Animosidades
Deixe-me entrar - suplicou o meu outro eu.
Não. Aqui não entras mais - gritei a plenos pulmões.
Então o silêncio se fez.
Olhei em volta e o shopping inteiro me olhava.
Disfarcei, procurando qualquer coisa na bolsa.
Foi só uma borboleta agitando o caos - pensei.
A senhora precisa me acompanhar - falou o guarda, educadamente.
Quer que eu vá junto? - perguntou meu outro eu.
Sim, mas fica calado.
Então não vou, mas sabes o que acontece quando ficas sozinha.
Pensei um pouco e consenti.
No caminho para a sala dos seguranças o meu outro eu buzinava em meus ouvidos, duas ou três desculpas para a minha explosão no saguão principal de um shopping lotado, nas vésperas do Natal.
Certo. Certo. Vou deixar a situação por tua conta, mas só desta vez - falei, me justificando.
Ponderei a utilidade da ajuda naquele momento,
afinal, das tantas vezes que eu e o meu outro eu brigávamos, sempre era eu que capitulava no fim.