Não, por favor! Se afaste de mim!

Não, por favor! Se afaste de mim!

Já lhe disse, não gosto de você,

Espanta minha alegria, me faz sofrer!

Meu sorriso desalinha, meu som é gutural!

Perco as forças, me sinto tão mal!

Não, por favor, se afaste de mim!

O sol perde o brilho, a lua ofuscada,

A estrela confusa!

A poesia inocente se sente culpada!

Não, por favor, se afaste de mim!

Escondo meu rosto, choro sozinho,

fico sem gosto, minha face enrijece,

Fico cabisbaixo, procuro me isolar,

Perco a expressão, meu corpo padece.

Não, por favor, se afaste de mim!

Quando aproxima, prevejo meu dia

Começa uma guerra, encaro a fera

É desleal o seu arsenal;

Sem proteção, caio por terra.

Não, por favor, se afaste de mim!

Acabo cedendo tudo o que quer

Procuro lhe agradar, ser educado,

Me sinto indefeso, sem referência,

sem resistência, sou torturado.

Me usa, abusa, lambuza,

Não sei o que fiz!

Me come, consome, digere, arrota,

Me defeca, enquanto procuro ser feliz.

De novo me conquista

Estou sensível!

Nuca vê o meu lado!

Severa! Má! Egoísta!

Não, por favor, se afaste de mim!

Meu sexo fica à deriva,

Meu estímulo não obedece

Tenho medo quando aparece.

Mas agora envolve alguém,

Arrumo desculpas, tento explicar,

Tudo vai mal quando você vem.

Não, por favor, se afaste de mim!

Quando você vai, o dia é bonito!

a noite é luar!

Aproveito o máximo, ela pode voltar.

O sorriso aparece, o corpo agradece

A lua resplandece, a estrela enaltece

vem o libido, rejuvenesce.

Oh! Se fosse sempre assim!

Saio na chuva, sou uma criança,

Rolo no chão, jogo pião, com mais confiança.

A poesia, tão impoluta! Com ar de alegria! Me traz energia!

Não sabe de nada, mas retorna pra mim.

Oh! Se fosse sempre assim!

Me desperta pra vida, me renova, me remoça.

Não, por favor, se afaste de mim!