CIANURETO

A vida é uma pausa no segundo espaço

Sob a direção de um regente perdido.

Um inseto na pauta e ele perde o compasso;

Mais uma fermata e ela perde o sentido;

Um "ai" numa página aberta em Rimbaud,

Num tomo empoeirado entre as roupas no chão;

É tempo vivido entre o sim e o não;

O belo e nocivo contidos na dor.

É dístico tolo, incompleto, infeliz

Hermético, abstruso, privado de paz;

Amores infindos, desenhos de giz,

E cianureto pra quem não quer mais.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 30/12/2018
Reeditado em 03/01/2019
Código do texto: T6538685
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