De férias

Escrever é trivial agora. Como se eu quisesse com rapidez, não me perder, e no debater impensado dos meus braços e pernas, provoco ainda mais o meu destino.

O terror do mar inteiro de palavras e sentidos, ser devorado lento pelo mundo-tela, pelas sombras movediças, pelo silêncio.

Esvazio a cabeça até não sobrar nada, livre de quereres e tempestades. Me imagino te vendo, vendo a grinalda dos teus cabelos, olhos e face, vendo a mão rainha caindo até mim, e repousando no ar, no ar para que eu gentil beijasse.

Eu, como sempre, com a linha do olhar de baixo pra cima, te absorvo num contra-plongée pungente, crescente e etéreo, do que morre logo depois de sorrir.