FLOR, ASFALTO E NADA
Eu insisto em te manter sempre por perto.
Atracada; ancorada nesse porto.
E, ao fisgar a ti como fisgando o 'certo',
Procrastino, adio, retardo o seu aborto.
Temo, enfim, que, assim, de súbito, sua imagem
Desvaneça-se no meu retrovisor;
E, ao pintar a ti como sendo a paisagem,
A viagem então se faz lúrida flor:
A caatinga opaca de beira de estrada,
Tão despetalada e seca, no deserto,
Reduzindo a trilha a mero rumo incerto
Que, no fim, é mera flor, asfalto e nada.