Liberdade 8

As Asas que dão voo e direção à Alma, cada vez mais a leva enxergar de longe, e de perto.

O trabalho, e os trabalhadores, nas casas, nos agrupamentos de serviço, remunerados, ou não, nas ruas, nos hospitais, realizando ações destinadas a assistirem as Almas necessitadas deste tempo, doentes de mente, de corpo, cedendo suprimento para a vida, material ou espiritual.

Os tive, recebendo deles cuidado, limpando-me das sujeiras do corpo, vez outra, curando as feridas e as machucaduras, por vezes, acabrunhados a realizarem o serviço, não percebendo como eu os via em ação. Muitos de semblante caído, sem ânimo e disposição, envolvidos em suas confabulações, seus pensamentos diários, aqueles da sobrevivência.

Alguns, não muito conscientes do que faziam, deixavam a desejar nos cuidados para com meu corpo, esquecendo que Eu, Euuuu!!!! Estava nele.

E nestes instantes,nestes instantes, As Asas Libertárias que inauguravam para uso, me pedia reconhecer os primeiros atributos do protocolo, as aptidões que haveriam de estar a despertar em mim para o ressignificado.

Passaria de errante, a buscadora de uma nova vida, a necessidade da abertura interna para o ato do perdão .

Pelo sofrimento, desprovida da saúde do corpo, aprisionada em mim, enjaulada num corpo físico que estava a desligar as turbinas da força e dos movimentos, fiz foi iniciar-me na escola do perdão.

Não haveria modo da retomada, se não fosse indo esvaziando a mala, da mágoa, do chororô de ser gente, da insatisfação de não encontrar motivos para continuar viva, de dia a dia praticando o perdão em relação as açoes dos profissionais que me cuidavam sem o tato necessário para com meu corpo e a condição que estava.

Na lei interna, ia estando comigo mesma, fazendo a auto análise, praticando o auto perdão, libertando o outro com o perdão.

Os trabalhadores foram se destacando, nos dons, e nos vícios, eu para com eles, e eles para comigo.

Detalhe, o exército que ia formando da fraternidade para comigo, era composto por diversidade de seres, cada um com seu credo, sua religião, seu modo de ver a vida.

M' alma tomou prova, que a Comunidade Fraterna,a que movimenta o mundo interno dos homens de bem, não tem bandeira, não tem nome, a de uma cultura específica, ou religião. Ela é movida pelo coração do homem, é intercambiável pelo homem, para o homem, à partir dele, está ligada por um centro oculto aos olhos , que existe no coração.

Sobretudo, foi despontando à consciência, a importância do fazer de cada um para comigo. Minha vida dependia das mãos que me cuidava para ser mantida.

A doença, foi o portal, o caminho mais difícil que minha Alma encontrou para entrar no caminho da Alforria Espiritual.

Quando tinha o dinheiro, e não tinha mão que fosse me cuidar na cama doente, me vi como mais uma na Selva ardente, onde, muitas vezes, os obreiros não são encontrados.

A fraternidade foi sendo revelada, quando aparecia a mão que era pedida para estar lá, para me banhar, me limpar, me levar um sorriso, no leito de dor, no quarto do hospital, e depois, no de casa.

Foi a doença que fez meu ser conhecer o ato de estar só, de ter que ver muitos partir por necessidade ou final de ciclo na partilha, e o que não esperava, aparecer na ajuda.

Aqueles olhos da fraternidade que chorava comigo no leito sem poder tirar minha dor, e aquelas outras que se permitiam ceder presença, deixando-me esvaziar das crises de desespero e indignação diante da doença que tinha vindo, e estava a se instaurar.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 13/02/2024
Reeditado em 13/02/2024
Código do texto: T7998379
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