Existirá o dia em que não haverá um ontem

Por um momento de descotentamento resolvi pensar no que seria de toda e qualquer existência se não houvesse esse dia: o ontem. Se por acaso não tivesse existido o dia sete de abril de mil, novecentos e noventa. O que haveria se não explodisse esta data antecedente ao oitavo deste mês, o meu dia? Eu simplesmente não o teria e o universo não me teria tomado para si.

E por milhares de perguntas os questionamentos surgem nos tomando conta cada vez mais através de uma incógnita que por um triz não denominamos incompreensível. E se não soubéssemos da importância de nossos dias? Ontem existiria? Talvez simples apenas como mais algumas horas de sobrevivência.

O que seria de nós se não existissem todos os dias que antecedem esse em que vivemos? De quantos "ontens" se faz um ano, uma vida?

E descobri que hoje posso milagrosamente viver porque esse ontem lhe entecedeu. E pela forma mais natural do mundo, hoje será o ontem de amanhã. Só ainda não cheguei à conclusão de que se é mais cabível pensar no que seria do amanhã se não houvesse o ontem, ou o que seria de seu antecessor se não nacesse o dia seguinte.

Talvez não soubéssemos da duração de nossa existência. Talvez não chegaríamos a completar uma próxima primavera, tampouco chegaríamos aos dias em que esqueceríamos quê dia é hoje. Ou pior: quem sabe, fosse ela composta apenos por um só dia. Por sorte, um ontem.

Heloisa Rech
Enviado por Heloisa Rech em 22/01/2008
Reeditado em 22/01/2008
Código do texto: T827761
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