A Barba do Bárbaro

Há um tempo em que a barba é a inveja da alheia.

E, logo, vem da barba o tempo de espera.

De repente, ei-los, indícios da suprema surpresa.

Já, já, chegam: as espinhas, os capuchos, os pentelhos.

Então, sobrevém da barba, longa amizade com o espelho.

Quando Narciso se dá conta, já não é Apolo:

É fauno barbudo, encalço, rebanho de gazelas,

Mas, homem, é tão somente neófito de guerreiro.

Um dia, de fato, pronto está o bruto,

O bravo bárbaro em laivos de empestar a brisa:

Odores de adrenalina, músculos e almíscares.

Glândulas, pra que te quero e, se barba já é estorvo,

E cangas sobre os ombros, sustentos, lavores, filhos…

Cotidiano ritual de amadurecer, a barba, agora, é despojo.

Autor: Chico Sant'Anna, Brasília-DF.

Chico Sant'Anna
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 03/11/2023
Código do texto: T7923972
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