SEXTILHAS, TROVAS, SEPTILHAS E SONETOS

A REVOLTA DO GADO

Sendo ruim o vaqueiro

Sofre bastante o seu gado

Desata o nó da porteira

Ele sai desembestado

O seu dono leva jeito

Pra sangrar do gado o peito

Lhe deixando revoltado.

Como sofre o pobre gado

Com esse triste vaqueiro

Que não tendo o que fazer

Quer criar no seu terreiro

O gado só quer espaço

Não consegue dar um passo

Nas mãos desse bandoleiro.

O gado magro festeiro

Sem aquilo que alimenta

Luta dentro de um cercado

Sem a água se atormenta

O vaqueiro sempre afronta

O importante é a conta

Desse número que aumenta.

Esse gado já não aguenta

Essa triste solidão

De ver o triste vaqueiro

Em tamanha enrolação

O gado nesse curral

Nunca acha nada normal

Dessa tal situação.

O vaqueiro sem noção

Deixa o gado furioso

Ele promete alimento

E o seu gado desgostoso

Só tem sol e não tem água

O gado chora de mágoa

Mas fica ainda esperançoso.

O vaqueiro rancoroso

Seu gado pensa vender

Para um outro pior que ele

Que só assim vai saber

É só ter pouca ração

Nesse chifre passe a mão

Pra esse gado obedecer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2020.

ALGO NELA FOI QUEBRADO

E OS CACOS ESTÃO NO CHÃO

Só Deus sabe o sentimento

Que provoca o cidadão

Seja rico, seja pobre

Como sofre o coração

Estou sendo bem cobrado

Algo nela foi quebrado

E os cacos estão no chão.

Queria ter o destino

Pra viver nesta razão

Ao lado da mulher

Que me trouxe gratidão

E eu querendo ser amado

Algo nela foi quebrado

E os cacos estão no chão.

Vou fazer a minha parte

Deixo fluir a emoção

A mulher sabe de tudo

E não merece aflição

Preciso ser perdoado

Algo nela foi quebrado

E os cacos estão no chão.

Bora juntar estes cacos

E fazer nossa união

Vivenciar o momento

Bem distante da ilusão

Sei que antes fui malvado

Algo nela foi quebrado

E os cacos estão no chão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de dezembro de 2019.

CATANDO NO CAMINHÃO

Hoje me acordei triste

E como triste fiquei

Eu pus os meus pés no chão

E sendo forte chorei

Penso na população

Catando no caminhão

Todo lixo que sonhei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de outubro de 2021.

DIA DO CORDELISTA

Leandro Gomes de Barros

Paraibano cordelista

Nascido lá em Pombal

Foi nas feiras ativista

Vendendo tantos cordéis

Na terra dos coronéis

Tantos a perder de vista.

O Dia do Cordelista

Cumpre o belo mandamento

Dezenove de novembro

Teve aquele nascimento

Pois, então ficou gravado

Por tanta gente estudado

O grande acontecimento.

O Leandro tem seu assento

No ápice do cordel

Produzindo e divulgando

Como grande menestrel

Nos mandando inspiração

Rima, Métrica e Oração

Que caem vindas do céu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de novembro de 2020.

DEBAIXO DOS LENÇÓIS

Complicastes minha vida

Me deixastes sem lençóis

Lançastes pó nos cabelos

Matastes meus girassóis

Perdi a razão de viver

Não compreendi você

Debaixo desses lençóis.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de junho de 2020.

MARIA DAS NEVES BATISTA

NOSSA PRIMEIRA CORDELISTA

Um Altino Alagoano

Mãe de um grande folclorista

Foi filha, com esse nome

Do nobre Chagas Batista

Maria das Neves fez

E o Brasil diz outra vez:

- És exímia cordelista.

Naquele tempo era assim

Somente homem no cordel

Ela usou o primeiro nome

Dum Altino Pimentel

Seu marido alagoano

Pois, quase foi paraibano

Só que hoje moram no céu.

Violino do Diabo

O cordel que ela escreveu

Seu filho, nome Altimar

Nessa fonte ele bebeu

Da primeira cordelista

Essa tão bela ativista

Que nessa terra nasceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 2020.

MINHA ARMA É UM LIVRO

Eu comprei belíssima arma

Pra jogar na multidão

De um tiro matei muitos

E foi assim a salvação

Outros me procuraram

Os olhos reviraram

E viram a educação.

A minha arma é um livro

Ele educa com firmeza

Bem melhor que munições

As que vivem da incerteza

Meu livro é o saber

Pra arma de fogo não ter

Sentido na natureza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.

PASSAGEIRO DO TEMPO

És passageiro do tempo

Não chegue para ficar

Qualquer dia, qualquer hora

Terás que se libertar

O tempo cronometrado

Relógio bem acertado

No silêncio do pomar.

Não podes se contemplar

Com essas coisas do mundo

Há vida querendo vir

Num filosofar profundo

O nosso tempo tem hora

Rápido vamos embora

No canto de moribundo.

BENTO JÚNIOR

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2021.

Inicio este cordel

Com as forças do divino

Trazendo-me à memória

As recordações de menino

Que me fortalece a ideia

Sou lobo numa alcateia

E faço eu o meu destino.

Adoro tudo que faço

E faço tudo que quero

Viajo o mundo inteiro

O inverso nunca espero

Traço o caminho de volta

E nada contra me revolta

Porque sou um ser sincero.

Andando pelos sertões

Dei de cara com o perigo

Arriei a minha cela

E fiz uma festa contigo

Eu peço ajuda ao meu senhor

Que tem fama de doutor

E se tornou meu grande amigo.

Me leve direto ao encontro

No que busco encontrar

Saber o que foi que houve

E se eu posso concordar

Deixar a minha sacola

Agarrada numa cola

Isso eu preciso perguntar.

Nesta minha caminhada

Já cansei pelo caminho

Encontrei o que queria

E me livrei de tanto espinho

Só quero viver um instante

Não ficar de você distante

Te dar amor e muito carinho.

O meu coração é fraco

Pras coisas de um grande amor

Sofre calado de dia

De noite vem muita dor

Eu só peço com humildade

Me volte a mocidade

Nas asas lindas de um condor.

Romanticamente assumido

De amor e muito mais

Sou pedaço de bondade

Pregador de luz e paz

Na situação que vivo

Abro os olhos, sou ativo

Te amar me faz bem demais.

PERDEMOS NOSSO DINHEIRO

Oh! Camila e Luciana

Sinto muito em dizer

O dinheiro está perdido

E isto temos que saber

A grana já não sabemos

Foi porque nós se metemos

E pra FRI fomos perder.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de agosto de 2020.

TOMADA DE DECISÃO

A energia cibernética

No cérebro faz mistério

As ampolas dessas pílulas

São feitas para o adultério

O sangue se coagula

Nesse remédio sem bula

Na boca que tem critério.

Visível língua é dócil

E só planeja defesa

Esse silêncio é víbora

Que se estraçalha na presa

Quando alguém grita e diz: - Corra!

Sente toda a sua porra

Destruindo na riqueza.

Liga as antenas da mente

Tenta matar sentimentos

Dá vida aos moribundos

Se limpando dos tormentos

Nessa vida existe lei

Ele explode: - Nada sei

Por não fazer enfrentamentos!

Tomar decisão é fato

Que extrapola uma cabeça

Há uma explosão maligna

E que nada lhe aconteça

O juízo ferve em chamas

Lutando com todos dramas

E que ninguém te apeteça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2020.

VIOLÊNCIA

Bento Júnior

Violência é assim

Ninguém sabe de onde veio

É daqui? Veio de lá?

É tão maligna, creio eu

A falha da violência

Maltrata a sobrevivência

Mulher que nasce sem seio.

São nessas pequenas coisas

Que a violência incomoda

Se desarme deste mal

Já está virando moda

O povo está violento

Chega nisso o sofrimento

Nosso governo não acorda.

LINDA PAULISTA BUCHUDA

Linda paulista buchuda

Meus olhos cativaram

No gozo de tantas noites

Nem sequer ovularam

Nas pernas que são trocadas

Vidas foram planejadas

Mas, outros te tocaram.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de junho de 1990.

ALARDES

Os rascunhos e rabiscos

Rabiscos, tantos poéticos

Que são modelos estéticos

Muitas frases e riscos

Bebidas todas as tardes

Portanto, nada de alardes

Comendo os bons petiscos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.

MOSQUITO

Um mosquito maluvido

Quer me levar à loucura

Sempre me deixa coçando

A cabeça, que tontura!

Não sei mais o que fazer

Meu corpo nem quer saber

Desta tal vil criatura.

Vivendo de bagunçar

Todo sangue quer beber

Já contei mais de dois litros

Sinto que não dá prazer

Esse mosquito é fogo

Vibrando por qualquer jogo

- Safado tu vai morrer!

É tudo bem parecido

Não posso ter esse gosto

De massacrar esse cabra

Safrando com meu desgosto

Só sei dizer sossegado

Já quase desesperado

Pasmem vocês: - É encosto!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2021

COVA FUNDA

São quatro pras tantas, sei

Desses percalços daqui

Acordei com nervos tontos

Meu corpo quis refletir

Numa reflexão profunda

Eu naquela cova funda

Porque fiz me permitir.

Os meus olhos já cansados

Eu querendo sair correndo

A mente quase girando

É ruim viver morrendo

A cova tinha riqueza

Meu gritar era pobreza

Quem sonha vive sofrendo.

Pensando ter sido sonho

Tudo que faço contar

Nuvens brancas circulando

Nem ousei querer gritar

Esta cova tão pequena

Minha mente bem serena

Quis, pensei só acordar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de dezembro de 2021.

SAIA JUSTA

Dedicado à Fernanda Diniz

Senhores, quem é poeta

É sofrer e ser feliz

Quem na vida foi poeta

Pra desdizer o que diz?

És poeta por acaso

Com livro logo lhe caso

Bem perto deste nariz.

Não viaje pra Paris

Nunca queiras se de sorte

Preferes cantar no brejo

Questões da vida, da morte

França berço cultural

Nordeste é natural

O poema faz teu norte.

Tu me colocas no bolso

Nada disso, nada custa

Jamais não me trates mal

Tudo frágil só assusta

Teu coração se reflete

Nada ruim se repete

Não fique de saia justa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de dezembro de 2021.

DEDICAÇÃO

Autor: Bento Júnior

Meu dedicar é assim

Pra Mãe Vitória e o Pai Bento

Aos meus irmãos de sangue

À Norma do sentimento

A Mãe de minhas três filhas

Que fazem as nossas trilhas

Nessa vida em movimento.

Com Carolina e Camila

É pulsar de vitamina

Nós quatro festejamos

O chegar da Catarina

Pro ciclo se completar

Com ternura e para amar

O universo nos anima.

Pra os Avós que se foram

Deixando melancolia

No baú de antigamente

O cordel minha Vó lia

Quarteto estou dedicando

Desse neto se formando

Posterior nostalgia.

Meu dedicar também é

Mestrandos do coração

Pros Professores Doutores

Que buscam a solução

Nossos atos responsáveis

Alunos imagináveis

Nos Jogos de Encenação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2017.

POR QUE TANTO MILITAR?

Até hoje me pergunto

Por que tanto militar?

Nossa Pátria não tem guerra

Porém, pra que precisar?

Dinheiro jogado fora

No massacre é espora

Exército tem pra dar.

Forças Armadas feliz

Frágil na cidadania

A Marinha quer ter lucro

Nos convés da nostalgia

Aeronáutica voa

Coronéis riem atoa

Exército da folia.

Comandantes, generais

Tantos os vis extremismos

Sargentos e coronéis

Os senhores dos machismos

Falta-lhes brasilidade

Crescem com prosperidade

Nos viés dos populismos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de fevereiro de 2022.

CANSADO DE FICAR SOZINHO

Cansado de ser sozinho

No labirinto da vida

Não quero ficar em pânico

Prefiro ter acolhida

É demais para nós dois

O que pode vir depois

Logo nesta recaída?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de abril de 2022.

Maria das Neves foi a primeira

Entre tantas que hoje escrevem

Unidas num só coração

Elas o bom cordel exercem

Da Paraíba a Alagoas

De avião ou de canoa

Elas respeito merecem.

Izabel Nascimento é pessoa

Cordelista sergipana

Fundou uma Academia

E mulher lá não reclama

Os versos de Izabel

Já li de cair na cama.

Daniela Bento de Aracaju

Com Izabel organizou

Uma coletânea das boas

Feita para qualquer leitor

É cordel que anda na linha

Na saia da amiga Dalinha

No gostar de puro amor.

A amiga pernambucana

Edilene cordelista

Com aquele chapéu de couro

Tem fama pra lá de artista

Estando em solidão profunda

Leio os de Dalinha Catunda

E fico logo otimista.

Lá vem a Tonha Mota

Com Maria Anilda falando

De um tal cordel de saia

Que Dalinha foi cantando

É a mulher dos grandes versos

Participante de congressos

Se eu não for vão se chegando.

Anny Karolinne é enfermeira

Herdou o dom da criação

Faz cordel com maestria

E usa cabeça e mão

Tem Anne Ferreira de Queimadas

Com belas e boas tiradas

Haja cordel de amor e paixão.

Maria Anilda é gente boa

Lá das terras do Ceará

Prende o povo na leitura

Só pra ver o quer que dá

Tem tanta mulher no cordel

Muito mais que anjo no céu

SONHOS PÁVIDOS

Na porteira da saudade

Perdi nobres sentimentos

Gravei teu sorriso parco

Só restou poucos momentos

Fugindo dos sonhos pávidos

Vivenciei teus braços ávidos

Na sombra dos fingimentos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de junho de 2022.

NOTÍCIA DE PRAXIS

Antigamente nas cartas

Micro sentimentalismo

Homens em fúria sofrendo

Fazem seu metabolismo

A mente do Ser Humano

Esperando desengano

Não trabalha conformismo.

O conformismo lamenta

Pela notícia sabida

Resultado tem postura

Para sucumbir a vida

Melancólico momento

Um silêncio de tormento

Faz sombreiro na partida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de julho de 2022.

MARIA DAS NEVES BATISTA

NOSSA PRIMEIRA CORDELISTA

Um Altino Alagoano

Mãe de um grande folclorista

Foi filha, com esse nome

Do nobre Chagas Batista

Maria das Neves fez

E o Brasil diz outra vez:

- És exímia cordelista.

Naquele tempo era assim

Somente homem no cordel

Ela usou o primeiro nome

Dum Altino Pimentel

Seu marido alagoano

Pois, quase foi paraibano

Só que hoje moram no céu.

Violino do Diabo

O cordel que ela escreveu

Seu filho, nome Altimar

Nessa fonte ele bebeu

Da primeira cordelista

Essa tão bela ativista

Que nessa terra nasceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de setembro de 2020.

