FLOR, ASFALTO E NADA

Eu insisto em te manter sempre por perto.

Atracada; ancorada nesse porto.

E, ao fisgar a ti como fisgando o 'certo',

Procrastino, adio, retardo o seu aborto.

Temo, enfim, que, assim, de súbito, sua imagem

Desvaneça-se no meu retrovisor;

E, ao pintar a ti como sendo a paisagem,

A viagem então se faz lúrida flor:

A caatinga opaca de beira de estrada,

Tão despetalada e seca, no deserto,

Reduzindo a trilha a mero rumo incerto

Que, no fim, é mera flor, asfalto e nada.

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 05/02/2019
Reeditado em 21/03/2019
Código do texto: T6567379
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.