Vazio
Você está aqui pelo quintal
Juntando as folhas caídas
E quando o vento sopra
Me liberta.
Creio que é isso,
Essas correntes
Quebram meu ir e vir
Definindo o que é limite.
Ainda não foi hoje
Mas estou atento
Aos vermes no assoalho
Corroendo meus pés.
Tempos de reagrupar
Sem tempo pra sarar meus medos
A divisão dos brinquedos
Fica por sua conta.
Os médicos estão dormindo
E a criança adormece morta
Vou tirar o curativo
E falar mais alto atrás da porta
Tratei de me arrepender
Por não ser tarde
Mas a palavra me adverte
Não axagere na culpa.
Voltar a rever o vale
De que valeria experimentar
A solidão intensifica a duvida
Decodifica o tempo
Tenho muito a ver com o verde que se foi
Muito do corte e da seiva
Muito de culpa
De não haver podado essa ideia
Mesmo fora da linha limite
Mesmo fora do que nos condena
A ilusão tornou tudo acinzentado
E a vista alcança enfim o túnel sem luz
Os grupos divididos não compartilham
Está muito além de nós
O saber quântico
A imensidão de escombros assombrados
A esperança chegou de mãos vazias
A seca queimou até o perdão
Não é mais possível pescar
Não é mais possível jantar em paz
Sem seu corpo no sofá da sala
Depois de cada dia
Agora é só lembrança
A roupa no varal.
No mais a cama e o grito no portão
O pássaro canta sem medo de mim
Meu cachorro já não sabe
Se estou em casa
O café e o pão na mesa
O sabor de comer sem sua companhia
Emagreci demais
E no último dia
Espero você sem pressa
O meu jogo está por uma dama
Antes de virar a última carta
Estará a bandeira à meio pau.
Guedes