NA METADE DO DIA

FRAGMENTOS

 

 

Tudo lá fora mergulhara num silêncio de templos.

Emudecidos , os pássaros tão somente espiavam uns aos outros.

Da janela avistava-se a uma certa distância, a casa mais proxima

encolhida entre arbustos e duas araucárias gigantescas a sustentar-lhe o portão de entrada.

Sobre o muro do vizinho, um bichano fazendo alongamentos e naquela metade do dia - lavada de sol- ziguezagueavam borboletas entre uma papoula e outra.

Então distantes metades de dias iguais ,traziam-lhe os amores que não deram certo, as incertezas, os sonhos ,as frustrações e até alguns grandes momentos que naturalmente também vivera.

Nas papoulas do imaginário pousam-lhe agora borboletas de asas cambaleantes, enquanto o bichano - mergulhado na quietude - prossegue alongando-se sobre o muro da casa mais proxima.

Desenha-se um nostálgico começo de tarde e o olhar arredio de janelas na casa vizinha espia por entre os arbustos , um domingo a mais em sua existência.

E o mundo lá fora é de um silêncio de pedra.

IRATIENSE THUTO TEIXEIRA
Enviado por IRATIENSE THUTO TEIXEIRA em 27/02/2024
Código do texto: T8008216
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