath

Forte pelos campos da vida e assumindo a arte e a cultura de um povo,

Roda o saber, troca experiência, nessa reviravolta chamada ciência.

Agora, já pronto para o interrogatório, não adormece na contra-partida,

Deixa a fala invadir todo o auditório, é ele o senhor forte que vem

Pelos campos da vida é o amigo de fé e coração.

Antes o dito cidadão caminhante, batalhador e incansável, tal qual o zéfiro, assoprava Os cabelos do tempo, trocava idéia, era das palestras um passante e hoje se Contempla na fala de um acertante...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de julho de 2007

2108. TIMOR LESTE

Agora que o País é livre

O povo brinca e canta

É Timor Leste, minha vida

De Portugal, só saudade

Do hoje, só lembrança

É Timor Leste, minha terra

A guerra acabou

A paz voltou

Timor Leste

Meu amor

Um País lindo

Sua beleza natural

Seu artesanato de primeira

Meu lugar de encantos e fantasias.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de julho de 2004

2109. A TRILHA DA RETA DO TREM

Olha o trem

Vem da trilha

Na reta do trem

É ferro

É borracha

É cimento

É chão

Tudo na reta

Na linha do trem

A reta da linha

O olho perde de vista

É pedra no caminho

Sai que lá vem o trem

O trem apitou

E quem no trem entrou

Olhou e a reta ficou

Olha a linha do trem.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007

2110. A TURMA DA PEDRO AMÉRICO

O Pré-Escolar tem Gal

France domina o primeiro ano

Claudiana também tem primeiro

France a tarde pega o Pré-Escolar.

Albanita no segundo é legal

Natividade perdeu o trem por engano

A professora é um festival

Entrou no terceiro, sensacional.

O quarto ano, Janete faz planos

O quinto, Ana é especial

Sônia comanda o intermediário

Adriana acelera que é coisa normal.

Lana é quinto ano

Romeica e a sua Sala de Leitura

O aluno aprende e acha bom

Cinira é uma boa criatura.

Rosália buchuda quer comer banana

Nessa onda com sua ternura

É a própria e sensível cigana

Adormece e quer loucura.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 19 de junho de 2007

2111. E LÁ VEM ELE...

Dedicado para Messias Gonçalves (Filho Ednaldo e Lucinete)

Lá vem ele, traz uma paz tão grande

Que não há grandeza por perto

Que ele não a espante...

Ele é uma criança, o mundo todo se expande

Ele é uma criança, planta água no deserto

Ele é uma criança, esperta em todo instante...

Lá vem ele, um riso estampado no rosto

De quem causa felicidade

De quem sonha tão felizmente...

Ele é uma criança, é mais que um gosto

Ele é uma criança, é paz e prosperidade

Ele é uma criança, é luz suavemente...

Lá vem ele, um caminhar pelo mundo

De quem conta suas histórias

De quem canta e tudo entende...

Ele é uma criança, chora com o vagabundo

Ele é uma criança, futuras glórias

Ele é uma criança, a poesia a ele se rende.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 2007

2112. NOVE ESTAÇÕES

Santa Rita

Várzea Nova

Bayeux

Ilha do Bispo

João Pessoa

Mandacaru

Renascer

Jacaré

Cabedelo

São nove estações

De Santa Rita a Cabedelo

De Cabedelo a Santa Rita

O trem vem

O trem vai

A estação está fria

A estação está quente

O trem apitou

O povo se afastou

A plataforma está livre

O trem partiu

As nove estações

As sinalizações

Os carrilhões

Os caricaturistas

Os grafiteiros

Batuque dos corações...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 16 de agosto de 2007

2113. O TREM E A CHUVA

O trem chegou...

A chuva passou...

O homem ficou...

A mulher não mais esperou...

O trem partiu...

A chuva sumiu...

O homem sorriu...

A mulher assumiu...

O trem um tanto cheio...

A chuva foi de aperreio...

O homem era feio...

A mulher só tinha um seio...

O trem tão ligeiro...

O homem tão parceiro...

A chuva e o grupo de passageiro...

A mulher partiu pro estrangeiro...

O homem voltou...

A chuva à terra molhou...

O homem subiu e chorou...

A mulher no estrangeiro ficou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2007

2114. NA DELEGACIA

O delegado chegou

Um bom dia ele deu,

A testemunha ficou

Sofrendo por aquela

Que já sofreu...

A outra testemunha

Logo após apareceu,

O delegado simpático

O depoimento colheu...

A acusada tão distante

Uma só palavra não deu,

O delegado mostrou a Lei

Ela ao livro se prendeu...

Na delegacia, que cara!

Por mais que haja paz

O homem é só uma guerra

Acusar quem já se acusou

O homem era feio...

A mulher só tinha um seio...

O trem tão ligeiro...

O homem tão parceiro...

A chuva e o grupo de passageiro...

A mulher partiu pro estrangeiro...

O homem voltou...

A chuva à terra molhou...

O homem subiu e chorou...

A mulher no estrangeiro ficou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de agosto de 2007

2115. SOZINHO NO TREM...

no trem eu vou

e sigo sozinho

viajando de trem

passo no meu ranchinho

passando no ranchinho

eu vejo maria

dou beijos e abraços

meu coração antes já sorria

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 11 de setembro de 2007

2116. POVO TRENZEIRO

lá vai o povo

pegar o trem

o trem que parte

o trem que ficou

lá vai o povo

pegar o trem

o trem que ficou

o trem que partiu

lá vai o povo

pegar o trem

segurança de novo

o povo não tem

lá vai o povo

pegar o trem

o trem já vai

vaisimbora meu amor!

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 11 de setembro de 2007

2117. O HOMEM, A MULHER E A BARRACA

Dedicado para os avós de Leando (aluno do 2º ano – Albanita)

Eles Dois

Ela e Ele

Ele e Ela

Vender coco verde

E guloseima,

Café e cigarro.

A barraca feita de pau

Na beira da estrada

O homem com um cigarro na mão

Tome baforada

De amor e carinho.

A faca pendurada na calça

Era a segurança do homem

Proteger a sua mulher

O ganha pão desta vida.

Depois a cobertura da barraca

Para inibir o sol

Para inibir a chuva

Mas de nada adiantou

A mulher na barraca ficou

O homem foi no mato

Fazer sua necessidade.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2118. TREM LIGEIRO DA GOTA DE BOM

O trem ligeiro na estação da vida

Amplia os desejos, sonha comigo.

O trem ligeiro, ligeiro na vida

Tem lá seus desejos, anseias comigo.

De tanto ser trem, neste trem ligeiro

O coração é ligeiro e sendo ligeiro

Cada semblante que passa

Esbarra na gente e sonha ser gente

Dentro de um trem ligeiro...

Ah, se a vida entendesse

O vão deste trem, o vagão que ficou

Entre sonhos e vícios, o trem ligeiro...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2119. A ZUADA CONSTANTE DO TREM

aos amantes que andam de trem de Santa Rita a Cabedelo-PB.

Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Seis... Sete

Conta de mentiroso no vagão deste trem

Vai criança, vai velho, vai menino, vai gente

Vem gente que briga, vem gente que fala

É fala de um

Dois ficam ouvindo

Três querem saber o que houve

Quatro apenas distantes ouvem

Cinco apelam para o trem chegar

Seis não querem de nada saber

Sete é mentiroso e como mentiroso

Acaba levando a melhor...

E lá vai o trem... Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2120. AS PINTURAS DO TREM

Saudosista, saudosista

Onde fostes amar o trem/

Me digas, saudosista

O que mandas?

Tem pinturas no trem

Não é do meu tempo

Não é do seu tempo

É do tempo do grafite

Grafitaram o trem

Esteticamente trem

Não tem pra ninguém

As belas pinturas

Do trem

Trem

Em

e...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2121. A CARREIRA DO TREM

Lá vai o trem

Na bagagem ninguém

Lá vai o trem

Será que veio o meu bem?

Lá vai o trem

Foi para o além

Lá vai o trem

Se sacode trem

Que não tem pra ninguém

A carreira que o trem dar

Assusta qualquer tremzeiro

É carreira danada de boa

É carreira de trem

Você vai gostar também.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2122. AS PEDRAS QUE ENTRAM NO TREM

as pedras que entram no trem são tantas

são tantas as pedras que entram no trem

as pedras jogadas no trem são muitas

são muitas as pedras jogadas no trem

dá insegurança pra quem anda de trem

dá insegurança pra quem gosta de trem

as pedras ferem o prazer de estar no trem

as pedras maltratam o coração do trem

as pedras arranham a pintura do trem

as pedras são muitas jogadas no trem

as pedras no caminho do trem

as pedras no caminho

as pedras

pedras

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de setembro de 2007

2123. HD DANIFICADO

o que fazer diante de tal situação

em que meus arquivos, documentos,

pastas e importantes colocações

foram perdidas

hd danificado

documentos perdidos

devem ser recuperados

devem ter um acontecimento

porque neste momento

minha alma se descontrola

sou fiasco, sou falta de memória

computadorzinho danado

pedras

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 04 de março de 2008

2124. DIA OITO DE MARÇO

Dedicado para Norma, Carolina, Camila e Catarina (Meu Quarteto Lindo)

Dia da mulher

Oito de março

Sábado

Manhã

Sesquicentenário

Almoço

China

Dia da mulher

Tenho quatro comigo

Sou feliz

Sou feliz

Sou feliz

Sou feliz!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 2008

2125. DIA DE PELADA

Sou peladeiro

encrenqueiro

bagunceiro

no meu país

estrangeiro

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990

2126. PAI QUE MORRE

Do nascer, viver, morrer

O último verbo é senhor condutor

De um pai que antecede a dor

E conduz a vida em perecer...

Assim é um pai que vai morrendo

E a todos faz sofrer por vício.

Pedir a morte virou um ofício

E a morte tão distante vai vivendo

Vive enquanto um pai morre

E todo mundo se socorre

Nesta morte que um dia há de vir.

De tanta palavra dita ao mundo

O pai se sente um moribundo

E vive enquanto Deus permitir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 1995

2127. VAI QUERER ENTENDER

Vai querer entender

Esse tal de Windows Explorer

Quando na verdade

A exploração é dor de cabeça

É não querer entender

O que se tem pela frente

E quando na frente

A frente se perde

É tédio

É vontade de explodir

O Windows

Explorer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 2008

2128. ENQUANTO ELE NÃO VEM

Vai chegar o dia em que o dia não será mais dia

E este dia todo dia vai ter dia e não noite

É que a noite já não é mais dia e o dia deixou

De ser noite na noite que tanto sonho sonhou...

Com estas palavras

Contradições

Afirmações

Emoções

Recebo a notícia

E sei da notícia

Escola nova

Direção em chama

Me chama que eu vou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de março de 2008

2129. ENQUANTO O SONHO NÃO CHEGA

Enquanto o sonho não chega

Não chega o sonho de sonhar

Enquanto o sonho não chega

Chega o amor de esperar

Enquanto o amor não vem

Vem o amor de esperar

Enquanto o sonho é sonho

Chega o amor de sempre esperar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de março de 2000

2130. A TRILHA DA EDUCAÇÃO

Sou pequeno

E já sei percorrer

A trilha da educação

Vou à escola

Merendo e estudo

Dou risada

Sei que a arte

É a minha chegada

Percorro do pouco

Um tudo

Não me iludo

Com a educação

Aprendo a verdade.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 01 de abril de 2008

2131. SER DIFERENTE

Ser diferente

É normal

Pois ninguém é igual

Temos que vencer

O preconceito mundial

Se você não se cuidar

Vai se dar

Muito mal

Ser diferente

É normal

Não tenha preconceito

Seja bom

Não seja mau

Se você não se cuidar

Ninguém vai lhe chamar

De legal.

Bento Júnior e Carolina Dias de Carvalho

João Pessoa-PB, 01 de abril de 2008

2132. ESCOLA RAIMUNDO NONATO

Tão bela escola

Vinda de um nome

Raimundo Nonato

Jornalista - Dramaturgo - Homem de cultura

Assim é nossa escola

Vinda de homens que pensam

Por uma cidade educada

Assim é nossa escola

Raimundo Nonato em cena

Vida e obra do mestre

É nossa escola em ação

Gervásio Maia, Gramame

Colinas do Sul

Engenho Velho

Todos irmãos com Raimundo

A educação de nossa gente

Dessa comunidade vida

Raimundo Nonato é escola

A cultura da história dessa cidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de abril de 2008

2133. SILÊNCIO DA NOITE

Às vezes, no silêncio da noite, entre

Tantos suspiros, padeces. Pedaço

De águas partidas na partida do trem

Do trem que não vem... é só estardalhaço.

O homem tão dono de si, se enrola

E socorro a todos pede. É um fracasso.

O homem tão dono de si é ilusão

Nas tantas ilusões. É silêncio marcado a compasso

No compasso de tantas noites.

As noites silenciosas de minha mente,

Mente, mente muito e me faz descrente.

Sou silêncio na noite de tantos dissabores,

Sou silêncio entre tantos amores,

Sou silêncio de todas as noites.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de abril de 2000

2134. QUARENTA E SETE

Tenho quarenta e sete

anos de vida,

som de pedra atrevida,

sou uma peste...

inofensiva, sou permissível,

um tão quanto solitário,

destemido e donatário.

Penso e às vezes sou insensível.

Gosto do nada no tudo,

e tudo faço pelo nada fazer,

quando faço levo tempo a crer...

Que a criação já é fantasia de entrudo

e das quantas estou a viver,

se vivo é vício quem vive por prazer.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 26 de março de 2008

2135. ESTÉTICA E ÉTICA NA PATÉTICA DA FONÉTICA

Estética tem ética

Na patética fonética,

A mulher tão cética

Abandonou a métrica...

Estética e ética

Na prática da fonética,

Misturou-se, força bélica

Acabou-se a estética.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 26 de março de 2008

2136. EXPLOSÃO, CORAÇÃO DE ARIANA

à Norma Sueli (Minha Esposa)

Por que tanta

Explosão

No coração

Desta ariana?

Por que

Tanta

Explosão

No teu

Coração?

Odeias pelas palavras

Sofres pelo amor

Causas sofrimentos à alma

Tens pela frente os casos da dor!

Tanta explosão

Explode no teu semblante

Ariana, anote de coração

Somos de hoje em diante

Amados, eu sou o teu amante...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de março de 1998

2137. ERGUENDO ESTRELA

Ergue-se uma estrela

No céu tem mais de mil

Caso com ela e vou retê-la

Dentre todas do Brasil

Canto com ela sem ser cantor

Mesmo sendo estrela retida

Brilhas mais do que as mil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de março de 1990

2138. ESCOLA DEPENDE...

... Depende do lugar

Depende da estrutura

Depende da moldura

Depende de onde está

Depende do tamanho

Depende de estudo

Depende de todo mundo

Depende de menino medonho

Depende esta escola

Depende de todo mundo

Depende do poço o fundo

Depende do poder

Depende às vezes de esmola...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 02 de março de 2007

2139. SOZINHO NA SOLIDÃO DA SORTE

Sozinho pela estrada da sorte

Sorte tem quem tem sorte de vir do norte

Quando a solidão é de morte

Não há sorte que suporte o mote.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 02 de março de 2007

2140. MAIS QUE UMA AVENTURA...

Saio de casa e sempre saio pela frente

É pela frente que gosto de sair

É pela frente que gosto entrar

De tantas saídas em aventuras

Juro na paz das minhas juras

Saia da frente que quero passar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de abril de 1990

2141. FIM POR FIM... FEITO POR MIM...

Fim por fim

Feito por mim

É bilhetinho escrito assim

No caderninho de minhas escritas

Meninas tão aflitas

Esperam um beijo

Dado por mim...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 20 de agosto de 1984

2142. AS MÃES ESCOLARES

Todas as mães

São mães da escola

A escola da vida

A escola do filho

E do filho a mãe toma conta

Toma conta da escola

Mora na escola

Come na escola

Ama a escola.

As mães escolares

Moram na lua

Andam quase nuas

Gostam dos mares...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 20 de abril de 2007

2143. TRABALHO DE EQUIPE

Temos quatro unidades

Quatro unidades numa só

Somos quatro irmandades

A união da lua e do sol

Cada unidade é papel importante

A unidade é Nova União

O trabalho coletivo tem que ser constante

Uma equipe no acerto e na decepção

Aprender com cada experiência

É somatório, não pode haver competição

Saúde é uma parte viva da ciência

É vida e que vivamos a Nova União.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008

2144. ESTA MULHER E A FOTO

Esta mulher na foto

Tão forte é vida

Não teme a morte

Tem fé, tem amor.

