Reflexos da vida sub-urbana

Dor...

Choro...

Total desilusão mental...

Poeticamente iludido...

Singularmente louco.

Sou Deus. Sou Jesus.

Meus pseudônimos são estridentes?

Não, não. Se acostume com a idéia, só sou mais um prepotente.

Insisto na confusão.

Não sou ateu, católico ou pagão

Sou o lixo gerado pela falsa imagem de um tal criador.

Do cristão, o anticristo.

Dos indecisos, o genitor.

Infanto-satisfação.

Apenas dois caminhos;

Qual escolheu, então?

Olhares vigiados.

Drogas, sexo e ambigüidades.

Psicopatologia clinica

de um embrião idoso.

Fotosensibilidade em seus olhos.

Irritabilidade em seu corpo.

Internação.

Cuidados, carinhos..

Pra que tanta atenção?

Vim da rua. Na rua me formei.

Faculdade?

Especialista em drogas: De erva a lsd

A insanidade dos outros é o meu combustível.

Roubo suas inocências. Evaporo seus neurônios com remédios condenados pela cristã-decência.

Torno-me santo. E de santo, rei.

Eis memórias da cena melindrosa e do

espírito que me tornei.

" O pontífice chegou"

Manchetes na favela: " A volta do salvador"

E agora, duvidas quem sou?

Adolescentes se curvam até mim.

E as lágrimas do perdão?

Profissionais não choram.

Quer colinho? Volta para religião!

Aqui é o mundo sub-urbano.

E eu não sou um repórter cidadão.

Sobrevivente de tiroteios.

Bandido de nascença.

Sou ex-traficante, estou encarcerado nessa prisão.