ORIGAMI NA FUNDAC

Na FUNDAC tem um projeto

Origami, sim senhor

Aluno se valoriza

Trabalhando com Amor

Produção de qualidade

Naquela simplicidade

Quem foi na certa gostou.

Palestras são preparadas

Todos somos ganhadores

A comissão é formada

Vencem todos os doutores

FUNDAC saber do que faz

É a cultura da paz

Ações tiram dissabores.

Origami faz sentido

No viver do coletivo

Cada peça produzida

Vem do jovem prestativo

A beleza criativa

É mente bem mais ativa

Dando fruto positivo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 2022.

QUARENTENA DOS RABISCOS

Os rascunhos e rabiscos

Rabiscos, tantos poéticos

Que são modelos estéticos

Muitas frases e riscos

Bebidas todas as tardes

Portanto, nada de alardes

Comendo os bons petiscos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.

PAULO FREIRE

Paulo Freire, seus Cem Anos

Neste Centenário Raiz

O professor é feliz

Num país fora dos planos

Pedagogia do Paulo

Levamos p`resses embalos

Politizando fulanos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de setembro de 2021.

VIVA QUINZE PRIMAVERAS

a meu irmão

Ascendino Paulino de Carvalho Neto

Bem cedo pela manhã

Um trabalho na cabeça

Meu mano depois de mim

Fato que nos aconteça

Éramos injustiçados

Na mente todos gravados

E que ninguém se mereça.

Irmão lá no passado

As coisas eram outras

Outras coisas iam surgindo

E vivíamos do bom estudo

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2022.

MEU IRMÃO DEPOIS DE MIM

a meu irmão

Ascendino Paulino de Carvalho Neto

Bem cedo pela manhã

Um trabalho na cabeça

Meu mano depois de mim

Fato que nos aconteça

Éramos injustiçados

Na mente todos gravados

E que ninguém se mereça.

Irmão lá no passado

As coisas eram outras

Outras coisas iam surgindo

E vivíamos do bom estudo

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2022.

CAMINHOS ESTREITOS

Com nervos à flor da pele

Coração quase cessando

Sigo por este caminho

Que vi todo se fechando

Meu pulmão não mais respira

Duro feito macambira

Tenho visão se lascando.

Estrada longa me vem

Na mente do meu passado

Juízo sem ter noção

Vivo como condenado

Com as carnes se tremendo

Barriga sempre gemendo

Corpo desparafusado.

Continuando percurso

Encontro sob as doenças

Busco chá pela floresta

Lá se vão todas as crenças

A garganta sem ter ar

Não quer mais continuar

Na chegada tem ofensas.

Labirinto de mistérios

Me faz reter devoção

Montando na minha pele

Perco qualquer condição

Estrondos pelas estradas

Que mundo de trovoadas

Finjo que é maldição.

Olhando pelas entranhas

A boca toda sedenta

Não tomamos água pura

A veia fica caspenta

Cada gole que se bebe

Vai logo formando plebe

Um fedor que sai da venta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de julho de 2022.

O PEIDO DE MANÉ

Um fedor insuportável

Invade todas narinas

Foi Mané que se cagou

Deitado nas lamparinas

O peido dado ligeiro

Foi formando fumaceiro

Feito tiro das chacinas.

Coitado do tal Mané

Ninguém sabe qual motivo

Que fedor filho da mãe

Daquele cabra cativo

O Mané tão semvergonha

Diz: É peido de cegonha

Ou do capataz Nativo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de julho de 2022.

REDE SOCIAL

Fiz meu e-mail num tal gmail

E depois enviei mensagens

Nessa rede social

Fiz das minhas malandragens

Dentro do Facebook

Modifiquei meu look

No desenhos de paisagens.

No google deletei

As fotos do meu privado

Só deixei lá as imagens

Do meu zap que foi cronado

Minha rede social

Bem mais do que ter jornal

Me deixa mais conectado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de julho de 2022.

SENTIMENTO QUE FERE

Sentimento que te fere

Sucumbe cruéis dilemas

Matando teus vícios frágeis

Ele degusta teus lemas

Nunca é tarde pra dar

Se preciso teu calar

For assim os teus problemas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de julho de 2022.

*NESSE MILAGRE DAS NEVES*

Esse Milagres das Neves

Me conecta com histórias

Que fazem tantos segredos

Ficarem nessas memórias

Indígenas massacrados

Ancestrais escravizados

Haja mãos pras palmatórias.

Esse Milagre das Neves

Esteticamente certo

Interpretações condignas

No teatro em céu aberto

Luzes das cenas de rua

Na lorde visão de lua

Espetáculo tão perto.

É perto no conhecer

Do papel de diretor

Nesse texto pesquisado

Tarcísio nos apontou

As lutas das caninanas

Nessas terras paraibanas

Mostra tudo que restou.

Enredos são verdadeiros

Nesses livros que nos dão

Dramaturgia da cena

Compactua direção

Tarcísio sabe que faz

No palco nos satisfaz

Maestro de farta mão.

Cada fato tem seu tempo

Colônia de tantos mundos

Portugal um ex. Império

Desses poderes profundos

Nossa Senhora Divina

Se plantou nessa colina

Por amor dos mais fecundos.

Dramaturgos, escritores

Precisam dos alimentos

Com seus personagens fortes

Fazem os seus movimentos

Tarcísio com a plateia

Laça gentil alcateia.

Nesse Milagre das Neves

A garra faz encantar

Atores versus atrizes

No dueto popular

A santa é milagrosa

Na fragidez espinhosa

Lida desse conquistar.

*Bento Júnior*

João Pessoa-PB, 31 de julho de 2022.

POETA EDVALDO NUNES

Edvaldo Nunes poeta

Dos bons que já presenciei

Momento de Alma, é a obra

Nos versos me deliciei

É tão bom ser um leitor

Desse tão nobre escritor

Que seu livro já comprei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de agosto de 2022.

FUTURO, PASSADO E PRESENTE

Meu passado me pertence

Me pertence meu passado

O que se passa passou

Quem fica é atrasado

O passado é distante

O presente é avante

Futuro é avançado.

O presente já se foi

É água que faz futuro

Passados ficam severos

Presente fica no muro

O passado é presente

O futuro é ausente

Tempos no viés escuro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de agosto de 2022.

BALAIO DO NORDESTE, MÚSICA PARA TODOS

No Música para Todos

Nessa Praça da Cultura

Tem Balaio do Nordeste

Vai ferver a criatura

Os Três do Norte tocando

Bento Júnior recitando

Vejam mesmo que doçura.

No Bairro Mandacaru

Que tenho maior apreço

Levo na mala cordéis

De tão bem pequeno preço

Pra sentir os Três do Norte

Eu sou menino de sorte

Bom recital ofereço.

Quarteto cabra da peste

Tem arte pra festejar

Nessa Praça da Cultura

É cordel pra forrozar

A nossa praça tem arte

Venha dela fazer parte

No Nordeste popular.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de setembro de 2022.

VERSOS BENDITOS

Benditos versos felizes

Escritos com devoção

Nas estrofes do cordel

Tem arte de precisão

Onde tem literatura

Jamais teremos loucura

Rasgada dessa paixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de setembro de 2022.

CIDADE DE CONDE JUNINA

O Conde tem cada tema

Que só faz engrandecer

Docentes municipais

Também querem aprender

A comida nordestina

Da nobre festa junina

Na mesa me dá prazer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de setembro de 2022.

ALGO FOI QUEBRADO

Algo de fato quebrado

Ficando contradição

Sentado numa poltrona

Rezo na sensível oração

Viajando nas esquinas

Comendo carnes bovinas

Eu me fiz de cidadão.

Algo nela foi quebrado

Lhe pedem ingratidão

Homens que saem de casa

Carregam indecisão

A mente fica pesada

A mente mais que cansada

Precisa de solução.

Os cacos estão no chão

E precisam humildade

Num pedacinho de pano

Eu juntei minha verdade

Você fica na leitura

Esquece que tem candura

E me deixa na saudade.

Na visão dos oprimidos

Amar faz a consciência

Arrasa com sentimento

E debocha da ciência

Amor fiel é pragmático

Num viver bem mais estático

Nos atos da paciência.

Algo nela foi quebrado

Os cacos vão se juntando

Amor a ser construído

É muro que vão pintando

O ódio já foi vencido

O riso foi permitido

E casais vivem amando.

Quebraram encantos novos

E nascem vidas a dois

Ele com sua virtude

Chegando logo depois

Amor é raio que parte

E se confunde com arte

Feito feijão com arroz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2022.

FAGULHAS

Em memória da Senhora Francisca

Francisca é Ser em pausa

Na pausa da vil espera

Seguir na fel estiagem

E na labuta viagem

Ser Humano de verdade

Vai no trem da liberdade

Revendo toda paisagem.

Vai Francisca dos devotos

Com seu terço da missão

Nessa missão das partidas

Somos sonhos nessas idas

Porque vida é espera

Por viver não temos Era

Somos fagulhas das vidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de abril de 2014.

SABIÁ CANTADOR

No cajueiro da sombra

Sabiá já vai cantar

De manhã logo bem cedo

No galho vem encantar

Seu canto tem belezura

Na folha que tem ternura

Deus salve meu sabiá.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de novembro de 2022.

CALMANTE DE ASAS

Um pássaro sorridente

De riso contagiante

Canta nos galhos quebrados

E faz festa pro passante

És pássaro colorido

De sotaque ressentido

Que faz meu ser ter calmante.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2022.

SETE CORES DA AMAZÔNIA

Pássaro das sete cores

Padrão multicolorido

Voando pelo Brasil

Seu cantar tem permitido

Nas Florestas Amazônicas

Um tocador das sinfônicas

Regendo berço querido.

Nome tupi-guarani

É pássaro brasileiro

Saíra das sete cores

Das plumagens é herdeiro

Dessa fiel Amazônia

Seu cantar é cerimônia

Nas matas ou no terreiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2022.

A BARATA SOBREVIVE

A barata sobrevive

Nem eu posso entender

Precisa ser editada

Se piaba não beber

Mas o bicho bebe todas

Cachaça no entardecer.

Bento júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 2021.

A BOLÍVIA JÁ DEU UM PASSO

A Bolívia já deu um passo

Aqui bem perto a Argentina

O USA tem novo governo

Respeito pra com a China

O Brasil caminha bem

Essa história nos ensina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de novembro de 2020.

A LUTA

O dia é luta a dois

A informática dos dedos

Pois, são eles que contribuem

Com as senhas e segredos

Eles dois se comprometem

Com todos os nossos medos.

Tanto número na tecla

Que ninguém aqui se explica

Determinações do tempo

É você que só complica

O número que se soma

Ele também multiplica.

No mundo não se viu

Uma coisa desse jeito

Um cidadão complicado

Lhe faltando no respeito

Ele no computador

E outro com a dor no peito.

Porque essa existência humana

De fato, tem um problema

Nessa linguagem artística

Que nunca se vai à cena

Comendo sinais pequenos

Pra vida valer a pena.

Nunca há sucesso no mundo

Sem a presença do dedo

Vive na frente da tela

Descobrindo um bom enredo

Ver nesse feio o bonito

Fazendo dele um brinquedo.

Tela de computador

Há um homem solitário

Que já sabe inutilmente

Do seu bom aniversário

Muitos anos de estrada

A tela faz dele otário.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2020.

DIÁRIO DA DIVORCIADA

Quem chegou fez esperar

Até quem viveu brincou

Cordel foi beber no fundo

Nas artimanhas do Amor

No Diário bem escrito

O Teatro se firmou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2020.

ANTES DO EXAME

Sangue que desce à veia

Interrompe esse segredo

Coração ferve por dentro

Num grande caso de medo

Os olhos vão ver agulha

Amanhã quando for cedo.

Minha filha me acompanha

Não posso desesperar

Sei de todo meu passado

Mas tudo isso irá passar

A veia tem tanto sangue

E o exame vai prosperar.

Deixe de ter tanto medo

E não faça cerimônia

Pois, nós somos brasileiros

Não nascestes na Polônia

É o louco dos melhores

Da famosa Macedônia

O sangue que está descendo

Todo exame abasteceu

Furando o braço tão forte

O que foi que aconteceu

Ele não quis ver o sangue

Esse dia amanheceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2020.

AO MENINO MIGUEL

Do terceiro andar, Miguel

Brincava com alegria

Essa patroa apressada

Pois, tão somente fingia

Do elevador o menino

Ali depressa entraria

Na brincadeira caía

A queda do nono andar

Tanto sonho se perdeu

Com o cão sai a passear

O seu filho no chão exposto

Só lhe restava chorar

Seu choro veio informar

O descaso com Miguel

Deixado naquela sala

E subindo arranha céu

A mãe chorando pensava

Na escrava de um coronel

Daquele lindo plantel

Seus seios eram sugados

Pela intolerância nata

Desses atos consagrados

Não existia mais o filho

Sonhos foram assaltados

Assim sofrem empregados

Que cuidam por prazer

Precisando do patrão

Só deixam o outro morrer

Miguel brincando de pega

Ninguém vem lhe socorrer

Havia unhas a fazer

Nas mãos daquela patroa

Que vendo um corpo no chão

E devagar, numa boa

Desceu sem trazer o remo

Para remar a canoa

Que precisa de pessoa

A que fosse, responsável

Mas, se foi pela vaidade

Via congestionável

Fica aquela mãe em aflitos

Batendo o coração instável

O silêncio foi mutável

Para andar sob esse efeito

Jamais se deve calar

Faltou à vida, respeito

Percebendo o que fizera

Mentiu daquele jeito

Oh! A mãe doía no peito

Que calava de tristeza

Olhava o filho sem vida

Fez de um momento a incerteza

O que essa patroa paga

É público com certeza

Miguel com sua beleza

Morreu na falta do olhar

Foi tão pequeno pra óbito

Que lhe vão homenagear

As câmeras dizem tudo

A justiça se fará.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de junho de 2020.

ASSINATURA DE CORDELISTA

Bem me lembro dos nossos cordelistas

Que no fim do cordel assinavam

Eram iniciais ou mesmo o nome

E assim, eles, humildes deixavam

A grande marca de sabedoria

Que outros mais adiante contavam.

Eu também penso em fazer

Tudo que eles fizeram

Pondo esse meu nome acróstico

E alguns já me disseram

É complicado este assunto

Tantas regras trouxeram.

Só sei que estou decidido

E ninguém há de impedir

A assinatura nos versos

Pra todo leitor sentir

Eu vou logo fazer isto

Não venham querer proibir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de agosto de 2020.