Esta mulher na foto

Tão valente sua vida

Não teme a gente

Tem fé e quer partir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008

2145. ESTA FOTO

Esta foto embranquecida pelo tempo não

Me dá tempo de preteá-la, apenas branqueia-me

Apenas me deixa branco sem vida a vagar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1983

2146. ESTA SENHORA

Canta meus males ao mundo

Diz o que faço de ti

Mostra teu segredo guardado

Samba sem fugir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008

2147. MARIA MORTA

Maria que sabe de tudo

Maria que quer se casar

Casou-se com Xico Mudo

Morreu e foi pro alto mar

Xico Mudo ficou sozinho

Morando na beira do rio

Xico Mudo plantou um pezinho

Flores para acalentar seu frio

Num belo dia de sol

Uma jovem apareceu

Xico Mudo olhava o pó

As cinzas de quem morreu

A bela mulher falante

Xico Mudo ficou pensando

A mulher era tão errante

O mundo todo ia se acabando

Xico Mudo apaixonado

Por Maria e por mais ninguém

As cinzas ficaram ao lado

Maria só tinha o bem

A jovem fazia de tudo

Para ser bem agradável

O danado do Xico Mudo

Falou de forma amável

Mulher vá simbora

Que não quero, não

0 que eu quero agora

É ficar sozinho neste chão

A mulher deu uma olhada

Sumiu daquele momento

Xico Mudo olhou a entrada

E entendeu o sofrimento

A mulher era Maria

Que veio só pra saber

Se o amor de todo dia

Era de Xico o seu viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 1980

2148. MAMÃE É DE PÉ PEQUENO

Mãe...

Mamãe...

Meu pé pequeno

Calçando 32 é tão pequeno

Que cabe no pé da minha outra

Mãe.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 1982

2149. SORTE TEM O VELHO DA ESQUINA

O velho da esquina que passa nesta esquina

É tão velho que velho é apellido de quem nunca

Passou em esquinas, tanta sorte o velho tem

Que sorte por sorte o velho tem da esquina...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1990

2150. MISTERIOSA MULHER

Somente uma palavra

Nada mais do que uma palavra

Uma palavra basta

Para dizer em poucas palavras

O que em muitas palavras

Poucas palavras minhas não diriam

No entanto não tenho palavras

Para tecer tantas palavras

Nestas milhões de palavras

Que circulam cada uma de nossas palavras.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1983

2151. É COMO SE FOSSE

O doente estirado no chão

Caído e bêbado na estrada

Quando um chegava

Quando o outro vinha

É como se fosse

É como se fosse

Meu irmão...

O doente no chão estirado

Uma multidão que passava

O pai se aproximava

Era pai

Ou se não

É como se fosse...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de maio de 2008

2152. JACARÉ EM CENA

Tudo se faz

Quando o fazer

É fácil

Tudo se faz

Quando o amor está em cena

Em Jacaré o rabo anda solto

Jacaré dar o bote

É fim e fim por fim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008

2153. VER A MORTE CHEGAR

Dedicado para Moacir (Primo de Norma Sueli - Minha Esposa)

Tão confiante, tão disciplicente, tão tão

Que de cada palavra da sua voz rouca

Uma vírgula se perde no frasear da emoção,

É fim de tantos fins que seca na boca

Esta mesma boca de tantos desejos

De tantos sonhos e tantas esperanças

Não que a vida seja apenas de beijos

Os beijos são de todas as crianças

As mesmas crianças que sonhei

As mesmas crianças que moram em mim

As mesmas crianças que deixei

Deixei sair de mim só por sofrer

Um sofrer amargo é espera de morte

A morte que vem buscar quem hoje quer viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 2008

2154. PRAIA DE JACARÉ

Bela praia onde do alto o sol chega primeiro

É luz que arrepia turista, é terra de artista

Um sonho que encanta qualquer brasileiro

Aquele que aqui vier para ser realista

A realidade é tão tamanha neste chão

Que o amor brota de todo ar que respiramos

É beleza de lua na lua de todo coração

Como o coração a pulsar daqueles que amamos

Um amor tão puro e sincero

De gratidão te espero

E na espera sou Jacaré

Um Jacaré tão elegante

Chamoso e falante

Sou fera e jamais passo o pé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2008

2155. DÁ-LHE

De tanto surrar

De tanto falar

De tanto malhar

De tanto enxugar

De tanto emplacar

De tanto calar

De tanto amar

Dá-lhe com tuas mãos

Dá-lhe nestes cidadãos

Dá-lhe em todos anciãos

O homem que deu

O homem que morreu

O homem se fudeu

O homem morreu

Dá-lhe e vai embora

Dá-lhe que tua mulher chora

Dá-lhe ao homem a tua esmola.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990

2156. A ORAÇÃO QUE MINHA MÃE ENSINOU

De tanto amar

De tanto ser

De tanto querer

De tanto falar

De tanto perder

De tanto ganhar

De tanto ver

De tanto calar

De tanto ler

De tanto cantar

De tanto saber

De tanto sonhar

De tanto sofrer

De tanto apanhar

De tanto morrer

De tanto ganhar

De tanto viver

De tanto chamar

De tanto correr

De tanto aclamar

De tanto bater

De tanto banhar

De tanto rever

De tanto tentar

De tanto se dar

De tanto ter

De tanto barganhar

De tanto dever...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990

2157. MORREU

Foi tomar banho de rio

E nunca mais voltou

Perdeu todos os encantos

Numa tarde se afogou

Se jogou de cabeça ao chão

Perdeu todas as esperanças.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1990

2158. TEMPO DE ESPERA LONGA

Todos esperam...

Um apenas ouve a agonia

Uma tia tão desajeitada

Seu sobrinho a espancara

E como nada tendo a ver

Foi-se embora e nada de queixa prestou.

O tempo era longo

A espera tão longa

O sobrinho da tia

De arma na mão

Tão pequeno era

Nada aconteceu

O Estatuto lhe deu direito

Quando o menor da tia

A vida lhe tirou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1991

2159. QUATRO RODAS, QUATRO SERES

Nas quatro rodas

Quatro seres vão

Nas quatro rodas

Na frente um cristão

Nas quatro rodas

Na direção do dia

O pai e suas filhas...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 2008

2160. BATE PEITO ATRAVESSADO

No fundo do peito

Com razões da alma

Ele se mandou

No fundo do poço

Com razões do tempo

Ele se ferrou

Onde andará a vida?

Deixe que dela conto

Eu vou tomar

Só não me venha falar

Da vida, eu a quero bem

Bate peito fundo

No fundo de minha alma

Ver-se arrebenta

Ver-se canta fundo

No fundo das minhas razões

Bate peito fundo

No fundo da minha alma

Ver-se me acalma

Ver-se me faz sonhar

Bate fundo peito

Peito sofredor

Ama meu passado

Estraçalha meu ser

Atravessado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 2008

2161. VACAS GORDAS...

As vacas do cercado do meu avô

São gordas com não há,

Comem ração de manhã

A tarde vão descansar...

As vacas do cercado do meu avô

São gordas de comer,

Quanto mais comem

Mais de comida querem saber...

As vacas do cercado do meu avô

São gordas como cururu,

Pisam fortes no chão

E peidam ouro no olho do cu...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 1979

2162. JESUS VEIO VER O NATAL

É com grande satisfação

Que paramos para refletir

Jesus veio ver o Natal

Tão somente para nos servir...

Foi grande esse momento

Quando Jesus chegou

Transbordando alegria

Enchendo o Natal

Com muita paz e amor...

E assim a humanidade

Vive a esperança da bondade

Jesus é só felicidade

É pura e singela amizade.

Bento Júnior e Andrielly Pontes

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2163. MARIA

Mãe

Palavra doce e sublime

E quando se trata de Mãe

A Mãe de Nosso Senhor Jesus

Essa palavra é significativa

Maria

Mulher de fibra e coragem

Criatura, filha de Deus

Exemplo de obediência

Maria

Uma dádiva da humanidade.

Bento Júnior e Ana Cristina Souza

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2164. ÁRVORE DE NATAL

As Árvores de Natal

Tão belas são

Com seus enfeitinhos

Com o seu sonzinho

Fazendo dindon – dindon...

Em seu pezinho

A Árvore de Natal

Cheia de presentinho

Para alegrar

Um monte de menininhos

Assim são as Árvores de Natal

Tão belas são...

Bento Júnior e Aniery Brito de Oliveira

João Pessoa-PB, 20 de Janeiro de 2008

2165. O NASCIMENTO DE JESUS

No dia 25 de dezembro

Nasceu um menino

Chamado Jesus de Nazareno

Para anunciar a Boa Nova

Surge no céu a Estrela Dalva

Iluminando os Reis Magos

O Filho de Deus

Nasceu como um filho qualquer

Numa pequena manjedoura

Por falta de hospedaria

Que fosse acolhedora

José e Maria

Ficaram felizes

Pois acabara de nascer

O Rei dos Humildes

Jesus de Nazareno.

Bento Júnior e Priscylla Ramos

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2166. JESUS É VIDA

Jesus é vida

Jesus é amor

Jesus nos consola

E nos livra da dor

Jesus é nosso guia

Jesus é nossa luz

Jesus é uma estrela

Que ao céu nos conduz

Jesus é nosso Redentor

Remido e amado Senhor

Jesus é bom Pastor

Nosso infinito salvador.

Bento Júnior e Ângela Karla dos Santos

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2167. A LAPINHA

Quando chega o Natal

Todos na rua bem animados

Vão ver a beleza da lapinha

Dançada com seus cordões

Azul e encarnado

Para alegrar a Diana

A lapinha dos nossos corações...

Bento Júnior e Ana Mororó

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2168. MENINO JESUS

Menino Jesus

Tu és alegria

Tu és esperança

Desta lapinha

Dançada na rua

De uma criança

Menino Jesus

Os cordões se agitam

Vermelho na frente

Azul pede um voto

Diana está toda contente

Deu um riso, bateram uma foto.

Menino Jesus

A lapinha está bela

Os cordões dançam bem

A Diana da cor de canela.

Bento Júnior e Aldenize Borba

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2169. JESUS VEIO VER O NATAL

É com grande satisfação

Que paramos para refletir

Jesus veio ver o Natal

Tão somente para nos servir...

Foi grande esse momento

Quando Jesus chegou

Transbordando alegria

Enchendo o Natal

Com muita paz e amor...

E assim a humanidade

Vive a esperança da bondade

Jesus é só felicidade

É pura e singela amizade.

Bento Júnior e Andrielly Pontes de Barros

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2170. MANJEDOURA

Nesta manjedoura

Estava o Menino Jesus

Ali todos ficaram

Olhando a manjedoura

Bela, era tudo maravilhoso,

Todos felizes

Com a chegada do Menino Jesus

Naquela manjedoura...

Bento Júnior e Ana Júlia Oliveira

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2171. O SINO DO NATAL

O que seria do Natal

Sem o soar do sino

Que traduz alegria

De Jesus Menino...

O sino do Natal

Com seu som forte

Seu imenso ardor

Nos eleva ao alto

O verdadeiro amor.

Bento Júnior e Ana Paula Oliveira

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2172. MANJEDOURA PEQUENINA

Manjedoura pequenina

Tão pequena, porém grandiosa

Com sua simplicidade

Recebeu o Menino Jesus

A manjedoura ficou tão orgulhosa.

A Manjedoura tão pequenina

No estábulo estava

Hoje é um símbolo natalino

Nasceu o Menino Jesus

Onde antes o boi pastava.

Bento Júnior e Andréia Nazário

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2173. FAMÍLIA NATALINA

Disse Deus:

- Não é bom que o homem esteja só,

- Vu mandar Adão entrar num sono profundo

- Vou tirar de uma de suas costelas,

- Uma companheira para Adão, vou dar o nome de Eva.

Adão e Eva fizeram muitos filhos

Encheram a terra de gente

Criaram a família no mundo

Hoje os filhos de Adão e Eva

Forma a família natalina.

Bento Júnior e Ângela Maria Alcântara

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2174. A FOME DO NATAL

Natal é festa

Natal é comemoração

Nasceu o Menino Jesus

Para alegrar coração

Os capitalistas aproveitam

Faturam muito dinheiro

Iludem as pessoas

Gastam no natal o capital

Do ano inteiro

Enquanto isso pessoas pobres

De espírito e de poder aquisitivo

Tem fome de Deus

Fome de comida

Fome de amor

Fome de fé

Fome de esperança

Fome de não comer no natal.

Bento Júnior e Akeline Santos

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2175. A ÁRVORE DE NATAL

A árvore de natal

É a beleza deste lugar

Inspira poetas e artistas

Fazem festa e querem cantar...

Nossa árvore de natal

É colocada num cantinho

Seus ramos de fé

Nos enche de amor

De paz e carinho.

Bento Júnior e Ana Barbosa

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2176. SAUDADE DO NATAL

Eu sinto tanta saudade

De algo não muito normal

Em cada dia desta vida

Eu recordo aquele natal

Natal tão inesquecível

De tantas festas e recordações

Familiares e amigos

Belas festas e celebrações

Hoje me pego tão saudosa

Sinto a noite iluminada

Sou uma pessoa bondosa

A saudade me faz abençoada.

Bento Júnior e Aldineide Sena

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2177. AS LUZES DO NATAL

Natal é repleto

De coisas maravilhosas

De tudo lembramos

Tudo que passamos

Ao ver tudo isso

Elas estão comigo

Em todos os anos.

Nesta época os enfeites

Dão um colorido às luzes do natal

Elas nos trazem emoção

Tão grande é a gratidão

As luzes brilharem no meu quintal.

Bento Júnior e Angélica Cândido

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2178. PRESÉPIO

O natal se aproxima

Aos meados de dezembro

Todos com muita alegria

Esperam pela Festa de Fim de Ano

Muitos símbolos aparecem

Entre eles o Presépio

Realidade esculturada

Do maior nascimento da humanidade

José, Maria, Jesus, família

Sagrada, abençoada

Que naquela noite

Na luz daquela estrela

Surge para salvar o mundo

E hoje a lembrança daquele

Acontecido aflora nossa mente

O Presépio do nascimento do Salvador

Da humanidade.

Bento Júnior e Thays Priscilla

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2179. A VELA NATALINA

A vela é branca

A vela é luz

Que ilumina a noite

A noite de natal

A noite de Jesus

Noite feliz, noite feliz

É vela de todas as cores

Que ilumina o céu

O Menino Deus chegando

Trazendo consigo os seus amores.

Bento Júnior e Alana Ribeiro

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2180. O PÃO DO NATAL

O pão natalino

O pão natalino

Representa o corpo de Cristo

O corpo de Cristo

O ouvido é a boca da alma

Desse alimento eu me farto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2181. AS ESTRELAS QUE NOS GUIA

Guiadas pelas estrelas

Eles vieram entregar

Presentes carinhosos

Banhados de luzes das estrelas

Para o Menino se alegrar.

Bento Júnior e Alcione Costa

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2182. AS CORES DO NATAL

As cores do natal

Nos faz reviver

Nos faz reviver a esperança

A esperança de um mundo melhor

Onde haja só brilhos e luzes

Para nos prometer vida em abundância

Cores para a nossa paz.

Bento Júnior e Alinne Neves Nóbrega

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2183. SINOS QUE TOCAM

Os sinos

Anunciam

As boas novas

Alegria e paz

Quando ouvimos

Tocarem os sinos

É sinal de um coração

Cheio de vida, emoção

É sino que toca

Arrebentando as paixões

Anunciando o amor

O doce sabor de nossas emoções.

Bento Júnior e Alcione Pereira Nunes

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2184. CEIA DE NATAL

CEIA

Caridade

Esperança

Importância

Amor...

Bento Júnior e Andréia Silva

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2185. PINHEIRO DE NATAL

Sou um pinheiro

E não sei o que vou dar

Para esse Menino

Que inda agora acabou

De chegar.

Já deram tantos presentes

Tudo para comemorar

A chegada desse Menino

Cheio de amor no seu olhar.

Sou um pinheiro

E não quero junto ao

Menino chorar

Vou correndo ligeiro

Dizer ao mundo que é preciso

Festejar.

Bento Júnior e Isabel Cristina Gabriel

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2186. TODA NOITE DE NATAL

Toda Noite de Natal

Papai Noel me traz

Muitos presentes no bolso

Muita paz e união

Toda Noite de Natal

Papai Noel me traz

Alegria e sonhos

Saudades que ficaram

Cravadas no meu coração.

Bento Júnior e Aline Gonçalves

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2187. OH! EMOÇÃO

Oh! Emoção que vem do coração

Coração cansado

Coração calejado

Coração tristonho

Coração renovado

Coração permissível a novas

Sensações...

Oh! Coração estranho

Tristes dos olhos castanhos

Possuidores de corações

Tão possuídos de perdões.

Bento Júnior e Carmem Dolores

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2188. AQUELES OLHOS CASTANHOS

Aqueles olhos castanhos

Estavam um pouco estranhos

Quando eles me pediram perdão

Senti forte emoção

Foi minha permissividade

Que tanto mexeu com minha sensibilidade.

Bento Júnior e Carla Jeane

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2189. ARTE ACRÓSTICA

Alegria

Radiante

Teatro

Espetáculo.

Bento Júnior e Caliane de Lima

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2190. PEDAGOGIA

Fazemos pedagogia

Na arte de ensinar

Na universidade

A linguagem do educador

É boa de assimilar

Aprendemos rapidinho

Com a sociedade vamos lidar

Minha turma está bem perto

Do curso acabar

E na nossa formatura

Nós vamos nos esbaldar.

