OUTRA VEZ

Outra vez eu olhei através do espelho

Vi além dos meus olhos vermelhos

Dei de cara com meu coração.

Outra vez eu tentei olhar através dos meus sonhos

Do olhar de espanto e pesadelos medonhos

E outra vez dei de cara com meu coração.

Outra vez fui andar com a solidão

Pedir conselho e lhe dar minha mão

E novamente descobri, era o meu coração.

Outra vez eu tentei acompanhar os meus passos

Tão depressa, embora escassos

E então percebi era culpa do meu coração.

Outra vez eu tentei ser feliz, mas não pude

E nas palavras de amor que iludem

Quis deixar o meu coração.

Mas ele não quis,

Esperneou, chorou e sacode

Fez birra, sangrou e explode

Não quer aceitar esta condição.

Eu tentei, fui à luta, briguei

Não deu certo, desisti e chorei

E novamente dei de cara com meu coração.

E contou, segredou a causa dos males

Dos desamores e tristes olhares

Eu estava na contramão.

Ele falou que quando tentei ocupá-lo com outro

Habitá-lo com alguém

Ele só quis expulsar, não podia aceitar a situação.

Porque a cadeira cativa do meu coração

Quem ocupa é você

Não podia aceitar um segundo

Nem qualquer outro ser deste mundo

Que não fosse você.

Outra vez ao encarar a dura realidade

Só senti no peito a doce saudade

De um amor que não deu prá esquecer.

Outra vez admiti para mim mesma

Que esta paixão ainda acesa

A distância só alimentou.

Outra vez, admito, me calo, consinto

Eu te amo é verdade, não minto

São coisas do coração.

Outra vez só você me vem à lembrança

E acende de novo a esperança

De, quem sabe, outra vez nos darmos as mãos

Outra vez olho pela janela e aguardo

Que meu amor passageiro e alado

Faça um dia ranger o portão.

Cyberquel
Enviado por Cyberquel em 09/12/2007
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