VIDAS PRETAS IMPORTAM

Vidas pretas importam

Deixem o preto viver

Vidas pretas importam

Deixem o preto saber

Vidas pretas importam

Deixem o preto correr

Correr livre pelo campo

Sem precisar capataz

O preto é livre agora

Se afaste, não inflame mais

Peguem a bandeira preta

Balance com força a paz

Que o branco apenas roubou

E não quis mais entregar

Se cobriu de incerteza

Impedindo o caminhar

Que vai um tanto mais além

E na liberdade gritar:

Vidas pretas importam

Deixem o preto viver

Vidas pretas importam

Deixem o preto saber

Vidas pretas importam

Deixem o preto correr

Para a conquista do tempo

Onde as flores se brotam

No lugar que bem se vive

E eles todos se notam

Louvemos pelo Ser Vivo

Vidas pretas importam.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 2020.

BOM DIA AOS CARVALHOS

Pros Carvalhos, meu bom dia

Bom dia pra quem não é

Se for homem de família

Ou com prazer a mulher

Tenhamos todos bom dia

Com amor, devoção e fé.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de outubro de 2021.

CABISBAIXO

Cabisbaixo vou sorrindo

Seguindo essa longa estrada

Canto nas belas campinas

Dando uma grande risada

Esse riso me incomoda

Não consigo ver mais nada.

Eu sou aquele caminhante

Que vai num ritmo profundo

Pra tantos: É o futuro!

Os outros: O vagabundo!

Por onde tiver caminho

Eu vou avante nesse mundo.

Sei dos percalços do tempo

E sabendo eu continuo

Com tanto brilho no rosto

Tudo que quero concluo

Eu viajante das horas

Meus dissabores diluo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2020.

PARABÉNS VAL BARRETO

Val Barreto, gente boa

No cordel te conheci

Ela tem tanta energia

E não consegue fingir

Com o seu sorriso largo

Eu dou parabéns pra ti.

Deus proteja a grande Val

Em tempos de pandemia

Receba nossos abraços

Pelo prazer da alegria

Essa mulher completa ano

Com amor e poesia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de julho de 2020.

CANSADO

Me vendo um tanto cansado

Montei no cavalo Sã

Eu peguei a espora do tempo

E fiz desta vida vã

Um sinal de esperar sol

Comendo banana anã.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de Junho de 2021.

PARAÍBA, PÔR DO SOL

Paraíba tem o pôr do sol

Tem belas praia no litoral

Paraíba tem artistas

Tem Ariano intelectual

A Paraíba de Augusto

E o forró de Genival.

A Paraíba tem cultura

Do algodão e do alho

Na música é de primeira

Pelo nome de Ramalho

É Elba, Zé e Luiz

Cartas de um baralho.

Paraíba de mulher macho

Violeta, Anayde e Elizabeth

A sanfona de Flávio José

Encanta até o pivete

O som de Jackson

É pandeiro que se derrete.

Viva o povo paraibano

Na arte da poesia

Leandro Gomes de Barros

Na terra de Dona Maria

Tem Seu Zé e Seu João

É festa, é muita folia.

Viva Sérgio de Castro Pinto

Na pintura o guarabirense

Clóvios Júnior é colorido

Cidadão do povo pessoense

Minha Paraíba é grande

Terra de gente florense.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de setembro de 2022.

CINQUENTA PIABAS

Sérgio Piaba é gente

De profunda admiração

Inventou de criar Rádio

E veja a esculhambação

Produziu uma barata

Pra ter comunicação.

Sérgio Piaba não bebe

E nunca se ressacou

Foi preciso que seu médico

Na consulta lhe avisou:

- Beba cachaça, meu filho!

E ele até se acostumou.

Sérgio Piaba é cabra

Que esse povo até aguenta

E hoje é muito mais

Completando seu cinquenta

Com essa idade tão nova

Ama a barata nojenta.

Sérgio Piaba ganhou

Equipe maravilhosa

Metendo o pastor Pedânio

E a Madame Preciosa

Pra toda programação

Ser sensível e gostosa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de outubro de 2020.

CLEÓPATRA E A MAQUIAGEM

No Egito de antigamente

Cleópatra foi a rainha

A sua face brilhosa

Esta é a ladainha

Se protegendo do sol

Não é da conta minha.

Cleópatra de olhos claros

No Egito fez a mensagem

Ela sendo rainha do povo

Fez uso da maquiagem

Ela sendo a primeira

Vamos fundo na imagem.

Nossa loja vende produtos

Maquiagens de primeira

Demos o nome de Cleópatra

Nossa maior parceira

Aqui mesmo na Paraíba

Nesta Pátria brasileira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de agosto de 2020.

A POESIA CERTA NA CERTEZA DO TEMPO

Poesia é água corrente

Na veia de uma correnteza

Invade o sentimento humano

E destrói por completo a beleza

Deixa todo o mundo igual

Num repente de uma peleja.

As águas que correm no peito

De um poeta de letras populares

Transformam vidas em sonhos

É poesia em eventos espetaculares

Um banho que lembra saudades

Em correntezas em vias circulares.

O poeta e a poesia são únicos

Na terra da arte brasileira

Cada frase que a mente cria

É poesia que anda ligeira

O poeta pega a caneta

E responde com uma rasteira.

A água das nossas criações

É vida brotando a céu aberto

Deságua nos rios da saudade

E quebra o sigilo do concreto

Bate de frente com a incerteza

E faz certeza no tempo certo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de setembro de 2022.

DESPREZO

Viajando no desprezo

Andam na sociedade

Obstruindo cada época

No impacto dessa maldade

Desprezam a vida alheia

Provocando crueldade.

Desprezo é a maldade

Satisfazendo o poder

Deixa o tempo vulnerável

E só lhe causa o sofrer

Ele se tornando um vício

Não cumpre com seu dever.

Desprezar tem o saber

Que finge no pensamento

Naquela alta atrocidade

Surge nenhum movimento

No jogo que não se tem

Cumpre-se todo tormento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de julho de 2020.

DEUS DO CÉU QUE NOS PROTEJA

Deu do Céu que nos proteja

Nos livre do purgatório

Nesse inferno a gente ver

Morrer de supositório

Este que entra pelo ânus

E faz dele consultório.

Deus do Céu que nos proteja

Nos livrando deste inferno

Bandidos por toda parte

Tanto mais usando terno

Proteja o nosso país

Por ele ser subalterno.

Deus do Céu que nos proteja

Deste tal contexto histórico

A roupa não faz sentido

Neste campo metafórico

O poder mexe com o homem

Já virou um fato folclórico.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de setembro de 2020.

DIA DA ÁRVORE

Tristeza bate em meu peito

Neste dia tão sensível

Amazônia pega fogo

Viver se torna impossível

A árvore caindo em chama

O mundo todo reclama

Deste ato irreconhecível.

Tantas árvores frutíferas

Tombando se destruindo

A floresta quer socorro

E o poder está fingindo

Mente para o mundo inteiro

Vão enganando o brasileiro

E a natureza sentindo.

Pois, neste dia da árvore

Há incêndio na floresta

Pantanal em agonia

Tão pouca coisa nos resta

Governo é responsável

Neste fogo incontrolável

E com isto faz a festa.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de setembro de 2020.

DIA DA ENFERMEIRA

Hoje é 12 de maio

Nessa triste pandemia

O Brasil paralisado

Nesse mundo de agonia

A enfermeira está na frente

Trabalhando dia a dia.

Cuidando do doente

Ao lado do enfermeiro

É nossa representante

Desse povo brasileiro

Juntamente com o médico

Salvam vidas o ano inteiro.

Enfrentando o grande caos

Onde a peste se promove

Ciência é importante

Nessa saúde se envolve

No combate desse vírus

Nome: Covid-19.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de maio de 2020.

SOFRIMENTO

Todo momento da vida

Um homem chora de dor

Encontra sua metade

E volta seu dissabor

Sofre de toda essa mágoa

Por tudo que já passou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de julho de 2020.

DIA DO FOLCLORE

Nesse vinte e dois de agosto

O folclore comemora

Saci numa perna só

Querendo logo ir simbora

Monteiro Lobato foi

Falar pra dona Caipora.

Desse um jeito no moleque

Pra ele deixar de fumar

Que esse fumo lhe faz mal

E o fogo vai incendiar

Saci pegou seu cachimbo

E começou assim falar:

Eu não fumo, já deixei

O folclore me ensinou

Que a gente muda também

O fumo prejudicou

O meu encontro com a Cuca

Que cedo me abandonou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de agosto de 2020.

*POETA CORDELISTA*

Nesse primeiro de agosto

Dizem ser o nosso dia

Acho até que estão mentindo

Vão para outra freguesia

Toda data tem poeta

Fala assim a poesia.

O poeta constrói o verso

Sentado num tamborete

Se sente bem inspirado

Chamado de gabinete

No entanto o cabra se arriba

Vai sonhar noutro foguete.

O folheto de cordel

Tem na feira popular

Minha avó comprou mais um

E eu queria assoletrar

Tão pequeno naquela era

Já sonhava declamar.

*Bento Júnior*

João Pessoa-PB, 01 de agosto de 2020.

DIA DOS PAIS NA PANDEMIA

Nesse domingo de agosto

Nosso pais estão virtuais

Precavidos num momento

Porque ainda somos normais

Filhos distantes choram

Por todos os nossos pais.

Dizendo: - Fiquem em casa

Tenha saúde e alegria

Livremos desse problema

Que nos trazem agonia

Fiquemos felizes, sim

Respeitando a pandemia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de agosto de 2020.

DIÁRIO DA DIVORCIADA

Quem chegou fez esperar

Até quem viveu brincou

Cordel foi beber no fundo

Nas artimanhas do Amor

No Diário bem escrito

O Teatro se firmou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2021.

DIEGO MARADONA

A Argentina sente a falta

E o mundo também perdeu

O Maradona deixou

Esse campo e se benzeu

A trave ficou mais triste

O gol desapareceu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de novembro de 2020.

Pontilhando meus sentimentos

Numa agulha de costureira

Passei por um buraco

E foi assim de primeira

Rompi o que pensava

Era tudo brincadeira.

Meu coração partido

Se fez naquele dia

A costureira da sala

Tinha o nome de Maria

No rosto um silêncio

No falar uma alegria.

E assim sair correndo

Como nada entender

Gritei pra todo mundo

Ninguém quis me responder

A costureira Maria

De nada quis saber.

E eu sabendo de tudo

Fugia de mim a emoção

Fingia que ouvia o mundo

Como uma bela canção

Pensei que tudo era lindo

Não preparei à ingratidão.

UBER É SÓ LIGAR

Cordel Brasileiro quer escrever

Se preciso quer também divulgar

Tantos motoristas pela cidade

Em UBER ligeiros a trafegar

Homens e Mulheres na direção

Nos Aplicativos é só ligar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.

MELHOR É PEGAR UBER

Andando pela cidade

Trânsito desembestado

Melhor é pegar UBER

Pra ficar bem sossegado

Os sinais nos aborrece

UBER é mais preparado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.

EDUCAÇÃO NA PANDEMIA

Nestes tempos que vivemos

Cura vem pela vacina

Atividades Remotas

Ajudam na Disciplina

Educar na Pandemia

Pro menino, pra menina.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de Julho de 2021

ELEIÇÃO EM CONDE

Treze, sete, sete, sim

É o número correto

Do nosso querido Alex

No Conde ele já é certo

O vereador petista

Desta feita eu logo alerto.

Votando nesse Alex Santos

Não sairás nunca da cena

Em troca tens a prefeita

A nossa Márcia Lucena

Para fazer deste Conde

Política valer a pena.

Quarenta é a prefeita

E este treze, sete, sete

Defendo Márcia e este Alex

Pois, vá naquela urna e acerte

Vote com a consciência

Esse bom número aperte.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2020.

ELOÁ CARVALHO

Eloá completou um ano

Pois, viva seu ano primeiro

Eloá carrega o riso

Alegria pro ano inteiro

Eloá gosta de abraço

O que ver é seu parceiro.

Eloá me dê um cheiro

Pois, viva seu primeiro ano

Abrace com tanto afeto

E não cause desengano

Eloá tem só carinho

Cheira até poste de cano.

BENTO JÚNIOR

João Pessoa-PB, 30 de setembro de 2021

A BARATA SOBREVIVE

A BARATA SOBREVIVE

NEM EU POSSO ENTENDER

PRECISA SER EDITADA

SE PIABA NÃO BEBER

MAS O BICHO BEBE TODAS

CACHAÇA NO ENTARDECER.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de Julho de 2021.

DIÁRIO DA DIVORCIADA

Quem chegou fez esperar

Até quem viveu brincou

Cordel foi beber no fundo

Nas artimanhas do Amor

No Diário bem escrito

O Teatro se firmou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2020.

ACRÓSTICO

Deixe o tempo ser testemunha da vida

Amando esse mundo como ele é

Nunca é tarde para o amor

Imaginando tudo em nome da fé

Estamos vivenciando uma dor

Liberdade ao homem, à mulher

Livre pela vida sem pudor

Enquanto o açúcar está no café.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 2019.

EU NÃO SOU UM CIDADÃO

SOU UM ENGENHEIRO CIVIL

Autor: Bento Júnior

Eu não sou um cidadão

Sou um engenheiro civil

Oh! Me respeite seu guarda

Desse meu grande Brasil

Eu ganho mais que você

Não entre no meu pastoril.

Eu não quero ser ator

Nem tampouco um cidadão

Sou um engenheiro civil

Para ter mais condição

Não vou interpretar papéis

Nunca encontrei permissão.

Eu não sou um cidadão

Sou Doutor ginecologista

Com minha vida mais plena

Ganho mais que todo artista

Sou um engenheiro civil

Me afaste do pessimista.

Eu não quero ser doutor

Sou um engenheiro civil

Pouco importa meu emprego

Eu sou ainda bem juvenil

Pois mesmo que me demita

Prefiro usar meu fuzil.

Sou um engenheiro civil

Nunca fui mercenário

Não me chame cidadão

É mesmo que salafrário

Ganho mais do que você

Por isto eu sou mandatário.

Esse engenheiro e a engenheira

Foram depois demitidos

Fiscal e trabalhadores

Ficaram tão agradecidos

Com a postura da empresa

Livrando dos atrevidos.

Não adianta que ninguém

Queira só afirmação

Mais cedo, talvez mais tarde

Chega enfim a reflexão

Nunca deixe que o seu anel

Supere o ser cidadão.

João Pessoa-PB, 14 de julho de 2020.

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EU PRECISO DE TÃO POUCO

Eu preciso de tão pouco

De tão pouco pra viver

Só um sorriso e um abraço

Agora você vai ver

Caminhando pelo mundo

O mistério vai dizer

Que essa vida é tão bela

O tempo pode explicar

Você pode ter seu tempo

Sem não se contaminar

Com muitas das questões

Que podem te conquistar

Fomos feitos de segredos

Naquele encontro de dois

Tantos não conseguiram

Deram a nós um depois

Não para viver assim

Num curral, igual os bois

Servidores de patrões

Que fazem nosso poder

É esta vida que temos

A qual vamos defender

Lutando pelo direito

Da gente poder viver.