Bento Júnior e Caroline de Almeida

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2191. CURSO DE PEDAGOGIA

O Curso de Pedagogia

É um curso interessante

Estuda homem e mulher

É um curso radiante

Pela Universidade

Todos querem passar

Arte e cultura

Querem aprender

Para uma boa vida levar

Chega o fim de ano

Saudades do meu curso

Momento de confraternização

Todos juntos com a família

Numa bela e singela união.

Bento Júnior e Cacilda Maria

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2192. UNIVERSIDADE

Universidade fase importante

Muitas conquistas, realizações

Pedagogia rima com arte

Saudade, sonhos e emoções...

A arte de ensinar educando

A vida pela cidadania

Universidade é cultura

É um lugar de magia...

Universidade e fim de ano

Que contexto social

Todos se confraternizam

Esperam um novo natal!

Bento Júnior e Dayana Kelly Cavalcanti

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2193. FIM DE ANO

Fim de ano na Universidade

É só felicidade...

Pedagogia é uma arte

Educar com criatividade!

Fim de ano

Vida para a humanidade

Transmitir cultura

Com sensibilidade...

Fim de ano na Universidade

É só felicidade

Fazer poema é sentir saudade

Falar e dizer a verdade!

Bento Júnior e Celly Anne

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2194. A ARTE DA VIDA

Na arte da vida

Venho a caminho

Fazendo cultura

Na Universidade

Colhendo carinho

Em cada verdade

Plantando a linguagem

De fim de ano

Obtendo presentes

Da minha coragem.

Bento Júnior e Auristela de Andrade

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2195. A ARTE DE VER A ALMA

Agir com sensibilidade

É deixar fluir a sua emoção

Para se ter permissividade

É preciso saber dar o perdão

Não se pode julgar o estranho

Por ser branco, negro ou castanho.

Bento Júnior e Ana Júlia Oliveira

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2196. AS MOCINHAS

As mocinhas muito belas

Jurema, Juju e Joelma

São amigas inseparáveis

Que mantém uma amizade

Pai, Filho, Espírito Santo dos incontroláveis.

Bento Júnior e Cristiane Lino de Carvalho

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2197. A FESTA DE PUXINANÃ

A festa de Puxinanã

É muito inusitada

Vem gente de todo lugar

E tem até moça enfeitada

Tem Augusta dos olhos de luz

Augusta toda iluminada

Guilhermina nem se fala

Tem os peitos iguais a cuscuz

Eita moça arretada

É uma tal de Maroca

Essa sim, bonita até demais

Seu corpo é como violão

Pense numas moças

Derrubadoras de qualquer coração.

Bento Júnior e Cláudia Gomes

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2198. AS FILHAS DE DONA FULANA

Olha a graça de dona fulana

Que em seu ventre fez nascer

Três lindas princesas

De fazer os olhos arder

A primeira era Ana

Essa era a mais bacana

A segunda era Teresa

Tinha lábios de cereja

E olhos azuis

Um brilho da luz

Que nos conduz

Quanta graça tem Simone

Com seu corpão de silicone

Que muito deixava sem graça

Os homens que passavam na praça

Bento Júnior e Claudineide Carvalho

João Pessoa-PB, 20 de janeiro de 2008

2199. AS MALVADAS

A malvada da tia

Com o sobrinho só sacanagem

Com o mundo só putaria

Todas as tias, todas malvadas no sexo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1982

2200. FINDANDO O FIM DESTE TERMINAL

Fim...

O terminal de ônibus está no fim...

Vou terminar findando este fim

Porque, só assim o fim será o final verdadeiro

E não este fim tão sem término.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1981

2201. HOJE EU ME ACORDEI PENSANDO NELA

Hoje eu me acordei

Pensando nela

Todo canto da casa

Pensando nela

Todo lugar que eu ia

Pensando nela

De todas as saudades

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

Por mais que eu me esforçasse

Pensando nela

E por mais que eu não pensasse

Pensando nela

Por mais que eu gritasse

Pensando nela

Por mais que eu gemesse

Pensando nela

De todas as tristezas

Pensando nela

De todas as lembranças boas

Pensando nela

De todas as cachaçadas

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

Nos lugares que eu passei

Pensando nela

De todos os sonhos

Pensando nela

De todas as insônias

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Como não fosse acordar

Pensando nela

Pensando nela eu estou

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

E como deixar de pensar

Se vivo dela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

De todas as esperanças

Pensando nela

Hoje eu me acordei e dei um suspiro

Foi aí que cada vez mais

Pensando nela

Dei gargalhadas ao vento

Pensando nela

Dei beijos de despedida

Pensando nela

Sonhei que eu estava em Marte

Pensando nela

Precisei romper os poros

Pensando nela

Dentro de uma sala escura

Pensando nela

Dentro de um porão

Pensando nela

Dentro de um sótão

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Pensando nela

Hoje eu me acordei

Além de pensar nela

Penso em você

Que precisa dela

É a vida que penso tanto

Pensando nela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de agosto de 1985

2202. HOJE A FOTO ESCAPULIU DA MINHA MÃO

Hoje a foto pulou

A mulher olhou

Queria mais ver

Foi impedida

Não viu mais

A mulher buchuda

Pulando em cena

E a mulher ciumenta

Pulando na cara

Gritando na cara

Zombando da cara

Queria a foto ver

Não viu e foi dormir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de maio de 1990

2203. TERÇAS E QUINTAS

Todas as terças, todas as quintas

Na certa ou na incerta hora,

Lá estava ele de malas prontas

Prontas para ir embora...

Ir embora e ficar trem esperando

Cantando e sentado na pista,

Soletrando o verbo da espera

Venha na educação e invista

Em todas as terças e quintas

Nos dias todos em cena

Não valeu a pena

O dia foi de grandes desencontros

E no encontro houve a partida

Fugiu o poeta de minha vida.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008

2204. TENHO QUE IR

Lá... Eu tenho que ir...

Lá, vou chegar e partir...

Sorrir e chorar...

Chorar e só depois falar...

Eu tenho que ir desse jeito

Sem gibão e couro no peito,

Sem perdão e sem gratidão,

Vou e comigo vai um coração

Que sem vida pela vida

Vive a viver de outras vidas

Na vida de tantos pesares.

Lá... Eu tenho que ir

Sonhar nas idas e vindas

Porque todo amor se finda.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008

2205. TODO CUIDADO É POUCO

Cuidado com todos os cuidados

E não temas os cuidados que tenho

Sou cuidadoso por natureza

E quando caminhas eu já venho

E se venho é porque tenho cuidado

E tanto cuidado tenho guardado

Guardo e ando comigo na intimidade

De ser íntimo comigo e quem está do meu lado.

Por que ter tanto cuidado?

Por que ser tão cuidadoso?

É sinal de ter cuidado.

Por que o cuidado em mim

Tem tanto cuidado no verso?

Tenho cuidado e sou mesmo assim.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008

2206. PAZ PELA PAZ

Paz por aquele que ver o sol

Mas não consegue ver a lua

Paz por aquele que está pra nascer

Paz aquele que acabou de morrer.

Paz pelo ventre da mulher

Paz por aquela que amamenta

Paz por aquele que ver a luz

Mas não consegue enxergar o sol.

Paz por todos e todos

Por todos os males do tempo

Paz pela criança que brinca

Pelo velho que ensina.

Paz pelo mundo de paz

Paz pelo silêncio da flor

Pelo nascer de uma rosa

Pelo desabrochar da velhice.

Paz pela paz

Paz pela esperança tardia

Paz pela vida vivida

Paz pela paz de fazer paz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1994

2207. COMPROMISSO NOTURNO

Compromisso é o que não falta

No coração do menino,

Compromisso com a menina

Nove meses se compromissando

Aí quando o bucho crescer

Eu só quero ver

Se o pai ou se a mãe manda

A menina do filho cuidar.

Noite adentro lá vem o menino

Com cara de quem quer menina

E a menina em casa tão nova

É nova demais e nunca ensina.

Ensina ser dona de casa

E cuidar do filho que vem

É nova demais para ser mãe

E o pai tão sem experiência

Foi tomar uma pinga

E embriagado falou

Que é maior do que o amor

E todos os amores são compromissados

É noite noturna na brincadeira de criança.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 08 de maio de 2008

2208. OS FATOS EM EM TRANSE

Já me perdi em barracos

Já montei tenda em bares

Já cantei por entre mares

Já me perdi em farrapos

Assim é a vida em transe

Assim é o sonho dos monges

Assim é a estória de camonge

Assim é o amor que dou o lance

São fatos que percebo

São fatos que desconheço

São fatos que têm o seu preço

São fatos que me alisam em sebo

São transe de tantos fatos

São transe de tantas fotos

São transe montados em motos

São transe sem poucos tratos

O homem e a mulher são duas pessoas

Duas pessoas em forma de homem e mulher

Duas pessoas contidas de paz e fé

O homem acha todas as mulheres boas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de setembro de 1991

2209. COMPROMETIDO COM O TEMPO

Uma abelha voando, voa alto no tempo

Um tempo parado, não voa mais do que uma abelha

A abelha rainha, raia ao nascer do sol, faz seu mel

Voa e se compromete com o tempo

Enquanto a multidão na vara pega

Para matar a abelha, ela sonhando pensa

É se comprometer para não parar o tempo.l

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990

2210. CONTRA O TEMPO

Contra o tempo não pelo tempo

E sim pelo tempo que temos

É assim que conduzimos o tempo

Pelo contratemplo do tempo

No tempo tão sem tempo

Quue temos no pouco tempo

De nunca termos tempo no tempo

De temos em tempos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1990

2211. AS RUÍNAS DO ENGENHO

Corredor é o Engenho

Onde José Lins Nasceu

É um lugar bonito

E pelo que me pareceu

José Lins foi um menino

De tanta traquinagem

E na sua mocidade

Intelectualizou-se

Foi aí que se danousse

Presos da cadeia

Que hoje na minha ceia

O engenho causa saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de maio de 2008

2212. A MULHER

A mulher tão falante

Elegante no falar

Diz que a vida não existe

Diz que o mundo é inexistente

E ama o ser na sua plenitude

E diz ser digna de amor

E não dá amor a ninguém

E diz que ninguém o dar

É esta mulher do elevador

Que sente profunda dor

Uma dor tão profunda

Que afunda todos os sentimentos

Dos momentos de todas as mulheres

Assume seus gestos e afetos

Com unhas a fazer

A mulher tão falante

Ficou no décimo andar

E de lá tão sem prévia atenção

Pulou e por sorte da mulher

Viveu para contar

O salto a mais de mil

E neste ano dois mil

Ela de unha feita

E sapato alto no ato

Deu entrevista

Para a grande revista

A vida tumultuada da mulher

Dona de casa

Estudante

Mãe

Trabalhadora pública

Assalariada

Com filhos e marido

Para conta tomar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 abril de 2000

2213. O GLORIOSO

Hoje em Recife, capital de Pernambuco

O Glorioso levou de três. Polícia para André,

Polícia para Bebeto, jogo feio, sujo e violento.

Expulsão e muito cartões. O Glorioso de luto,

Recife tão hospitaleira, não acolheu o futebol,

É Botafogo de Futebol e Regatas,

Vivendo a saída de Cuca, a desclassificação

Da Copa do Brasil para o Corinthians

Foi nos pênaltis o resultado, Zé Carlos desperdiçou.

Hoje o reflexo se estampou na cara do jogador

Deu Náutico Capibaribe, três a zero foi o placar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de junho de 2008

2214. ENFERMO

Todos de posse de sua labuta partiram

e o enfermo solitário gemia. Um gemido de dor,

uma dor como saudade, todas as dores a mim se uniram

e não tive como chorar. Chorei só de pavor

um pavor desses que não manda recado

e quando manda não escolhe o contemplado.

Tão enfermo entre quatro paredes o homem chora

e de tanto chorar seu choro nunca vai lá fora,

não indo lá fora, ninguém escuta,

ninguém imagina que nesta casa há um enfermo

e não é coisa de meio termo

é vontade de curar-se, tanta luta

enraizou no coração do enfermo tão sozinho,

um só tão só que um só não faz carinho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de junho de 2008

2215. O VOLANTE

O enfermo entra no carro e dar partida.

O volante sai em disparada

O enfermo tranquilamente observa.

Nada de desespero. Anda carro. Anda carro.

O volante passa, eu fico

Eu ficando, nada passa,

Eu passando, me tranqüilizo

E com tranqüilidade nunca haverá trapaça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2216. NAMORADOS, NAMORADOS

Tantos namorados com suas namoradas,

Tantas namoradas com seus namorados,

Tantos namorados com seus namorados

E tantas namoradas com suas namoradas...

A comemoração é desse jeito

Não tem essa de dizer que não aceito

É modernidade em ação, meu filho

É a luz ofuscando todos os brilhos.

Tantos namorados com seus gêneros idênticos,

Se identificam com seus ou outros gêneros,

É tantas namoradas de beijos ardentes na boca

Sedenta de namorados de gêneros idênticos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2217. ZÉ LINS, O PRIMOGÊNITO

O menino lá de Pilar, interior da Paraíba

Filho único, solitário, escritor de mão cheia,

De tantas obras belíssimas, que eu cá de riba

Peço uma história de Totonha, aqui na ceia,

E quero ouvir falar do moleque Ricardo,

De Fogo Morto eu já sei de cabo a rabo,

Sei dos escritos, sei de todo o cuidado,

Passa pra mim logo esse nabo,

Esse nabo é gostoso, plantado no Engenho

Que de tão saboroso sempre que quando aqui venho

Só quero falar do menino, desse menino de engenho

É Zé Lins, por ele consideração sempre tenho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2218. MELHORAS

Estou tão bem que não sei se estou

Tão bem do jeito que é para ser

No entanto eu quero sossego

Eu quero paz pra viver

Estou tão radiante e glorioso

Torcendo pelo fogo em mim

Tirando as penas pesadas de mim

Correndo e cantando assim:

Se esta rua, se esta rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar...

Estou feliz em poder melhorar

Meu estado de espírito e cantar

Uma canção sem nexo e sem sexo

É assim que eu sei sonhar...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 2008

2219. CRIANÇA DE HOJE, CRIANÇA DE ANTIGAMENTE

A criança de hoje não quer estudar

Só pensa em fazer o que não é para fazer

E quando há algo para a mesma fazer

Dar um bote e se perde no caminhar...

A criança de antigamente era assim:

Atendia seu pai, sua mãe, seus avós

Respeitava os mais velhos e estudava

Brincava na hora certa, tinha limites...

A criança de hoje perdeu o limite

Quer fazer tudo que der na cabeça

O pai não controla, a mãe muito menos

É um dissabor que não tem solução.

A criança de antigamente vivia melhor

Apesar de não ter tanta informação

Tomava banho de rio, jogava bola de gude

E empinava pipa nas tardes de sol...

Já a criança de hoje está quase perdida

Divide o seu tempo com uma tal de internete

Não que a internet seja completamente mal

Mas a criança de hoje navega em páginas perdidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2220. ONDAS MAGNÉTICAS DO MEU EU

As ondas magnéticas das minhas algemas

São ondas confusas, rebeldes e carentes

Senhoras damas de últimas categorias

São ondas que rondam, param e não sabem

De nada, não vivem nada, não desfrutam de nada

São alheias como a vida de ambas as ondas

Que golpeiam silêncios, que aprisionam infernos

É um fogo ardente, tão ondas mal amadas

Que às vezes me pergunto se estas ondas

São ou não são partes de mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2221. O PALHAÇO LADRÃO DE MULHER...

Dedicado ao Palhaço Carequinha

As cantigas de roda, todas foram cantadas,

O palhaço cantor, Carequinha o que é que é,

Com a bandinha do Altamiro, grandes gargalhadas:

O palhaço o que é? É ladrão de mulher...

Atirei o pau no gato, não mate o gato por favor,

Carequinha palhaço, o cravo brigou com a rosa,

Nesta rua tem um bosque, cadê ele meu amor?

Ciranda, cirandinha, acabe com esta prosa,

O Palhaço Carequinha, criança em pessoa,

Com sua alegria, a vida era boa,

Carequinha hoje alegra anjos no céu.

Tantas foram as canções que eu o ouvi cantar

Sua voz suave, seu canto que tanto fez encantar

Ao mundo, que hoje se perdeu no creu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 2008

2222. NÃO ME FALE...

Não me fale de segredos

Que eu não sei mentir

Não me fale de medos

Que eu não sei fingir

Não me fale de passado

Que eu não sei ouvir

Não me fale de sonhos

Que eu não sei me permitir

Não me fale de vícios

Que eu não sei como assumir

Não me fale de fugas

Que eu não sei fugir

Não me fale de trabalho

Que eu não sei pedir

Não me fale de ontem

Que eu não sei me consumir

Não me fale de prazeres

Que eu não sei como conseguir

Não me fale de vitórias

Que eu não sei me iludir

Não me fale apenasmente de mim

Que eu não sei como resumi...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 1998

2223. ENTRE O RISO E A LÁGRIMA

Entre o riso de tantas lágrimas

As lágrimas de tanto ri caíram de costas

Deram um baile na tristeza

E na tristeza de tantas lágrimas

Foi-se embora os gemidos e as dores

E todas as dores foram plantadas distantes

E só perto é que chegou a alegria

Em nome da paz e do amor

E cantou o poeta, cantou o ator

E que viva todas as lágrimas

Que hoje não são mais lágrimas

São risos de cantos e encantos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de junho de 1998

2224. MANAÍRA

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)

De malas prontas. Prontas todas estão,

Esperando a tia, vão à Manaíra, lá se vão,

De bagagem na mão, fica pequeno meu coração,

A mãe tão emoção, fica na contra-mão.

