almaço ~ para entardeceres futuros
...falamos de tudo
da dádiva do viver
passeamos no ser
testemunhamos o ter
sinfonia qualquer, transcendentes
ouvimos o aspecto c a s u a l
do amplexo causal do coração
ligações e nexos... sem igual...
______então valha-nos Florbela,
______arranca o "Ser poeta", visto que tal
"É ser mendigo...
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
é condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente ! "
____com suas flores vem aos nós, Espanca,
____acorda-nos a aura de letras dormidas
____rumo ao poema,
____esse desconhecido
____estágio, essa vinhática-sangria.
...falamos do forte que planta
do espanto de mouro, do pranto
da comoção a frente, tamanho dia.
A água que um dia foi santa,
hoje é magma no manto,
essas lágrimas de cobiçada alegria.
Quem elegeu pra seus valores
os condores
ou
as dores humanas normais,
de temores e olores
num blues, sem índigo de céu noturno ?
(...onde agora durmo)
Quem acendeu nos breus
os pesares, ares, por todos os lugares,
da grandeza e fascínio de ver-se adulto-angelus insepulto?
... só agora te escuto... ?...!...
Rimamos em finais de palavras-hinos,
grandes sinos,
que passavam caminhando
frente a mares e bares!
Achamos palavras certas,
despertas,
que colhem poesia com tudo,
e contudo
trazem o rei sol a brilhar contínuo frente a testa
...o que enfim atestas.
Vocábulos
nos salvem desta lima cega
a palavra imprópria
que não se prega.
Minha língua é de amparos raros
e eu sempre mudo,
a tudo mudo
como quem muda de roteiros ribeiros
numa viagem por cidades ou certas rinhas
na certeza de não ser o primeiro,
mas mais um dos altos claustros,
que com estas léguas vinhas, retinhas
talvez nuvem de um vinho,
só visto na adega celeste,
verde campo sem agreste
nem tão ao sul,
bem tendo um norte,
aqui, é 'o' este
a relembrar lembranças,
...
Andanças
de uma tez jenipapo renitente,
a l a d o retrato.
Tão próximo é, o passado,
...o que sente... (?)
presentes
foram tuas mãos,
veludo sem espinhos daninhos
tangenciaram estas mãos, as letras,
os guardanapos, no ofício de desenhar retratos
em nossa
alma mais-que-grande,
almaço.