CIANURETO
A vida é uma pausa no segundo espaço
Sob a direção de um regente perdido.
Um inseto na pauta e ele perde o compasso;
Mais uma fermata e ela perde o sentido;
Um "ai" numa página aberta em Rimbaud,
Num tomo empoeirado entre as roupas no chão;
É tempo vivido entre o sim e o não;
O belo e nocivo contidos na dor.
É dístico tolo, incompleto, infeliz
Hermético, abstruso, privado de paz;
Amores infindos, desenhos de giz,
E cianureto pra quem não quer mais.