Manaíra espera todas as filhas

Que vão em poder de uma tia,

Uma tia tão mãe na mãe que não é

E não sendo mãe, dá de si toda a alegria.

Elas entram no carro e vão embora.

Os pais ficam sós. O corpo chora,

Enquanto o coração implora,

Que Manaíra tem que ser mais perto,

Não essa distância, um hálito assim deserto,

São as filhas que sempre estão no caminho certo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de junho de 2008

2225. NOME FEIO

Arenga, nome feio, não faço questão,

O nome de tão feio, feio virou arenga,

São todas arengueiras, da boca saem feiúras...

Que nome feio! Que nome feio saiu da boca,

Um nome de tão feio explodiu a mãe que dormia,

A mãe queria viajar, estava brava...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de junho de 2008

2226. NOME FEMININO

O nome todo mundo já sabia,

Era escrito com F, mas pronunciava-se com G,

Era um menino forte, porém estranho nas ações,

Mas mesmo assim os outros diziam: questão das opções.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de março de 1980

2227. NOME CRISTÃO

Paulo, Francisco, José, João, Pedro,

Todos nomes cristãos, pergunto: e o meu?

- o seu carrega um bendito nas entranhas,

É nome forte, rei das cobras, esse é o seu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 1981

2228. FICA COM DEUS...

Por mais que ela tenha feito o mal,

Não devemos desejar-lhe o mal,

Sei que fez o mal porque esqueceu o bem,

Esqueceu o bem e hoje vive com Deus no além.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de junho de 1980

2229. DE MIM DISTANTE...

Tão longe, longe e distante de mim,

Sei que não a pego, isso é muito ruim,

E se for desse jeito, mesmo assim,

Quero seus olhos bem perto de mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de junho de 2008

2230. ASSUNTO DE ÚLTIMA HORA

Sei que não estou bem,

Preciso melhorar meu comportamento,

É por isso que me chamo Bento,

Aluno que só tirava cem,

Hoje tem nota baixa no boletim,

Precisa se cuidar, Tamandaré não é Polivalente,

Nunca faça o mal, faça o bem mesmo assim,

Tire uma boa nota, assim de repente,

Seu pai nada vai saber, este é o assunto

Criança boa nunca mente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de junho de 1976

2231. MINHA GALEGUINHA

Dedicado para Camila Dias de Carvalho (Minha Filha)

Ela é linda

Branca da cor da neve

Ela é a minha galeguinha

E mora junto de mim...

Junto a mim ela ama

O jeito do poema a fazer

Ela é uma linda galeguinha

E quero muito bem a você.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de junho de 2008

2232. MINHAS MÃOS, MEUS NERVOS

Estamos diante de um fato

Eu faço um trato

Sei que como no prato

A comida que tanto me farto

Assim minhas mãos estão trêmulas

Assim os meus nervos estão trêmulos

Sei que a figura está na mente

Mente para mim seu demente

Que tanto embaraço nas mãos faz

E assim os nervos se descontrolam

É a paixão de menino no corpo do rapaz

É a ação confusa dos pensamentos

Que se desenrolam

No mais sublime amor

De homem por mulher madura

Assim como a fruta é dura

O gozo nunca nos causa dor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1983

2233. INJUSTIÇAS CASUAIS

O homem que tanta construção construiu

Hoje mora de aluguel no apartamento que

Tanto suor do rosto caiu

É a injustiça e nós não sabemos o porquê

Só sabemos que a casualidade apontou

Na barba branca do homem pedreiro

E de tanta pedra levar pela dor

Ainda caminha e sonha ser herdeiro

É uma ingenuidade sem fundamento

Deste homem que só pensa em justiça

E todo mundo com palavras lhe atiça

Quer que ele faça um bombardeamento

Na bomba que só ele sabe o segredo

Pensou o homem: ainda é muito cedo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de junho de 1990

2234. BREGA QUE TE QUERO BREGA

A amizade é coisa séria

Que estampa na cara e não tem remédio

Quando se gosta se gosta mesmo

Mesmo que o outro não perceba

É a amizade que invade o ser

Faz um giro de cem graus pelo sangue

E deixa confiança à porta

De tanta confiança não importa o brega

Tudo é perfeito no mais perfeito estado

E quanto mais brega o outro é

O outro diz que te quero mais

E seja brega que o mundo agradece.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 1984

2235. CORTE

No São João, noite de chuva e das boas

Lá estava eu a cortar madeira,

Era uma linda fogueira

Para esquentar quantas eram as coroas...

Coroa de todo jeito no São João a brincar

E uma linda fogueira trazendo a todo mundo sorte,

Foi aí que eu de um facão levei um profundo corte

Na mão esquerda, parte superior do meu polegar...

Um profundo corte o sangue a correr,

Deu medo eu sei que deu,

Mas ninguém morreu...

O facão tão enferrujado fez tudo acontecer,

Um corte imenso para estremecer coração,

Ainda bem que brinquei o Dia de São João.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de junho de 2008

2236. OS ANJOS QUE ME ESPREITAM

Na minha vida tem um anjo branco

Que eu não troco por ninguém

Sei o bem que ele me faz

Sei o mal que ele tem

Assim é o meu anjo bom

Tem sexo eu sei que tem.

Na minha vida tem um anjo negro

Que eu não troco por ninguém

Sei o bem que ele me faz

Sei o mal que ele tem

Assim é o meu anjo bom

Tem sexo eu sei que tem.

Os dois anjos me espreitam

Não me dão sossego,

É grande nosso apego

Nossos risos se enfeitam

De amor e compaixão

Eu estou apaixonado

Dois anjos mexeram comigo

Deixa pra lá meu anjo bom

Deixa pra lá meu anjo bem

Sei que o amor está comigo

Por enquanto está tudo acabado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 1988

2237. POESIA

Poesia, sai das minhas entranhas,

Invade os lares de todos os pensantes,

Faze-os declamar aos seus amores,

Mesmo os que sejam mais que errantes,

E sendo errantes a poesia tem remédio,

Um remédio que talvez não cure as dores,

Alivia de cada mal um pouco do tédio

E faz recital mesmo contra todos os dissabores.

Poesia errante, falante e pedante.

Poesia que tanto ensina a razão,

E sendo razão o homem é tão inconstante

Que a poesia pede licença e se manda.

A poesia é soneto e não só de coração

Vive o poema que mora n`outra banda.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1990

2238. MUITO TEM SE FALADO...

Muito tem se falado, muito tem se falado,

É uma falação que é melhor ficar calado,

Quanto mais o homem fala, menos cuidado

Ele tem no ato de cada palavreado,

É fala, essa mulher indefesa que a todos

Numa só palavra ameaça quem vive errado

E errando na fala não há como ser preparado,

Vem a sola, e sobre palmadas o alvo foi acertado,

Um acerto na hora de quem nunca tinha sido castigado,

Isso implica em dizer: muito tem se falado...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985

2239. MUITOS SÃO SALVOS...

De que adianta andar descalço para provar

Que o amor é a maior das invenções?

De que adianta andar nu se as carnes

Não servem mais para as criações?

De que adianta pedir emprestado

Se o dinheiro é sujo das repartições?

De que adianta andar bem vestido

Se o figurino só é possível com prestações?

De que adianta sorri para o outro

Se os dentes contém perfurações?

De que adianta andar ligeiro

Se a pressa é uma das maiores ilusões?

De que adianta sentir-se útil

Se o ser por natureza vive nas confusões?

De que adianta escrever em vida

Se em vida os leitores vivem das contradições?

De que adianta dizer que muitos serão salvos

Se a salvação é parte integrante dos perdões?

De que adianta comer comida boa

Se a digestão de todos passa pelas ronquidões?

De que adianta ter uma bíblia em mãos

Se a salvação independe de cada uma de nossas ações?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985

2240. PERDÃO AO MEU AMOR ETERNO

Senhor!

Perdão pelo amor que se foi

Quando deveria ficar aqui

E não ficando aqui

Não perdoa, Senhor!

Deixa que o amor se vá

E indo, Senhor

Perdoa por não ter ficado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de agosto de 1985

2241. MORTE SÚBITA

Dedicado para Moacir (Primo da minha esposa)

Ele, em vida professor, pai e amigo

De todos que o cercava. Era intelectual,

Amava os livros e leituras exóticas,

E todas que lia, um bem matando o mal.

Eis que, num dia de chuva, no mês de junho

De dois mil e oito, a morte súbita vem,

Leva o letrado que deixa filhos e esposa. A mãe

Tão lúcida ficou. A luz brilha no bem

E antecede o aviso do chegou a hora.

É hora de ir embora, diz a morte ao homem

Que já tinha ciência. A chuva cai forte agora

E molha o chão que amanhã te espera.

É saber que tudo tem início, meio e fim

E sendo fim, a morte não poderia ser tão sincera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de junho de 2008

2242. O TEMPO PERGUNTOU PARA O TEMPO

O tempo perguntou para o tempo

Se o tempo que o tempo tem

É tempo de fazer o tempo parar.

O tempo respondeu ao tempo

Que o tempo que o tempo tem

É tempo de tanto tempo

Que o tempo não pode esperar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1980

2243. ANTES QUE O MUNDO TOME CONTA

Antes que o mundo tome conta

E conta do mundo o homem não tome conta,

Conta para mim se o mundo é afronta

Nas contas do tempo que na minha frente desponta?

Antes que o mundo tome conta

E conta desse imenso mundo

A gente não possa tomar conta

É bem provável que tomando conta

O mundo vai fazer de conta

Que as contas do mundo

É o mundo que tem que pagar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1981

2244. AS PIRRALHAS ENCRENQUEIRAS

Dedicado para Carolina, Camila, Catarina e Marina (Minhas Filhas e Amiga)

Nunca vi

Pirralhas assim tão encrenqueiras

É assim

Todas são

Nenhuma escapa

É capa na contra-capa

É encrenca na contra-mão

Por diversas vezes, que dor no coração

Minhas filhas, sua amiga

Só não sai briga

Mais é intriga

Encrenqueiras, tão suaves

São crianças.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de junho de 2008

2245. MOÇO RAIVOSO

Moço raivoso deixa essa raiva de lado

Mostra tua cara pálida, moço eu te conheço

Sei da tua procedência, não és nenhuma ciência

Às vezes eu te desconheço.

Moço em cada vez que te vejo

O som de todos os meus desejos

Estrapola meus atropelos

Moço deixa de raiva, sai dessa toca

E me toca, e ver-se toca com a raiva

Desse argumento, não é sofrimento

Moço raivoso, sua raiva ficou em mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2246. MOÇA VÉIA

Lá vai a moça véia

Passando por cima de tudo

Já deu muito na vida

Hoje véia, serve de vaia

Mesmo subindo a saia

A molecada se despede

Não quer a moça véia

Que de tão véia

Anda de salto alto

E no compasso acha bom

Quando a molecada diz

Lá vai, lá vai a moça véia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2247. MOÇO PATRÃO

Tão novo e tão carente

É a história desse patrão

Que não tem ação

Não tem coração

Quer ser atraente

Tomar aguardente

E quando está bêbado

Fica tão velho e de tão velho

Não é mais patrão

Perdeu toda a razão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2248. MULHER BANDIDA

Uma mulher bandida das bandas de Mossoró

Deu na minha vida um nó e de tão nó grande

Atrapalhou a pegada do meu anzol, era bandida

Falante, elegante, tinha arma na boca, era um

Tremendo nó, e de tanto tomar sol, morreu a bandida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2249. SEXO DO HOMEM E DA MULHER

Deus quando criou o mundo

Deu ao homem um sexo

Deu a mulher um sexo

Juntos os dois sexos

Formam sexo ou sexos

Todo homem e toda mulher

A procriação é sexo em ação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2250. PRECISO ENCONTRAR O CACHORRO VIRA-LATA

Lá vai o vira lata, lá vai o vira lata

Late tanto que tanto latido incomoda a gente

É o cachorro vira lata que vira lata a todo instante

É um amante, diz a vizinha, a culpa não é minha

É um cachorro bonitão, abana o seu rabão

E no abando do rabo, a vizinha quer nabo

Não sei se é no rabo, dela ou do cachorro vira lata.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2251. POR HOJE É SÓ...

Já morreu um parente

Conta deixei de pagar

Estou tão carente

Alguém para amar

Por hoje é só crente

Que crer no amor

E de tanta dor

Por hoje é decente

Sofrer as causas do tempo

Por hoje é só um tal de repente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2252. PRECISO SONHAR, PRECISO SOFRER

Eu quero sonhar

Eu quero sofrer

Não vou nem saber

Se o sofrer é por amar

Ou se sofrer é sofrimento puro

Eu juro que tenho que sonhar

Eu preciso, eu preciso sofrer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2253. CHEGADA SEM AVISO

Nove, este é o número de visitantes

Que chegaram em Parari sem aviso,

A sobrinha disse que não era preciso

Devido ao tempo dos minutos inconstantes.

Era noite de São Pedro no lugar

E todo mundo brincou,

A tia é gente que se deve respeitar

No muito tempo que nos restou.

Foi bom e o aviso não chegou em tempo

Para as prevenções familiares,

Era dança de boneca em todos os lares.

A chegada aconteceu no tempo

Que era certo no incerto planejado,

Final feliz no lugar abençoado.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2254. NA ESTRADA DO CARIRI

Na estrada do Cariri dois carros a correr,

Um Fiat Uno, outro Gol,

Florismá e Cristina, Beto e Gorette,

Bento e Norma, Carolina, Camila e Catarina

Nove pessoas, nove cabeças, só o Cariri

O aconchego no esbarro em Parari.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2255. O ESTRESSE DA VIAGEM...

Ela na frente bloqueia a marcha

Vigia o cronômetro e tem dor de cabeça

Briga com as filhas, e por incrível que pareça

Se acha entendida, não sei porque tanto acha!

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2256. EM PARARI

Em Parari

Estrada de barro

O carro atolado

É safári no cariri

É tranqüilidade

É o aconchego

Por mais de vinte anos...

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2257. MOLEQUE QUE ANDA DE TREM

Moleque que anda de trem

Não tem medo de maquinista

Anda sozinho na linha

Ninguém sabe de onde ele veio

O trem já está passando

E o moleque já tem ingresso

Como barrar o moleque

Se ele pagou e vem com o pai?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1980

2258. A POLÍTICA DO CARIRI

A convenção partidária, hoje teve seu fim

Cada cidade escolheu o seu candidato

Às eleições de outubro de dois mil e oito

Aqui em São João do Cariri

É grande a multidão que quer votar

No seu candidato que irá representá-lo

Na Câmara Municipal

Na Prefeitura Municipal

Tanto político na frente

As fotos em frente da igreja

E todo mundo feliz

Depois de viagem entre

As estradas de barro.

Bento Júnior

São João do Cariri-PB, 29 de junho de 2008

2259. SENHORA CARIRIENSE

Dedicado para a Senhora Nevinha Caluete

Viúva de Jairo

Tem muita história para contar

É Dona Nevinha

Mulher guerreira e forte

Enfrentou tanta morte

E mora feliz da vida

E ficou feliz

Ao receber sua sobrinha

Ao receber os convidados

É Dona Nevinha

Com seus lindos olhos

Com sua bela paciência

É Dona Nevinha

A Senhora que tiramos o chapéu

Só sei dizer que vamos dar

Uma passada na sua casa

De vez em quando.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2260. O CANSAÇO DA ESTRADA

Está todo mundo cansado

No cansaço da estrada

Estamos em Lagoa de Dentro

Uma parada para o café.

Bento Júnior

Lagoa de Dentro-PB, 28 de junho de 2008

2261. O ESTRANHO MUNDO DO SENHOR CARECA

Vivia a bater nos outros

E a fazer desenho da rua

Era de pele morena

Negro da cor da noite

Não fazia reclamação

Era estranho no bairro

Não votava em ninguém

Meu amigo estranho

Careca por natureza

Não tinha amigos na cidade

Seu mundo era um bar

E no bar não falava com ninguém

O dono do bar sabendo já o que ele queria

Porque era todo dia o que pedia

Uma pinga com limão

Um pouco de sal

Um pouco de açúcar

Não se sabe o que o açúcar

Ia parar na mesa do senhor estranho

Não sabemos de nada

Como vivia o senhor estranho

Se era estranho para muitos

Para mim era de confiança

Tinha na calvície um pouco de cabelo

Que ele levantava com o vento

Era o estranho careca

De poucas palavras, talvez nenhuma

Vivai a beber, pagava quando podia

Era funcionário público

Os pés estavam se inchando

Era cachaça, dizia uns poucos na rua

O estranho hoje tem mais de oitenta

Anos para contar a quem quer que seja.

