Sem Sentido

Ouvi, naquele instante, tua voz

E desde então pude entender

Que de várias formas já dizias,

Que já me alertavas que virias

Nos sonhos que tive mesmo acordado.

Pude ver, naquele instante, que sabia

Que teu olhar era pleno

E que enxergava o que eu sentia.

No meu olhar sincero e claro

Que agora mostra o teu sorriso.

Respirei teu perfume suave

Que, de fato, invadiria meu corpo

Preenchendo a distância de nós dois

Que nunca existira, bem sabes,

Mas que agora é infinita.

Peguei, naquele instante, tua mão

E deixei que tocasses minha alma

Como se por um instante nos uníssemos

Tendo quase completos os sentidos.

Mas o tempo errou, é verdade,

Ou eu que não soube esperar?

Que não soube escutar teus chamados?

Que cavei entre nós este abismo

Que só teria um nome: razão...

Eu, que sempre fui sentimento

Que te sinto em tudo ao redor:

Quando ouço as ondas na praia;

Quando vejo o sol se pondo na Urca;

Quando toco as pedras do Arpoador;

Quando cheiro flores por aí.

E quando me falta um sentido

Que viria do beijo que não demos

Provo o doce fruto das ameixeiras

E tenho-te inteira em mim

Como agora sei que sempre terei

Por ter te procurado tanto,

Por ter te encontrado, enfim,

Por não poder mais ficar

E por saber que ao dormir,

Num lugar nosso, sem tempo,

Sem distância, sem razão, sem medo

E mesmo sem sentido

Somos o amor em almas gêmeas

Caminhando paralelas ao futuro,

Pedindo uma nova chance ao destino.