"A NOSSA PAZ"

Precisamos de paz para nossos corações, nosso espírito, nossa mente.

A paz é o bálsamo, o lenitivo da alma. É a poesia não escrita, mas subentendida; é a música suave, que parece vir do canto da sala, mas que nos envolve, acalenta e acalma.

É um jardim florido que na madrugada recebe os primeiros raios de sol, fazendo colorir o orvalho nas folhas, as cores do arco-íris para nos encantar.

É o riso cristalino, expontâneo e ingênuo de uma criança, que ao ouví-la, nos faz sorrir também. É quando nos flagramos dela incapazes e nos invejamos ingênuos.

É aquela estrelinha pequenina, perdida no meio de centena de outras, a qual não sabemos porquê, insistimos dela ter pena, por ser tão pequenina e sozinha, mas que mesmo assim, faz questão de lá estar, quietinha, escondidinha, a brilhar.

É o vôo da pomba de asa branca, que ligeira e silenciosa corta o azul do céu, rumo ao não sabemos o quê, mas que sem querer nos leva junto, pondo-nos asas também, só que da imaginação e perguntamo-nos... Onde irá, tão lépida e apressada?

É o silêncio e o aconchego da nave de uma igreja na penumbra da tarde, à qual levamos nosso corpo e alma exauridos pelo cansaço, preocupação e pensar. Ali nos imergimos no som nenhum, ajoelhamos-nos e nos pomos a orar.

Então, abrimos as portas da alma, tendo o rosto molhado de paixão sentida, e conversamos com ELE, que só, pode nos ajudar.

É receber de novo no coração, o coração de quem amamos, envolvidos que fomos por um abraço amoroso que perdoa e pede perdão, que compreende e pede compreensão, os quais, sabemos de antemão, já tinham sido dados, pois o amor vencera.

É aquela árvore que vemos solitária e presente lá no horizonte, que aparenta ter vida e mover-se para trás, no entardecer enevoado do horizonte que já quer fazer-se noite. A vemos, e não pensamos nada. Só a vemos, da janela do carro, num espetáculo lúdico e rápido, mas que ainda assim por consequência nos indagamos. Por que ela está lá...

É a paz da solidão da madrugada, naquela rua da cidadezinha, onde as luzes dos postes assemelham-se a tomates resplandecentes a iluminar o andar e o caminho de um cão que perambula sem rumo, movido apenas pelo seu instinto de não fazer nada.

É a paz que tenho ao ver o casal de velhinhos passarem leves e silenciosos na calçada no dia que apenas amanheceu. Buscam uma igreja e por ela, as portas do céu.

É a paz que hoje tenho no coração. Eu o sinto vivo, cheio de alegria, por quem o merece.

Nessa paz, hoje eu sou feliz... muito feliz...