Bento Júnior

Mamanguape-PB, 28 de junho de 1980

2262. FERRADO

Diante dos estragos na pele interna do corpo inerme

O cidadão corrompeu o silêncio da noite e foi-se embora,

Pena que ele se esqueceu que está ferrado

A polícia de todo distrito hoje está de luto e chora...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de junho de 1982

2263. O ESTRANHO MORADOR DA RUA DE CASA

Um estranho morador que mora perto de casa

É estranho pela análise antecipada,

Sua casa se enche de gente e ninguém ouve nada,

O estranho morador só vai no Cine Plaza

Assiste filme ninguém sabe qual

E não dirige uma palavra nem para fazer mal

É estranho pela análise antecipada

E também porque cria um cachorro

Que desconhecemos a raça

O cachorro também não late

O que incomoda a todos é o silêncio

Que gira em torno da casa do estranho

Que todo mundo fica a se questionar

Quantidade independe de qualidade

E a quantidade que ali se estabelece

Ninguém sabe ao certo se é qualidade

Ou se a desordem mora no lugar

O que incomoda a poesia é a análise feita

Pelo momento questionado

Onde incomoda quem fala

Incomoda quem não fala

E a vida do outro não é respeitada

É o tal do vizinho que esquece da sua vida

E fala, mete o pau na vida dos outros

O estranho de tanto ser estranho

Acha que todo mundo é estranho

No mundo do estranho.

Bento Júnior

Santa Rita-PB, 18 de maio de 1983

2264. AS MINHAS MENINAS

Dedicado para Carolina, Camila e Catarina (Minhas Filhas)

Três meninas são filhas

Deste poeta que vos escreve

Elas brigam, mas se amam

São meigas, todas reclamam

O poeta as insere

Dentro do seu coração

E para todas manda um beijo e um abraço

Repleto de sonho, só saudade e emoção.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008

2265. FALTOU UM FONE PARA O CARRO ANDAR

Faltou um fone para o carro andar

Quando não se telefona

A mulher implica com a vida

Reclama de tudo, arrebenta os nervos

Tem dor de cabeça, veio na chuva

E de tanto tomar banho de chuva

Explodiu sua água na cabeça do mundo

E diz que era apenas telefonar

Que a chuva no carro amenizava

Mas o cara esqueceu por completo

E houve discussão até o sono

Nada de teatro, nada de despedida

Não deu, faltou um fone para o carro andar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008

2266. A SOMBRA

No pé de cajueiro o sabiá canta

Lá onde o sabiá canta o homem se encontra,

Era lindo o cantar quando a sombra

Sombreava o sabiá no pé de cajueiro.

O sabiá sabia que precisava cantar,

Cantou e foi morar no tronco da mangueira,

O sabiá de tanto cantar no cajueiro

Aprendeu a calar e viver da sombra deste coqueiro

Que o homem plantou a dez anos atrás

E por nunca dar coco, o ninho do sabiá

Vive até hoje a ouvir o canto do sabiá.

Canta, canta sabiá

Canta na mata que te criou

E se fores embora é porque nunca tivestes amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de junho de 1986

2267. NA SOMBRA DO MEU CORAÇÃO

Na sombra do meu coração

De tanto cantar em vão

Gastei todo o meu tostão

Por causa de uma afeição

Era linda feito uma paixão

Me provocava tremenda emoção

No entanto a sombra do meu coração

Me dizia sem muito tesão

Estás precisando de uma refeição

Não entendia e tome digestão

Só por causa dessa confusão

Na sombra do meu coração

Perdi toda uma canção

Neste momento toda ilusão

Provoca meu pé e minha mão

Me deixa sem muita condição

Na sombra do meu coração

Existe um ditado na contra-mão

Que me ensina a lei do cidadão

E não há nenhuma espécie de perdão

Que perdoe os vícios eternos de uma sensação

E assuma de vez a sua eterna paixão

E de tanto se apaixonar pelo sertão

Virou cangaceiro adepto de Lampião

Nunca matou porque não teve ação

E por não ter nada perdeu a razão

A felicidade foi-se embora com o chão

Que estava batido de tanta erosão

As veias enormes da minha falação

Combinam com o tempo do teu avião

E voando por entre as nuvens a falação

Acaba falando de quem nunca teve irmão

Uma irmã nasceu e logo colocou corpo num caixão

E foi morar no céu com São João

Na sombra do meu coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2008

2268. PARARI, CÉU AZUL...

Tão azul o céu

Parari é uma festa

Bebe-se o verdadeiro mel

Parari, lá tudo presta...

A passagem do rio

A canoa quebrada

Parari só tem tio

Olha chegando a invernada...

Parari céu azul

Parari é saudade

Parari é o sul

Na seca tem castidade...

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2269. BALÃO NO CÉU NOTURNO

No sertão nordestino deste imenso Brasil

O homem de chapéu de couro,

A mulher livrando-o do agouro

Reza um Pai Nosso para o ano Dois Mil

E assim com fartura na mesa

A mulher põe a comida, de milho bem natural

E a meninada já pergunta pela sobremesa

Calma, o balão está no céu, nada mal

Dizer que o céu noturno é melhor

E no contrapeso da balança o homem sofre,

Sofre tanto que não tem nada pior

Só o roubo do dinheiro de um tal cofre

Roubado para confeccionar balão,

Que sobe ao céu em noite de São Pedro,

Não cai na rua do sabão

O céu tão distante lhe causa medo

É um medo que o balão caia na floresta,

É o medo de se perder no mato,

Nada pode atrapalhar a festa

De soltar balão, este é o trato.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2270. BALÃO PEQUENO

A criança pequena com um balão pequeno

Solta no quintal, o fogo não quer pegar,

Solta piada e nada quer saber,

É apenas um menino, pequeno balão a soltar.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2271. BABA, BABÃO

O babão é baba de sonho no sonho

Do babão entre o sabão e a espuma.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2272. A LEMBRANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

A lembrança é a última que morre

Entre tantos que morreram na saudade

Diante de tantas lembranças...

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2273. AS ÁGUAS DOS TEUS OLHOS BANHARAM DE

SANGUE AS LÁGRIMAS DA CACHOEIRA DA MINHA ESPERA

As lágrimas que caem dos rios escaldantes

São águas banhadas de sangue dos amantes

Teus olhos confusos, tão errantes

Sonham com os sonhos das esperas dos passantes

É ela a mulher da vida que vive para a vida

E nada quer. É ele um sonhador apaixonado

Amando a mulher de horas tão inconstantes...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2274. UM CONTO CONTADO A UM CONTO DE RÉIS

Um conto de réis pediu o cidadão para contar o conto

Que falava do conto das noites mal assombradas,

É que o conto nunca teve fim, eu tiro por mim,

Já que está no fim, deixo o conto a um conto de réis.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2275. O CARTEIRO DAS CARTAS MALDITAS

Lá vem o carteiro, pergunto prazeirosamente:

- Carteiro amigo, o que me trazes de bom?

- Trago notícias ruins, meu caro leitor...

Que carteiro melancólico este meu olhar presenciou

Era fúnebre, mórbido, cadavérico, insatisfeito

Com o tempo, com a vida, com as boas notícias...

Que carteiro maldito das cartas malditas,

Quando uma carta chegava, de longe nada perguntava

E se perguntasse, resposta não me satisfaria,

Carteiro maldito das cartas não lidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 1980

2276. UM LEITOR SORRIDENTE

Leitor sorridente, leitor sorridente

Um livro te empresto, um livro eu te dou,

Leitor sorridente, mostra-me teus dentes

Tão alegres na leitura, um beijo eu te dou

E te dando um beijo, cinco anos de vida

O mais jovem leitor, o mais jovem leitor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1982

2277. OS ENCANTOS DOS RECANTOS SANTOS SEMPRE ESTÃO EM PRANTOS

Fui no Padre Cícero do Juazeiro, São Severino do Ramo, Frei Damião em Guarabira,

Visitei o Cristo Redentor quando menino, olhei diversos altares de santas beatificadas,

E hoje o que me resta é ver na minha mente, estes lugares santos estão cada vez mais mais prantos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1984

2278. ENTRE PEDRAS CORTANTES E EDIFÍCIOS GIGANTES

O BEM-TE-VI CANTA SEUS ACORDES ERRANTES

Corta pedra gigante, corta braço errante, corta povo falante, corta mulher pedante,

Ouve o canto de um bem-te-vi com seus acordes errantes, ouve o cantar deste pássaro

E vai dormir com Deus, pedaço de ilusão vivida no meu tempo de menino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1984

2279. MANDE-ME, SE POSSÍVEL, QUEM SABE, O LENÇO

SUADO DE LÁGRIMAS DE OUTRORA

Eu guardo as recordações do tempo em que vivias nas vaquejadas,

Com um lenço branco esticado, o boi do curral saindo, era só medo,

Um medo de quem quer ser peão, um medo de nada entender,

Hoje na minha cadeira de roda, fui peão no passado, hoje sou freqüentador

Das mais estranhas vaquejadas, se possível, meu amor, mande-me ao menos

O lenço suado de lágrimas de outrora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 1980

2280. CRIANÇA RENASCER

Renasceu uma criança do pólen da cinza preta,

Entre flores e frutos o beija flor bicou,

Ela foi criança nascida tantas vezes,

Hoje esta criança não mais é criança,

Cresceu e hoje é mãe de outra criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 1980

2281. TANTO CHÃO PARAIBANO

Já andei diversas léguas, já andei

Por todo chão paraibano, já andei

Por todo chão nordestino, já andei

Por todo chão brasileiro, já andei,

Só encontrei respostas no solo paraibano

É que estas viagens a passeio no solo paraibano

Me deixa com pé no chão em saber

Que por onde eu andar, chão paraibano

Fará parte das melhores recordações

Porque assim sendo, ah que saudades da

Minha eterna PARAÍBA.

Bento Júnior

Feira de Santana-BA, 10 de setembro de 1987

2282. LEITE DE CABRA, COALHADA DE VACA, CABOCLO BEBEDOR

Leite de cabra, coalhada de leite de vaca, aí sim, já dizia o caboclo bebedor

Que de tanto leite tomar ficou gordo, barrigou, é um sujeito forte, alto e sadio,

Este sertanejo, nordestino da Paraíba, visitador do agreste e do cariri,

Este caboclo bebedor, toma cana da boa, toma mel, garapa do caldo da cana,

Chupa manga, abacaxi, sertanejo forte dono de gado, leite na cara, bebe

Todo mundo, todo mundo quer ser na terra o caboclo bebedor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2283. O LIMITE DO ESPAÇO DO TEMPO NO CALCANHAR DE QUEM QUER PLANTAR

O homem quando planta vem outro e lhe rouba o plantio,

Ele para se proteger coloca grampo no muro e bota vigia,

Não adianta plantar sem conscientizar a comunidade,

O espaço doa tempo é calcanhar no caminho da planta

E só quem sabe é quem planta no terreno governamental.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2284. NINGUÉM ESCUTA OS GEMIDOS DO

BODE NO CURRAL DA VACA PÉ DE CABRA

Um bode pai de chiqueiro quer a todo custo

Conquistar a vaca pé de cabra,

Ela nada quer com o bode, porque o gemido do bode

Já matou outras vacas, meu Deus como isso pode?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2285. UM NOVO AMOR, UMA NOVA MORADA,

UM BUCHO SEMESTRAL DE OUTRO AMOR

Uma barriga grandona,

No bucho daquela mulher,

Ganhou uma casa nova,

Tem bucho de novo,

Desta feita de um novo amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2286. ENQUANTO VOCÊ SE ESFORÇA PARA SER GENTE,

A GENTE SE ESFORÇA PARA TÊ-LO COMO GENTE

Você é uma pessoa esforçada

Faz tudo para ser gente,

A gente se esforça para tê-lo como gente

E você vai se esforçando em cada hora marcada...

Uma hora você chega em cima da hora,

A outra hora você chega e quer ir embora,

Se esforce companheiro nesta vida esforçada,

Fazemos a nossa parte, gente mal amada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2287. CRAVEI MEU ANEL DE OURO NO COURO DE QUEM NADA SABE

Meu anel foi roubado e não sei quem roubou

Só sei que encontrei no dedo do meu amor

Doeu e todo mundo arrependido gritou

Viva o anel do homem que hoje se fez pastor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2288. FILMES ANIMADOS NOS DESENHOS DA MINHA INFÂNCIA

A turma do Pica Pau

Fred e sua turma

A turma da Mônica

Zé Colméia

Catatau

Scoby doo

Urso do Cabelo Duro

Os Herculóides

João Grandão

Penélope Charmosa

Kid Vigarista

O Rabugento

A Lula Lelé

Zé Buscapé

Esquilo Secreto

A Formiga Atômica

A Corrida Maluca

Tantos filmes

Tantos desenhos

Animados

Animavam nossas tardes

Nossas manhãs

Que saudade da minha infância.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2289. TRAPALHÕES DOMINICAIS

A lembrança dos trapalhões

Nas noites dominicais

Saudades de Didi, Zacarias e Mussun

Dedé e toda turma.

Os Trapalhões, tão atrapalhados

O engraçado é que não perdíamos

Um só capítulo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1997

2290. AS PELADAS NAS TARDES DO POEIRÃO

Três horas da tarde, no campo do poeirão

Meninos brincando, bola ao centro

Lápis escrevendo nomes ao chão

Seis horas da noite, última pelada

Ah que saudades do campo poeirão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2291. BOI BRABO, CABOCLO MOLE

Sai da frente que lá vem o boi

O boi vem brabo e derruba gente

Sai da frente, assim dizia o caboclo forte

Que enfrentou até a morte

E só sossegou quando o boi morreu

Para a sorte do caboclo mole.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2292. AS CRIATURAS MAIS BELAS QUE MINHAS TARDES DE MENINO PRESENCIARAM NO ENTARDECER DO JAGUARIBE

Tantas meninas banho tomando no rio

Jaguaribe que meus olhos viram...

Tantas meninas, lindas, seios de fora

Que meus olhos já viram...

Tantas meninas, corpo escultural

Que tal hoje vê-las, todas tugãozinhas

Banho não tomam mais

São mulheres vividas que no passado da vida

No Rio Jaguaribe meus olhos já viram...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2293. ACONTECE QUE DIGO O QUE PENSO

Digo o que penso

Se penso o que digo

Volto digo de novo

Não sei se agrada o povo

Só sei que digo

Digo o que penso

Não me arrependo

Só dependo

Do que digo e penso

Se penso apenas digo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2294. CADA COCHILO, UM TOMBO NO OUTRO

Lembro-me, ainda como se fosse hoje,

Um cochilo de quem anda de ônibus,

Um cochilo tombado no ombro do outro

E tombando, batendo os olhos para não cochilar

E que o cochilo de tão dado na gente

Emburaca na gente e faz de gente

Um dormidor de quatro rodas

A vagar pelas estradas da Epitácio

Pelas estradas da Pedro II.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de março de 1987

2295. AVENTUREIRO

Já andei por tanta cidade, gostei do que vi

Já amarrei bode pra morte, não gostei,

Já embriaguei meu sistema nervoso, eu sei,

E nesse saber constante, quase que morri

E no quase morte, cá comigo pensei,

E pensando no fato, juro que senti,

E sentindo um calafrio, eu assumi

Um antigo amor, que no passado amei,

E nesse amor amado de outrora

Eu juro que nunca fui embora,

Acabou-se e até hoje ainda ela chora.

Sei que o choro chorado, falsificado,

Entre tantas falsificações, fique acabado,

E neste acabamento, viver de aventura é arretado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1986

2296. SEMPRE ENCONTRANDO ENCRENCAS

Bebeu, não pagou

Pagou, não bebeu

É claro que ele não gostou

No primeiro tombo, se fodeu

Na ida para casa, se lascou

Eu juro que quase morreu

Não bebeu, se enganou

O porre com ele mexeu

Saiu e as pestanas não mais pestanejou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1986

2297. BAR DO AÍ TÁ CERTO!

Beber na segunda-feira

Beber na terça-feira

Beber na quarta-feira

Beber na quinta-feira

Beber na sexta-feira

Aí tá certo

Beber em todo momento

Onde houver feira

No sábado, feira da Torre

No domingo, Oitizeiro

Todos os dias, Mercado Central

Aí tá certo

É beber para esquecer os problemas

É beber para não ter problema

É beber para andar a pé

É beber para conversar dificuldades

É beber cotidianamente

No Bar do Aí tá certo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2006

2298. MÃOS NA INTIMIDADE

Lá ia uma mão cavalgando sobre um corpo,

Uma mão viciada em alisamentos,

Este alisado de vez em quando contou

Com a ajuda de quem vivia estes momentos,

Era um momento de aventuras,

E que aventuras são visitadas por papas,

Uma mão que alisa invade toda uma intimidade

E o hálito perfumado de todos os mapas,

Um mapa tão desenhado pelas mãos

Que o poeta delirou, porque todas as mãos

São abençoadas no toque desta intimidade,

Uma intimidade que se transformou suavemente,

Tão suave que o tempo se perdeu amavelmente

E a aventura só na lembrança causa saudade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de julho de 1998

2299. LUZ ALTA

Na estrada

Nas idas e vindas

No nascer do sol

No fim da tarde

Por toda noite

Uma abusada luz alta

Altamente incompetente

Na cara da gente

Faz o volante desviar

O motorista com sua luz alta

Bota na cara do outro

O outro às vezes bota na cara do outro

O outro que foi botado

Bota na cara do outro

A luz alta

Baixa a luz, por favor!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2008

2300. A GALEGA E O MUNDO

Ela, mostra-se ao mundo como

Se fosse o próprio mundo em chamas,

É ela um pedaço de chão de vida

E na vida levada, acaba caindo nas camas...

