"Súplica a amada eterna!"

Pelo muito que te fui antes, e te merecia e no teu peito meu amor eu pus

faz-te ao menos curiosa destes a ti escritos, puros devaneios de emoção,

mostra-me tu, como te és piedosa, à semelhança de Maria, Mãe de Jesus,

teu pecador poeta te pede, lê o que te escreve, olha estes meus versos então.

Minha Santa, são tuas e a ti estas poesias desenhadas nestas paredes do abandono

da masmorra fria que prendeste minh’alma, na tua singela e cruel indiferença.

Negras paredes deste cárcere do teu desprezo, que me mata e me tira o sono,

te fostes e escondestes de mim teu rosto, teus olhos e tua boca; que vil sentença.

Eu, neste delírio que me impôs a sorte, de viver sem ti na vida ou à morte

vou te poetizar nas paredes e muros desta ou da outra vida e te farei arte.

Contarei nesta aos humanos, e lá, às fadas, querubins, almas e consortes,

o que é o amor de um homem, o que é na verdade, a maravilha de amar-te.

Em adoração, eterno aqui me farei presente, vivo ou morto a escrever-te

só, homem ou alma, derramado de paixão, habitante deste mundo ou não,

desde que por ti e a ti, vivo morri e por me odiar, estou proibido a ver-te,

sendo carne ou espírito, pouco se me importa, rabiscarei a ti minha paixão.

Vivendo neste mundo, não saberás que me farei só a ti nesta vida escravo,

E sem que tu saibas ou percebas, cobrirei teus caminhos de mil flores e odores

Chegará de longe aos teus ouvidos, a música mais linda, a música de cravos,

de cítaras, harpas e “bandoneones”, quando nas noites te ofertarei os meus amores

Encantada, ver-te-ás presenteada, à sua volta, com tantos mimos e presentes

e te perguntarás feliz e muito a rir: ___Quem é esse, que tanto me ama e quer?

Quem me enche de felicidades tantas, que me põe o coração e a alma tão contentes?

Que faz-me sentir nesta vida tua rainha e amada, faz-me desejar ser tua mulher?

Ao saber-me então, uma noite cinza cobrirá tua rósea face e teu riso fugirá do rosto.

Como ousa o proibido assim ver-te? Que morra o teu odiado! A ti pouco importa.

E este teu poeta, aqui e lá na morte castigado, morrerá duas vezes de desgosto

E tu me desprezarás! E te farás a mim para sempre, aqui e lá, duas vezes... de morta!

Athos de Alexandria – 19-03-2007