Final do mês

No dia 30 do mês de janeiro. Janelas embaçadas e o ar frio, o vento soprava o calor da rua. A noite estava isolada, em completa solidão os pensamentos aprofundavam na própria carne.

O estômago revirado, as mãos frias e o trabalho árduo.

A vida a beira do estranho e os ombros cabisbaixos diminuíram as frequências dos passos. Agilidade estava nas linhas do destino, que do tempo atravessava o dia para a noite mais densa.

A postura talhada na força e na habilidade, nunca foi de bobeira e agora está lá, caindo. Aos quase prantos, que fertilidade a tristeza tinha de assumir um coração tão gentil.

De tarde no sol, ainda que como planta, e vegetava seus pés no miúdo de seus descansos. Nos cantos da casa que nem tanta feição fazia para ser confortável, estava a ir à qualquer lugar de passo a passo, sem estar na procura de nada.

Que manhã tão fertil foi abandonar os medos e as lágrimas. E as próprias palavras no dicionário, esquecer por milésimos que sequer uma palavra existe.

Persiste em nossa mente apenas o essencial, a vida, o sexo e a comida. Sem janta não se dorme e sem a vida o trabalho não exige nada das mãos. Pobres estas que fizeram de tudo, desde o carinho ao caminho da guerra.

Ao final do mês estas ainda aguentam as pressões do solo, tais como os pés que de nada levariam um corpo se este não passasse do chão. Quem dera asas para voar e ser um pombo, daqueles finos e elegantes que sobrevoam com tal delicadeza de uma dança no ar, e pisam com a frieza de que procuram no chão cimentado, migalha das migalhas. Cansados ou doentes se recolhem, isolados como a noite seguem aos dias frios e sozinhos.

Apaixonantes seres são estes os solitários, no seus galhos de árvore pendurados por um fio de natureza. Na grama ou sob as correntes dos rios. Banhados pelo sol mais quente, despejado nas bordas do finito curso.

Insisto no solidário que sem ver, enxerga a noite pelos olhos da fera, pelos medos trancafiados cada abertura de luz, e que luz.. que luz… A essa distância parece infinita a vastidão do olhar honesto, vem advertir seu estado, vem estar ao lado quando precisa, e precisamos desse fogo, desse chamado e dessa forma de amar.

Delineada nos confins da nossa vontade, que servem as mãos.

A si próprio que leva o encorajado, abraça o entusiasta e levanta até a moral. Que grande entusiasta é estar a presença de nossa luz do dia.

A fé é igual dos dois lados, e quem sabe um raio possa atingir o ponto mais cego de um coração, que cabe no balanço do sorriso da vida exaltar o nosso nascer sombrio.

E do mar sejam as flores mais iluminadas, pois assim estariam dotadas de todas as cores, nas chegadas de boas vindas, pelas bordas brandas estar na terra, no banho em viso de felicidade, esteja alegria de verdade e que tenhamos galhos passados, vidas novas com seriedade.

Ai do solitário, que transcreve a voz nos confinamentos célebres, e das cartas entusiastas a porta voz fúnebre, o ponto morto seja a cama e as estrelas, delas o ofuscante brilho.

Ai do solitário, que perdeu as tardes confinados atrás dos confinamentos secretos e dos méritos. Está lá, agora, nesse momento, solitária.

E se dissesse que não é brincadeira, que nesse exato momento uma ave paira o céu e a alegria toma seu rosto.

E a beleza invade o dia, e o nascer de uma nova semana, na beira d’água imerso pelas gotas minúsculas, encontre num verso e de um som de voz levante e tire o que emana do próprio orgulho ferido.

Desculpas.. e me desculpe! Oh! Destino. Nasci cedo, quase no final do século, e encontrei os afazeres de minhas mãos que serviriam a ti.

Sem saber do conformismo entreguei os fins do destino, encarando o mar que levou o sol, e a noite veio e a solidão chega.. e o fim começa.

Outra sensação seja vingada no peito, forte como a segurança de uma mulher confiante. Projetada para frente de todos nossos tempos.