É uma cama de passagem por quem

Não paga pelo prazer da carne possuída,

Ela tão meiga e sabedora do que quer

Apedreja o coração do outro e faz saída...

Uma saída como quem nada planeja

E no planejamento do ir embora, ela chora

E não compromete o que almeja...

Ela, mostra-se ao mundo como mulher

E sendo mulher, sente o desejo da hora,

Porque tem que voltar, deita e rola com a bola no pé...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 1988

2301. CAPITÃO ZÉ XAMEGO

Zé Xamego foi capitão

Ninguém brincava com ele, não

Zé Xamego tinha paixão

Vivia na contra-mão...

Zé Xamego só aquietou-se

Quando se danou-se

Foi pra longe e se cagou-se

Virou um arroz doce...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1980

2302. AS PROVAS BIMESTRAIS

Dedicado para todos que estudaram no Polivalente – Castelo Branco – João Pessoa/PB.

O assunto foi dado e todo mundo estudou

A prova estava fácil, só que ninguém gostou

O bimestre estava se findando, quase ninguém topou

Depois tomar banho no rio, quando a sirene tocou

Alunos e alunas entregaram, a prova quase ninguém passou

Hoje só resta saudade, daquele tempo, só saudade restou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1987

2303. MEU AMIGO ARIANO SUASSUNA

Dedicado ao grande e ilustre cidadão paraibano, Ariano Suassuna

A língua é do mundo

Mas no tupi eu sou una

Vamos fazer esta viagem

Meu amigo Ariano Suassuna

Chegar em Recife

Curtir de noite a luna

Sei que a espera é longa

Meu amigo Ariano Suassuna

Vamos contar o milho

No Nordeste tem de ruma

Da Paraíba ele é filho

Meu amigo Ariano Suassuna

Ele é forte

Em toda parte se apruma

Falo com toda certeza

Meu amigo Ariano Suassuna

Já viajamos

E não quero que você suma

Entre nesta rima

Meu amigo Ariano Suassuna

Em cada lugar ele é cavaleiro

E todo mundo quer que o assuma

Não sabem de quem falo

Meu amigo Ariano Suassuna

Neste caminho que o guerreiro passa

Não se quebra, é uma jacaúna

Forte como o mar em calmaria

Meu amigo Ariano Suassuna

Precisamos descansar

Nesta localidade de Subaúma

Tire as botas meu sertanejo

Meu amigo Ariano Suassuna

Quem dar água ao povo

Taperoá logo arruma

Mataram a sede da terra

Meu amigo Ariano Suassuna

No mar o passeio

É cartão postal de duna

Monte neste cavalo

Meu amigo Ariano Suassuna

Não só esta vez

Esta não é apenas uma

A Paraíba é toda tua

Meu amigo Ariano Suassuna

O céu está escuro

É tarde e já vem a bruma

Entre na Pedra do Reino

Meu amigo Ariano Suassuna

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2007

2304. CRIANÇA QUE DORME

Dedicado para as meninas da Capitão José Gomes da Silva - Bancários

Na Rua Capitão José Gomes da Silva,

Situada aqui no Bairro dos Bancários,

As meninas dormem na casa uma das outras,

Tome confusão para levar suas roupas.

As meninas são tão gentis e amáveis,

Três são minhas filhas que também entraram na onda,

Quase todas as meninas sentem-se felizes,

São orientadas para o enfrentamento dos deslizes.

As meninas Carol, Camila, Catarina,

Marina, Bruna, Letycia, Denise e Brenda,

Em especial são essas que fazem a festa,

Nada ruim para elas, tudo enfim presta.

São crianças hoje, amanhã mulheres feitas,

Lindas como a própria natureza as criou,

Minha casa é pousada de toda esta história,

Dormir uma na casa da outra é uma glória.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de julho de 2008

2305. DESESPERADO

Uma vez estando eu de porre,

de porre, só de porre fiquei desesperado,

é que beijei a moça linda, fiquei arrasado,

é que gritei ao mundo: me socorre...

A moça linda tinha amantes, eu sei,

a moça linda era tão linda que gamei,

gamando por ela, sofri solitariamente,

é que a moça linda, rasteiramente

passou as pernas por cima de mim,

e eu querendo as pernas, mas mesmo assim

a moça linda fez-me ficar apaixonado,

uma paixão tão louca, os pensamentos vão

e por mais que eu me esforçasse, a força de Sansão

não me impediu de nada, finalmente fiquei lascado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1984

2306. SOBRE O ESCÂNDALO DO 810

Quem já ouviu falar no 810?

É um edifício de oitenta andares,

Bem no centro da capital francesa.

Numa tarde, por volta das quatro horas

Dois jovens, um com dezoito, outro com vinte

Anos de vida, destruiu a vida de centenas

De moradores. Uma tarde sombria

Na tarde de muitos moradores. Deram fim

Aos meninos. Total dos mortos: 810.

Quem já ouviu falar na notícia da noite

Que estampou no jornal a notícia da tarde

O escândalo do oitocentos e dez

Desfazendo a vida de tantas vidas

Nos corações ardentes de mães e pais

Que ainda restaram no 810.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de maio de 1984

2307. O PASSARINHO PEQUENINO

Tão pequeno a vagar

A cantar e a navegar

Nas águas deixadas

Do quintal desta casa,

É um passarinho pequeno

Que de tão pequeno

Come restos de pão

E nada, nada acontece

Ao passarinho pequenino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 1981

2308. REENCONTRO

Encontro-me diante da mulher, que

Meus nervos, estremeceu, esta mulher

Tão linda, sincera, eu me apaixonei,

Seu jeito, sua suavidade, quando de conta me dei

Já estava revirando o passado, eu gostei

Da maneira como ela falou, seus olhos brilharam,

A vergonha na cara ficou, é tudo só paixão

Que depois de tanto tempo, explode coração

No mais ínfimo acontecimento do agora

E canta minhas mágoas, eu vou embora,

Não quero mais encontrá-la, sofro

A cada encontro, mesmo no riso

E quanto mais dela eu preciso,

Some no tempo igual a um sopro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1998

2309. PAIXÃO MATA, SIM SENHOR!

Já conheci tantas paixões, tantas me rodearam

Que meu coração se apaixonou, eu sei, sim senhor!

A paixão mata, sofre apaixonado pela dor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1987

2310. PAIXÃO FISCALIZADA

Uma estrela brilhou

No céu do meu coração

Pousou suas asas

Nas garras da paixão

Quem diria, estrela

Que ofuscarias

Na minha mais pura emoção

Um beijo roubado

Um brilho forçado

Uma estrela ofuscaa

Uma paixão fiscalizada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de março de 1979

2311. SOU VÍCIO PENSANTE

Sou vício

Sou álibi

Dos poços

Cavados

No deserto

Do teu pensamento

Sou víbora

Sou réptil

Da pré – história

Contada

Nos livros

Do meu sofrimento

Sou o cajado alevantado

Do patrão Moisés

Sou a semente que germina o deserto

E no deserto da minha aventura

Sou planta plantada na seca nordestina

Para fortificar o sertanejo

No seu mais profundo crescimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 1987

2312. EU ESTAVA TÃO DISTANTE

Eu estava tão distante dali

Que meu coração chorou

Eu chorei um choro de desgosto

Ei implorei por amor

Na tentativa de roubar um beijo

Que me causa tanta dor

Sofro até a presente data

Em mim só saudade

De minha vivida mocidade

Eu era feliz, não havia crueldade

Quero chorar, chora eterno sofredor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de maio de 1979

2313. BAGUNÇA DO BAGUNCEIRO

Bagunça sem ter farra

É super normal

Bagunça sendo de bagunceiro

O cara vai se dar mal

A bagunça do bagunceiro

É bagunça bagunçada

A bagunça de quem não é

É bagunça atrapalhada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 1979

2314. TRISTE DESTE POVO QUE LHE TIVER DEPOIS DO GOLPE

O golpe passou

O governo ficou

A zombaria foi grande

Quem virá depois de você?

O golpe foi duro

O governo passou

Triste deste povo

Que lhe tiver depois...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de janeiro de 1985

2315. POEMA DAS FUNCÕES EDUCACIONAIS

Dedicado ao pessoal da Escola Municipal Raimundo Nonato – João Pessoa-PB.

Inspetor

Inspetor cuida da escola

Do aluno ele toma conta

Ser inspetor é ser gentil

Mesmo sabendo que ele apronta

Vigilante

Vigilante é o olho da escola

É ele que de tudo é responsável

Ser vigilante é saber de tudo

No trato com outro tem que ser amável

Auxiliar de Serviços

O Auxiliar de Serviços limpa tudo

E cuida do patrimônio escolar

É de fundamental importância

Pra nada na escola faltar

Secretaria Escolar

Esse pessoal da Secretaria Escolar

É porta de toda comunicação

Cuida da entrada e saída

De toda documentação

Merenda Escolar

A merenda tem que ser de qualidade

Servida um de cada vez

O aluno sabe do significado

Se for repetir outra vez.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de março de 2008

2316. A PUTA DA SANTA QUE VIROU PUTA NA MINHA SANTIDADE

Uma puta tão puta

Que meus olhos viram santa

Nunca chegou a ser santa

Por a puta em si era maior

E maior ainda era a putaria

Que esta santa tinha de puta

E que puta que pariu, sua santa

Não me venha com lero lero

Que eu já sei quem tu és

Não passas de uma puta

Que nada de santa cabe em si

E quando lhe cabe

A puta se transforma

E transformando a puta que és

Não me resta dúvidas, sua puta

És puta por toda puta

Que meus olhos viram santa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 1988

2317. O FAROL E A LANTERNA

Dobrou, bateu, o motoqueiro caiu.

O motorista do carro saiu.

O motoqueiro a placa anotou,

O número do fone o motorista trocou.

Era tarde. Era noite. A família comigo estava.

A lanterna quebrou, o farol não mais prestava.

O trabalho na casa da amiga de curso,

Bater daquele jeito foi um simples impulso.

Um farol que não se liga mais,

Enquanto uma lanterna se apaga,

Os volantes estão de nervos agitados.

Um quer rever o que fez,

O outro tudo que falou, desfez,

Os dois estão puramente contrariados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de julho de 2008

2318. FARRA UNIVERSITÁRIA

Dedicado para o Bar da Tapa – Castelo Branco III – João Pessoa-PB.

A farra é boa

Traga-me um siscador

Uma dose de cana

Um copo de mel

Misturar para tomar

A farra está boa...

A farra é boa

O amigo a beber

A paquera do lado

A cabeça a ferver

É a cana que entra

O siscador que não sai

Mude o disco, por favor

Seu Antônio o som está alto

Baixe o volume para o meu amor

A farra está boa

No C.A a chave já tenho

Quantos casais se formam?

Peraí que eu já venho...

O guarda espera

A ronda já passa

Virgem que trapaça

A farra está boa

O Bar da Tapa está tranquilo

Não houve até o momento

Nenhuma tapa no ambiente

Este é familiar

Eu sei a saudade de quem vem aqui

É Bar da Tapa o nome

Tantas foram às vezes

Que a fome apertou

O R.U deu a comida

O tira-gosto da meninada...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de junho de 1986.

2319. BARBEIRO

Barbeiro, mas que maldade

Tu fez com Zé de Riba

Tirou barba e bigode

Deixou feito guariba,

Zé de Riba ta lascado

Com a cara toda lisa

Não há quem mangue dele

Levou inté uma pisa...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de maio de 1977

2320. SOLIDÃO PROFUNDA

Saudade, palavra tão sem jeito que só no Brasil

Existe, é claro, no dicionário explica o significado,

É saudade que vem de dentro, na alma de cada espera

E quando chega, a saudade de um abestalhado

É tão quanto a de um letrado,

E cada letra representa só solidão,

É aí que a solidão vira saudade

E a saudade da razão vira emoção.

Tão profunda a solidão invade o mundo,

Um mundo tão solitário, o coitado tem saudade

Do tempo de outrora, sua mocidade

Era e sempre foi recheada de um profundo

Sentimento onde a temática era só a verdade,

Hoje saudade e solidão nadam de pareia nesta realidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 1983

2321. PÃO ESTRAGADO

Pão, muito pão no mato foi jogado

Enquanto uma criança chorava de fome,

Era fome, tanta fome foi que a criança

Pereceu pós tanto choro. O pão estava estragado

Porque a criança do pão não provou, morreu.

O homem que tomava conta do pão, foi-se

E nunca mais se soube da notícia. A criança morreu.

Pai e mãe nunca apareceram. O pão estava estragado.

Tão estragado o pão estava que a criança

Mesmo depois de morta ainda sonhava com pão.

O pão estragado

A criança que chora

O homem espancado

O pão que engorda a senhora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1984

2322. O PÃO NOSSO DE CADA DIA...

Senhor

Tu que estás passando nesta esquina

ouve-me, por favor.

Sou maior de idade, não me confiaram um trabalho

peço, pedindo vou vivendo e vivendo vou sofrendo.

Senhor

onde estás que não me ouves?

Apesar de ser maior de idade, sou pequeno

no dinheiro, não tenho o que comer e quando como

jogo fora o que tenho: minha personalidade, se é

isso que tenho.

Senhor

quando voltarás, já que todos falam tua volta?

Ao voltar, senhor, traga-me o pão de cada dia,

se cada dia que passa sou mais pedinte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1984

2323. O SOL NOSSO DE CADA DIA...

Desponta sol no arrebol

Desponta arrebol neste sol

O sol que sai da montanha

O sol que sai da água

O sol tão imenso

É só tão somente um sol

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1984

2324. A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA...

Bebo água do pote de barro

Bebo água da jarra de barro

Bebo água do filtro de barro

Bebo água fria do barro

Bebo água do canto da casa de barro

Bebo água do canto da cozinha de barro

Bebo água de muitas panelas de barro

Bebo água na sala de barro

Bebo água todo santo dia

Bebo água da terra molhada

Bebo água do poço da terra

Bebo água de cacimba

Bebo água do riacho

Bebo água das ribanceiras

Bebo água das fontes naturais

Bebo água mineral das fontes ancestrais

Bebo água do passado da flora brasileira

Bebo água dos córregos indígenas

Bebo água das águas dos rios

Bebo água dos rios que correm e deságuam

Na vontade tanta e tanta dessa água

Que um dia nas tantas bebidas tomei

E hoje é só vontade dessa água beber...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1984

2325. O SOSSEGO NOSSO DE CADA DIA...

O sossego é tão bom

que se melhorasse, piorava

a situação de quem tanto gosta

e gostando assim tanto

o sossego é bom tão quanto

um pedaço de pão, um raiá de sol, um gole de água

um sossego bem sossegado é sossego

de quem tudo quer, e querendo assim

tanto, o sossego de todas as maneiras

é sossego que se tem, é sossego

que o homem quer...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de março de 1984

2326. MARGARIDA

Dedicado para Margarida Maria Alves - Líder Sindical - ( In memorian)

As margaridas estão brotando

As margaridas estão sangrando

As margaridas estão morrendo

As margaridas estão nascendo

As margaridas estão crescendo

O orvalho virá

Com muita energia e calor

Descendente da liberdade

Entre as asas do beija-flor

A Margarida coloca na pupila

O gosto do medo

O sangue de Margarida

Ficou plantado no açúcar

Que é conduzido às abelhas

Senhoras do mel

Margarida dá frutos

Eles servem de base

Para uma mudança regimentar

Da nossa conscientização...

As margaridas estão amando

As margaridas estão cantando

As margaridas estão lutando

As margaridas estão ouvindo

As margaridas estão sorrindo

As margaridas estão impondo

Justiça pela morte de Margarida!

Bento Júnior

Alagoa Grande-PB, 01 de junho de 1986

2327. A LUA TEM DONO

Dedicado para Betto Silva (Amigo e irmão de fé)

Hoje

de madrugada

por volta das três horas

vi a lua na abertura

do telhado

Amanhã

por volta das três horas

a gente se encontra

e senta no tronco

onde a lua pousou

Ontem

por volta da manhã

me deu vontade

de fechar os olhos

e castanhamente cair no pátio

do falar de amigo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de dezembro de 1990

2328. DICÇÃO EM PRIMEIRA MÃO

Dedicado para Margarida Cardoso (Grande Atriz e Amiga)

Falar corretamente

Cada palavra do verbo

É tarefa bastante plausível

Quando a dicção flui

Compassadamente

Então falar bem

Se faz em primeira mão

Quando a flor pendinte

Chama-se Margarida.