BENTO JÚNIOR

05/05/1985.

*FÁBRICA DE MENTIRA*

A fábrica de mentira

Tem milícia digital

Fake news entram em cena

Máquina do ódio e mal

Gabinete mentiroso

Nada se torna normal.

Nossas redes sociais

Tanta desinformação

Falsidade ideológica

O Brasil na contramão

A Religião dá cartas

No jogo contradição.

A política e o poder

Corrompem nosso sistema

Grande ódio se avassala

Ganância vem como tema

Essa mídia esconde fatos

Eis este grande problema.

As notícias falsas são

Alta da maledicência

Não gostam de pesquisar

Discordando da ciência

E vivem na terra plana

Na total incompetência.

A fábrica de mentira

Na produção de ativista

Pois, aquele que não sabe

Forma-se num cientista

Usando arma na defesa

Na lucidez egoísta.

*Bento Júnior*

João Pessoa-PB, 22 de setembro de 2020.

Informação não passada

atrapalha nossa mente

o povo vendo a notícia

tem que ser inteligente

na busca de uma verdade

ela surge complacente.

A falsidade que é dita

vindo do grande poder

esbarrando em nossa porta

sem podermos conhecer

tem gente que engole fácil

e nem procura saber.

a mentira corre de boca

e pára nos desinformados

ela se torna tão séria

e nos fazem contaminados

na luta deste descrédito

nas redes dos massacrados.

O masse atinge a todos

feito trem passando em trilho

arrebentando as ideias

criando muito empecilho

botando fogo na casca

e culpando o pobre milho.

Este mundo vive assim

no governo do infitete

bem dizia nossos avós

montado em sua charrete

hoje eles criticavam

o poder da internet.

O povo sem ler um livro

a orelha nem olham mais

a guerra tão bem colocada

já ganhou da famosa paz

o que é mentir e não dar nada

como bem disse o capataz.

a notícia corre solta

numa tremenda loucura

a frase é cortada ao meio

não respeitam a leitura

estamos quase adormecidos

penso estar em Singapura.

Há mentira em toda parte

no trem, no carro, no avião e no navio

poderosos tocando fogo

no Pantanal do Brasil

os pássaros não cantam mais

nem mesmo dando assobio.

O mundo desinformado

na mais terrível notícia

trocam as informações

pela coisa mais fictícia

a fala que se muito usa

é repleta de malícia.

quem sabe o que é certo

luta por este problema

e sai dizendo em bom tom

nas redes há tanto dilema

cloroquina cura gente

gritou alto aquela ema.

presidentes crescem o nariz

e a bolha fica acreditando

agredindo os opositores

e o tempo vai se passando

o século podia contribuir

mas ele vem contaminando.

muitos jovens mundiais

vivem num obscurantismo

participam de grandes grupos

contra todo extremismo

a sociedade parou no tempo

é o inverso do otimismo.

Informações não passadas

Atrapalham nossa mente

O povo vendo a notícia

Tem que ser inteligente

Na busca de uma verdade

Ela surge complacente.

PROJETO SEMEAR SAÚDE

Um projeto quando nasce

Leva força na amplitude

Divulgando com saber

Este semear saúde

Três lindas mulheres fortes

Na Paixão e nessa atitude.

O projeto ganha vida

Na Fisioterapia

Cuidando da saúde

Tanto prazer e alegria

O povo quer cuidado

Quer viver sem agonia.

O Projeto Semear

Corta com o pessimismo

Renasce nossa saúde

Contra esse sedentarismo

Restabelecendo a vida

Nos faz voltar o otimismo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de outubro de 2020.

FUNDAMENTALISMO

Chegaram no consultório

Agredindo uma menina

Muitos viram a cena

Ela não é assassina

Médico conservador

Também partiu pra cima.

A criança capixaba

Depois de ser abusada

Um Ser, apenas dez anos

Foi muito massacrada

Fundamentalismo faz

A vida se tornar nada.

O Recife deu seu exemplo

Contra essa pedofilia

O que se devia fez

Pra nossa santa Maria

Que vagou por hospitais

Na profunda hipocrisia.

Aquele corpo franzino

Foi totalmente abusado

Precisa se recompor

E nunca ser condenado

Pela falácia cristã

Com o terço pendurado.

A discussão momentânea

Não precisa opinião

Nossas igrejas e os templos

Já têm glorificação

Não se mistura ciência

Na asa da religião.

O que se tem de pecado

O dízimo assume no ato

Querem trazer à fogueira

E este não é o tal fato

Hipócritas perturbam

E criam o seu contrato.

O que aconteceu em Recife

É por demais retrocesso

Isso sim é terrorismo

Sem ter o papel impresso

Redes anti sociais

Pensaram fazer sucesso.

Ter liberdade infantil

O momento é brincar

O Estatuto lhe garante

E isto podemos falar

Preservando sua imagem

Sem querer incriminar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de agosto de 2020.

*GAFANHOTO*

Autor: Bento Júnior

Do Egito de antigamente

Foi chegando um gafanhoto

No tronco do meu cajueiro

Fedendo que só esgoto

Ele todo esverdeado

Parecendo um capiroto.

Ele veio do Uruguai

Passando pela Argentina

Pastando no meu quintal

Veja só que triste sina

Um gafanhoto buchudo

Que a lavoura contamina.

Ele ficou me olhando

Como querendo perguntar

Onde estavam os amigos

Numa nuvem de empestar

Eu deixei o bicho sozinho

E fiz questão de lhe avisar.

Que tivesse cuidado

Naquela praga da peste

Que a terra aqui tinha dono

E se chamava Nordeste

Ele deu um pinote grande

E se mandou para o agreste.

Pois, quando ele chegou lá

Um amigo me avisou

Que o gafanhoto morava

Num milharal que plantou

E foi dizendo pra mim:

- Teu cajueiro ele gostou.

João Pessoa-PB, 03 de julho de 2020.

GOLPISTAS REPUBLICANOS

Nosso D. Pedro II

Foi obrigado a nos deixar

A República golpeia

No Brasil veio reinar

Pois, nessa própria República

Muito golpe aprontar.

A França, foi esse o País

Que foi D. Pedro II

Amava o nosso Brasil

Indo para o fim do mundo

Morreu nosso grande Pedro

Com aquele amor profundo.

Dom Pedro Segundo foi

O nobre e fiel herdeiro

Na condição de bom filho

Daquele Pedro primeiro

Que foi para Portugal

Morrendo lá no estrangeiro.

Pedro II ficou

Cinquenta anos no poder

Esse imperador foi gente

De valor alto e saber

Soube conduzir o povo

Pra o Brasil se enaltecer.

De repente uma traição

Que faz nascer o golpista

Vindo com isso a República

Que ficou tão populista

O Marechal Deodoro

Fez a fama de ativista.

Fez essa proclamação

Combatendo a Monarquia

Entregou nosso monarca

A carta que deixaria

D. Pedro II triste

Pra França se exilaria.

Na República, o Getúlio

De novo foi golpeado

Nosso Rio de Janeiro

Foi palco desgovernado

Morrendo um imperador

Ficando então o seu legado.

Era Mil e Novecentos

E sessenta e quatro, foi o ano

Nesse golpe militar

Fez um grandioso plano

Expulsou o nosso João

O Brasil no desengano.

Muito mais de vinte anos

Que o Exército governou

Com Castelo no comando

Figueiredo terminou

A época da censura

No tempo que ela durou.

GRANDE AMOR

Autor: Bento Júnior

Entretanto, grande amor

Eu te quero mesmo assim

Sinto falta, tanta falta

Se eu não tenho é ruim

Gosto tanto do teu corpo

Pra ficar junto de mim.

Não sou forte nesse instante

Pra deixar o teu viver

Vivo enclausurado assim

E ninguém queira saber

Ando sempre no caminho

Querendo apenas te ver.

João Pessoa-PB, 12 de junho de 2012.

GRATIDÃO

Estou vivendo momentos

Numa pura reflexão

Quando penso no que faço

Só me resta gratidão

É por isso que me sinto

Com a paz no coração.

Tendo diversos amigos

Contemplando meu viver

Quando completamos anos

Nos faz tão bem receber

Mensagens de parabéns

É tão bom agradecer.

Grato nesse bom percurso

Pelas felicitações

Muita luz me conquista

Divido noutras ações

Na midiática vida

Navego nas emoções.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de fevereiro de 2020.

JOÃO (ABERTURA)

Eu venho de longe e já vou contar

Dê-me um instante nesta cantoria

Esse cordel aqui já vai mostrar

A trajetória de tanta alegria

Pois, preste atenção no que vai falar

A bela história de João e Maria

A Paraíba nasceu popular

Naquele tempo em que a noite caía

Nunca se sabe o que vamos passar

Se é de fada ou é de bruxaria

Dentro da mata, distante do mar

O grande conto de João e Maria.

O passarinho é lindo o cantar

Alegrando gente que antes sofria

Um personagem vou representar

A minha irmã é bela companhia

Nesse momento vamos começar

Eu me chamo João e ela é Maria.

Nunca se sabe o que vamos passar

Se é de fada ou é de bruxaria

Viva a cultura dita popular

É uma história de pura alegria

O espetáculo já vai terminar

Viva João com Sua Irmã Maria.

Boa tarde meus senhores todos

Boa tarde as senhoras também

Somos atrizes e atores do palco

Vivendo papéis do mundo de alguém

Você criança que gosta da arte

Viva o teatro que nos faz tão bem.

JOÃO PEDRO E GEORGE FLOYD

Bento Júnior

A que se falar da vida

apesar de melancólica

no Brasil se matar negro

já virou coisa simbólica

polícia vai proteger

e não passa de estrambólica

foram tantos sucumbidos

nas várias letalidades

invadem casas de negros

que vivem passividades

e desconhecem a vida

atiram pelas maldades

o mundo vive o momento

das armas sendo o poder

morrendo muitos negros

e o pobre tende a sofrer

polícia com crueldade

até nos faz entender

João Pedro foi um daqueles

morto na monochacina

com disparos pela casa

de tanta mente assassina

desrespeitam cidadãos

e o ódio se contamina

George Floyd implorou

perdendo a respiração

o policial cretino

fez a contribuição

sufocando aquele negro

caminha a rebelião

governantes que são eleitos

trabalham pra minoria

desconhecendo esse ser

por não ter sabedoria

a inteligência maligna

é desse povo a magia

naquele Brasil de outrora

a escravidão massacrou

com os senhores de engenho

dizem que tudo acabou

porém, nos noticiários

o massacre continuou

números da pandemia

raça negra não suporta

o sistema não ama o negro

quer ver a família morta

batem na frente do povo

vão quebrando qualquer porta

não interessa ao poder

trabalhar pra negritude

poucos são desses governos

os que têm boa atitude

outros vão matando os negros

que morrem sem ter saúde.

João Pessoa-PB, 02 de junho de 2020.

JOÃOZINHO

Joãozinho viva a sexta

Todo mundo já sextou

Um bom final de semana

Num canto de um condor

Viva toda a Família

Com Paz e muito Amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 2021

VIVA A JOVEM GUARDA

Roberto Carlos chegou

Jovem Guarda explodiu

Erasmo Carlos cantou

O país consumiu

Viva nossa Jovem Guarda

Saudades do meu Brasil.

Jovem Guarda invadiu

Todos nossos auditórios

Tocou pra todos os cantos

Até nos ambulatórios

Com radinho nos ouvidos

Pro jovem de suspensórios.

Castelo Branco de outrora

Marcos Almeida mostrou

Os vinis da Jovem Guarda

A radiola tocou

O gênero musical

Que tanta gente gostou.

Viva nossa Jovem Guarda

Vamos gente recordar

Este grande movimento

Neste zap é popular

Com o seu administrador

Jovem Guarda vai tocar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de fevereiro de 2022.

MALDITO TETO DE GASTO

Depois do maldito golpe

Eles tinham que aprovar

Famoso teto de gasto

Que nada pode gastar

O país não tem saída

E é bom se acostumar.

Romper o teto de gasto

Vamos juntos entender

O Brasil está parado

Tem que se desenvolver

O dinheiro circulando

Tantos vão sobreviver.

Essa PEC que é da morte

O Temer deu o pontapé

Deputados, senadores

Fazem dela sua fé

Furem ela com dever

Deixem o país de pé.

O teto de gasto? Não

Na visão do economista

Na prática não responde

É palco sem ter artista

Pois, romper se faz urgente

No falso poder fascista.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de outubro de 2020.

MÁSCARA

Quem faz teatro já sabe

Quando a máscara vai usar

É símbolo do teatro

Bem na hora de interpretar

Ela se torna importante

No gênero de encenar.

Máscara muda de face

Numa tragédia ou no drama

No riso e melancolia

Naquele olhar que reclama

Vai carregando os mistérios

No fogo que apaga a chama.

Na Grécia antiga ou no Egito

Em Roma mais teatral

No novo e moderno mundo

Oriente ou Ocidental

Nas festanças natalinas

Caindo bem no carnaval.

A máscara causou efeito

Nessa civilização

Serve de muito estudo

Para a nossa educação

Na arte dos comediantes

E na manifestação.

Na pintura do palhaço

Circo de periferia

Várias cores sempre ativas

Na tristeza e na alegria

Na completude do rosto

Ela faz a fantasia.

No baile de mascarados

Há desfile no salão

A concorrência é longa

Na grande premiação

Cada máscara tem vidas

Na sorte e na maldição.

Máscara nos traz saúde

Coronavírus chegou

Ela preserva cada um

Sobre ódio e sobre amor

No combate à doença

É a marca que ficou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de julho de 2020.

AO MENINO MIGUEL

Autor: Bento Júnior

Do terceiro andar, Miguel

Brincava com alegria

Essa patroa apressada

Pois, tão somente fingia

Do elevador o menino

Ali depressa entraria

Na brincadeira caía

A queda do nono andar

Tanto sonho se perdeu

Com o cão sai a passear

O seu filho no chão exposto

Só lhe restava chorar

Seu choro veio informar

O descaso com Miguel

Deixado naquela sala

E subindo arranha céu

A mãe chorando pensava

Na escrava de um coronel

Daquele lindo plantel

Seus seios eram sugados

Pela intolerância nata

Desses atos consagrados

Não existia mais o filho

Sonhos foram assaltados

Assim sofrem empregados

Que cuidam por prazer

Precisando do patrão

Só deixam o outro morrer

Miguel brincando de pega

Ninguém vem lhe socorrer

Havia unhas a fazer

Nas mãos daquela patroa

Que vendo um corpo no chão

E devagar, numa boa

Desceu sem trazer o remo

Para remar a canoa

Que precisa de pessoa

A que fosse, responsável

Mas, se foi pela vaidade

Via congestionável

Fica aquela mãe em aflitos

Batendo o coração instável

O silêncio foi mutável

Para andar sob esse efeito

Jamais se deve calar

Faltou à vida, respeito

Percebendo o que fizera

Mentiu daquele jeito

Oh! A mãe doía no peito

Que calava de tristeza

Olhava o filho sem vida

Fez de um momento a incerteza

O que essa patroa paga

É público com certeza

Miguel com sua beleza

Morreu na falta do olhar

Foi tão pequeno pra óbito

Que lhe vão homenagear

As câmeras dizem tudo

A justiça se fará.

