A Arte, e o Novo Tempo 28

Queria desabafar para o público, sentia a necessidade de mostrar-se para os destinatários finais, a platéia, expor-se além daquilo que contracenava, fazer de si, imediato aos telespectadores.

Os impulsos mais profundos do a que veio, do porquê aquela peça estava se desenvolvendo.

Buscava um realismo na arte que incorporava, expor o que sentia como pessoa, alma, o antes do artista que atuava.

Todos! o protagonista, a platéia..., os atores coadjuvantes, sabiam! que estavam num período delicado de transição planetária, o eixo de tudo estava sendo mexido, desde o início do século; ondas pandêmicas, crises nos paradigmas estruturais da moral e da religião, o homem haviam sido exposto aos eventos cataclísmicos; catástrofes ambientais, sociais, tragédias pessoais, escancarando a velha doença, a ausência do sentido para vida, modificações na crosta terrestre e movimento dos astros, além da manutenção abnegada dos terráqueos para a guerra.

Antes que iniciasse a fala à platéia, entrou um ator vestido como sendo um Sommelier.

Tinha sobre uma bandeja dourada, garrafa de vinho, e taça.

Aproximou-se do protagonista, que saiu da posição que estava, sentando-se com as pernas em posição meditativa.

O recém chegado, disse ao artista:

---Escolho, para avivamento do propósito de sua nobre missão , como ocasião intermediária, o rito. Com o melhor vinho, o fluídico para reafirmar a vontade para o viver da arte.

Despejou o vinho na taça, e entregou ao artista sentado, que elevou a taça em direção aos céus, declamando:

---- Bebendo o vinho, reafirmo o propósito. Sou artista, vim artista, partirei daqui artista!

Minha Alma é aquela que dá campo ao amor, foi ele que a gerou. Aprendi a amá-la como ela é, encampo o que sou Nela. A Totalidade, face luz e sombra.

Bebendo o vinho, ingiro minhas dores, meus prazeres, minhas loucuras, meus vícios, e de tudo, tomo-me inteiro, ofereço-me ao Sagrado.

Implora doravante que a inafastabilidade da Grande Mãe Divina, seja mantida Em Si:

---Que Tu! Feminino Divino sem causa! que me gerou, vindo da Totalidade, que é só amor, continue na função primeira do Ser que me dá vida, no trabalho acolhedor e transformador, servindo-me de bússola, lembrando-me, pelo campo intuitivo, de que, caso a zona de conforto me exponha a acovardar-me na vontade, desafiando reprimir a emoção e o corpo físico que porto, não sejam estas as escolhas.

Quero me ter permanentemente, Mãe Sagrada! Impõe-me, no aconchego luminoso que fui desperto, o impulso para a vida. Mesmo que tenha, junto a Totalidade que Tu congrega, Àquela que vive no Pai Divino, me expor ao refazimento.

-- Sou em ti! Paternidade Divina de Todas as coisas e seres. Use-me! Use-me! Faça de mim, segundo a Tua Vontade. Hoje e sempre!

Bebendo o vinho, devolveu ao Sommelier, a taça vazia, reclinando este a cabeça em sinal de despedida, saindo o serviçal compassadamente do palco.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 20/02/2023
Reeditado em 20/02/2023
Código do texto: T7723589
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