Desilusão
Oh, pobre e iludido mortal !
Iludistes com tua fé anos a fio !
Quanto tempo passado em vão... !
Não sabeis agora o que sentes mais;
A perda de tuas esperanças
ou a ausência do teu fiador.
Sentistes atraiçoado, constrangido,
uma quimera do fracasso.
Do crédulo? amarga decepção!
Estabelecestes, confiante, laços com um deus vazio.
Atrevestes, quem sabe, a julgar tuas necessidades com olhos de Deus?
E como pobre mortal enganastes!
Fostes, talvez, presunçoso, precipitado, mesmo que inconscientemente.
Mas tentastes! Bem sabes,
Conduzir - te digna e corretamente,
Honesta e honradamente, com sensibilidade e pureza.
Procurastes e optastes pela retidão como meio aquisitivo de justiça.
O que encontrastes?
Glória aos inescrupulosos!
Desventura aos justos, aos retos!
. . . Que a carga do mundo te caia aos ombros!
. . . Agora, perdestes, com o passar do tempo,
a possibilidade de seres daninho, mau, ou querido
como os abençoados, como os vitoriosos!
Vai , oh, iludido! Objeto de deboche!
Cumpre tua sina, oh, crente do nada!
Vai, oh, gauche!
Nota do autor: Estes versos são dedicados a um conhecido e competente causídico que, talvez, por desilusão, sucumbiu ao alcoolismo.