João Pessoa-PB, 17 de junho de 2020.

MENINA DE RISO FARTO

À Ana Karoline Lourenço

Ela, jovem, na flor meiga

Sorrindo, sempre cantando,

Cheia de vida, feliz

E todos por ti, chamando.

Eras a própria vontade

E o tempo foi se passando...

Menina de riso farto,

Nos olhos, tua beleza.

Me lembro daquele tempo

Com lágrimas de tristeza,

De te ver nesse passado

Que trafega gentileza...

Oh! Mulher que se tornastes!

Nesta sensibilidade,

Hás de refletir no mundo

Esta possibilidade:

Caminharás nesse tempo,

Em nós causando saudade...

Jamais devemos proibir

Melhor fosse fantasia,

Porque, assim sendo, na certa

Não havia melancolia.

Essa menina é vida

Despertando a poesia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de agosto de 2020.

MENTIRA QUE GERA MENTIRA

Eu estou tão arretado, sim

Tanta mentira rodando

Tem gente que não pesquisa

Porém, vai compartilhando

Esse tal de fake news

Que vive desinformando.

Pois, ninguém quer pesquisar

Propagando só mentira

Tem sempre quem acredita

E essa falsidade gira

Desconsiderando o certo

Por favor, antes confira.

Fake news a grande praga

Que elege até presidente

Pregando o ódio no povo

De forma bem permanente

Tem a lupa da decência

Nesse mundo intransigente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2020.

A ALMA AINDA PENSA

Há uma cicatriz que faz doer.

A dor vai maltratando o pensamento,

Só porque sou parte de um só momento.

Sendo assim, vejo a placa do sofrer.

Sofrer embola o juízo da gente,

Contamina nosso raciocínio.

Eu viso apenas um total declínio,

Mas perco o que é ser inteligente,

Porque nossa inteligência corrói a alma

E aprofundou a cicatriz no meu peito.

Vivo tão somente sem ter direito,

E sem direito vou perdendo a calma.

Me enrolo num mar de perturbações

Ouvindo as ondas das recordações.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de outubro de 2020.

A CARNE E O PRAZER

Nas curvas ondulares do teu corpo

Tantos corpos ondularam desejos

Saciaram fúteis medos de outrora

Criando milhões de ruins ensejos

As vidas que ali chegaram com vida

Suplicaram prantos destes lamentos

Os corpos cansados foram ficando

E os outros plantaram os sofrimentos

É a raça humana sem ter prazer

Culminando com o ódio dos vícios

E chorando mágoas em edifícios

No alto destes nem procuram saber

Vão pulando em nome dos malefícios

Porque a carne detêm os sacrifícios.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 2020.

A FAMÍLIA E O VERBO

Eu já tive avós paternos na estrada

Andei de jipe e também caçoá

Subi ladeira no carro de boi

E vi cana de açúcar se plantar.

Conheci gente dos avós maternos

E andei de gordini na minha infância

Brinquei de colar tirando avelós

Fui estudar pra expulsar ignorância.

Já vi muito circo em disparada

E li na feira folhetos românticos

Fazendo silêncio numa risada.

Eu deixei a infância e fui viajar

O meu pai, minha mãe, são eternos cânticos

Mulher e filhas no meu verbo amar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

A FILHA E A LUA

Foi Deus que criou esse mundo tão imenso

Que uma pedra ao cair fica tão imensa

Assim como a lua que nos compensa

Que esse olhar fica com cheiro de incenso

Comprado na noite de lua cheia

Na venda de um vendedor ambulante

Essa filha de jeans me aperreia

Por um presente tipo alto falante

Para ouvir as cantigas dessa lua

Depois de um bom banho que foi tomado

Nesse balanço da rede de sono

Que ao chegar a encontra toda nua

Como a cereja de gole tragado

No riso estampado de um rei sem dono.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

A ILUSÃO DO AMOR

Este amor não é amor, eu bem sei

É um dissabor em nós dois, é sim

E sendo assim, uns vivem para o amor

Nós dois, enfim, somos um manequim.

Nós estamos expostos numa loja

E vistos por alguns, num estandarte.

Aquelas boas roupas que não cabem

E desse nosso amor não fazem parte.

Assim, o nosso amor é dissabor,

Aquele que não serve pra nós dois,

Portanto, isto não pode ser amor.

Nunca devemos ser uma extensão

Daquilo que só nos chega depois

No amor somente viver ilusão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de julho de 2020.

ABC DOS BUCÓLICOS

Ao me acordar, quase meio dia

Bebo água e saio para o quintal

Cajueiro sombrio quer poesia

De um tema por nome paranormal.

Eu, no campo de ser pesquisador

Faço algazarra ao nobre cajueiro,

Gozo da cara dele sem pudor

Hostilizando todo o seu sombreiro,

Imediatamente as folhas caem

Jogando verbos mais que melancólicos,

Kardec ao chegar sombras retraem.

Luzes brilham para todos bucólicos,

Me retiro e vou pedindo que parem,

Não serei paranormal dos católicos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.

ÁGUA CONTAMINADA

Misteriosamente num caminho

Abri passagem para um inquilino

Ali, me senti um tanto quanto triste

Mas eu fingi tal qual faz um menino.

Quando me percebo alegre e estafado

Avistei uma sombra bem do meu lado

E uma voz sussurrando no meu ouvido

Que quis me acalmar e fiquei calado.

Sem falar nada e sem nada entender

Tentei voltar para onde antes estava

Mas as pernas não queriam saber.

Então eu pus os olhos onde restava

Um pouco de água para eu beber

Bebi e vi que ela me contaminava.

Bento Júnior

Joao Pessoa-PB, 19 de junho de 2020.

AMORES NOSTÁLGICOS

Oh! Amores dessas nostálgicas noites

Fazes nuvens por dias turbulentos,

Tão sofríveis meus lugares de açoites

Em meu peito de dores e tormentos.

Amores fúteis de cabeça e pés

Me deixas tão triste falando assim,

Sou filho do mundo e desses fiéis,

Amo minha cruz que reza por mim.

Saudade de encontros dos mais profundos

Enlaçando o meu peito de torturas,

Sorrindo aberto pra esses vagabundos.

Oh! Sou de fato as luzes desses mundos,

Acendo o pavio dessas loucuras,

Por ser raso e um pouco por ser dos fundos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

ANGÉLICA E ELISA

Angélica tão meiga e delicada,

Semblante de bela moça aprendiz,

Conhecida daquele chafariz

Que faz a água se tornar calada.

Mas, a água, aquele povo precisa,

Porque alivia qual seja o cansaço,

Sendo assim, no teu afetuoso abraço

Me encontro com pensamento em Elisa.

Oh! Angélica, o mundo tem tanta água,

Sempre com muitas fontes jorrando,

Tocando um olho feito só de mágoa,

Seguindo o destino de ir encontrando.

O desejo é vício que deságua

E no corpo de Elisa vou cantando.

Bento Júnior

Joao Pessoa-PB, 06 de junho de 2020

AS LÍNGUAS E AS FALAS

As línguas malignas que amam o sangue

Corrompem homens que vivem do bem

Falam do tempo sem tempo na vida

E quando possuem não dão a ninguém.

Línguas felinas que vivem zombando

Arranquem dos seres todos mistérios

Deitem na grama e se lembrem do corpo

E olhem à frente grandes cemitérios.

Línguas cortantes que pregam silêncio

E andam sorrindo fazendo barulho

Em busca de restos no enorme entulho.

Línguas diabólicas que debatem

As loucuras de toda maldição

E ainda são línguas na má falação.

Bento Júnior

Joao Pessoa-PB, 19 de junho de 2020.

AUSENTE DE TI

Se nessa vida, sentires a ausência

Desse que é o teu esplêndido amigo,

Contemplas esse momento, na essência

De voltares a me falar de abrigo.

És, enfim, pétalas da linda flor

Que desabrocha em meu lúcido peito.

Coração vidente, talvez amor

Cavalgando com destino o teu leito.

Consegues, na plenitude, ser tudo,

Infiltrada na visualidade,

Nesse largo mundo que não me iludo.

Realmente batalho, porque quero

Sentir tua voz meiga de saudade,

Desse que sempre busca ser sincero.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de fevereiro de 1983.

BELA FEMINISTA

Nordestino que é trabalhador

Arreda seus pés da rede na sala

Toma o café transpirando sabor

E sai para o campo no sol que exala.

Trabalha tirando muita prosa

Vendo a beleza em sua plantação

Volta para o almoço, dá beijo em Rosa

Que é sua preciosa paixão.

Mesmo ele estando cansado faz dengo

E tem seu descanso do meio dia

Enquanto Rosa que é poesia

Botou cabresto neste mulherengo

Que neste Nordeste de homem machista

Adora o amor da bela feminista.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de novembro de 2020.

BUCOLISMO TARDIO

Ao nascer minha mãe me falou

Se não falou deveria ter dito

As belas frases que até hoje guardo

E guardando às vezes eu dou um grito.

Gritando meu corpo se fortalece

Minha alma tão somente melancólica

A minha mãe nunca teve certeza

Se eu preferia uma vida bucólica.

Esqueci minha mãe e fugi do campo

E fui cercando o mundo de sonhos

E na terra muita estaca e grampo.

Jamais eu soube do que nunca ouvi

Daqueles vícios que foram tristonhos

E com isto tanto tempo sofri.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2020.

CHÃO DE SILÊNCIO

Nesse lugar o cão não quis morar

Mora alguém que não tem onde viver

E vivendo simples dessa maneira

Só restou-lhe foi somente morrer.

Morrendo não teve onde se enterrar

Jogaram o seu corpo nu ao vento

Pra viver na cruel eternidade

Terminando assim este sofrimento.

Conheci em vida essa bela pessoa

Educadora de filhas guerreiras

Que junto dessa mãe foram herdeiras.

O silêncio tirano nos magoa

Nos declina a mente e nos faz pequeno

No chão aos cuidados do sereno.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de novembro de 2020.

DENTRO DE CASA

Dentro de casa o coração acelera

O corpo se contrapõe aos desejos

Sentimentos são virtudes de espera

Oh! Só me vem à cabeça os cortejos

De ver muitos seres sobre o asfalto

Os moribundos que nos deixaram

Eu vou saindo como sendo um assalto

Melancolia dos que ficaram

Na vida que agora nos angustia

Feito Augusto no pé de tamarindo

Sem suas belas folhagens do dia

E a morte? - Está ali perto latindo!

Quando a tristeza ganhou da alegria

Dentro de casa fico refletindo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de abril de 2020.

ESCOMBROS SÁDICOS QUE SUGAM

Escombros sádicos do sentimento

Arregaça as mangas, partem pra cima.

Eis que encontro um maléfico tormento,

Redundância trágica desanima.

Menestrel de vidas sentimentais

Anda labirintos de solidez,

E quando menos, já são ocidentais,

Com as armas nas mãos querem a vez.

Oh! Desgarrado argumento de fraco

Que estraçalha o juízo desse mundo.

Saio como a contar que caí fundo,

Numa má tristeza mais funda da alma.

E viajo nos sonhos me encontrando,

Nesse encontro que só vai me sugando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de junho de 2020

EU E MEU AVÔ NO REPENTE

Preocupado com minha situação

Estarrecido com todo caos proposto

Saí em disparada na louca paixão

E quando dei de cara o mês já era agosto.

O tal mês que toda coruja espanta

Até mesmo nos mais prováveis crentes

E quando ela bota a cantar, encanta

Até os desafios dos repentes.

Naquela feira com meu avô a ouvir

Aquelas tão belas vozes cantadas

Boa música eu podia sentir.

E junto daquele avô eu cantava

Tão somente ficava nas vontades

E o cantador com outro pelejava.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de junho de 2020.

EU NASCI EM FEVEREIRO

Nasci naquele mês de fevereiro

tinha tudo para ser carnaval,

mas, no compasso, quase ocidental

corri pro palco num tiro certeiro.

Nos grandes aplausos e luz geral

fiz os papeis de puro forasteiro,

na arte do grande drama brasileiro

numa interpretação certa e anormal.

Tive base para viver o entrudo

e sofri com a máscara da vida,

somente imitando meu tempo ou tudo

que se perpassa qualquer despedida,

agarrada em algo que não me iludo,

sonhando naquela peça escondida.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de junho de 2020.

GÊNESE DOS CARVALHOS

Dos antepassados de Portugal

No Brasão dos Carvalhos eu me fiz

Da epopeia dos zéfiros que diz

Que fomos do poder imperial.

Isto vem configurado num giz

Pelas mãos do mestre sacerdotal

Que escondeu para o povo Ocidental

Verdades intrínsecas do país.

Os Carvalhos são povos desse estudo

Que na batuta do verso ver tudo

E conclama o poder nessa visão.

Os que olham não conseguem enxergar

Fecham retinas nesse propagar

Nunca foram pobres, eis a questão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

MANIFESTANTES

As balas da política enfrentando

seguem um só destino os revoltados

com toda meta governamental

se sentem os próprios assaltados

esse destino que aponta o caminho

encontra a resposta da força bruta

mas os revoltados não se cansam

andam firmes no chamado da luta

em cada um tantos sonhos se estampam

e o toque de silêncio não cumprido

superam as ordens do prometido

porque a promessa não é o destino

só um sentimento como dever

desafiar a sede do poder.

BENTO JÚNIOR

Poeta paraibano

02.06.2020

MARÍLIA MENDONÇA

Numa tarde de sol em Caratinga

Destroços caídos por todo chão

Marília Mendonça, cantora brega

Tão chique com fatos do coração.

Minas Gerais sequer viu seu riso

Estampado nesse rosto feliz

A sofrência ficara conhecida

Na musicalidade do país.

Na cachoeira cinco pessoas morrem

Vitimadas num avião veloz

Entristecendo dentro todos nós.

Este soneto quer ficar a sós

Naqueles gentis artistas que correm

Na luta coisas estranhas ocorrem.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de novembro de 2021.

MOTORISTA DE UBER

Deixe seu carro naquela garagem

De tal preferência que seja sua

Ligue num Aplicativo, programe

Seja sol ou seja noite de lua.

Dê mil voltas pela nobre cidade

UBER faz o seu completo caminho

O teu carro ficará em descanso

Ouvirás o cantar do passarinho.

Fique bem tranquilo desse jeito

Só pedir que carro chega ligeiro

Boa viagem nobre passageiro.

