O PAPEL DA ESCOLA?

Na atualidade, temos acompanhado a implantação de escolas nos mais diversos lugares: no campo e na cidade, na periferia e no centro, de modo que, a afirmação de quem diz não estudar ou de que não estuda já não encontra respaldo na justificativa que "faltam de instituições de ensino". Facilmente pode-se notar que nunca foi tão fácil freqüentar estes ambientes e, falar sobre isto tem se tornado cada vez mais redundante, na medida que esta compreensão já faz parte do consenso da sociedade. Isto tanto é verdade que com frequencia muitas pessoas estão á dizerem: “só não estuda quem não quer”.

Não obstante, entendemos que o passo seguinte e tão ou mais importante que a ampliação das vagas escolares, afinal, esta conquista só tem sentido se cumprir o seu papel: "A transmissão do conhecimento historicamente construído e acumulado, aquilo que extrapola o viver cotidiano dos(as) educando(as)". Em si mesmo os aparatos educativos em nada contribuem para aqueles que a ele recorrem. Tudo depende do uso que deles são feitos. A função dos colégios é o de levar os estudantes a aprenderem sobre a lei da evolução das espécies, a teoria heliocêntrica, as operações matemáticas por mais complexas que estas possam parecer [...]. Ela deve propiciar aos seus discentes aquilo que ele não recebe no dia a dia nos seus afazeres. Reinteramos, deste modo, que a luta deve ser pela organização e reivindicação por parte dos profissionais em educação, pais, estudantes e comunidade em geral, para que os locais destinados a aprendizagem, cumpram com seu dever específico: "na produçâo e transmissão do conhecimento”.

No campo da pesquisa educacional, muitos pesquisadores que fazem ou fizeram análises críticas das teorias pedagógicas facilmente caem nas armadilhas das pedagogias hegemônicas (o aprender a aprender). Nestas disputas, a Escola Nova se apresentou como a portadora de virtudes e taxou a Escola tradicional como a detentora de todos os vícios (Saviani). Por sua vez, o multiculturalismo, o que faz é fragmentar o currículo e, assim, promover o esfacelamento do conteúdo. E, o que dizer do construtivismo, que tirou tudo o que se tinha para alfabetizar dos métodos tradicionais e, agora, quando questionados, indagam outras correntes pedagógicas sobre o que estas têm para colocar no lugar (Duarte).

A pobreza do modismo, do pensamento pós-moderno é muito grande para que estes possam pensar a complexidade dos problemas que imperam na contemporaneidade. Se o papel precípuo da escola é a democratização do conhecimento, então, é sobre este que todos os(as) professores(as) devem se ocupar. No entanto, para além de todas as discussões, quem está no “chão da escola” sente o esvaziamento do conteúdo a ser ministrado. Assim, têm-se tornado freqüente as falas dos(as) educadores(as) do tipo: “Temos que pensar algo diferente para manter os nossos alunos na sala, pois, tudo é mais interessante que a nossa disciplina: a maconha, a “gang”, o futebol etc.”; ou ainda: “Não me preocupa o fato de não passar o conteúdo, busco trabalhar a auto-estima, a valorização do ser humano” [...]. Estes são alguns dos dizeres que, de certo modo, nos ajudam a perceber que os profissionais da educação, cada vez mais, são obrigados a atuarem como tudo: psicólogos, animadores vocacionais, policiais, juízes de paz, pais, irmãos etc, menos de se dedicarem ao que lhe é específico, isto é, trabalhar com o conhecimento sistematizado. Sendo assim, o desafio esta posto, isto é: como fazer com que a escola de conta de realizar a sua tarefa de conduzir os alunos à apreensão do conhecimento sistematizado, frente a tantas dificuldades que lhe são impostas? A resposta a esta indagação é de importância capital, uma vez que o docente perde sua razão de ser quando deixa de ser um construtor do conhecimento, pois, a sua identidade esta intrinsecamente associada a esta atividade.

Em síntese é preciso que se afirme sempre a centralidade do conteúdo na escola apesar de todas as tergiversações. Nela o estudante deve ter o seu direito assegurado que é o de entrar em contato com um conjunto de saberes que vão além daquilo que ele já recebe na cotidianeidade. Por fim, faço minha as palavras de Orso quando escreve: “sabemos das limitações da educação enquanto elemento da superestrutura social, mas também sabemos da contribuição que ela pode dar para “iluminar”, “clarear”, compreender a realidade e possibilitar a inserção numa práxis transformadora”. Ao cumprir o seu papel a escola se torna revolucionária.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 21/02/2009
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T1450777
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