Acerca de um Carnaval

Atualmente o mar que se mistura assim ao céu. É a vontade de ser meio que família; esse intimidade divertida. Do Vinicius: as piadas, a dancinha, as poesias (as velhas e as novas) e o conforto do ombro amigo. Do “que é que Cacá quer”e das cartas que chegam no Quartinho dos Fundos, à Rua do Banheiro. Daquela coisa de fazer comida em parceria com senhor Granja, manjericão e alecrim (embora seguindo aos conselhos da velinha da peixaria). Do roubar de doces-surpresa à geladeira. De chorar pelo Rei Leão com senhor Spatziani. Do compartilhar de crises existenciais com Julex, sem diminutivos. De comprar e vender ações, do ouvir conversas às janelas e combinar assassinatos, papéis e documentos forjados. Dos cigarros de sulfite. Dos Antigos Carnavais de Marchinha, do bloco que segue na chuva. Saca saca rolha. De noite é João, com aquela voz. Do responder História Natural, Artes e Esportes. De respeitar Capitão Zezé e negociar rádios. Do se arrumar só pra nós, assim seriamente. Fever e Yellow Fever. Trocar o dia pela noite, é de noite é de manhã.. Aquela voltinha ao vencedor do pôquer. Tudo isso aos cuidados da Guarda Nacional. Pra terminar no cinema, na estréia do filme do Burton.

(Assim, devia ser sempre Carnaval no Brasil.)

Elle Henriques
Enviado por Elle Henriques em 20/02/2008
Reeditado em 20/02/2008
Código do texto: T867866