UBER tem maravilhoso conceito

É Aplicativo dos viajantes

Dos casais, dos jovens e dos amantes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.

NO ÂMAGO DE POETA

à amiga, Luciana Dias

Cantando no âmago de poeta

Mostrei a música dos povos do mundo,

Arriei as celas e caí numa festa

Desse meu simples e viver profundo.

É nas vias do tempo que há o encontro

De almas congregando um só entender,

Porque os sonhos são fagulhas de um ponto

E as vírgulas nos fazem mais saber.

Agradecido o Ser se encontra agora,

Porque muito antes o homem soubera

Dar vida no tanto que sempre espera

Pelas simplicidades de cada hora

E nas sofríveis visões dessa fera,

Sei que és bem, um viver de boa era.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de abril de 2018.

O EXILADO

Eu pedi exílio, sou um despatriado

Não tenho pátria, vou sair do país.

A política me deixando infeliz

E eu no caminho de ser exilado.

A embaixada me ofertou passaporte

E fui melancólico perdido.

Com o meu peito por demais doído

Deixei essa pátria que se tornou morte.

Meu país se ver no liberalismo

E vai perdendo a sua autonomia,

Caminhando e rumando ao ostracismo.

Esse processo de asnos da agonia

Aumenta o poder do capitalismo.

Após o exílio mudei a poesia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de agosto de 2020.

ÍTALO E O VISCONDE

a meu sobrinho, Ítalo Rômany

Nessas virtudes de sermos crianças

Aquele menino de antigamente

Vivia de uma forma inteligente

Brincava de escrever as esperanças.

Eu lembro daqueles bonecos feitos

Pelas mãos sagradas desse menino

Ele construía ali o seu destino

Seguindo o ápice desses perfeitos.

A sua arte estava no seu caminho

E apontava o seu feito pela história

Captado na sua plena memória.

O menino sonhava com carinho

E brincava com sua criação

Nascendo o Visconde dessa união.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de julho de 2020.

O PARDAL E A SABIÁ

Às quatro horas da tarde lá sigo eu

Atraído pela voz musical

Fico ouvindo a dança das flores caindo

Abismado olhando aquele pardal

Que vai atravessando entre mil folhagens

E nessa travessia eu vou ficar.

Ela pede licença pro cajueiro

Entoando aquele belo cantar.

O pardal fica enquanto espectador

E essa sabiá cria a sua valsa.

Há um silêncio que tudo parou

Num ritmado voo cadente em balsa.

Fecho os olhos no som que me acalmou

Enquanto esse pardal dança sem calça.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de julho de 2020.

an-tes-queeu-mea-cor-de-des-te-pro-ces-so

sa-cu-doo-pen-sa-men-to-no-tem

ras-cu-nhoos-ví-cios-co-mo-pas-sa-tem-po

sai-o-cor-ren-doe-ja-mais-me-con-fes-so

por-que-se-me-con-fes-so-lo-goes-tra-go

e-mees-tra-gan-doas-sim-fi-co-sem-al-ma

e-sem-e-laes-se-tem-poex-plo-raea-cal-ma

po-rém-dei-xo-tu-doe-lo-go-su-fra-go

sou-can-di-da-to-sem-pro-pos-tae-xa-ta

pe-çoo-vo-to-na-ín-do-le-sen-sa-ta

por-que-sou-par-te-des-see-go-cen-tris-mo

não-te-nho-gra-na-no-pro-ces-so-fei-to

pen-san-do-na-con-ta-gem-des-te-plei-to

tu-do-é-pu-roe-xi-bi-ci-o-nis-mo

O VOTO INTIMISTA

Antes que eu me acorde deste processo

Vou sacudir pensamentos no tempo

Rascunhar vícios como passatempo

Correndo dizendo: - Não me confesso

Porque se me confesso logo estrago

E me estragando assim fico sem alma

Distante, esse tempo explora e me acalma

Porém, deixo tudo e logo sufrago.

Sou candidato sem proposta exata

Peço o voto na índole sensata

Porque sou parte desse egocentrismo.

Não tenho grana no processo feito

Pensando na contagem deste pleito

Tudo é puro exibicionismo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de setembro de 2020.

ORFEU

De costume fiz o que tinha feito

Porque nem pensei em nada refazer

Não fazendo nada, fiz o direito,

Sendo assim corri porque quis fazer.

Cabeça a mil nunca iria saber,

Se soubesse criava outro conceito.

Melhor foi procurar nada envolver

E cair no sistema que faz meu jeito.

Tentarei num período apropriado

Repensar todas as ações do meu eu

E ver o sentido que foi enviado.

Não poderei sentir esse Orfeu

Me dando esse tempo marcado,

Se tudo que faço é mundo meu.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

OS ANTEPASSADOS DESSA MINHA ALMA

Olhos lacrimejados de silêncio

Minhas lágrimas tornaram-se prantos

Fiz versos de amor em papel stencil

Nesse passado de risos e encantos.

Agora esse olhar me cobra ternura

De vez em quando eu fui discordância

Eu me calo, sei que sou criatura

Prefiro o antes e viver a distância.

Nesse hoje que faz morada em minha alma

Por vezes conforta e também acalma

Viver é não pensar nesse amanhã!

Rostos em preto e branco desbotados

Criei coloridos e amei antepassados

Troquei o limão e fui para maçã.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2020.

Os últimos batimentos

Autor: Bento Júnior

Nunca te julgues pelo que não sabe

Se julgas assim, nunca irás saber

Qual a razão que te faz observar

Os critérios que prezam teu viver.

Assim não precisa sobreviver.

Por que tem que lutar pela injustiça

Que te acompanhou numa vida inteira

Se a maldade só te alerta e te atiça?

Neste sentido, a chamam de carniça

E se és, pouco importa no momento

Apenas tu clamas este sentimento

Que roda o juízo de sofrimento

Deixando-lhe em caos nessa loucura,

Só para fugir de uma sepultura.

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2020

PAI E MÃE NA SOMA DO SANGUE

aos amigos Leonardo e Aninha

Não me venham com rodeios somados

Eu sou multiplicador dos pães, sim

Mas, sei que sou parte dos abusados

Como no prato, que não é ruim.

Somo o sangue na virtude de ser

Nesse ambiente de poucas respostas

Fazendo perguntas eu sou o viver

Com ele entre nós nessas vidas postas.

São essas pessoas que encantam a gente

E na forma mais plausível levanto

No puro amor cantado assim plangente.

Dois filhos chegaram dessa placenta

E este desejo é fruto querer

Num olhar de dois que só se contenta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

PAIRA NO AR UMA LEMBRANÇA

À grande guerreira, Cleide Santos

(vítima do Covid-19)

Somente a lembrança há de ficar

Nesse semblante de quem conheceu

Seu riso farto de tal liberdade

Não estará mais entre nós, já morreu.

Morrendo não teve onde se enterrar

Jogaram o seu corpo nu ao vento

Pra viver na cruel eternidade

Terminando assim este sofrimento.

Conheci em vida essa bela pessoa

Educadora de filhas guerreiras

Que junto dessa mãe foram herdeiras.

O silêncio tirano nos magoa

Nos declina a mente e nos faz pequeno

No chão aos cuidados do sereno.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de novembro de 2020.

PALAVRA É MANSIDEZ

Palavra é chicote que arrebenta

Pronto para assumir qualquer espaço,

Visão de mundo, cortando estilhaço

Onde, na criação, tudo se inventa.

É ela que sucumbe tantas dores

Formando as belas frases de impropérios,

Diz aquilo que pensa com critérios

Que várias vezes servem pros atores.

Essa palavra que cala e consente

Moldando os sonhos de uma quase espera,

Fazendo gente ser tão consciente.

Andas a falar de forma sincera

Nesse dedilhar de um intransigente,

És, enfim, o bafo da mansa fera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2020

PAQUERA DE MENINO

Quando criança, tão pequeno que eu era

Sonhava dormindo naquele quarto,

Qual a roupa usava com o sapato

Adquiridos nas Lojas Primavera.

Eu sonhava com a linda paquera

Que eu via no Parque de Diversão,

Tão linda passeando com o irmão

Com aquela sua paz tão sincera.

Um menino tem muita esperteza

E sabe lidar com vários momentos,

Mesmo sabendo daqueles tormentos

Somados aos grandes sofrimentos,

De ver aquela tão meiga beleza

Ali me causando tanta incerteza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de julho de 2020.

PASSAGEIRO DE AVIÃO

Dedos encaracolados de dor

Medo que me contamina demais

Baixo meu pensamento tendo fé

No ronco das asas eu quero paz.

Não consigo jamais me controlar

Porque todos meus nervos se contraem

Dou de cara com minha sã virtude

Nesta fase que tudo se subtraem.

Perco minhas vontades de voar

Olhando todo corredor gigante

Nas alturas o céu me faz mostrar.

No pouso tantos seguem adiante

Me transformo piloto pra parar

E sinto ter pista pro meu calmante.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de novembro de 2021.

MEUS PÁSSAROS

Da mata verde pássaros perdidos

Voam em direção à tantas casas

No meu pé de caju ficam sorrindo

Batendo suas belíssimas asas.

O lar sagrado num pé de caju

Agrega pássaros abandonados

A sua sombra é mais que benéfica

Admitindo seres injustiçados.

A mata que de verde não tem mais

Com suas moradas em construção

Expulsou pássaros desta nação.

O meu pé de caju só quer ter paz

Com todos pássaros em cantoria

No verde que resta pra sinfonia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de dezembro de 2021.

PÉ DE MACAÍBA

a Ariano Suassuna

O velho, tão jovem, é um esperto

Dar o bote e bota a cara, ariano

Suassuna vive, eu sinto, tão perto

E quando não estão, vou lá e reclamo

Reclama e muda todo itinerário

Quando o Mestre vem, logo quer simbora,

Faça, Ariano, mestre literário

Só um pouco, não vamos dar o fora.

Fique um pouco na Paraíba, Mestre

Receba os meus abraços, meus afetos

Ao som de um bom pé de macaíba.

Por que não ficar aqui com a gente?

Por acaso o senhor tem algum medo?

Ariano é assim num repente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de março de 2000.

PECADOS DE MIM, MADALENAS EM TI

Nem sei se sou contra ou se sou a favor

Nem tampouco se estou preocupado

Sei que a vida é de quem já pecou

E não há como fugir de algum pecado.

Pecar é roupa da religião

Ficar nu é o solstício dos gritos

Uns vivem na eterna contradição

E vão pecando nos eus dos conflitos.

Pecadores de tanto sofrimento

Levantem a voz desses inocentes

E vão às ruas dos inconfidentes.

Pecado é luz de renascimento

Acelera a alma dos seres valentes

Como fez Madalena nos repentes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de setembro de 2020.

QUANDO CAI UMA FOLHA

Autor: Bento Júnior

Belas folhas em recônditos planos

pulverizando o ar tão calmo e monótono,

que voam por entre esses galhos fétidos

encontras a alcova do eterno sono.

Oh! Folha verde que não voa mais

por que nunca agasalhas sob o vento?

Em suaves ritmos, feito remanso

Viajas a espreitar teu fingimento.

És sínica, entre as folhagens, tu gritas

e teu grito, porém, muito forte

um enorme trem apitando, imitas.

A folha não teve consigo a sorte

e vendo as outras caírem, aflitas

soube então o que lhe representa a morte.

João Pessoa-PB, 09 de junho de 2020

QUANDO EU FALO DE FLORES

Quando eu falo de flores, sempre falo

Porque já sinto cansado em falar

Quando eu grito de amores, nunca calo

É porque não consigo me expressar.

As flores que estão naquele jardim

Todas, sem exceção, vivem libertas

Mas roubaram aquele odor jasmim

E minhas veias ficaram abertas.

Quando eu necessito de apenas flores

Entenda de prontidão isto que quero

Não preciso de muitos amores.

Tudo de volta com certeza espero

Pra curar ferida das minhas dores

Quando eu falo de flores, eu venero.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de novembro de 2020.

QUARENTENA

Na quarentena que meu peito aflora

Deflora os vícios que restam em mim

E contamina meu sonho de rosa

Porque ultimamente ando tão ruim

Com a cabeça dessas mágoas tantas

Passeio no jardim sob os olhares

E sem nada entender pelos pomares

Jogo água que vai banhando as santas

Estas mesmas que num dia me atiça

E só me fazem sofrer cabisbaixo

Porque dentro de mim provém preguiça

Que acelera e em tudo logo me encaixo

Pra eu ser tudo que ela só me cobiça

Eu ando, retorno e nunca me rebaixo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de Junho de 2020

UMA VIDA MELHOR

Queridos alunos, queridas alunas

Que bom... Nós todos estamos com saúde

Vencemos sim, esta primeira batalha

Criamos com isto uma certa atitude.

Nós somos fagulhas nesta plenitude

Neste respeito em busca da dignidade

Pois, entre nós existe tanta pureza

Que ultrapassa o viver em sociedade.

A Almirante nos acolheu de verdade

Nas simples urgentes tarefas virtuais

Eu desejo a todos de coração aberto

Futuro ano repleto de tanta paz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2020.

SAUDADE DE TREM

Oh! Trem, busco em toda minha memória,

E que venha todas as estações,

E todos os momentos dessa história

Que é vida, um visual de questões

Que semearam o gostar de trem.

Oh! Trens que percorrem todas cidades,

Uma lúdica viagem pro bem

É embriaguez de tantas saudades.

Apita trem, apita nesse peito,

Transgride toda a minha alma, eu te aceito

O que penso. Apita na roncação,

Assegura com um triste ecoar,

É que este meu trem tem tanto gostar,

Quando percebo, estou nessa estação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 1999.

SENTIMENTALIZADO

Ao te ouvir sussurrar no meu ouvido

sinto a paz corroendo meu silêncio

pego meu lápis e passo um stencil

de novo penso como sou atrevido

vestindo belo uniforme sensível

completamente de luxo e prazer

buscando no íntimo apenas ser

o que sempre me foi incompreensível

vou caminhando e não acho o que procuro

volto e sonho por não ter encontrado

e nada adianta, entro nesse escuro

completamente esperto e dominado

paro por um instante em pleno apuro

canto Elton John sentimentalizado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de junho de 2020.

SEVERINO E JOANA

Longe do esterco das vacas vadias,

Severino, vivendo só de amores

Decide curar todas suas dores

No bordel de Joana, " O Bar das Tias".

Neste antro de diversão, Severino

Pegou todo aquela grana que tinha,

Escolheu por beleza, Ana Martinha,

E não teve ali o seu feliz destino.

Ao cessar todo aquele gastar,

Ana Martinha sempre a querer mais

Travou com Jó, cafetão do lugar

Que tirasse aquele bobo rapaz

E que só não fizesse lhe matar,

Mas, Severino, não quis respeitar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de julho de 2020.

