Prestação de contas

Nem parecia que ia chover. Mas dentro da cozinha caía um temporal de frases distoantes do contexto ao qual a situação sugeria.

Ela ria de si mesma e da conta à pagar, ambas tão ridículas e urgentes que até o gato da vizinha as ignorava com seu rabo torto no pirex de leite.

O relógio tiquetaqueando baixinho lembrava as noites de insônia que a ele, no fim de cada mês, frequentemente o assaltavam.

A conta ali, pálida, escrita toda ela de números e os dois, homem e mulher, coloridos, brancos de letras já não escreviam mais cartas de amor.

lilcandi bisser
Enviado por lilcandi bisser em 11/03/2008
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