A terra é uma cova

Dizem os físicos cientistas que a luz irradiada do sol à terra é separada por anos-luz, e, portanto, uma luz nada original na qual nos iludimos. Há mais poesia que isso? Somos bonificados com um lume cadavérico do espaço. A terra é uma cova, e ironicamente se chama terra. Sombras fantasmagóricas perscrutando um sentido neste lugar inóspito é o que somos. Um arquétipo da morte é a essência das nossas almas; nascemos para morrer, necessariamente padecer na ilusória ideia de tempo. Uma dupla morte? Um bater de terra ao caixão, subjacente ao bater calado das doenças e da luz? Como é trágico ser humano, um sistema solar dentre tantos outros, e mais adiante a matéria escura. Sabe-se lá do que se compõe, como se pode ver, mas garanto, nada pode ser mais escuro que o velório mundano das coisas da terra. É como se nada existisse, um solipsismo coletivo; ninguém vê o presente, mas o passado. Será a nostalgia a verdadeira ontologia do homem? Pasmem! Talvez seja essa a verdadeira divindade escondida nos segredos do universo. O passado é um recorte tênue dessa linhagem, onde o presente e futuro se prostram no fracasso da verdade.

Pensei nisso na minha vida passada enquanto caminhava sentindo o sol.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 30/06/2023
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