tamanho originalUma Senhora-Levada-da-Brecatamanho original

      tamanho originalNATA PARANHOS!!! tamanho original

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"Senhora...Cabelos brancos bem arrumados... Vestido formal e gestos comedidos, voz suave e tranquila carregando nas costas, nos ombros o Peso do Mundo... \o peso do saber/..."

Assim se definiu (ironia ou brincadeira?) aquela Senhorinha de coque irretocável, contadora de histórias, Senhora de vastos conhecimentos e imensa sabedoria por tantos anos de estudo, por tantas informações absorvidas, aprendidas e apreendidas nas incontáveis palavras escritas em frases e livros que de tão pesados pesaram sobre sua vida...

Era itinerante. Virtual-Senhora...
 
Ia e vinha, sempre com sábios conselhos, presentes inesperados e surpreendentes, respondendo perguntas com "por\?/quês" inteligentes e bem colocados, ou simplesmente respondendo ao repetir a pergunta a quem a fazia (eu, "perguntadeira" que sou...) como um teste, como uma forma de fazer com que o (a) questionador(a) respondesse a própria pergunta que havia feito à Senhorinha...

Assim era ela.

Misteriosa, vinha do "Nada" e para o "Nada" voltava deixando a sensação de ignorância profunda das "Coisas da Criação", dos Caminhos - inúmeros Caminhos - que levam à Elas. Tanto à Criação quanto à Senhorinha...

Qual seria na verdade sua verdadeira identidade? Sua verdadeira face? Suas verdades, suas crenças, seus amores, seus interesses, seu Mundo?

Intrigava-me aquela Senhora com seus e-mails, ora engraçados, ora serenos, ora críticos, mas sempre... Sempre muito inteligentes e com um "algo mais" nas entrelinhas que eu tentava decifrar e não conseguia...

De repente, em um lampejo da visão que vai além do que os olhos podem ver, eu vi!
Vi que já conhecia aquela Senhorinha de algum lugar...
De onde seria?
Fiquei inquieta. Queria perguntar. Aproximar-me mesmo que virtualmente dela. 
Saber se estava certa ao "imaginar/ver/sentir/intuir" que já havíamos sentado na mesma mesa, no mesmo banco em algum lugar, algum dia... Então me atrevi.
 
Sim! Foi puro atrevimento, pois eu não teria bagagem cultural nem etc e tal para acompanhar uma possível resposta e aproximação daquela Senhora a um comentário meu.

Dei de ombros e mandei bala! Comentei e enviei. Não esperava resposta e quando a resposta veio tive vontade de virar um gás e sumir...

E agora?
Como eu continuaria aquela conversa?
Como eu faria para não passar por ignorante diante dela?
Confesso que fiquei sem saber o que fazer.
Ignoraria a resposta e sumiria do
\\Mundo Virtual D'Ela// ou daria continuidade àquela súbita e inesperada aproximação para ver para que lado me levaria?

Amarrei os meus cabelos em coque que não gosto de mantê-los soltos enquanto trabalho e aquela situação já se transformara em um trabalho pra mim.
Ao menos seriam duas senhoras de coque a conversar... Menos pior...

Não que tenha estudado pouco. Ao contrário...Assim como a Senhorinha, estudara tanto que um dia, há muitos anos atrás, minha mente em tenra idade e pouca estrutura emocional não suportou o peso da carga que tão jovem já era obrigada a carregar e pra me proteger de tanta
\\informação// chutei o balde, guardei os livros e sumi. 

Sumindo, esconderam-se no fundo de minha memória pouco a pouco muitas das informações colhidas tão prazerosamente durante anos dedicados aos livros. 
Sumiu a velha e boa máquina de datilografia.
Sumiu a Nikon que carregava com orgulho no pescoço.
Fiquei apenas com lápis, papel e um imenso Brasil pela frente.

Muitas coisas escrevi. Quase todas perdi.
Perdendo os papéis, junto se foi parte de mim e eu não teria condições intelectuais de prosseguir com aquela possível amizade Virtual (REAL?) que surgia em minha Estrada...

Tive medo da Senhorinha. Confesso! Tive sim!
Mas... Se há uma coisa que não permito que habite em minh'alma e meu coração é o tal do MEDO.

Tenho Medo de ter Medo. Todos os Medos que tive tornaram-se Realidade!!!

Sou destemida por "instinto de sobrevivência" e não por sinônimo de coragem... Se temo, destemo e nem quero saber mais do assunto.
Temo temer e ponto final. Desta regra não abro mão, não mudo de opinião.

Dei continuidade aos papos com a Senhorinha e "a coisa toda" foi ganhando corpo e laços foram se estreitando... Por quê?

Era tudo o que eu queria saber... O porquê daquela sábia Senhorinha dar-me tanta confiança e até mesmo achar graça em tudo o que eu retrucava, já que não seria por considerá-la repleta de conteúdo que eu iria deixar de pensar como penso e muito menos falar das coisas nas quais acredito.

Se ela gostasse BEM E AMÉM... Se não, BYE...GOODBYE...!

Estava me dando trela... Sacudi bem os dados e joguei!
Embaralhei o Tarot e gostei da Carta que tirei...

Aceitamo-nos entre discordâncias e risos eu e a Senhorinha...
Respeitamo-nos entre presentes e silêncios, a Senhorinha e eu!
E fui gostando cada vez mais dela sempre com a sensação de já ter gostado desde "O Sempre"...

