A Arte, e o Novo Tempo 34

A Arte, e o Novo Tempo 34

O Pai Divino, semente, a Mãe Divina, terra fértil.

E a Alma!Ah! A Alma, a quanto estéril de significado viveu. À beira do rio, morrendo de sede.

Tentando regar seu interior com a voz frágil de sentido, dirigida a um Pai solitário, sem seu contraposto unificador, consciência que sempre serviu-se de câmara embrionária, acolhedora, e transformadora, aquela que nunca arredou um pé de onde estava, contudo, sem ser considerada.

Arrastava a vontade em sofreguidão, num campo numinoso, onde existia somente acolhida e aceitação à disposição.

Nos tropeços, nas rebeldias desnutridas de força para sair da zona de conforto, naquele lugar que levou sua alma, onde esperava na inércia ser servido, justificado, alcançado na redenção, sem qualquer arrojo para o pegar-se pela mão, e ouvir dentro, sentir o que a intuição tinha a dizer. Que o conhecia, o rondava sempre.

O menino desperto, de pé, não se preocupou mais com a pedra e o estilingue que havia deixado jogado ao chão.

Havia algo de tranquilo em seus movimentos, tudo nele levava a calmaria. Passou apalpar o solo do cenário, as peças de decoração, até mesmo, a mesa redonda onde havia estado os representantes das ordens angelicais. Como que terra acalmada da chuva.

Tudo parecia estranho aos seus olhos, e ao mesmo tempo, novo:

" ___ Este palco me tem. Nele, caibo como parte de um mosaico. Cada movimento do tudo, que cabe em meus olhos, move na completude dentro, aquela que inaugurou por entre a abertura das minhas pálpebras.

Meus olhos enxergam a luz e a sombra. O terror fulgurante das coisas em si é maravilhosamente nefasto, se não amiúdo a compreensão, começa a invadir minha alma um ardor apaixonante pela vida, que há tanto mendiguei.

Terei que praticar o abrandamento deste novo sentir, senão, serei consumido por dentro."

Em êxtase, passa a agradecer:

___renasci? O mestre peregrino disse: Terá que renascer! Da Água e do Espírito...terá que renascer!renasci?Tudo em mim doravante me representa. Me assumo! Me tenho, sinto-me na aguá, da qual fui gerado, e o fogo caloroso divino queimando tenuamente em meu coração.

__renasci? Ah! Compreensão? Onde olho vem junto o sentido! A lama...a flor de lótus...o estado búdico em potendial...Oh! basta!não, por ora, não! Precisarei de ajuda para caminhar doravante me movimentando nestas grandezas. A compreensão pede seja encontrado o mestre! Sou tão jovem! Menino nestas primícias que desperto. Aquele que me auxiliará continuar trilhar o caminho da autorrealização, para que assim, eu consiga continuar na senda!

Eu me encontrei!!Eu me encontrei!!O que importa mais o que terá o porvir, o que importará se o amanhã não chegar.

O céu me tem, a terra! A terra? Ah, me acarinha, me ejeta para fora, como faz da semente à flor, quer que eu me revele, e dê frutos, frutos em abundância.

Eu murcharei, secarão os galhos, interromperá a vitalidade para dar os frutos nas estações certas.

Enquanto isto, preciso, não, necessito produzir! E produzir em abundância. Necessito saciar a sede de vida.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 28/02/2023
Código do texto: T7729543
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