Leteu - o Rio do esquecimento

Reencarnação – o processo de involução

Terás de beber das águas do Leteu homem,

Para que retornes a tua forma numa nova vida na matéria.

Aqui estás no mundo das formas disformes,

Um mundo com nuanças e lampejos de consciência...

De nada te lembrarás para que não vivas como um enlouquecido

Mergulhado em tuas insanidades pregressas.

Uma nuvem muito branca atraversa-lhe-a a visão

E o entorpecerá...

Poderosas águas!

Fluidos espirituais atuam sobre sua superfície...

Ao longe, uma luz que leva de volta às coisas dos mais inferiores mundos,

Aos quais estão destinados os peregrinos na senda do Senhor Eterno.

Leteu...

Em tuas águas o recomeço.

E mais puro que antes, mais eterno que antes,

Mais livre que antes, mais inverossímil que antes,

Retornarás a teu antigo lar no universo para reiniciar...

Reiniciar o caminho em busca da libertação.

O homem nasce na Terra e em outros mundos,

Para ser anjo nos céus.

Mas antes precisa estar sob a grande Lei

E seguir um caminho...

A Terra, mundo hostil e feroz, recebe seu hóspede.

Oferece-lhe o que tem de melhor e mais sublime.

O peregrino percorre estradas em busca do nada.

O nada lhe provoca sensações e deixa de ser nada.

Uma busca para sobreviver até criar suas próprias razões

E seguir sabendo o que quer,

Mas não quem é...

Pobre alma que compreende todas as coisas,

Conforme sua necessidade de compreender.

Durante a vida, um vislumbramento dos mundos superiores;

Do Bem e do Mal; do céu e do inferno,

Que habitam em todos nós.

No ciclo da vida está a transmutação do corpo físico

Para a renovação e ascensão ao plano espiritual.

Adentrando um novo mundo,

Uma fortíssima luz sempre indica o caminho...

No mundo material, os sentidos;

No mundo espiritual,

Um mergulho às coisas da Mente,

Mundo sem formas capaz de preconizar e causar torpor.

Enquanto na Terra, a realidade transitória,

Como toda realidade.

Mundo de miniaturas e gigantes... Ilocável!

De seres intocáveis e inebriantes em suas várias dimensões.

A dor da vida desperdiçada em volúpias e ódios,

Fazem-lhe estremecer e desejar morrer novamente...

Muitas vezes na mesma morte.

Abre os olhos agora secos de lágrimas,

E pode ver a cidade dos espíritos novamente.

Pode ver os espíritos que não cessam de provir para o Bem de todos,

Todo o tempo... Num tempo inimaginável.

Quanta luz! Quantos que como ele, tentam retratar-se!

Mas as palavras não explicam atitudes.

As atitudes falam por si mesmas e vão libertar ou condenar.

As palavras têm força para mudar atitudes,

Mas não as justificam.

Olha a Terra de lá!

Uma névoa escura encobre o planeta fadado a execuções sumárias.

Olha o infinito de lá!

Tudo no espaço é só nascer e renascer.

O tempo acabou...Mas ele nunca existiu!

Agora o tempo é ele mesmo.

Procura e encontra em si nova possibilidade.

Sentindo a leveza de não ser,

Compartilha com todos as suas expectativas e obrigações.

Percebe que não tardará e terá que voltar e deparar-se com

Seus inquisidores na Terra...

...É preciso voltar.

As lembranças voltam a ficar refletidas naquelas águas.

As águas profundas do Leteu,

O fazem sentir saudade do que será...

Descobre que é o grande mistério na Terra.

O Homem é o grande mistério,

Pois restringe sua existência à horas e meses...

Ainda assim quer compreender a Eternidade.

Voa Alma! Voa para vislumbrar:

O que te falta;

O que te afoba;

O que te sobra;

O que te amola...

Voa para vislumbrar o que te resta;

Além de ti...

Além da vida...

Além do tempo...

Além no infinito...

Gabriella Slovick
Enviado por Gabriella Slovick em 12/05/2008
Código do texto: T986761