Por que não mulher nota 8 ?

Às vezes sinto-me muito exigida e o pior que é por mim mesma.

Sou o tipo de pessoa que acho que tenho obrigação de fazer tudo e com perfeição, mesmo que me custe muito sacrifício. Não consigo dizer não, embora esteja trabalhando para negar, pelo menos, quando reconheço que será difícil realizar algo ou quando não for legal para mim, o resultado. Enfim, sigo os padrões ditados, não sei por quem, nem imagino, quem nos força a sermos nota dez. Assim eu sigo esta máxima, sem duvidar, nem, ao menos, qüestionar o que devo ser, simplesmente tenho que ser o máximo em tudo, seja no meu trabalho ou na minha vida particular, na minha própria casa. Falar em trabalho, obriga-me mencionar na minha jornada de trabalho, que varia entre 40h em algumas semanas e 60 horas em outras. Nem sequer disponho de grana suficiente para ter uma ajudante nas lidas da casa e, como senão bastasse, ainda me dou ao luxo ou ao total falta de amor próprio, de ajudar vizinhos com dificuldades cognitivas, dando aulas particulares, de turno inteiro, em finais-de-semana, sem remuneração e nem um muito obrigado, abuso, total falta de consideração e eu permitindo, só porque sou professora e comprometida com o bem estar social e a educação, já passou dos limites, mas é a pura verdade, acreditem ou não. No mínimo, me sinto uma burra ou uma louca mesmo. Minha vontade é jogar tudo para o alto, chutar o balde, como se diz no popular, mas não consigo. Sei que não sou a única, junto comigo estão quase todas as mulheres que carregam consigo o fardo da perfeição e que têm essa dupla jornada, da casa e do trabalho fora dela, muitas vezes para ajudarem no orçamento familiar ou como provedora,sustentando-a sozinha. Tenho uma colega, que ao final de um dia "daqueles", beija as próprias mãos e diz: eu me amo, eu sou o máximo, principalmente quando descascamos vários abacaxis e matamos, pelo menos, um leão por dia. Sinto-me tão exausta, tão cansada de tudo que não sei se tenho vontade de voltar para casa,após um dia difícil de trabalho, porque não consigo curtir nada nem ser entendida, pois ouço frases como: tu fases porque queres, se não te dás o direito de ter preguiça, o azar é teu. Não faço mais nem o que eu mais gosto, que é dançar. Enfim não me permito desfrutar desses momentos de puro prazer, de fazer aquilo que gosto ou de não fazer nada. Para piorar a situação, ninguém me elogia, nem dá valor ao que faço. Também, nem mesmo eu gosto de limpezas, tenho outras prferências como todos os mortais, mas ficar em meio à sujeira é terrível. Para eu ficar ainda mais magoada ouço deles, pois só tenho homens à volta de mim, me chamarem de chata sempre que eu reclamo ou peço ajuda, o que aliás , ninguém nega-se ajudar-me, mas nunca podem na hora que eu quero. Ninguém merece!

Quero receber flores, convites para jantar (sem dividir nem pagar a conta), fechar o dia num lugar legal, pode ser num motel. Nada mal.

Bem, chega de reclamar, de engordar as fileiras das queixas e partir para a ação, rumo à transformação. Deixar de ser dez, de uma vez, fazer o que posso quando eu puder, será um bom começo, permitir-me nada fazer será a outra escolha e assim conquistarei o espaço e dividividirei os meus dias com mais paixão. Eu mereço, nós merecemos, não é mesmo!

Pretendo começar com uma atividade física que adoro, que preenche a minha alma e nunca encontro nem tempo, nem dinheiro e, no entanto, nunca sobra grana mesmo,fazendo ou não. Vou cuidar mais de mim, me amar mais e com toda a certeza, serei mais inteira, mais feliz.

Naiara Barbedo
Enviado por Naiara Barbedo em 25/05/2008
Reeditado em 25/05/2008
Código do texto: T1004207
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