Nos olhos da criança, há flores.
Vontade do tempo em que flores não lembravam campas.
Nas mãos do pobre, há espera.
Vontade do tempo em que as mãos recebiam
No corpo do jovem, há energia.
Vontade do tempo em que a energia transpirava
Nos passos do velho, há segurança.
Vontade do tempo em que era possível segui-los.
Nos ombros do amigo, há um porto.
Vontade do tempo em que havia âncoras.
Nos dedos da moça, há prendas.
Vontade do tempo em que elas continham açúcar.
Na voz dos aflitos, há gritos.
Vontade do tempo em que havia soluções.
No canto dos cisnes, há adeus.
Vontade do tempo em que havia lagos.
Nas asas do gaivota, há infinito
Vontade do tempo em que havia Capelo.
Na partida de cada um, há lágrimas.
Vontade do tempo em que havia volta.
Nas ondas do mar, há espumas.
Vontade do tempo em que elas beijavam a praia.
Nas estrelas docéu, há brilho.
Vontade do tempo em que elas iluminavam.
Na cabeça de cada um, há sonhos.
Vontade do tempo dos sonhos possíveis.
E o que fazer, em tanto caos?
Vontade de nada!