SONETO DO CORDEL

Neste cordel de sangue derramado

Juventude plantou vil esperança,

As rimas de cada estrofe são lemas

Que encantam temas de qualquer criança.

A métrica que dele necessita

É violada de cantos e mistérios,

Crianças que adormecem na leitura

Sabem os contrários dos adultérios,

Que se faz penoso e incompreensivo.

Cordel que nos tira do rotineiro

E se transforma no ser brasileiro,

Porque é assim, jovem subversivo

Encontra ciência, sendo primeiro

Num cordel que sonha ser verdadeiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de junho de 2019.

QUE PAÍS QUEREMOS?

Que país queremos pros nossos filhos?

Um país de desonestos, falsários?

Talvez, quem sabe, gente sem caráter?

Tantos deles péssimos mandatários?

Meu soneto não manda dar resposta

deixa pros leitores a conclusão.

Que país queremos pros nossos filhos

vendo desgastada nossa nação?

Reflitam com base no que vivemos,

não se desespere por responder.

A pátria precisa nos conhecer,

porque tão somente só perecemos.

Que país queremos pros nossos filhos?

Viver na cultura dos empecilhos?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de janeiro de 2022.

SONETO DO SILÊNCIO

Meu silêncio é febre que nunca arde

E se deixarem ele se evapora

Não dá uma palavra na chegada

Se cala ficando sempre de fora

Oh! Silêncio não me deixa falar

Porque minha fala nunca se cala

Quando ela cala o tempo se desfaz

O mundo cabe dentro dessa mala

Silencio porque tem os mistérios

Que sucumbem todos os adultérios

Tantas vezes por força do destino

Silencio entendendo os sentimentos

Dessa língua sem esses movimentos

Que toda voz se perde em desatino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de maio de 2020

TODOS SÃO CONTRA

Quando eu me vi sorridente e cansado

Por entre as vias do meu desespero

Não me contive, sorrindo, chorei

E pasmem, eu fiquei sem meu tempero.

Acontecem paixões desenfreadas

E freamos nosso acelerador

Porque a estrada nunca existe sinal

Você corre aonde o tempo passou.

Oh! Vidas ingratas chupando o sangue

Feito um desejo onde tudo se encontra

No lugar não tem favor, só do contra.

Pensei ser zumbi no fundo do mangue

E busquei nas entrelinhas da agenda

Uma paixão que talvez não se ofenda.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

TREM DA INFÂNCIA

Penso no trem que cruzou a minha infância

Sugou meu olhar de moleque traquino

Me fazendo poeta, vi o destino

Nesta viagem de grande importância.

Vejo o trem partindo dessa estação

Lotado de gente querendo chegar

E eu tão pequeno somente a pensar

Balançando os trilhos com emoção.

Trem da minha infância te vejo agora

Subindo a serra com aquele apito

No silêncio comigo dava um grito.

Nunca ligava pro caos do atrito

A alegria era tanta naquela hora

O trem da infância está chegando agora.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

VEREDITO

Polivalente, onde estás que não me ouves

Tão parte de outrora, da minha infância?

Vives no anonimato e não te louves

Só porque nos livrastes da ignorância.

Que belas tardes trafegam no peito

Que rompem todos viés da saudade,

Polivalente, o meu único jeito

Foi mergulhar na possibilidade

De ser imortal perante a paixão

Pra muito distante no infinito

Silenciar numa linda canção.

Polivalente, ouças meu eterno grito

Em nome de Emílio, ou mesmo João,

Polivalente, és o veredito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de março de 2018.

VITÓRIA

à minha querida mãe, Vitória Carvalho

Não quero de certa forma gritar

Pro famigerado mundo essa glória,

É porque em casa sempre irei ganhar,

Pois, eu tenho comigo essa Vitória.

Foi ela que me fez brotar nesse mundo,

Fazendo tudo pra ser o que sou,

Para muitos eu sou vagabundo,

Para ela, poeta e também ator.

Erguendo os meus braços, agradeço-te,

Porque poderei ter sempre Vitória,

Do meu lado, alado, em minha memória.

Aos poucos eu digo: Conheço-te!

Portanto, repito com rouca voz:

- És, sim, a Vitória de todos nós.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de março de 2018.

SONETO DO BASTARDO

Um filho bastardo quase perdido

Encontrando sonhos na caminhada

Sofre nas montanhas do pensamento

Bebendo água sem gosto de nada.

Tem seu corpo coberto de palavras

Que lhe faz plenamente ser mais triste

Porque ser triste é ver seu destino

Repleto daquilo que nem existe.

Filho bastardo bastante cansado

Num levantamento desencontrado

Tem seu leito nas areias do vento.

O tempo parado quer responder

Não dá mais resposta por não querer

Morre bastardo sem ter sofrimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de fevereiro de 2022.

NOSSA ESTREIA NO CIRCULANDÔ

Fazendo a minha estreia

Neste Projeto Circulandô

Não há palavra exata

É verso que em mim ficou

Gravado na memória

De um tal Professor.

Este Projeto é algo

De profunda consciência

Trilhando os movimentos

É Arte e é Ciência

Realizada por profissionais

De saber e inteligência.

Projeto Circulandô

Eu preciso então relatar

Na Cidade de Prata

Eu pude assim constatar

A importância do Projeto

Em toda área escolar.

CEARTE é o Maestro

Na composição da cena

Circulandô é vida

Escrito por esta pena

Que escreve o aluno

E este pega e encena.

Feliz me encontro agora

Depois de uma estreia

Eu e o camarada Jairo

Unidos numa só plateia

Nós todos somos lobos

Semeando noutra alcateia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de março de 2019.

A DOR DO AMOR

Não quero ser um poeta do amor

No amor não cabe toda minha dor

Não quero ser um poeta da dor

Nessa dor eu nunca encontro esse amor

E esse amor sucumbe as dores

Distancia os dissabores

E nos preenche de amores

Criação livra os temores

O amor é o resultado da dor

Que contrapõe o destino dos atores

Que interpretam a dor desses amores

Nesse palco da vida existe o amor.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 2020.

A MULHER DO PORTO

A Mulher do Porto

Dandara do riso

Cabelos no vento

No seu movimento

As luzes dos mares

Essa liberdade

O seu sentimento

Nesse sofrimento

A Mulher do Porto

Seu viver sagrado

Velas que chegam

Segredo guardado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2020.

ABC DOS TROVADORES

Antes de ser publicado

Batam palmas pro congresso

Cada rima do passado

Deixa seu papel impresso.

Esperanças sorrateiras

Fagulhas dos trovadores

Gosto vem das cangaceiras

Homens serão construtores.

Intransigentes andantes

Jogadores de passagem

Lobos surgem das vazantes

Murchando sem ter bagagem.

Não consigo me firmar

Olhando pelos espaços

Ponho tudo pra lutar

Quase por qualquer ricaço.

Repare nesse meu jeito

Se pretendo destruir

Tenho metade defeito

Uno no reconstruir.

Viajantes do país

Xilindró numa porteira

Zaga é grande matriz

Amparada na soleira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2022.

ANDO DEVAGAR

Ando devagar sem forças nos pés

Que vão cruzando a montanha das crenças

Quando penso vejo todas doenças

Estampada no rosto dos fiéis.

Não acredito que eu morra sem ter visto

Esse pôr do sol que é forasteiro

Faço meu símbolo de desordeiro

Que trai a pátria se dizendo ser Cristo.

Vou sucumbir os desejos do meu eu

E partir sem rumo, em busca de cura

Não vejo futuro e também bravura

Que se atrapalha desde que nasceu.

Minha doença é frágil bondade

Não me fará mal enquanto viver

Meu passado obscuro nunca quer ver

E vai percebendo a vida a maldade.

Vou devagar nas estradas vazias

Penso voltar quando estiver curado

Minha sina me deixa revoltado

Não volto para os braços das Marias.

A igreja que eu frequento se diz santa

Determina a minha própria atitude

Entrego na religião a saúde

E esse dízimo que apenas espanta.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de setembro de 1989.

BOTE ESSE OZÔNIO PRA LÁ

O quê? Ozônio? O que é isso?

Nunca ouvi ninguém falar

Oh! Mas, que diabo, pense!

Eu não vou me acostumar.

Por onde querem botar

Nunca entra nada, só sai

Deixe de falar besteira

Pois desse jeito não vai.

O ozônio somente atrai

Essa promiscuidade

Deixa o sujeito sem vida

Triste na sociedade.

Amigo bom, é verdade

Não queira me dá ozônio

Bote esse bicho pra lá

Que não vou abrir meu sinfrônio.

Tá espiando seu Antônio

O que eles estão dizendo?

Não vou usar da safadeza

Só porque alguém tá querendo.

Está até parecendo

Coisa desse satanás

Que não tendo o que fazer

Pensa botar lá atrás.

A gente nunca tem paz

É numa guerra constante

Empurrar sem piedade

Falando que é calmante.

Esse povo é falante

E só sabe esculhambar

Dizendo que o tal ozônio

Vai sim, o Covid curar.

Meu Deus do céu, vai pra lá

Pois deixe desse pantim

O meu fandango é sério

Deixe quieto o bichim.

Seu menino, sendo assim

Prove esse ozônio você

Bote bem dentro do bicho

Fique rindo de prazer.

Nem quero disso saber

Seu real significado

Sei dizer que isso não cura

Te deixa é mais lascado.

Nunca dê seu condenado

Ele vai ficar tão triste

Cabisbaixo para a vida

Até porque isto não existe.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de agosto de 2020.

CAIXA DE MARIBONDO

Bem plantado na pequena palmeira

A caixa de maribondo pousou

O seu dono parece não dormir

E certa feita pra mim ele olhou

Com um sorriso eu lhe cumprimentei

Cheio de centena de um louco medo

Fui rapidamente me ausentar

E quis logo saber qual o segredo.

E naquela volta vi que eram dois

Numa espécie de grandes protetores

E novamente essa bondosa dupla

A chamei de meus ilustres amores.

Por que essa recaída, tão jeitosa

Se todos só queriam te ferrar?

Pelo contrário, o poder ferra mais

E os moradores eram do lugar.

E naquela folha muito frágil

Fiz sugestão para esse coletivo

Subir mais um pouco, além dessas folhas

E gostaram daquele corretivo.

Os maribondos ficaram sorrindo

Como a querer a minha companhia.

Eu, ali com medo, tremendo, pulei

Feito uma tanajura em agonia.

Todos os dias dou minha passada

E sinto os maribondos tão felizes.

A nossa vida tem cada coisa, heim?

Porque nós não passamos de aprendizes!

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de julho de 2020.

CAPOEIRISTA

Nesse três de agosto

Viva o capoeirista

Alegrar seu rosto

No passo ritmista.

Todo dia tem

Festa brasileira

É também folclore

A nossa capoeira.

Atabaque toca

Viva berimbau

Girando pipoca

Como carnaval.

Capoeirista tem

No corpo gingado

Ele dança bem

No sapateado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.

CHUVAS DE DEZEMBRO

Em cada telha há um pingo

Em cada pingo uma correnteza

Em cada correnteza uma água

Enchendo meus olhos

Meus olhos sentem a presença

Da chuva que molha meu pensamento

As telhas se suavizam

Pelo tempo quente

Dezembro é mês de chuva

Já dizia uma cartomante

O preparo antecipa o inverno

Espera o falar das águas

As chuvas de dezembro

Banham de esperança meu sair

Prefere o ficar pro banho

A goteira do quintal é correnteza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de dezembro de 2018.

CIBERNETICAMENTE

Ciberneticamente pus meus pés no riacho

E a água fria me fez renascer na epopeia

Eu tomei o líquido bom e avistei a grande ideia

De fazer da viagem o que nunca me encaixo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de julho de 2020.

ELEIÇÕES 2020

Confisco destrambelhado

Meu mundo desmantelado

Político atrapalhado

Um bêbado abestalhado.

Eleição voto comprado

Eleitor com delegado

O povo subordinado

Poder desclassificado.

O voto estando lacrado

Santo foi escamoteado

Candidato pau mandado

Vendedor quase lascado.

Pedinte sacrificado

Bordoada de um soldado

O lombo todo riscado

Justificar seu pecado.

Meu poema endireitado

Na esquerda ficou jogado

Riem do amaldiçoado

Faz povo ficar dopado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 2020.

FACES

Eu beijando sua face

O telhado acima me olha

Toda ele bem cuidado

O vestir todo se molha...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.

*IMUNIDADE DE REBANHO*

Cada cabeça de gado

Precisa de imunidade

Para sair do seu curral

Pois independe de idade

Tem gado muito velho

Que isso nunca vai aguentar

Vai morrer rapidamente

Isso vamos esperar

Estão querendo fazer

O mesmo no ser humano

Mandar tudo para a rua

Para cair no desengano

Essa é a grande fórmula

Que eles pensam em fazer

Que se chama de rebanho

Tão somente pra morrer

O nome que foi criado

Nos coloca em aflição

Que é pegar a doença

No meio da multidão.

*Bento Júnior*

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

MÁGICA DOR

Tecendo vidas em lamentos vãs

Percebemos que tantas nos conforta

A vida peleja cega nas ruas

Que tem público, mas não se tem porta

A porta dum cego é a magia

Que nos faz rever pelas fechaduras

A vivência do mago é incerta

Como dizem todas as criaturas

Criaturas no íntimo são vidas

Destas que nos envolve pela dor

Essa dor que no mundo nos transporta

No transporte mágico sem amor.

Bento Junior

João Pessoa-PB, 19 de maio de 2019.

MALDITO SISTEMA, SISTEMA MALDITO

Maldito sistema

Causando problema

É feito um dilema

Um drama em cinema

Poder que nos mata

Pira e desacata

Nó que não desata

Quando o mal acata

Só brutalidade

Trazendo maldade

Na sociedade

Que jura verdade

Sistema maldito

Viver em atrito

Muito conflito

Eu solto meu grito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.

MASCOTE DE LIVROS

Empilhando livros férteis

Deles me faço mascote

Tão macios que dá gosto

Me sinto quase frangote.

Apelo pro mandarim

Que gosta sempre manjar

Observa cães na matilha

E vive pra matinar.

Meritocracia tem

Pulam os meticulosos

Numa metáfora lida

Ficam todos portentosos.

No metabolismo lido

Metrópoles sobressaem

Com todos seus intelectos

Livros tombam, mas não caem.

Tantos micróbios dançam

E fazem de si migalhas

Personagens são moléculas

Que residem sob as palhas.

Livro bom é um minério

Que faz rico seu leitor

De garra de suas letras

Exclui todo terror.

Nas ideias comentadas

Tantas são paradoxais

Um sim contra panteão

Outro não pros anormais.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2022.

MENINA CHEIA DE ONDA

Menina cheia de onda

Me diz logo o teu nome

Tu moras nesse morro

Ou se passasse fome?

Menina cheia de onda

Me dizes o que queres

Se tu ficas comigo

Ou aos outros preferes?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2020.

