A eternidade da dor do Orador

Todas as tristezas vividas, são solitárias e imensuráveis. E no desespero de um quadro fechado, faço meu diálogo silencioso com Deus. Busco seu alento. E o silêncio chora, ecoando no fundo da mente doente, sem nenhuma resposta.

Nesses tempos angustiantes de reflexão, tento rebustecer-me de forças para as injustiças, os incontáveis infortúnios, a vil inconformidade.

Rogo em prantos, para os pesadelos que carrego no âmago de minh'alma desfeita. Sôfrego, a ouvir a voz da razão e da consciência.

Dentro de cada um existe um Deus só nosso, vindo de um universo que só nós conhecemos. E ainda assim, dele nada sabemos. Respeitamos sua existência, enquanto houver sanidade.

Vivemos pouco. E viemos ao mundo demasiado tarde, para partir num breve amanhã. Sem nada entender e ainda enclausurados no nosso frágil íntimo. Onde os dias solares de felicidade contam-se nos dedos tristes, molhados de lágrimas de nostalgia.

E quando se faz a mais negra das noites, a única a luz que brota, é a dos nossos sonhos.

Deito e cerro os olhos entumecidos, o corpo em forma de concha, num abraço solitário. Trémulo e exaurido de dor d' alma.

Tomo um ansiolítico, na esperança rara que surja dos calabouços do subconsciente um pouco dessa luz sonhadora e efémera.

Um anjo deitou-se ao meu lado, à chorar. Sentindo a dor de tudo que não vivi, antes do meu último despertar.