Bento Júnior

Itabaiana-PB, 08 de abril de 1984

2329. SÁTIRA

Dedicado para Sátisa (Amiga de Curso)

Todos os dias a mesma coisa

sempre está presente

nos teus olhos

a simplicidade de ser amiga

que revela um mundo

de sonhos e fantasias

pois realmente isso é uma sátira

que ela criou e me mostrou

uma nova maneira de fazer amizade

a base de gargalhadas

foi bom te conhecer

ao mesmo saber que tua voz é linda

quero ouvir ainda sem nada

de comicidade

realmente és uma amiga

sátira...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de setembro de 1985

2330. BICHO DE SORTE

Dedicado para o Nairon Barreto (Zé Paraiba)

A Paraíba toda

tem Zé Paraíba

com corte no bucho

contando piada

na zorra total

nas noites de sábado

trabalhou pra vencer

chegou onde quis

viva Zé Paraíba

a Paraíba está feliz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 1999

2331. DESLIGA ISSO, MENINO (Um pedido de pai)

A rua é do povo

O povo é dono da rua

Mas acontece tudo de novo

Em cada nascer da lua

A cria sai do ovo

Minha mãe do banho nua

Meu pai a pedir de novo

Vai dormir que é tarde

Não faz alarde

Desliga isso, menino...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de julho de 1977

2332. DENTRO DO SUPERMERCADO

Dentro

do supermercado

várias pessoas

vivem o papel

de pai

de mãe

sacrificam seu

capital

camuflam suas barrigas

e mostram

à sociedade

o lado positivo

de viver

de aparências.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 1979

2334. REVER AS COISAS

Que bom te rever

Jogar-me em teus braços

E fazer-te mil perguntas.

Tu voltastes. Não foi minha culpa

Minha máxima e mínima culpa, e sim

A tua vontade...

Voltastes definitivamente

Para o teu simples lar

Tão coberto de quadros

Coberto de paredes

Mas escritamente

Baseada na palavra:

A M I G O!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 1980

2335. QUERO SENTAR-ME CONTIGO

Quero sentar

Dialogar

Ouvir frases de você

Se digo que sou azul

Dizes também

Não

Não vou te desejar

Ficarei feliz

Não vou te parabenizar

Apenas quero

Que tenhas vários séculos de vida

E que possamos gritar:

Quem sabe do meu eu é Deus!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 1984

2336. ENQUANTO VIDA TIVERES

Enquanto vida tiveres

Continuarei te desejando

Tudo que hoje é seu braço aberto

Ficarei contracenando com teu jeito meigo

De fazer amizade. Conquistasse

A minha definitivamente. Não abuse

Dos meus entraves. Ficarás perplexa...

Se eu chorar quando passar perto

Do teu Eu

Não te incomodes que fazes parte

Desse meu contexto artístico

É a vida...

Teu coração tem catedrais imensas

Assim falou Augusto dos Anjos

Teus olhos têm imensas lamparinas

Assim falou Sílvio Calaço.

Vou tentar dar corda no relógio

Que cessou

O coração

Dos olhos

Meus...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de dezembro de 1982

2337. EU NÃO QUERO SER POETA

Eu não quero ser poeta

E nem tampouco

Quero ser cantor

Quero fazer versos

Que traduzam o amor.

Eu não quero recitar poesia

E nem tampouco

Quero cantar

Quero pisar no palco

E ver a platéia

Ao delírio me aclamar.

Eu não quero ser poeta

Não quero ser ator

Quero fazer da vida uma festa

E perpetuar cantando o amor.

Eu quero ser um nada

No nada que vale tudo

Quero sorrir e dar mancada

Quero a amada para fazer tudo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

2338. UMA CRIANÇA QUE NÃO É CRIANÇA

Às vezes eu me sinto criança

É preciso às vezes ser criança

Porque as crianças

Não são mais crianças

Elas passaram a ser adultas

E como adulto eu sinto vontade

De ser criança

Tem algo mais lindo do que um sorrido

De uma criança?

Os adultos os risos são

Intrincados, às vezes falsos

O adulto perdeu o sentimento

Se torna criança por acaso

E uma criança perdeu a sua

Identidade e sua verdade

As crianças não são mais crianças

É necessário ser criança

O mundo está reviravoltado

Criança homem

Homem criança

Ser criança é

Estudar, brincar, respeitar

Viver a vida no tempo

De ser criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

2339. A CRIANÇA PERDIDA

eu preciso ver

no rosto de uma criança

a resposta que eu perdi

no tempo que fui criança

parei e não pensei

hoje não respondo

a pergunta não faz sentido

não sinto mais nas

CRIANÇAS

o brilho nos olhos

a pureza de cada palavra

não sinto

nos homens

a fibra da verdade

às vezes é preciso

voltar a ser criança

sempre é preciso

viver o tempo

de criança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 1980

2340. MARIA QUE EU QUERO BEM

Eu num sei

Eu num sei, não

Num sei bem dizer

O que se sucedeu

Num sei se Maria me quer bem

Mas eu quero bem a Maria

Muito mais, mais do que mais ninguém.

A prova é tão grande

Que quando eu chego

Eu dou um chêro

Mato desespero

E puxo pra grande.

E Maria se remexe

E se contorce de dor

Que quando eu espio

Vejo em frente um fio

E me sobe um calor

De cu a dentro

Bem no centro

Do nosso amor.

Já pensou se Maria souber

Ela me mata

Eu só conto essa coisa

É pro mode tu saber

O que é muié

E o que nós deve fazer.

Levei uma picadura

Ainda tem cicatriz

Estou com coipo caído

Im riba do nariz

Foi Maria que quis assim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de junho de 1985

2341. DOIS MIL E UM

Quando eu falo em dois mil e um

Lembro-me de Nelson, com seu “só pretendo morrer...”

Nelson passou, o tempo mudou, o ano é este

Dois Mil e Um já é tema de amar e viver,

Porque viver é vida em dois mil e um

E sendo vida, o ano promete, diz as pendências

Que ficaram nos anos passados. É ano de espera

E viva Nelson a cantar as suas diligências...

É tempo de plantar no quintal a flor

Aquela que não tem cheiro, brota da luz

É tempo de amar o Senhor Jesus.

E assim com tantos palavreados

O ano é de espera, de tanta espera passada

E sendo espera, Nelson mora aqui nessa estrada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de maio de 2001

2342. ESTE ANO ME SINTO FELIZ

Este ano me sinto feliz

Apesar de não se ter felicidade

Existem momentos felizes

No outro ano

Não obtive paz

Não existe felicidade

Ser feliz o homem é que faz

No passado estava estafado

Um tanto assim calado

Mas este ano terei

Um confronto familiar

Quero jamais falar

Falar jamais de dor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de janeiro de 1983

2343. NOME MEU

Blasfemando corações

Alguns seres

Conduzem as suas emoções

Enquanto eu

Cantando meu canto

Vou vivendo só de encanto

Na espera

Um dia

Talvez poder realizar

Teu mundo burguês

Todos eles são capacitados

Para controlar os incapacitados

Outros homens

Outras mulheres

Vivenciando as suas rotinas

Na puerilidade das sinas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de outubro de 1980

2344. PÉ INCHADO (Os Papudos da Pinga)

Um enterro de um papudo

No Cemitério que ninguém vai

Uns com copos nas mãos

Outros bebendo cachaça

Cantam cantigas de saudade

Sabem eles quem vai ser o próximo

Os pés do homem bêbado

De longe se nota o inchaço

O enterro dele é o próximo

A mulher no embaraço

O papudo tem família

Às vezes tem uma boa renda

Caiu no vício do esquecimento

O enterro virá a qualquer momento

Uma cena em Alhandra

Outra no Mercado Central

Outra no Parque Piauí

Aqui em Teresina

Os pés inchados estão soltos

Querem a morte a todo custo

Caíram no desleixo

Quando um pé inchado vai embora

Os amigos choram a dor com pinga

Bebem na despedida do morto

E com copo na mão fazem de tudo

Para chamar a atenção da platéia

O morto já antes sabia

Sabia do acontecimento.

Bento Júnior

Teresina-PI, 24 de dezembro de 1995

2345. SEMENTES DA ARTE

Dedicado para José Alberto Silva (Meu Amigo e Compadre)

Sementes da Arte

Alunos e alunas

Sementes da Arte

Alunas e alunos

Teatro

Dança

Música

Literatura

Ednaldo do Egypto

Uma semente plantada

Semeada e regada

A Secretaria

Escolas Municipais

São parceiras da Arte

São parceiras da Cultura

E que venham as pautas

Os grupos e espetáculos

Todos ganharão...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de junho de 2007

2346. SOL DE DOMINGO DE SOL

BELO DIA (um domingo de sol)

O povo pensando em festa

O povo bebendo

O povo cantando

O povo esquecendo

O povo sambando

O sol está belo

É domingo de sol

É domingo de bebedeira

É domingo de cantoria

É domingo de esquecimento

É domingo de samba

O sol tão quente precisa

Queimar a pele da gente

Molhar o suor de espera

Prender a fera

Esquecer o tempo da gente

É um sol como outro qualquer

Mas que ilumina o quintal da gente

O vizinho agradece

A mulher oferece

O tempo é de sol

É quentura na pele

É quentura na roupa

É sol que invade quartos

E deixa a parede tão quente

É sol que só faz a gente

Feliz e contente...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 2007

2347. LOUCO POR CINEMA (Presencei a cena)

Sempre fui louco por cinema

Bang bang

Didi, os trapalhões

Faroeste

Férias anuais

Neste dia, porém

Um filme marcou

Emmanuelle

O cinema lotou

A passagem para os dezoito

Foi aí que presenciei a cena.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 1979

2348. EM VIDA, DEPOIS DA VIDA, EM VIDA

TRÊS situações

Primeira

Em vida sou o que sou

Depois

Depois da vida não serei o que sou

Terceira

Em vida, volto à vida anterior

O que fazer?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1980

2349. EU, TÃO SOMENTE EU

Bebi

Tomei todas

E achando pouco

Ainda fiz pouco

Bebi outras todas

E achando pouco

Bebi

E como nada tivesse

Bebi de novo

E bebendo de novo

Achei pouco

Era somente eu

Eu, somente eu

Bebi...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de setembro de 1980

2350. SOL DE FIM DE TARDE

Era tarde

Um sol quente

Uma garrafa de cana

Uns poucos amigos

Ninguém tinha grana

Corríamos perigo

Ninguém caiu na lama

Alguém foi para um abrigo

Lá a situação não engana

O sol tão quente

Era fim de tarde

Tanta aguardente

A quentura fazia maldade

O sol daquela tarde

Matou um bocado de gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982

2351. COM SONO CANSADO

Cansado e com sono

Com sono e cansado

Sonolento sem dono

Sem dono e acabado

Assim é o dia a dia

De Seu José

De Dona Maria

Cansados

Mal-amados

Com sono

Ambos, cansados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982

2352. ELA TEM UM JEITO ESPECIAL

Ela me olha

De uma maneira tal

Seu jeito especial

Seu olhar fatal

Sua pele solar

Seu passado angelical

Um jeito especial

No olhar de quem fala

Na fala de quem olha

No olhar perdido

De uma arranha-céu gigante

Ah, ela é toda amante

Seu jeito especial

Um olhar coisa e tal.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 1982

2353. POUCO ESPAÇO

Sei que tenho pouco espaço

Tão pouco espaço que não cabes

Dentro dele...

Sei que o espaço que tenho é pouco

E sendo pouco não cabes

E não cabendo, princesa

Por favor...

Não enches meu saco.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de março de 1979

2354. SOMOS O QUE SOMOS...

Perde-se quando o encontro

É perdido...

Perde-se quando o desencontro

É achado...

Ganha-se quando o encontro

É desencontrado...

Ganha-se quando o desencontro

É ofuscado...

Perde-se quando o o encontro e o desencontro

Se empareiam na fila da espera sagrada...

Perde-se quando não sabemos o que somos

E quando sabemos apenas

Somos o que somos...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1978

2355. PAPEL RASGADO

O que não se usa mais, joga-se

O que se joga fora, usa-se

O que se usa, estraga-se

O que se estraga, volta-se

O que se volta, vai-se

O que se vai, rasga-se

O que se rasga, cola-se

O que se cola, escreve-se

O que se escreve, manda-se

O que se manda, recebe-se

O que se recebe, doa-se

O que se doa, papel se torna

O que do papel resta, rasga-se.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de setembro de 1980

2356. O AMOR EM FORMA DE CARTA

Receba minhas palavras, meu amor

Onde estiveres, guarde-a com muito amor

Onde pensares em ir, leia-me meu amor

Esta carta escrita em verso

Só para te dizer todo o meu amor

E se este amor for pouco

A carta vai dizer muito mais do que eu

O quanto há de forma para explicar

Solenemente o meu amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985

2357. BAIÃO DENGOSO

Baião, baião dengoso

Dengosa menina, que formosura

Menina dengosa, dengoso baião

O que faço, menina

Para dançar este baião

No dengo do balançar

No xamego do vai e vem?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1979

2358. MELINDROSA ESPOSA DE PELÉ

Tão melindrosa

Esta mulher

Tão fabulosa

Era de ter fé

Tão escandalosa

Deu no pé

Tão espalhafatosa

Era de dar olé

Tão horrorosa

Terminou casando com Pelé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2359. PRECISO SONHAR, PRECISO SOFRER

Eu quero sonhar

Eu quero sofrer

Não vou nem saber

Se o sofrer é por amar

Ou se sofrer é sofrimento puro

Eu juro que tenho que sonhar

Eu preciso, eu preciso sofrer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de janeiro de 1982

2360. CHEGADA SEM AVISO

Nove, este é o número de visitantes

Que chegaram em Parari sem aviso,

A sobrinha disse que não era preciso

Devido ao tempo dos minutos inconstantes.

Era noite de São Pedro no lugar

E todo mundo brincou,

A tia é gente que se deve respeitar

No muito tempo que nos restou.

Foi bom e o aviso não chegou em tempo

Para as prevenções familiares,

Era dança de boneca em todos os lares.

A chegada aconteceu no tempo

Que era certo no incerto planejado,

Final feliz no lugar abençoado.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2361. NA ESTRADA DO CARIRI

Na estrada do Cariri dois carros a correr,

Um Fiat Uno, outro Gol,

Florismá e Cristina, Beto e Gorette,

Bento e Norma, Carolina, Camila e Catarina

Nove pessoas, nove cabeças, só o Cariri

O aconchego no esbarro em Parari.

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2362. O ESTRESSE DA VIAGEM...

Ela na frente bloqueia a marcha

Vigia o cronômetro e tem dor de cabeça

Briga com as filhas, e por incrível que pareça

Se acha entendida, não sei porque tanto acha!

Bento Júnior

Parari-PB, 28 de junho de 2008

2363. POR QUE BEBER?

Beber...

Todos os dias?

Sofrer?

Esquecer os momentos?

Eis a questão!

Ela bebe,

O poeta pede:

Não se iluda, não se entregue

Deixa que o mundo te leve

Galega, deixa o tempo

Passar...

Beber?

Todos os dias...

Viver e ser feliz

Eis a questão:

- Eu te adoro!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988

2364. NOSSO TÃO ETERNO SEGREDO

Nós somos o que queremos ser,

Estou aqui, apareça,

Não simplesmente por aparecer, e sim,

Pelo gostar de quem sente prazer...

És sonho no meu sonho sonhado,

Enfim, és um encanto de menina,

Tão branca que deixa meu

Pecado apaixonado.

Um beijo nessa boca que me atiça!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988

2365. POR QUE SEI QUE NÃO TE QUERO?

Não a quero partida

Não a quero por inteira

Não a quero sentida

Não a quero rasteira

Quero-te como um segredo

Quero-te no mais puro amor

Quero-te vivenciar todo medo

Quero-te no suor desse calor

Sei que tens desejo

Sei que sabes que sei

Sei que a ti alvejo

Sei que é um erro que já errei

Por que tanto perguntar?

Por que viver na noite silenciosa?

Por que queres me olhar?

Por que adoras tomar conta de mim agora?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de julho de 1988

2366. TODAS AS MULHERES...

Todas as mulheres

Todas as emoções

Todas as razões

Do jeito que quiseres

Sou um segredo

Um mistério entre eu e você

Nesse sonho de tanto querer

Por que tanto medo?

De todas as mulheres amadas

Um esconde desse proibido amor

Espante para longe essa dor

Só você nas horas marcadas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985

2367. DE PORRE, NÃO É PARA MENOS...

A galega bebeu

Ao hospital se dirigiu

Ela nada comeu

Puta que pariu

Que galega teimosa

Deixa todo mundo na prosa

É rum tomado fora do cantil.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985

2368. O TRÂNSITO DA MINHA CIDADE

João Pessoa tem

Tanto automóvel a andar pela cidade

Que não tem ninguém

Que acompanhe toda essa liberdade

De andar no trânsito

Ser pego de surpresa e correr sem falsidade

É tanto automóvel

Compra o rico, compra o pobre

É facilidade

Ter carro novo do gosto do povo

É só realidade

João Pessoa encanta

É de todos e de todas

Viva o congestionamento...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1985

2369. A MULHER, O RISO, O ENCONTRO...

Repare,

mulher,

nestes olhos

em que a vida,

em algum dia

gerar o amor

de um homem,

imaginando que a mulher,

tão linda

nasceu, viveu e amou

o mundo, até que

amar é bom... Sofrer jamais... Ser feliz!

Ela que encanta o lugar

o riso, o encontro...