Mas a pergunta não fluia...

- De onde nos conhecemos, Senhora que nasceu enquanto os Cristãos comemoram a vinda de Jesus?

- Em qual Natal estivemos próximas uma da outra, talvez sem perceber?

- Onde foi que te vi antes, Senhora Natalina?

"Segredo não se conta, Mistério não se revela" - disse Romualdo Paranhos, pai da dita Senhorinha...

Era como se falasse comigo e aquilo me incomodava deveras!!!

- Eu já escutei isto antes, Dona dos Cabelos em Coque, Contadora de Histórias, Mulher de Múltiplas Facetas...
Como eu diria isto a ela sem a ofender ou tirar os devidos direitos autorais de seu pai?
Como teria sua credibilidade?

Como diria que O MEU PAI me dizia o mesmo quando ainda era uma menininha?
E meu pai era o Marcelino. Marcelino Pão e Vinho - como era conhecido em toda a cidade onde cresci e que junto com meu tio Oswaldo, o Câmbio Negro - ajudaram a construir?
Bem...ter como apelido "Pão e Vinho", considero mérito...mas "Câmbio Negro"...hummm... Dispensa comentários, não é mesmo?

Mas...pra que lado estou indo? 
Não adiantará "Árvore Genealógica", busca de certidões, pois não é de lá, eu sinto, que conheço Natalina...

A Senhorinha me add no msn. Ou será que fui eu quem a add? Já não importa...
Tensão total. Só me restou roer as unhas enquanto digitava com uma só mão. Tem 5 dedos uma mão. Não precisaria de mais nada além disto... Um dedo daria conta do recado tranquilamente...

Vou permanecer eternamente "off line" - pensei. Vai que ela me vê "on line" e resolve puxar assunto!!!

Meus Anjos! Protejam-me que lá vem a Senhorinha! Gabriel! Oyá! Valei-me Santa Bárbara!
Todos aqui!
Já!
Esta Senhora vai me detonar...

Lembrei no ato: 
NUNCA MAIS TENHA MEDO! 
SEUS MEDOS SE CONCRETIZAM!

Retirei o status "off", coloquei "on" e disse "olá" pra  Senhorinha ou será que foi ela a dizer primeiro? Besteira... Detalhe! O fato é que estávamos mesmo querendo encontrar uma a outra, nos falar, nos ver e nos conhecer um pouco mais. Só assim resolveríamos a tal questão do "de onde nos conhecíamos"... Se é que a Senhorinha tinha esta "interrogação" também...hummm!

De repente uma foto!
Um flash!
A Senhorinha ali com foto e tudo "on line" conversando comigo!!!

Engasguei. Tive que buscar um copo com água bem gelada pra aliviar o choque que levei!
O calor do meu rosto vermelho e a água gelada pioraram a situação. 
Foi choque térmico totalmente real no virtual!!!

A Senhorinha NÃO ERA UMA SENHORINHA!

A Senhorinha era uma linda jovem!!! Jovem como eu...

Sábia sim, inteligente ao extremo, sagaz, com respostas rápidas e perguntas intrigantes sim, mas nada tinha a ver com a imagem que eu durante os e-mails, músicas e slides que recebi dela criei mentalmente!

Natalina de cabelos belos, cacheados e soltos, sorriso largo e olhos brilhantes! Não percebi sequer uma ruguinha ou fio de cabelo branco!

E como sou mesmo língua solta e falo o que penso se me der na telha, mandei logo de cara que a Natalina que eu via não era a Natalina que emoldurei em pensamento...

Ela? Tá rindo até hoje... Por que ri? Não faço a menor ideia... A cabeça é minha, é minha a mente que cria, recria e transforma.

E-mails não continham fotos... Criei a imagem que mais se aproximava de tudo o que via em slides, lia nos textos e ouvia nas músicas, ora bolas!

E nada disto importa ao final, pois a pergunta permanece sem resposta...

- De onde eu conheço você, Natalina?

Que nos conhecemos não resta dúvida para mim e nem pra você ao que percebo...

Arrisco dizer que somos todos interligados, mas nem todos vindos da mesma partícula da explosão inicial geradora da vida sobre a Terra. 
Viemos todos do mesmo lugar, da mesma ponta do mesmo alfinete, mas só nos assemelhamos e reconhecemos quem e o que pertence a mesma partícula da ponta da cabeça do alfinete da Explosão Inicial da Criação...

E nada disto interessa aqui e agora que não é hora de "filosofar".

O que vale neste conto de louvor e agradecimento a uma nova amizade que surge entre duas pessoas que já se conhecem e são amigas de longa data......aiiiiiiiii.....lá vou eu de novo!

O que vale aqui e agora é que a pessoa Senhorinha nada tem de Senhorinha mesmo sendo uma jovem Senhora...E que o Eterno a mantenha sempre feliz e radiante. Mesmo que distante, pois
...

    É menina. É criança. É moleca. 
                     
                   
É sapeca!
 


É Nata-Paranhos-Levada-da-Breca!!!



by MarCela Torres




Music tamanho original Sou Uma Criança Não Entendo Nada tamanho originalOswaldo Montenegro





Link da IMAGEM: http://www.feret.nl/Links.htm





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MarCela Torres
Enviado por MarCela Torres em 31/12/2007
Reeditado em 06/10/2012
Código do texto: T797576
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