QUEM CUIDA DE QUEM CUIDA?

A vela não pode ser içada se não houver o mastro que a sustente. Por mais que aquela seja a que vai direcionar o sentido da embarcação, após o combate insano com o vento, ela se mantém intrépida, porém há aquele anteparo, que sem o qual nada se pode conservar de pé.

Na construção de uma simples choupana, após os alicerces, para se erguer a cumeeira, há de se levantar o esteio que manterá o edifício construído, carregando consigo todo o peso daquela estrutura em cima de si.

Esse esteio, presente em qualquer construção de uma nau ou de um casebre, será a base do empreendimento erguido. Todas as outras partes estarão interligadas e se apoiarão a esse pilar.

Sol, chuva, tempestades, todas as intempéries da natureza, poderão agredir o barco, mas esse permanecerá no seu propósito, desde que a viga mestra não verga, resistindo a todos os tsunamis e ondas gigantes.

O esteio fincado em rocha firme será a escora que guardará e servirá de proteção para o castelo erguido, onde por sua vez abrigará os seus moradores.

Seja no barco vogando ou na cabana, sempre haverá a figura do sustentáculo, o Esteio maior.

Ele é o baluarte, a base, o resguardo, a defesa, e a proteção de todos.

Porém seja qual for a sua natureza, esse amparo, e talvez mais que qualquer outro componente, também estará sujeito a corrosões, e aos assaltos dos cupins que lhe açoitarão, sem dó e nem piedade.

O que fazer quando o tecido da vela ter sido corroído;

e a ventania, a peleja ter vencido;

de um barco agora à deriva,

encharcado de água por todos os lados

em olhos tristonhos marejados?

Haverá a hora que o arrimo também precisará de socorro, pois esse mesmo com couraças de ferro, também corrói.

Esse Atlas precisa entender que o mundo que ele transporta nas costas, pode ser mais leve. Para isso, mesmo com lágrimas nos olhos, quando nem sabe o que escreve, esse transcreve a rota que melhor em outros tempos se definiu.

O que se fez de preciso e incerto no momento que se lançou ao mar?

Nada importa, quando se sabe que navegar é preciso;

Mas como ser preciso, se esquecemos em algum papiro o plano de bordo que traçamos antes de aqui mergulhar?

Ah, mas lembra que o esteio deveria ser fixado em alicerce seguro?

Não temas se te julgas, por ora, o tanto quanto imaturo.

Em tempos de muito nevoeiro, lança as âncoras das boas novas no ribeiro e

Ouça as vozes que vem do mais valente Timoneiro.

Quando a dor te atingir de todo e ao meio;

Lembre-se de Deus, o maciço inteiro Esteio.

Tu és a bussola que se move, mas sempre volta a se reajustar.

É a vara que se verga, mas nunca há de se quebrar.

Ânimo, anima os que te cercam, pois eles sabem bem menos que você;

Segue sorrindo, sois são, pois sois como sansão.

Chora o choro secreto, seca as lágrimas, sorve a dor, e sai servindo.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

21/01/2024.