Saudade

Talvez você nem se lembre mais, de alguma forma, ainda está indo muito bem, como sempre. Ainda vejo o brilho nos seus olhos, e procuro nas tuas ações as palavras que teus lábios não são capazes de me dizer. Ainda te amo, não se engane. Mas sinto como se estivesse mais perto de entender algo que sempre esteve envolto em densas nuvens. Minhas perguntas tem respostas já não tão otimistas, e diferente de ti, meus olhos perderam parte do brilho que os iluminava a cada doce sorriso teu. Minhas lágrimas já não formam rios, mas me sinto imerso em algo que não sei explicar. Nossas noites já não me satisfazem, mas continuam a me surpreender e entreter. Não mais pelos mesmos motivos. Mas não sinto mais aquele frio na barriga ao te ver. Ainda assim, te amo. Não foi o tempo que nos separou. Creio que ele tenha nos juntado, você pode imaginar quantas dúvidas estão corroendo meu peito? Quanto meu estômago se fecha a cada visão, ainda que imaginária? Você que me provocava suspiros, hoje me deixou sem ar. Não que você não tenha feito isso antes. Mas não pense em sorrir esperando o mesmo de mim. Já não somos os mesmos. Sei que deveria tentar entender, aceitar que erámos crianças. Mas eu já te amava, e não me sinto assim, tão infantil. Então me explique, ou chore. Me dê uma razão para continuar acreditanto em nós, ou continue a sorrir, sem mim. Não me espere durante as noites, ou sorria sem jeito. Não tente me comprar com carícias, e me render aos desejos. Não sufoque meu silêncio com respostas afiadas ou me julgue. Eu que sempre pensei em nós, me sinto desajeitado quando penso em mim, se lembra quando você me fez um bobo apaixonado? Mas não, não pense que ponho a culpa no meu sentimento, na cegueira que nos perseguiu durante esses anos, ou na minha idéia de felicidade. Se algo nos separou, apenas peço que não nos encontre novamente.

Leonard M
Enviado por Leonard M em 17/01/2008
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