Só uma palavra importa

amaaaaaaaaaaaaaaaaarrrr

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de agosto de 1988

2370. CARA DE SAFADA

Esse teu olhar, assim

Assim desse jeito,

É um olhar sem defeito

Caia por cima de mim

Com esse cheiro jasmim

Cara de safada, é casada

Eu sei minha amada

Te quero mesmo assim...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de agosto de 1988

2371. MOLECA SAPECA

Dedicado para Regina Brown (Cantora e Amiga)

Regina é a moleca sapeca que Jampa

já conheceu... Desvendou caminhos

e contemplou largos oceanos,

desbravou os sonhos

e longos aplausos mereceu...

É Regina, um Brown à vida no ápice

dos seus planos... Sinto-me bastante

felizardo na tentativa eloqüente de poder falar de

Regina, principalmente quando a fala vem da

própria Regina. É uma maravilha rodopiar os

momentos e no momento exato plantar a

arte de Regina no coração de Jampa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de agosto de 2007

2372. VICIADO EM DUPLA

Dedicado para meus sentimentos dúbios

Corri e não encontrei

Encontrei e parei

Parei e me perdi

Me perdi e jamais deixei

Um sentimento em vão

Sou eu que mando na dor

Sou que que faço horror

Sou eu que encaminho o momento

Sou eu que te faço sofrer

És tu que me fazes ser viciado

Em dupla feminina de sexo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1988

2373. MORRENDO E SOBREVIVENDO

Dedicado para meus sentimentos dúbios II

Corri montanha adentro

E não encontrei

O amor que fugiu ontem

Me lasquei

O que fazer da espera

Se o tempo é curto

Se a vida é longa

Se o amor é doentio

Se morrer é sofrer

Se morrer é nunca ter?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de agosto de 1988

2374. TIVE EM MEUS BRAÇOS

Hoje, quarta-feira, entre meio dia

E uma da tarde, tive-a em meus braços,

Cantei ao som toda a minha alegria

E mudei meu rumo de todos os fracassos...

Sei que o silêncio é eterno

E a morada é silêncio noturno,

Não a quero sonhando em outros agrados

Quero por inteira, sorridente

Como o dente nascido de Saturno.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988

2375. CADÊ O SONO QUE NÃO CHEGA?

Sono

Amigo sono

Onde estás que não me ouves?

Quero andar contigo

Nas garras desse silêncio...

Onde estás, diz-me ou cala-te

Para sempre, para sempre...

És acaso um carrasco nas minhas

Tão intranqüilas noites? Responde-me...

Quanto custa dormir ao teu lado

Quando ao teu lado sou mais eu...

Sono

Amigo sono

Trazes o fechar dos meus olhos

E canta comigo a música infantil

Das dormidas de outrora...

Sono

Amigo sono

Estou aqui, em tela viva

Nas digitações do sono

Conhecendo meus limites

E todos os meus pecados...

Sono

Amigo sono

Por que não chegas

De mansinho e leva-me à cama...

A cama que nos espera é larga

E o espaço sobra-se...

Sono

Amigo sono

Vem, vem célere como o vento

Que se faz zéfiro por natureza

E no meu âmago de menino vadio

Incendeia os vícios de quem ama

E amando assim, caro sono

É claro, bem provável que nunca chegues

E se chegares por via do destino, cala-te

Deixa meu silêncio em chamas

Sou só um pequeno pecado cravado

Nas tetas da minha amada mãe.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988

2376. NOITE... PENSAMENTOS SUTIS... (Entre a Cinza e a Brasa)

Esta noite tão sutil

Bagunça com tudo que penso

E quanto penso que sou pueril

A noite me deixa tão tenso

Tão tenso que nada me encanta

E quanto o encanto vem

A chegada é de quem espanta

O espanto do choro de alguém

Um alguém que chora

Relembra que nunca teve um bem

E se um bem teve logo foi embora

Foi embora para nunca mais voltar

E se algum dia voltou

É sinal que nunca viu noite em vida

E se teve vida, porém nunca teve amor

E tendo amor logo encontrou uma atrevida

Uma atrevida que foge do palavreado

Que depende da fala do que diz

E o que diz é um baralho sujo e marcado

Marcado de sutileza no que nunca fiz

E se fiz foi por pura ignorância

E tendo ignorância nunca dormi fora de casa

A casa da minha mãe é feita de arrogância

A arrogância entre a cinza e a brasa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 1988

2377. FOTOGRAFIAS DO RISO E DA DOR

Fotografias recortadas pela dor

Fotografias visitadas pela alegria

Fotografias misturadas pelo riso

Fotografias atrapalhadas pelo cinismo

Tantas foram as vezes

Que tais fotografias engavetadas

Romperam com tocadas embrulhadas

Mexeram com sonhos encobertos

Com águas de rios correntes

Com águas de rios parados

Com mares antes nunca descobertos

Enfim, fotografias que encantam sonhos

Fotografias que sucumbem a dor

Fotografias que solucionam problemas

Fotografias que fazem pensar que

Entre o riso e a dor a distância é mínima...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998

2378. RAZÕES DO CORAÇÃO

Meu coração

Brasileiro

Meu pulmão

Estrangeiro

Sou razão

Sou sagrado e passageiro

Tenho emoção

Tenho terras de herdeiro

Meu coração

Conquistador

Meu ser ilusão

Meu grande amor...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998

2379. MÍNIMO DE PALAVRA

A fala tão pouca

Da velha falante

A fala tão rouca

Da velha arrogante

A velha tão mouca

Com palavra cortante

A velha pedante

A palavra errada na boca

A velha tão louca

Era do mundo amante

A velha bebendo sopa

O olhar cativante

A velha de poucas palavras

Uma frase que te calas

A velha de duas caras...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998

2380. ENTRE A GUERRA E A PAZ

Paz aos homens de boa vontade

Paz às mulheres de boa saúde

Paz às crianças de boa virtude

Paz aos homens de pouca idade

Guerra aos bélicos

Guerra às armas

Guerra às doenças

Guerra aos céticos

Entre a guerra e a paz

O mundo ideologicamente o destrói

A paz acontece no romance da moça e do rapaz

A guerra ao amor enfraquece e corrói

Entre a guerra e a paz

A distância é curta

Um aglomerado de luta

Um sonho que não se desfaz

De ser paz pela paz

Na paz de todo mundo

É o silêncio no eterno sonho profundo

É o momento de saudade de tempos atrás.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998

2381. A PILANTRA DO DÉCIMO ANDAR

Morava no décimo andar

Uma pilantra tão pilantra

Que todos os pilantras

Que lá moravam

Não cabiam na pilatragem

Desta pilantra por natureza

E que pilantra era ela

Que mesmo sendo pilantra

Chamava a todos de pilantra

E na pilantragem geral

Nasceu o filho da pilantragem

Que hoje anda na mão da pilantra

E que filho é esse de tanta pilantaria?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1998

2382. EM FRENTE A UMA TELA

Hoje, domingo

Tarde de uma tarde de sol

Hoje, domingo

Tarde demais para o amor

Hoje, domingo

O sol escaldante, só o amor

Por enquanto a mulher dorme

Os meninos na televisão

O computador é companhia

De tantas mulheres

De tantas putas

De tantas pilantras

É só uma tela...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1995

2383. LEMBRANDO O AMIGO

Castelo Branco

Barro na rua

Castelo Branco

Fique na sua

Meu Castelo querido

Minha razão, meu perdão

Ser criança um dia

Meu Castelo esquecido

É o amigo do lado

Que mora no Castelo

Tão branco como a vida

Tão preto como o amor

É Castelo querido

É o meu sonho esquecido

Castelo Branco

Água encanada

Castelo Branco

Circo sem empanada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de maio de 1990

2384. MUNDO, VASTO MUNDO...

Dedicado para o amigo de Infância Raimundo Filho

Lá estava ele

Com o sorriso no rosto

Eu que gostava tanto dele

Ao vê-lo em minha alma

Um profundo desgosto

Uma mágoa rompia o riso

E o riso por vezes sucumbia a dor

O amigo distante

Em terras americanas ancorou

Ao amigo tudo se permite

Até mesmo a indiferença do amor

Lá vinha ele

Trazendo a saudade

Tão sua característica

O amigo da verdade

Carregando a saúde na vida

É a distância, essa companheira esquisita

Que faz o homem curar sua ferida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de agosto de 1990

2385. REMÉDIO CASEIRO

Beber

Mesmo sem dor

O remédio da avó

Plantado no quintal

E veja que suor

Descia cara a dentro

Sem açúcar e amargo

Remédio que não dava tédio

Caseiro e curador

Era o remédio da avó

Feito de puro amor

Feito de puro amor...

Beber

Esse era o ofício

Dores diversas

Beber o caseiro

Ficar bom e bronqueiro

Era o remédio caseiro

Que minha mãe aprendeu

A fazer para o filho

E veja o que me aconteceu

Bebi e foi grande o empecilho

A mãe, a avó e o pai

A do meio já morreu

Dor de barriga a sujar o trilho...

Foi grande a viagem

Capim santo, erva – cidreira

Sujou toda bagagem

Essa tal caganeira

Na lembrança de menino ficou

Curou com remédio caseiro

Parou o escape do olho trazeiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de dezemhro de 1984

2386. ELA SE APAIXONOU

Ela se apaixonou

Depois me deixou

Foi embora e nunca mais voltou

A mulher linda que me amou

A dor não suportou

Porque nunca se apaixonou

E quando se apaixonou

Da reação ela não gostou

Para bem longe se mandou

As dores não agüentou

Do seu coração uma lágrima brotou

Foi longe e nunca estranhou

Que fugia de si e do doutor

Tendo em vista que o amor

É tão forte e não causa pavor

É a menina que me chantagiou

Com essa história de eterno amor

Tanto fez que logo errou

E chance teve e não acertou

Essa mulher filha de ator

Mora de lado e na casa nunca entrou

Na minha casa nunca passou

E quando passa a porta se fechou

É ela mulher que alguém me contou

História bonita de puro amor

Só que tem um pequeno fervor

Depois de três filhos tudo se finalizou

E finalmente a mulher pecou

Teve um pagão e nunca rezou

Levou a menina e não batizou

O padre local o enfernizou

Contou pra todo mundo o horror

Daquela mulher que não se acostumou

Com a vida de casa e só sambou

Um samba tristonho de quem chorou

Um choro errante de quem tocou

Um tamborim que logo se furou

O couro do tempo que a canonizou

A santa do tempo e do cantor

A música suave que ao longe ecoou...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de dezemhro de 1984

2387. DISCURSO DE JACARÉ

O educador chega

Para colher trabalho

Combram-o dele explicação

Explicar passado

Sofrer calado

Eis a questão

Jacaré educador

Colheu nestes anos

Tanta dor

Ela hierarquicamente

No poder

Sem ser

Ele é

Ela tem

O panfleto da gestação.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2388. EU TENHO TANTA SAUDADE...

Eu tenho tanta saudade

Tanta saudade eu tenho

Quando a vejo, logo venho

Ela é só crueldade

E por mais que eu tente

Rever todas as minhas questões

Debato-me com as coisas

Lacradas de dois corações

Que sofrem às escondidas

Nos dois apaixonados

Restam só um fim

Um finalmente em todas as emoções.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2389. TANTO PENSAR CONFUSO

Tanto pensar confuso

Na confusão dessa moça,

Tanta moça indecisa

Na indecisão de momento

Tanto momento perdido

Na perdição do encontro

Tanto encontro corrido

No corrimão desse instante

Tanto instante confuso

Na moça de encontros perdidos

Tantas moças de cachos compridos

Na compreensão desse final.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2390. SÓ SAUDADE POR SI SÓ BASTA

Só saudade

Por si só basta

Só silêncio

Por si só incomoda

Só incômodo

Por si só entristece

Só tristeza

Por si só enobrece

Só nobreza

Por si só empobrece

Só pobreza

Por si só enaltece

Só verdade

Por si só

Verdade.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2391. SORRINDO E ZOMBANDO

Sorrindo, a formiga

zombeteira...

riu da cara da barata

bagunceira...

ambas invadiram

o supermercado

e saciaram o vinho

vinte anos atrás...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2392. MEUS AMORES...

Amores

Só dores

Horrores

De amores

E os louvores?

- só dissabores...

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2393. ENTRE E SENTE

Entre

Sente

Tente

Invente

De repente

Um inteligente

Tão contente

Trouxe-lhe um pente

Penteou o cabelo caliente

Aqui ninguém mente

Tão somente

É como uma semente

Brota da gente

O mais puro amor de um contente.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 12 de agosto de 2008

2394. POR ONDE ANDA A RAZÃO?

Me diz, se possível

E se possível for me diz

Conta-me qual possibilidade

Eu tenho...

As razões da vida

As razões do amor

As razões da dor

As razões da despedida

As razões do sabor

As razões da partida

As razões do horror

As razões da ida

As razões do pavor

As razões da lida

As razões da cor

Por onde anda a vida?

Por onde anda o amor?

Por onde anda a dor?

Por onde anda a despedida?

O cristão quando se apaixona

Perde-se a razão, há axioma

Entre o amor e a dor

Entre a dor e a vida

Entre o ser e o não ter

Enfim, poeta, qual a razão

Maior de todo este poema?

É a razão de medir as conseqüências

É a razão de proibir as maledicências

Somos a soma de todas as ciências

Porque o amor causa dor

Porque o amor causa despedida

Porque o amor causa sabor

Porque o amor é jogado a uma mulher perdida

Perdida no tempo de tanta bebida

Perdida no tempo porque é atrevida

Perdida no tempo por não amar a vida

A vida dela é um enredo mal-interpretado

A vida dela é um enredo não muito engraçado

A vida dela é um segredo bem guardado

A vida dela causa medo e precisa ser acabado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2008

2395. MULHER VADIA

Ela, com sorriso no rosto

Traga um perfume tão louco

Morde minha boca um pouco

Causa-me desgosto

É uma espécie de mulher vadia

Lembra de longe minha tia

Com seus amores na fila

Dentes cheiro de clorofila

Para beijar o cara

Para cuspir o cara

É hoje essa mulher vadia

Vadia na noite pelo amante

Vafia na noite pela caminhada errante.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 1982

2396. NA POLTRONA O BEIJO É DE COCO

Na poltrona do cinema

A menina fora de cena

Beija que dá pena

Tão linda de pele morena

Seu bumbum todo se empena

Menina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 1990

2397. DOIDO DE MIM...

Eu devia tá doido

Ter pego maconha

Acreditado em cegonha

Roubado o governo

Que desmantê-lo

Era doido e não sabia

Louco na vida, que maresia

Ser doido hoje em dia

É ter coragem e isso

O doido já sabia...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 1983

2398. TOMARA QUE CHOVA NO CIRCO DE HOJE

Tomara que chova

Uma chuva forte

Que me traga sorte

De levar a menina

Essa é a sina

De quem espera

A volta da fera

Do circo do bairro

Tanta palhaçada

Da menina engraçada

Levar-te ei na tua casa

Vou contando os passos

São fracassos

Ela vem, a levo de asa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de junho de 1979

2399. TANTA FRESCURA

Tanta frescura governamental

O governo inibe o povo do normal

Mostra o lado tão fraternal

Esquece da senha de ser mal

É o governo do coisa e tal

Sem projeto e violão no lual

É tanta frescura...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de junho de 1979

2400. A FILHA NA ENCRUZILHADA

Temos filha e gostamos dela

Tantos são os gostares

Tantos são os olhares

Temo filha e somos apaixonados por ela.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2008

2401. A ONDA É DISCIPLINA

A onda é disciplina

disciplina temos que ter

se você não tem disciplina

na vida você vai sofrer

Disciplina é algo bom

que iremos aprender

se você não entrar nessa

com certeza vai perder

Disciplina para a cidadã

disciplina para o cidadão

aproveite o momento

disciplina, meu irmão

Para você vencer na vida

é preciso muita disciplina

com certeza a minha escola

tem tudo e me ensina

Disciplina é o tema

que a escola vai trabalhar

viva todos a cantalice

a disciplina vai me acompanhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de julho de 2006

2402. VIVO EM JACARÉ

O trem vem todo dia

O maquinista é da minha cidade

Vivo em Jacaré com alegria

Sou filho de Dona Mocidade

Me fiz maquinista deste trem

De Santa Rita a Cabedelo

De Cabedelo a Santa Rita

Sou só, não tenho ninguém

Amo a vida e por ela tenho zelo.

Bento Júnior

Cabedelo-PB, 02 de março de 2007

2403. VIVO

VIVO ainda estou

Se queres ficar vivo

Como ainda estou

Por favor eu crivo

Teu corpo com ardor

Só assim serei

Cada vez mais

Vivo...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 1980

2404. BATENDO CABEÇA NA PORTA

Batendo cabeça na porta

Na porta batendo cabeça

Quero encontrar tua mãe morta

Se algo de ruim me aconteça

É que a Moura Torta

Veio na segunda e na terça

Pense numa grande marmota

Bateu com a cabeça

Lá de cima da porta

E antes que ela desapareça

Quero ver de novo a Moura Torta

E boa sorte me ofereça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de abril de 1981

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 14/11/2022
Reeditado em 14/11/2022
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