A mulher e a flor

Nas ruas do Jardim do Prado, uma mulher caminha, desfiando com as pontas dos dedos, os cabelos. Seus olhos parecem ver apenas onde pisam os pés. Vez ou outra sacode os cabelos, para espantar o calor. Passa para o outro lado da rua, a fim de se resguardar do sol da tarde. Caminha devagar. Cambaleia, dando a impressão de que vai cair. Mas se apruma e segue com passos leves, sem parar de desfiar os cabelos. Encosta-se na parede de uma casa, respira fundo enquanto olha para o alto. O sol avermelhado projeta fios de luz, produzidos pelas folhas das árvores, no rosto da mulher, que esboça um sorriso.

Nas ruas do Jardim do Prado a mulher caminha. Recolhe uma flor, que decidiu romper as grades de uma casa e se mostrar à passante. Ela prende a flor no cabelo, uma alamanda amarela e prossegue a caminhada em direção a ... Em seguida abre os braços, para abraçar a brisa, que acaricia seu rosto, o corpo. A flor despenca de seus cabelos. Ela tenta recolher, mas uma rajada de vento fustiga a alamanda para um bueiro.

A mulher decide fazer o caminho de volta. Caminha com passos rápidos, sem olhar para trás. Tem os olhos cheios de lágrimas.