A guerra interna e os escombros de mim

Nota: mainha sempre me diz que quando a boca fala o coração está cheio.

Se eu consegui escrever isso aqui tão rapidamente sem ser necessário pensar antes de escrever, isso quer dizer que infelizmente... Você já sabe o que quero dizer, não é?

Me encontrei vagando, mais uma vez, em roupas esfarrapadas, dilaceradas por cortes alheios, a culpa é de quem?

De quem estava com o canivete e dilacerou minhas vestes? Ou de mim que o vi armado e mesmo assim me aproximei? São pensamentos que perpetuam minha mente e toda noite eu levanto a mesma questão que ainda não cheguei a uma conclusão.

Mas venha, tudo está bagunçado, como pode ver, há decepções por mentiras contadas nesse canto a direita, e do lado delas está a caixa da repetição, isso mesmo, aí estão todas as vezes em que acreditei na mesma mentira.

Se olhar mais de perto você perceberá que a confiança nas palavras foram diminuindo a cada repetição.. aqui do lado esquerdo, bem, esse lugar aqui eu chamo de dor que liberta, aqui foi o local em que eu chorei repetidos dias pela mesma causa, mas como na caixa de repetição, você pode perceber como o choro foi diminuindo com o passar dos dias, consegue ver?

Ainda não consegui distinguir se a liberdade está dentro da dor ou ao lado dela, mas posso te afirmar que a medida que o choro me descascava eu via a liberdade reluzindo, então eu perdi a vergonha de continuar chorando, eu chorei pelos acontecimentos e não pela ânsia de alcançar a liberdade, mas se você o fizer, sem problemas, não julgarei. O que importa de verdade é sentir o que está sentindo sem necessidade de censurar-se ou envergonhar-se, não é fraqueza, jamais, é abraçar o seu eu em todas as esferas de humor. Eu fiz isso e sem intenção alguma, conclui o ciclo, um dos muitos tantos que já vivi e um dentre tantos outros que estão por vir.

Agora onde estamos é o cômodo da avaliação, depois disso tudo, me sento nesta cadeira de pensamentos e avalio todos esses escombros horríveis que são necessários e essenciais para que o solo fértil onde brotam as flores, nasçam, esses escombros são um tipo de estrumo da vida.

Quando saio deste cômodo, eu chego na porta de saída, é o momento em que concluo o que aquelas dores trouxeram de ensinamento, não estou romantizando a tristeza, a tristeza é triste e não há beleza. Mas se dela não podemos nos livrar, então que aprendamos a desviar de caminhos que apontem um resultado de dor semelhante ao que já foi vivido, nem sempre o fim é igual, cada vez pode ser mais doloroso ou não ter nenhum fio de dor, aqui temos que entender que é sobre estatísticas, não são certezas criatura, apenas uma maior assertividade e olhar calmo sobre o que está a frente, no meio, ou atrás.

Quando fecho essa porta você pensa que acabou, não é? Mas veja só, se estou viva, a vida continua, existem muitos outros campos, lamas e casas pelas quais ainda vou passar e você também. Mas tudo bem, isso é viver, movimento constante, onde por trás de toda porta existe outra porta.

Poderia dizer que quando a morte chega, finda também esse percurso, mas como prezo pela sinceridade tenho que lhe dizer: não posso afirmar nada sobre o que não sei e sobre o que ainda vou passar. Pois você viu, o que eu sei hoje foi por meio das experiências, não consegui aprender com os erros dos outros pois minha teimosia sempre me dizia: e se comigo for diferente?

Saber a gente pode saber pelo que falam, mas a certeza do resultado só se tem quando se vive.