Alimentos que a vida não soube dar
Vi teu semblante às margens do Pirapora.
Tenho aqui saudades embrulhadas.
Veio devagar seguindo tudo o que
havia em meu coração, dilaceradas.
Você não me conhece, não sabe o que
eu carrego nos olhos e gestos.
Nem tocando saberás.
Está aqui em minha alma e nos restos.
A terra ingeriu todos os sonhos saudáveis
desde o nascimento.
Nem desperte a tristeza, está quieta.
Sobre ela cresci forçada por falta de alimento.
Sou do chão da poeira, do rosto sem o amanhã
Fui um ontem mal aproveitado e lançado pela dor.
Sou um hoje que serve das ruas.
Procuro alguém que abrigue meus sonhos com amor.
A chuva descia nas calçadas do lamento.
Quimeras invadiam meu céu.
Quero o carinho que nunca me deste.
Dê-me aquele olhar alegre que o mundo jogou ao léu.
Vou me refazer e fortalecer os braços e pernas.
Não olhe torto quando por mim estiver passando.
Ajude-me a enxergar o que não sei.
Sou pirralha e preciso sentir que estou te abraçando.
Luciana Bianchini