Eiva de minha existência
Ali estirado ao chão, todos passam e com ironia riem de minha agonia. E eu de pé vendo meu corpo vencido e inerte...
- Claro eu tinha morrido.
Todos passavam, e a vida ia...
Meus algozes com a mente em turbilhão, pegaram-me pela mão.
Mesmo eu de joelhos ao chão, em prantos erguendo as mãos, nada mais adiantava pedir perdão.
Levaram-me a um mundo de ilusão, sofrimento e incompreensão. Eu sempre tão crente no amor e no perdão, suplicava por uma mão que erguesse-me do charco da perdição.
E questionava-me onde estava o Pai que em tantas suplicas invoquei.
- Esqueceu-se de mim, o que farei?
Anos se passam e cada vez mais me enlaçam, aqueles que em sonhos diziam-se meus amigos; que incitaram-me ao vício até o ponto de ficar sem abrigo, mulher e filhos.
E assim estirado em um canto qualquer via findar meus dias. Sem forças não mais reagia. E aos poucos entreguei-me a ira.
Blasfemava contra o Pai, entorpecido pela bebida. E assim foi até o fim de meus dias.
Hoje sei que errei, e arrependo-me do que fiz.
Cabe somente a mim, traçar nova diretriz.
O Pai do charco me tirou, e com amor me reintegrou ao mundo no qual hoje estou, mas do qual logo me vou.