Escafandros e borboletas.

O amor é um jogo que não aprendi a jogar

As insinuances

A coisa do se morrer a cada pisar no chão

Do aprender os remendos do coração

E apertar os gatilhos de propósito,

porque gostar é gostoso demais.

É coisa que só amor faz

Quis escrever uma prosa rosa dessa vez, falando sobre quem vai ao cinema e embrilhece os olhos, ou ri pro desconhecido do lado, ri da cena engraçada.

Quem vê uma rachadura no céu azul, vê os pedaços caírem pelo chão, se espatifarem escombros de nuvem, e ali no meio entre as duas frestas côncavas, uma cortina vermelha se estende, expande, e uma moça saí rodopiando acrobata, bailando no ar.

Mas ninguém mais vê, só ele.

Olha para os lados,

pergunta, aponta, diz: "olhem só, o céu se abriu e a moça...a moça...ela voa"

Ninguém diz nada.

Ela olha pra ele, pisca o olho numa cumplicidade secreta e termina seu número, seu balé aéreo.

Ou então sobre quando eu quis gravar nossas iniciais numa árvore uma vez. Bem clichê. Deixei nu o canivete, ensaiei o gesto do entalhe, mas fiquei com pena. Fiquei com pena da árvore que ia sangrar e ter a pele rasgada por um simples capricho bobo.

Vogal, um +, e outra vogal. E então um coração ao redor.

Não. Minha coordenação não é lá das melhores, quem sabe quantas árvores eu teria que cortar pra fazer o desenho inteiro, perfeito? Melhor deixar pra lá.

E outra, o que iriam pensar os escafandristas quando encontrassem aquilo? Quando emergissem junto dos restos de civilização, um pedaço de tronco apodrecido, quase decomposto por inteiro. Biólogos, antropólogos, sondas, máquinas, e inteligências artificiais estudariam aquilo, mas sem sucesso. Por fim, sem nenhuma teoria convincente, seria exposto num museu com a legenda:

Nome: Amor

Iniciais gravadas em material duro, fibroso, composto principalmente de células mortas, material orgânico, e contornados por grafismo não identificado.