Só Pode Ser Pelo Chamado

Nunca me dei com as desventuras.

Há um quê, dentro, que me alavanca sair delas, quando o jogo sinaliza um fim.

Como vindo do recôndito do ser que porto, da mesma origem, da sombra Onisciente, Onipotente, Onipresente, que me revelou nas antigas batalhas.

O afã que induz m'alma levantar em meio aos destroços, das mortandades, com o peito cheio de amargura.

Mesmo assim, sair, continuar querendo vida.

O Sol escaldante da provação, a baba a secar, escorrida face afora

As necessidades feitas por debaixo da roupa

Moribunda.

Cheirando a carniça

Sem banho, inerte em uma cama de hospital.

Apitos de aparelhos, gritos de dor, ouvidos como sirene, de pacientes do setor.

Eu, lá, dentro do corpo inerte.

Não desisti.

Quis viver.

Não tem explicação, depois de mais de onze anos.

Cadeira de rodas, andadores, quedas, e fraturas

Sem contar a languidão das pernas e membros, chamada a dar conta da execução, entoar do destino e do propósito

Arrastando daqui dali, um corpo semovente.

Eu.

Do mesmo jeito.

Como elástico vibrante.

Querendo vida.

Não tem explicação.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 19/09/2023
Código do texto: T7889525
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