Negócios públicos
Hoje não vou iludir
Iludido já me encontro
Hoje não vou ser importante
Importante na vida que m’escondo
Por ser abutre, eu fumo metade de mim
Entre o rancor do vento da desgraça
E o ululante trilho de perdição
Sou a cinza da pudica inocência...
Sou filho de Maria
Herdeiro de José
Daquela gangue amorosa
Rainha e cortesã
Onde campeia o morno céu
Da febre que me enalteceu
Sou cúmplice do erro que ocorreu
Nas chicotadas que dardejam
Cobertas de brilhantes
Do litígio humano, que permeia o Deus clemente
Ao cardo, que apenas medra em seu silêncio
O corvo, fantasiado de arara
Espia debruçado à caravana errante
Negro, sombrio e arquejante
Sorri as tribos, faminto pela prole desgraçada
Neste pasto de sangue onde se nutre
Para os astros que vendem seus irmãos
Há dois mil anos gritamos...
Meu Deus! Meu senhor! Meu Jesus!
Afaste de si o veneno
De galanteio vazio e desumano.
Fernando A. Troncoso Rocha