A MOÇA DA JANELA


Dias atrás ela passeava pela caatinga e para sua felicidade ela viu um mandacaru em flor:
Que coisa linda! Sinal de bons presságios, o inverno não tardaria.
E não tardou. No dia 19 de março, dia de São José, a chuva caiu abundantemente.
O sertanejo chorou de alegria!
Mas as fortes chuvas causaram danos terríveis: romperam barragens, inundaram as pobres casas dos agricultores, destruiriam estradas e muita gente perdeu tudo do pouco que tinha.
Mas na manhã de ontem o sol surgiu radiante. Um grupo de agricultores passou  debaixo de sua janela, iam capinar o roçado, pareciam felizes, pois tiraram o chapéu e sorriram para ela.
Este ano com certeza a colheita será abundante. Pensou ela...

Perdida em seus pensamentos, ela lembrou do tempo em que seu coração era seco, tão seco como a terra seca do sertão. De vez em quando uma paixão, mas era como chuva de verão. E assim ela ia vivendo tendo como companheira a solidão. Ela sofria calada, mas tirou proveito da solidão, aprendeu muito sobre si mesma. 

Um dia, quando ela menos esperava alguém lhe sorriu, apenas sorriu e foi embora. Mas foi como ver a flor do mandacaru. O seu coração se encheu de amor.
Então ela se achou bonita, fez um lindo vestido de chita e amarrou as tanças do cabelo com uma fita vermelha.
Ela vive debruçada na janela esperando ele chegar.
De vez em quando ela chora de saudade. Mas é feliz, pois o seu coração nunca mais secou.

jambo
Enviado por jambo em 02/04/2008
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