MEU PAI ME DIGA O QUE FAÇO?

Oh! Meu pai me diga o que faço?

Tudo que faço é fracasso

Fracasso do lado de cá

Fracasso do lado de lá.

Meu papai teu filho te quer

Eu gosto tanto de mulher

Minha mãe já sabe quem sou

Eu quero falar pro senhor.

Oh! Meu pai me diga o que faço?

Tudo que faço é fracasso

Fracasso do lado de cá

Fracasso do lado de lá.

Eu já sou também crescidinho

Quero ser o seu queridinho

Como fui em toda fazenda

Treinando com mamãe na renda.

Oh! Meu pai me diga o que faço?

Tudo que faço é fracasso

Fracasso do lado de cá

Fracasso do lado de lá.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2017.

MISTERIOSO VIVER

Autor: Bento Júnior

Uns querem viver cantando

Outros não podem cantar

Vivem somente pagando

Outros não podem pagar

Viver reserva segredos

Todos incompreensíveis

Cidade em fúlgidos medos

Ficam irreconhecíveis

Esse viver encoberto

Dizendo ser esotérico

Veem o mundo deserto

E você fica colérico

Nós quase apocalípticos

Nesse tão desconhecido

Uns são feitos cabalísticos

E você tem merecido

Uns são muito intrigantes

Outros poucos sigilosos

Tomam aqueles calmantes

E ficam bem perigosos

No sonho incompreensível

Tudo é indecifrável

Percorrendo o indefinível

Surge o ser inexplicável

Pois, quase tudo enigmático

Nesse hermético viver

Tentando ser carismático

Enquanto existe prazer

Eles querem ver o escuro

E apenas estão no mundo

Nunca percebem o obscuro

Perdem o saber profundo

Carregam os seus objetos

Que só servem aos cultos

Colocam os seus dejetos

No místico dos ocultos.

João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.

NO ÍNTIMO DO INTIMISTA SOFRE O ÂMAGO

DO SEU INTERNO INTERIOR DO EU

Eu nunca me sinto triste

Estou decepcionado

Nunca falei que me odeio

Me sinto desanimado.

Estou enjoado de mim

Por que eu tenho que esperar?

Futuro sem esperança

As coisas vão melhorar?

Nunca me sinto um fracasso

Satisfeito ou aborrecido

Eu tenho tanto prazer

Eu posso até ser punido.

Não encontro prazer real

Eu estou com problemas, sim?

Me sinto sempre culpado

Crítico em relação a mim.

Me culpo por minhas falhas

Choro mais que o habitual

Não tenho mais apetite

Como se fosse normal.

Não fico mais irritado

Quase o tempo todo choro

O ego vai se transmutando

E eu por dentro me devoro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de julho de 2020.

O DENGO DE QUITÉRIA

Deixe de fazer dengo nessa idade

Deixe de confusão sem precisão

Deixe de sorriso sem ter verdade

Deixe de ter paixão sem coração...

Ando tão descrédito com nós dois

Não sou mais o mesmo nessa matéria

Ando por tantos antes e depois

Não gosto de ver dengo de Quitéria.

Quitéria deixe de dengo

Não torça pelo flamengo

Cante se preciso for

Dance até o sol se pôr.

Quitéria que falsidade

Seu fingir não tem saudade

Quitéria cadê bondade?

Seu gostar só tem maldade.

Vivo sem crer neste nosso romance

Prefiro silenciar todo lance

Nas posturas apontadas

Nossas visões são abortadas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 2022.

O PODER DO VÍRUS DO PODER

O PODER DO VÍRUS DO PODER

Nessa triste pandemia que vivo

Encontro um Poder sofrendo e perdido

Não entende o momento e nem o porquê

Sem projeto nada é permitido.

Combatendo o Coronavírus fala:

- À famosa distância social!

Mas o Poder quer aglomeração

Vai achando que tudo isso é normal.

A OMS recomenda pra todos

Que se busque o total isolamento

O Poder tem na mente a economia

Deixa uma parte em total sofrimento.

Decretos assinados são confusos

E não respondem às indagações

Sofre o desempregado sem dinheiro

Presos em miseráveis condições.

Os Poderes falam tanto das máscaras

Mas todos estão quase mascarados

Pensam em salvar os empregos de antes

Acostumam a serem fracassados.

A TV serve de grande espetáculo

E o número das vítimas aumenta

Nunca se importam quem vão aos milhares

O fracassado poder nos atormenta.

O que fazer com tantos empecilhos

Que rasgam os limites da ciência?

O mundo inteiro soube do seu tempo

No Brasil caminham na incompetência.

João Pessoa-PB, 30 de maio de 2020

VAI DAR CORDEL

Eu sou cordel

me diz poeta

se aqui tem meta

o quer que faço?

Escrevo frase

falando o bem

o que se tem

palavra laço?

Aqui sorrindo

devo ficar

para espreitar

Um riso traço?

No meu cordel

faço o poema

busco esse tema

nesse fracasso?

Mudar a rima

que contamina

esse papel

vai dar cordel.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

PEQUENINO MEU MENINO

Pequenino meu menino

Vestes de retalho chita

Come sobras dos trigueiros

O que vai dentro vomita.

Pequenino meu menino

De boné muda seu gesto

Vem do lado dos fiteiros

O que pega vira resto.

Pequenino meu menino

Numa pelada és Rei

Artilheiro desse time

Tantos gols que nem contei.

Pequenino meu menino

Testa larga de pensar

Quer aula, também comida

Pra ter causos pra contar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de julho de 2022.

POEMA AOS MARIBONDOS

Eu fui de costume ao quintal

Linda folha de palmeira no chão

Olhando ao redor e nada vi

A caixa era de partir coração.

Todos os maribondos fugiram

Foram voando para outro lugar

Busquei por toda essa minha visão

Era querendo somente encontrar.

Bateu uma profunda baita saudade

Foi quando aquela cena percebi

Aquela humilde e modesta morada

Pois, deixaram o maribondo cair?

Os nossos amigos se mandaram

Estou plantado, sem pensar fiquei

Vendo aquela folha sem sua casa

Por dentro não me contive e chorei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2020.

TROVAS DE UBER

UBER faz todo trajeto

Lhe dando mais garantia

Tem farra, tem segurança

Seja noite, qualquer dia.

Deixa por onde tu vais

Te cobrando bom valor

Combustível está caro

Carro guardado ficou.

Faça boa companhia

Dentro do transporte bom

Curtindo toda viagem

Ouvindo também um som.

O motorista já sabe

Qual será o teu trajeto

A rota já foi marcada

Todo mapa vem correto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.

POEMA REFLEXIVO QUE FAZ

DOER AS LÁGRIMAS DE PAI

A dor que invade os poros de emoção

Deixa-me melancólico em pensar

Penso nas vezes que te acalentei

Tudo me faz cada vez mais amar

Amo minhas filhas, e assim percebo

Feito a tua mãe que durante meses

Que ostentou no ventre somente espera

Pra chegar mais feliz muitas vezes

Cada foto que vejo cai uma lágrima

Que sai pela casa e penso em vocês

Tempo das brincadeiras, do balanço

Para amar- lhes, não contarei até três.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2020.

POEMA SEMANAL

Segunda-Feira chegou

Tantos viveres sem truta

Coma muita verdura

Também serve para fruta.

Terça-Feira já chegou

Mais um dia que é bento

Louve porém sua vida

Em cada qual do momento.

A Quarta-Feira chegou

É dia de reflexão

Alívio às nossas almas

Paz pro nosso coração.

Quinta-Feira já chegou

Nossa é só trabalheira

No rosto nosso sorriso

Vai dando baita canseira.

A Sexta-Feira chegou

Até que nós merecemos

Descansar é mais que bom

Nós todos te pretendemos.

Sábado bate à porta

Finda-se a nossa semana

Nossos olhos querem ver

Toda luz que nos emana.

Domingo é o primeiro

Pois, tão depressa chegou

Esticando nossas pernas

Colhe-se o que se plantou

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de novembro de 2021.

POSSESSÃO

Por quanto tempo eu tenho que ter ainda

Pra alimentar desejo saciado?

Quanto tempo ainda pretendo fugir

Se o desejo não foi realizado?

Sofro com tudo e nada vou fazer,

Se faço algo não consigo encontrar,

Quando me encontro me jogo no abismo.

É difícil querer acreditar!

Tenho mistério que foge ao tempo.

Quando voo me solto pelo mundo,

Não me encontro e nada posso parar

Nas entrelinhas do ódio profundo.

Quanto tempo preciso recompor

Se nada tenho para dividir?

O que possuo é pouco pra os meus

E sendo meu só fazes possuir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de novembro de 2020.

PROCISSÃO DA PAIXÃO

Oh! Jesus Eternidade

Ser Divino de Bondade

Esperança que tem Luz

O seu nome é Jesus.

Nosso mundo dever ser

Luz eterna de prazer

O Perdão vem nos salvar

Jesus vamos exaltar.

Santa Maria de Deus

Bota mão nos filhos teus

Jesus nossa Luz Divina

És a Paz que nos destina.

Caminho de Salvação

Nas trilhas da Procissão

Salve, Salve Deus menino

Conduzindo bom destino.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de junho de 2022.

QUARENTENA POÉTICA

Eu nessa casa escrevendo

Escrevendo só lições

Lições de tantas escritas

Escritas das emoções

Emoções desse escrever

Escrever contradições

Contradições é o tema

Tema das nossas razões

Razões que sempre nos prendem

Prendem qualquer ser humano

Humano que não tem pátria

Pátria desse desengano

Desengano, mas poético

Poético da poética

Poética quarentena

Quarentena alteridade

Alteridade de vidas

Vidas que vão e se isolam

Isolam na criação

Criação que me consola

Consola o lado poeta

Poeta que vive em cena

Cena de cada palavra

Palavra que não envenena.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de julho de 2020.

QUEIXO CAÍDO

Compraram aquela máscara

E se esqueceram de usar

Ela ficou bem no queixo

E veio a se complicar.

Aquele dono exigente

Gastou muito dinheiro

Pra ter a máscara bela

Pra mostrar pro povo inteiro.

Seu queixo ficou caído

E esse vírus infiltrou

Deixando mal aquele homem

Que a doença lhe pegou.

E assim termina esse causo

De quem dava proteção

Pois ela ficou no queixo

E levou ele pro caixão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2020.

SANTAS MULHERES, MULHERES SANTAS

Das Nossas Senhoras da Vida

Busquei todas as santas virgens

Das Dores e da Conceição

Causaram profundas vertigens

Vivendo rico das origens

Quis olhar Anunciação

Prazeres jamais será santa

Assim falou Consolação

Não saberei se foi paixão

Trago na minha memoria

Os beijos loucos escondidos

Naquela tão formosa Glória

É uma tão gentil história

Que me faz relembrar tormento

Tento recuperar sentidos

Lendo livros de Livramento

Santas belas do sofrimento

Quase me pego na vaidade

Da Penha, Marias de tantos

Faz de mim tua piedade

Criança consome verdade

Mulher que luta pelo pobre

Caridade dos oprimidos

Feminino de viver nobre.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de agosto de 2020.

SETE MINUTOS

Os minutos são eternos no que sou

Porque somos a espera de minutos

E os minutos são distantes de nós

Eu preciso destes sete minutos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de junho de 2018.

SOCIEDADE DE PORTAS ABERTAS

Sociedade das portas arreganhadas

E sem escrúpulo nenhum na condução

Mediocridade das ações incorretas

Manipuladora do ser a tradição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de junho de 2020.

SOU FÃ DE SI E DE MIM MESMO

Sou fã de si e de mim mesmo

E sendo assim posso ser

Divisor de mim pro mundo

E do mundo com você.

Sou fã de si e de mim mesmo

Nesta vida sou prazer

Tenho liberdade sempre

Pra mim ouvir sem saber.

Sou fã de si e de mim mesmo

Porque sonhar é viver

Os mal resolvidos são

Aqueles que vão bater.

Sou fã de si e de mim mesmo

Porque me amo, podem ver

Mas, amo o tempo tão pouco

Que levo desde o nascer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de fevereiro de 2022.

TANTA GENTE SE FOI

Tanta gente se foi, meu grande Deus

Deixando dentro da gente esse mundo

Falo de Ednaldo, também Dona Cleide,

Luiz de Barros, também Seu Raimundo.

Tantos se foram, um grande vizinho

Notícia do dia, um pai nos deixou

Quantas amigas se foram, eu sei

Doença que o mundo inteiro pegou.

Que melancolia assola o país

No descaso, na contaminação

Sofrem corações grandes e bondosos

Falta muita luz na escuridão.

Tantas almas boas, se vão meu Deus

Antônio, o nosso querido Raminho

O silêncio pairando nesse tempo

O mormaço estreitando este caminho.

Não há motivo para cantar o riso

Muitos estão pulando esse muro

Os que ficam vão lutar pela vida

Os que se vão deixam todo futuro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2020.

TEATRO CORDEL

Gosto tanto de cantar

Também gosto de dançar

Vamos nos apresentar

O sol quente quer queimar.

Eu vou no mato fazer

Qualquer coisa sem saber

Risco chão sem ver prazer

Vou simbora com você.

Lute que ninguém viu

Cale-se que tudo caiu

Viva por quem partiu

Desça por este barril.

Eu nem sei pra donde vou

Falo sim que ninguém falou

Se tudo já terminou

Subo morro que passou.

Nossa manipulação

Tem a firmeza da mão

Boneco é condição

No cordel da precisão.

Oh! Meu Deus o quer que tem

Se nunca tive ninguém

Tento ser gentil alguém

Pra não sofrer mais além.

Meu teatro é cordel

Temos nosso bom plantel

Tem boneco bacharel

Sendo guarda no quartel.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de julho de 2022.

VOCÊ NÃO SABE

Você não sabe o que sei

Do que sei você não sabe

Tudo que sei eu não contei

Nessa cabeça não cabe

Do que sei você não sabe

Tudo que sei eu não contei

Nessa cabeça não cabe

Você não sabe o que sei

Tudo que sei eu não contei

Nessa cabeça não cabe

Você não sabe o que sei

Do que sei você não sabe

Nessa cabeça não cabe

Você não sabe o que sei

Do que sei você não sabe

Tudo que sei eu não contei

Do que sei você não sabe

Você não sabe o que sei

Nessa cabeça não cabe

Tudo que sei eu não contei

Nessa cabeça não cabe

Do que sei você não sabe

Você não sabe o que sei

Tudo que sei eu não contei

Tudo que sei eu não contei

Você não sabe o que sei

Nessa cabeça não cabe

Do que sei você não sabe

Tudo que sei eu não contei

Nessa cabeça não cabe

Do que sei você não sabe

Você não sabe o que sei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2020.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 15/11/2022
Reeditado em 16/02/2023
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