Farol

Farol

Nesta noite triste e densa, nem o silêncio marca presença.

Ouvem-se grunhidos, gemidos e sons sem sentido.

Os fantasmas ficam a desfilar apenas para me assombrar, cópias disformes de um passado que insiste em não morrer e não me deixa seguir em frente e viver.

Não sei se você ainda pensa em mim ou se para você nós já chegamos ao fim.

Sinto saudade da sua boca, de cada noite louca, dos seus olhos brilhantes e dos nossos sonhos de amantes.

Lamento por todas as promessas não realizadas e pelo final das nossas madrugadas.

Não sou mais capaz de me amar como era, quando vivíamos uma eterna primavera e víamos desabrochar cada pétala do nosso incomensurável amor, sempre gerando uma nova flor sem espinhos, enfeitando e demarcando nossos límpidos caminhos ...

Não lembro ou talvez tenha preferido esquecer como tudo aconteceu, como cada cor esmaeceu, cada sentimento adoeceu e toda alegria feneceu, aliás, mais alguém morreu sem ser eu ?

Espero que esteja bem e feliz, sem nenhuma cicatriz, sigo catando os cacos pelos cantos, pesquisando encantos, que cessem meus prantos.

Se um dia conseguir formar algo que lembra pelo menos algum esboço, talvez faça o supremo esforço de te procurar e mesmo sem saber o que irei encontrar, te implore perdão e rompa esse solidão, afinal, você sempre foi o meu farol na escuridão.

Leonardo Andrade